Ano 7 | nº 1456| 31 de março de 2021
NOTÍCIAS
Oferta reduzida de boiadas para abate dando sustentação aos preços da arroba
Em São Paulo, na última terça-feira (30/3), o mercado físico do boi gordo permaneceu estável frente ao dia anterior (29/3), no entanto, a oferta restrita de animais ainda continua dando sustentação às cotações
Segundo levantamento da Scot Consultoria, a referência para o boi gordo que atende ao mercado interno ficou em R$314,00/@, preço bruto e a prazo. A vaca e novilha gordas para abate ficaram cotadas em R$285,00/@ e R$303,00/@, nas mesmas condições, respectivamente. Contudo, bovinos mais jovens, até quatro dentes, estão sendo negociados em até R$320,00/@, preço bruto e à vista.
SCOT CONSULTORIA
Dólar elevado dá suporte para novas altas do boi gordo
Por se tratar de uma semana mais curta, é possível que haja uma atuação ainda mais efetiva na compra de gado, segundo analista da Safras
O mercado físico de boi gordo segue com preços firmes. Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, o ambiente continua difícil em termos de oferta. “Os frigoríficos ainda encontram grande dificuldade na composição de suas escalas de abate. Por se tratar de uma semana mais curta, é possível que haja uma atuação ainda mais efetiva na compra de gado”, diz. O fator câmbio também vem tendo relevante peso na formação dos preços do boi, o dólar acima da faixa de R$ 5,70 motivando os frigoríficos a atuar enfaticamente na compra de gado, principalmente no que diz respeito aos animais que cumprem os requisitos de exportação para a China. “O grande contraponto permanece na demanda doméstica de carne bovina, com graves incertezas em torno do consumo interno em meio ao avanço da pandemia exigindo medidas mais severas de distanciamento social. Neste tipo de ambiente, a retomada da economia tardará a acontecer, afetando variáveis importantes como emprego e renda”, assinala Iglesias. Em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou a R$ 318, ante R$ 317 na segunda-feira. Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 300, inalterado. Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 305, estável. Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 304, estável. Em Uberaba, Minas Gerais, os valores subiram para R$ 311, ante R$ 390 a arroba. No mercado atacadista, os preços da carne bovina ficaram de estáveis a mais altos. Conforme Iglesias, o movimento se concentra nos cortes menos nobres, no quarto dianteiro e na ponta de agulha. “Essa dinâmica se acentua com a limitação de funcionamento de restaurantes, bares e outros estabelecimentos, gerando incerteza entre o empresariado que opta por não fazer significativo investimento em seus estoques. Somado a isso, a descapitalização da economia indica para um consumo cada vez maior de proteínas mais acessíveis, a exemplo da carne de frango e do ovo propriamente dito”, aponta Iglesias. Com isso, o corte traseiro seguiu em R$ 20,50 o quilo. O corte dianteiro teve preço de R$ 17,50 o quilo, com alta de vinte centavos, e a ponta de agulha passou de R$ 17,00 o quilo para R$ 17,30 o quilo.
AGÊNCIA SAFRAS
Preço do bezerro bate recorde e passa de R$ 3 mil por cabeça
Indicador Esalq/B3 acumula alta de quase 9% em março
O preço do bezerro encerrou a terça-feira em patamar recorde de R$ 3.095,49, de acordo com o indicador Esalq/B3 — base Mato Grosso do Sul —, após subir 2,61% em relação à véspera, quando superou pela primeira vez o patamar de R$ 3 mil por cabeça. O indicador se encaminha para terminar o mês com alta de 8,83%. A valorização é reflexo do aumento da arroba do boi gordo — que estimula a retenção de matrizes —, da oferta restrita de novilhas e de animais para abate e também da firme demanda no mercado externo por proteína animal. Somados, esses fatores levaram o preço médio do bezerro em março a R$ 2.876,02, um aumento de 7,51% em relação a janeiro e de 26% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Nos dois casos, o cálculo considerou o IGP-DI como deflator. Não por acaso, o indicador do boi gordo Cepea/B3 alcançou ontem R$ 315,60 por arroba, também o maior valor da série histórica. Hoje, o indicador caiu 0,79%, mas seguiu em patamar elevado, de R$ 313,95. A alta no mês é de 3,56%. O movimento atual de valorização do bezerro começou em 2019, acompanhando os preços da arroba, que superaram naquele ano o patamar de R$ 200. Sem dar sinais de arrefecimento, a cotação passou de R$ 300 no ano passado. A alta tem se sustentado especialmente na oferta restrita de animais. Em 2020, os abates no país somaram 29,55 milhões de cabeças, o menor volume desde 2011, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com Thiago Carvalho, pesquisador do Cepea, o cenário de altas deve permanecer tanto para a arroba quanto para o bezerro. “Enquanto o câmbio contribuir para a competitividade da carne bovina brasileira no mercado internacional, a demanda externa deve continuar firme”, disse. “E a interna segue incerta”. Ele avalia que os preços só vão baixar quando a cotação do dólar deixar de favorecer o produto brasileiro. Outro fator de pressão virá da entrada dos animais que resultarão da retenção de fêmeas, a partir do ano que vem, mas ainda em quantidade restrita. “A chuva atrasou neste ano e o volume de pasto é pouco para alimentar os animais. Além disso, os grãos estão em alta, o que alimenta a expectativa de que a situação continue até que o aumento de oferta de fato se concretize”.
