Ano 3 | nº 434| 16 de Janeiro de 2017
NOTÍCIAS
Condições das pastagens ditam ritmo de preço nos estados
A safra brasileira de boi gordo ocorre tradicionalmente entre os meses de dezembro a maio
E como já é sabido as pastagens são a base da produção de carne bovina no Brasil. Portanto o regime de chuvas na primavera é fundamental para determinar o volume de produção no período. Na safra 2016/17 – e também nas duas últimas temporadas – a irregularidade das precipitações, especialmente no Centro-Norte, promove condições diferentes de mercado entre as regiões produtoras. Há locais onde a oferta de animais à pasto já começaram a aparecer e a pressão sobre a arroba se intensificou. Por outro lado, estados que ainda possuem um volume limitado de animais disponíveis conseguem manter as cotações estáveis. Em Goiás, onde a produção é predominantemente extensiva, a necessidade de forrageiras torna-se ainda mais evidente. Conforme destaca o Presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Faeg, Mauricio Veloso, as pastagens já sofreram estresse hídrico nas duas últimas safras e, em 2016 o estado contou com o terceiro pior desempenho das chuvas nos últimos anos. “Houve muita morte de capim devido à sucessão de estresse e como consequência a maioria dos pecuaristas não possui suporte suficiente para engorda”, acrescenta. A capacidade de apascentamento é melhor apenas nas propriedades com maior grau de investimento tecnológico. Segundo Veloso, o diferencial de unidade de animal por hectare é quase o triplo nas fazendas que utilizam tecnologia. “A produção média das atividades que ainda seguem a pecuária tradicional é de 0,5 a 1 UA/ha, já nos tecnificados o rendimento salta para 4,5 US/ha. É uma diferença considerável”, diz. Com a capacidade de suporte reduzida, o volume de animais disponíveis no estado ainda é limitado e tem diminuído a velocidade de queda nas cotações. A média dos negócios no estado varia entre R$ 136/@ a R$ 140/@, embora seja bastante inferior ao preço máximo praticado no primeiro semestre de 2016, em R$ 148/@. “Só não temos cotações menores, porque a oferta restrita ajuda a segurar, mas se fossemos depender somente da demanda não é difícil imaginar um cenário ainda pior”, destaca Veloso. O presidente não descarta novas pressões baixistas ao longo do ano, especialmente em períodos concentrados de oferta de animais. Em 2017, a expectativa é de retomada gradativa nos níveis de consumo interno, mas que deve começar a acontecer somente no segundo semestre. Vale ressaltar que a Faeg espera redução nos custos em 2017, visto o enfraquecimento nos preços da reposição e dos grãos. “Nossas pastagens estão com curto tempo de recuperação, por isso a projeção é de oferta restrita. Porém, com a redução nos preços do milho, os produtores podem intensificar a atividade de confinamento em 2017”, pondera Veloso. No Mato Grosso, que também tem 80% da produção engordada a pasto, a realidade é diferente. Após forte estiagem no ciclo passado, a safra 2016/17 apresenta boas condições de pastagem. Segundo Francisco de Sales Manzi, Superintendente da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), a oferta a pasto já é uma realidade no estado, sobretudo as fêmeas vazias da estação de monta. “Por estarmos na safra, a oferta de animais é boa, por outro lado, os frigoríficos têm escalas alongadas e não intensificam as compras, pressionando as cotações” diz Manzi. Na média das regiões a cotação é de R$ 131/@, apresentando queda real em relação à realidade de preço no ano passado. Manzi destaca que a aposta do setor está no mercado externo e na estabilização da economia ao longo do ano. “Só haverá reação nos preços se tivermos uma retomada no consumo”, diz. Como fator positivo a cadeia deve contar com custos menores neste ciclo. Segundo levantamento de preço da Acrimat os animais de reposição sofreram recuo médio de R$ 200 por cabeça na região.
Notícias Agrícolas
Valor da produção agropecuária do país cai em 2016; deve subir em 2017, diz governo
Para 2017, os primeiros indicadores mostram previsão de faturamento de 545 bilhões de reais
O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária do Brasil atingiu 527,9 bilhões de reais em 2016, queda de 1,8 por cento ante 2015, com o país sofrendo as consequências da maior quebra de safra de grãos dos últimos 40 anos, afirmou o Ministério da Agricultura nesta sexta-feira. Para 2017, os primeiros indicadores mostram previsão de faturamento de 545 bilhões de reais, “refletindo a melhoria de resultado da maior parte das atividades das lavouras e da pecuária”, disse o ministério em nota. Entre as lavouras há forte crescimento esperado do valor da soja, milho, cana-de-açúcar, feijão e algodão.