VALOR ECONÔMICO
Boi, suíno e frango: desempenho em março e no primeiro trimestre de 2021
No mês, apenas o suíno seguiu a marcha tradicional: está fechando março com uma redução de 6,5% em relação ao mês anterior e uma cotação que corresponde ao menor valor do ano
O boi em pé, por seu turno, fugiu à estabilidade sazonal costumeira, apresentando valorização superior a 3%. Mas apenas porque o mercado externo vem garantindo demanda e bons preços à carne bovina. Quem registrou melhor desempenho no mês foi o frango vivo. Porque, em vez de recuar a um dos menores valores do ano (como aponta a curva de preços dos últimos 21 anos), chega ao final de março com ganho de quase 5% sobre fevereiro e a melhor cotação do trimestre. A valorização obtida – empurrada, essencialmente, pela competitividade da carne de frango frente à carne bovina – não responde às necessidades do setor, pois os custos de produção continuam evoluindo com muito maior velocidade que os preços recebidos. Em relação a março de 2020 o frango vivo obteve valorização de 43%, enquanto suas matérias-primas básicas aumentaram muito mais: o milho, 56%; o farelo de soja, praticamente 80%. E as mesmas disparidades se repetem quando o primeiro trimestre de 2021 é comparado a idêntico período do ano passado. Na média deste ano, o milho aumentou 67% e o farelo de soja mais de 110%, enquanto o ganho do frango não chega a 40%.
AGROLINK
Pecuaristas assumem abate para evitar baixa bonificação de frigoríficos
Enquanto muitos pecuaristas brasileiros lutam para fazer valer cada centavo da carne dos animais que vendem para a indústria, para um seleto grupo essa queda de braço com a indústria é coisa do passado. Organizados em cooperativas e associações, esses produtores investiram nos últimos anos na verticalização da atividade e, hoje, abatem, processam e distribuem a própria carne
Cada grupo tem a sua forma de assumir o abate do próprio gado. Como precisam da estrutura do frigorífico, apenas pagam para utilizá-la. O abate é feito na unidade, mas não está ligado a uma operação de compra e venda de animais. O objetivo é reduzir a dependência da indústria ao mesmo tempo em que não precisam arcar com custos nem riscos de se manter uma planta de processamento de carne. “O frigorífico é um pepino gravíssimo para o produtor rural. Nós também fomos mexer com isso porque, quando entramos nesse negócio, pagava-se rendimento de carcaça de animal macho de no máximo 51% aqui na região”, conta Luiz Carlos Braga, Presidente da Maria Macia, em Campo Mourão (PR). Uma das primeiras cooperativas de pecuaristas a assumir o próprio abate no país, ainda em 2003, o grupo aumentou em dez vezes o volume médio em seis anos, reunindo produtores com índices de produtividade de mais de 40 arrobas por hectare ao ano. Hoje, paga até 56% de rendimento de carcaça a seus cooperados. O caminho, contudo, não foi fácil. Além da tecnificação da produção, os desafios para assumir os demais elos da cadeia de produção da carne também envolveram desenvolver estrutura própria de distribuição e enfrentar um mercado dominado por gigantes multinacionais. “Não é uma coisa assim tão fácil porque existe todo um trabalho de convencimento do produtor, de mobilizar o produtor e fazer com que ele entenda esse processo”, ressalta Victor Ferreira, analista de agronegócio da unidade de competitividade do Sebrae. Em um mercado cada vez mais exigente, não só em relação à qualidade da carne, mas também quanto ao manejo, bem estar animal e sustentabilidade, a verticalização é apontada pela Embrapa como uma das “megatendências” para a pecuária nos próximos 20 anos. Segundo, Guilherme Cunha Malafaia, que estudou o assunto, a estratégia também é uma saída para reduzir a ociosidade dos frigoríficos instalados no país – atualmente em níveis historicamente altos, segundo ele.