Frigoríficos na defensiva
Apesar da estabilidade para o boi gordo na maior parte das praças pesquisadas, quando há alterações, a direção dos preços é para baixo
No fechamento da última sexta-feira (13/1) foram sete as praças com queda para o boi gordo. O movimento é reflexo da falta de apetite dos frigoríficos para ampliar as programações. Com o preço da arroba cedendo gradativamente, é natural que não haja grande ímpeto de compras por parte das indústrias. Além disso, o quadro de demanda calma por carne bovina reforça a adoção desta postura, pelo menos até que o ambiente de mercado se mostre mais favorável. No balanço da última semana, a carne bovina recuou 0,5% no mercado varejista em São Paulo, considerando a média de todos os cortes pesquisados pela Scot Consultoria. No mercado atacadista, o preço da carcaça bovina de animais castrados ficou estável em R$9,60/kg, sem alteração frente ao verificado no fechamento da semana anterior.
SCOT CONSULTORIA
Mercado da carne segue firme com recomposição de estoques
E apresenta leves altas para o dianteiro ajudando a sustentar cotação da @ em SP
Apesar de mercado parado em boa parte das praças de comercialização. A reação nas cotações do dianteiro é um dado positivo ao setor. Na comparação com a primeira semana de janeiro, o preço do dianteiro apresentou alta de 7%, elevando o equivalente carcaça para 2% nesta semana. Segundo analista da MBAgro, César de Castro Alves, esse cenário é positivo, visto que indica firmeza frente a outras carnes que estão em queda. No mesmo período o frango resfriado recuou 18%, enquanto que a carcaça suína 15%. “Não há nenhum movimento de demanda que justifique a alta no dianteiro. Seria mais um ajuste de estoques entre atacado e varejo”, explica Alves. E sem grandes movimentações da demanda, os preços do boi gordo não evoluem com o início da oferta de pasto. “Desde o começo de dezembro a cotação em São Paulo varia entre R$ 149 a R$ 1450/@/”, lembra Alves. Além da dificuldade no escoamento na produção e a entrada de safra, César destaca a participação das fêmeas vazias no abate. “Soma-se a isso a questão da provável maior oferta neste ano por conta da retenção de fêmeas dos últimos ciclos, mas é natural para essa época do ano esperar um pouco mais de oferta”, diz Alves. Por outro lado, o corte de 0,75% na taxa de juros, trouxe um novo fôlego para retomada do crescimento econômico, e novas expectativas quanto a melhora de consumo no mercado interno. Mas, “e lógico que enquanto estiver ruim o consumo interno a tendência é colocar essa carne para fora, mesmo com a margem espremida”, destaca o analista.
Notícias Agrícolas
EMPRESAS
Marfrig diz que não foi alvo de “qualquer medida da Polícia Federal”
A investigação apura um suposto esquema de fraudes na liberação de créditos junto à Caixa Econômica Federal
A Marfrig Global Foods informou na sexta-feira em nota, que não foi alvo de qualquer medida da Polícia Federal referente à Operação Cui Bono, deflagrada na semana passada. A investigação apura um suposto esquema de fraudes na liberação de créditos junto à Caixa Econômica Federal que teria ocorrido, pelo menos, entre 2011 e 2013. De fato, a empresa não foi o alvo direto da Operação Cui Bono. No entanto, o fundador e atual presidente do conselho de administração da Marfrig, Marcos Molina, foi alvo de um mandado de busca e apreensão em sua residência em São Paulo. Em nota à imprensa, a Marfrig enfatizou que a Caixa ou qualquer um de seus fundos não são acionistas da empresa e também afirmou “que as operações com tal instituição financeira sempre foram feitas em condições de mercado, com custos equivalentes aos dos bancos privados, com garantias reais e sem qualquer tipo de privilégio”. De acordo com a Marfrig, todas as operações contratadas com a Caixa no período que abrange as investigações — de 2011 a 2013 — “foram devidamente liquidadas no prazo e condições, não restando em relação a estas quaisquer débitos em aberto”. Conforme as investigações, a Marfrig depositou R$ 469,5 mil à Viscaya Holding, que pertence a Lúcio Bolonha Funaro, tido como o suposto operador financeiro do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDBRJ). A suspeita é que o depósito da Marfrig seja uma propina em troca de empréstimos que totalizam R$ 350 milhões. Questionada pelo Valor especificamente sobre as razões do depósito à Viscaya, a Marfrig não quis comentar.
VALOR ECONÔMICO
J&F diz atuar de “forma profissional” com bancos públicos
A holding também diz ter o “máximo interesse” no esclarecimento dos fatos investigados
Citada no despacho do juiz Vallisney de Souza Oliveira que autorizou a deflagração da Operação Cui Bono pela Polícia Federal, a J&F Investimentos — holding que controla a JBS S.A. — informou hoje que atua de “forma profissional” com os bancos públicos e privados. De acordo com a Polícia Federal, Operação Cui Bono (a quem beneficia?, em latim) investiga um suposto esquema de fraudes na liberação de créditos junto à Caixa Econômica Federal que teria ocorrido, pelo menos, entre 2011 e 2013. “Todas as relações da J&F e de suas empresas com a Caixa Econômica Federal e com bancos públicos em geral são feitas sempre de forma profissional e na mesma forma de concorrência e tratamento com instituições privadas ou seja, relações comerciais transparentes, abertas e legais”, informou a J&F Investimentos, em nota. Em nota, a holding também diz ter o “máximo interesse” no esclarecimento dos fatos investigados. “A J&F tem o máximo interesse no esclarecimento de todos os fatos que por vezes colocam em dúvida a transparência e lisura de seus negócios. Pois afinal, tais acusações provocam imensos danos às nossas marcas e reputação”, concluiu. Segundo a PF, o ex-ministro Geddel Vieira de Lima, na época vice-presidente de pessoa jurídica da Caixa, “agia internamente, em prévio e harmônico ajuste com Eduardo Cunha e outros, para beneficiar empresas com liberações de créditos dentro de sua área de alçada e fornecia informações privilegiadas para outros membros do grupo criminoso, composto, ainda, por Eduardo Consentino da Cunha, Fábio Ferreira Cleto e Lúcio Bolonha Funaro, para que, com isso, pudessem obter vantagens indevidas junto às empresas beneficiárias dos créditos liberados pela instituição financeira, como a BR Vias, Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários S.A., Marfrig S.A., J&S Investimentos S.A., Grupo Bertin, JBS S.A., entre outras”. JBS A JBS informou em nota não ter sido notificada sobre decisão judicial referente à Operação Cui Bono. A empresa, também citada na Operação Cui Bono, disse, no entanto, ter certeza de que agiu dentro da regularidade. Abaixo, da nota da JBS na íntegra: “A JBS informa que não foi alvo da operação Cui Bono realizada hoje pela Polícia Federal e não foi notificada sobre a decisão judicial referente à essa operação. A empresa pauta suas relações na ética e profissionalismo e tem convicção da regularidade das suas práticas. A Companhia ressalta ainda que sempre atuou de forma transparente e todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade”.
VALOR ECONÔMICO
Startup quer aumentar margem na negociação do boi confinado
Estima-se que monitoramento individual de animais associado à simulação das operações possa incrementar ganhos em até 20%. Empresa quer aumentar lucratividade dos confinamentos
O produtor não controla o preço da @, mas como seria se pudesse ter uma gestão mais eficiente e saber o momento certo de vender seus lotes? Com esse intuito, começou a ser desenhada há pouco mais de um ano a ferramenta Beef Trader, da startup @Tech, de Piracicaba, SP. De acordo com o diretor da empresa, Tiago Zanett Albertini, o objetivo é oferecer aos confinadores e à indústria frigorífica uma solução que maximize os lucros com a atividade pecuária. “O que pode parecer antagônico em um primeiro momento”, afirma Albertini, “mas que é possível conciliar”. O serviço pode ser usado por produtores e indústrias de modo independente, e a plataforma pode promover ou não a ligação entre as partes. “No caso do confinamento de um pecuarista ou da própria indústria, por exemplo, o que nós vamos fazer é monitorar cada animal de forma individual, para ter informações sobre seu peso e conformação da carcaça”, diz o diretor da @Tech. Para tanto, serão instaladas no confinamento câmeras e balanças próximas aos bebedouros. Albertini explica que, cada vez que o animal for tomar água, antenas irão reconhecê-lo pelo brinco e, uma vez associada sua imagem ao seu peso, os dados serão encaminhados e processados por servidores. A base (contendo sexo, grau de acabamento, raça e histórico de peso dos animais) permitirá determinar seu ponto ótimo de abate, o que, associado a dados de mercado físico, futuro e risco das operações financeiras, abrirá espaço para definir qual o momento ideal para fazer uma venda. Albertini afirma que a plataforma trabalha com a criação de cenários, que vão variar conforme as restrições colocadas pelo confinador. “Ele pode decidir, por exemplo, que não descasca lotes, que quer vender os animais em um prazo de 90 dias e só selecionar aqueles com no mínimo 450 kg”, exemplifica o diretor. Em uma simulação sem restrições, ele afirma que os ganhos sobre o lucro original poderiam chegar a 100%. “Mas essa é uma situação que não acontece na prática”, diz, sendo a expectativa da @Tech conseguir proporcionar um benefício de 15% a 20% na margem da operação para o confinador. Os cálculos de preço podem ser baseados tanto nas informações do cliente, quando preenchidas por ele próprio, quanto em uma série de números de bibliotecas públicas e pagas. “Trabalhamos com preços nominais por regiões, bibliotecas de mercado futuro, preços de cortes, faturamento de boi confinado, entre outras informações”, afirma Albertini. Segundo ele, o confinador que vende o boi gordo para a indústria e a própria indústria podem sair ganhando, na medida em que a caracterização individual dos animais permite trabalhar com lotes de melhor qualidade. Com a aprovação de um projeto pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em outubro de 2015, no valor de R$ 200 mil, começaram os trabalhos para transformar a ideia em realidade, e até a metade de 2017 Albertini espera conseguir mais R$ 1 milhão, também com a Fapesp, para viabilizar o desenvolvimento do produto. A expectativa é de que ele chegue ao mercado em 2019, a um preço acessível. “Para gerar valor para o produtor e também ser escalável”, afirma o representante da empresa. A meta da startup é alcançar taxa de penetração de 5% no mercado de boi confinado no Brasil no primeiro ano de operação, e levar a solução para os Estados Unidos no terceiro ano. Hoje, o Beef Trader tem ao todo 40 parceiros, entre confinadores e indústrias, sendo que alguns serão selecionados para os primeiros testes práticos ainda este ano.
PORTAl DBO
INTERNACIONAL
Três fatores que impactarão os preços do gado nos EUA em 2017
Com base nas expectativas de um aumento no número de gado, a maioria dos economistas espera preços de gado modestamente menores este ano
Além dos fundamentos de oferta e demanda, há três fatores que poderiam influenciar os mercados de animais em 2017 nos Estados Unidos. A primeira é a demanda de carne e as preferências do consumidor, que é um alvo que está continuamente mudando. Tendências recentes sugerem que os consumidores estão se voltando mais ao sabor, o que significa que eles não estão evitando a gordura tanto quanto antes. Essa tendência é suportada por pesquisas recentes que sugerem que uma quantidade moderada de gordura pode ser consumida. A economia e a renda pessoal é o segundo fator a ser observado em 2017, já que eles afetam diretamente a demanda de carne. As rendas recentes dos consumidores estão aumentando a um ritmo mais rápido com o desemprego mais baixo. Os preços de varejo caíram lentamente e isso incentivará a demanda do consumidor. Um terceiro fator será o comércio internacional e o valor do dólar dos EUA. As indústrias pecuárias do país dependem dos mercados de exportação – 20% da carne suína, 16% da carne de frango e 10% da carne bovina atualmente são exportadas. Muitos mercados de exportação dos Estados Unidos estão registrando aumento na renda entre sua população, o que significa que provavelmente aumentarão a proteína em sua dieta. Um fator limitante para a expansão nas exportações será o valor do dólar dos EUA. Um dólar forte é geralmente negativo para as exportações e os analistas esperam que o dólar permaneça forte com relação à moedas estrangeiras em um futuro próximo.
Drovers
Índice de Preços de Alimentos da FAO caiu pelo quinto ano consecutivo em 2016
O Índice de Preços dos Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) caiu em quase 172 pontos em dezembro de 2016, sem mudanças com relação a novembro, com fortes ganhos nos preços de óleos vegetais e lácteos compensando a queda nos preços do açúcar e da carne
Para 2016 como um todo, o índice ficou em média em 161,6 pontos, 1,5% a menos que em 2015, representando o quinto declínio consecutivo anual. Enquanto os preços do açúcar e dos óleos vegetais aumentaram de forma significativa em 2016, a queda nos preços dos cereais, das carnes e dos lácteos mantiveram o índice abaixo da média de 2015. O Índice de Preços da Carne da FAO ficou em média em 161,5 pontos em dezembro, 1,8 pontos (1,1%) a menos que o valor revisado de novembro. O preço da carne ovina e bovina em particular caiu, enquanto o preço da carne de frango e suína caiu levemente. Apesar do crescimento modesto durante o curso do ano, o valo médio do Índice em 2016 ficou 7% menor do que em 2015, com as maiores quedas registradas para carne bovina e de frango.
FAO
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