Revista Globo Rural
Câmara volta a discutir queda na temperatura para pausa térmica em frigoríficos
Proposta de 2011, que havia sido incluída sem sucesso em Medida Provisória no ano passado, teve debate retomado em comissão da Casa na terça-feira
Um projeto de lei de 2011 para restringir as pausas térmicas concedidas a trabalhadores de frigoríficos voltou à pauta da Câmara dos Deputados na última semana e teve suas discussões retomadas) na Comissão de Trabalho, Administração de Serviço Público da Casa (CTASP). O movimento ocorreu dez meses após uma tentativa frustrada de aprovar a mudança por meio da inclusão do projeto na Medida Provisória 927, editada de forma emergencial em junho do ano passado. Caso aprovada, a proposta mudará o artigo 253 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que passará a considerar como câmara fria apenas ambientes com temperatura inferior a 4°C. Em nota técnica divulgada na última semana, o Ministério Público do Trabalho (MPT) classificou a mudança como um “profundo retrocesso social, em violação aos arts. 6º, 7º e 196 da Constituição Federal que asseguram a saúde como direito fundamental das trabalhadoras e dos trabalhadores”. Caso o projeto seja aprovado, o MPT estima que as pausas térmicas se restringiriam a cerca de 5% dos trabalhadores do setor frigorífico, principal atingido pela mudança. “Essas pausas no setor de frigoríficos incomodam muito os empresários porque tem que parar aquela sessão e os trabalhadores sair daquele local durante um certo espaço de tempo – e eles entendem que isso causa um grande atraso na produção e querem de qualquer forma tirar isso”, explica o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação e Afins (CNTA), Artur Bueno Camargo.
Revista Globo Rural
ECONOMIA
Dólar fecha em queda de 0,16%, a R$ 5,7588
O dólar fechou em leve queda na terça-feira, ao fim de uma sessão de intenso vaivém nos preços da moeda, conforme o mercado seguiu tentando entender as sinalizações emitidas pela dança das cadeiras nos ministérios do governo anunciada na véspera, num contexto de profundo receio com o caminho fiscal tomado pelo país
O dólar à vista caiu 0,16%, a 5,7588 reais na venda, depois de variar entre 5,804 reais (+0,62%) e 5,7221 reais (-0,80%). A volatilidade típica por causa da “briga” pela Ptax de fim de mês –desta vez acentuada pelo fato de março marcar também fim de trimestre– também influenciou os preços, numa sessão de dólar forte em todo o mundo.
REUTERS
Ibovespa fecha em alta e caminha para 1º ganho mensal no ano
O Ibovespa fechou em alta na terça-feira, em meio a perspectivas melhores para a reabertura da economia, apesar do quadro ainda grave da pandemia de Covid-19 no país, bem como avaliações de que as recentes mudanças em Brasília tendem a melhorar a articulação política
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,18%, para 116.778,47 pontos, máxima desde 19 de fevereiro, segundo dados preliminares, caminhando para a primeira alta mensal no ano, de cerca de 6% em março até o momento. No mês passado, caiu 4,37%. Em janeiro, recuou 3,32%. O volume financeiro somava 26,16 bilhões de reais, mais uma vez abaixo da média diária do mês, de 37,55 bilhões de reais.
REUTERS
Ipea projeta crescimento de 3% do PIB em 2021
O escopo para a política econômica se contrapor aos efeitos do recente agravamento da crise sanitária neste ano ficou mais restrito
Esse cenário levou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a projetar em 3% o crescimento do produto interno bruto (PIB) em 2021, com queda estimada de 0,5% no primeiro trimestre do ano, na comparação com ajuste sazonal. Além do impacto da pandemia e do endurecimento das medidas de isolamento social por parte de governos estaduais e municipais sobre o ritmo da economia, as previsões para 2021 também levam em conta as incertezas quanto à capacidade de se promover os ajustes nas contas públicas necessários para uma trajetória fiscal equilibrada. Outro fator de risco é a aceleração inflacionária, refletindo a alta nos preços administrados acima do esperado no início deste ano e a desvalorização cambial, com impactos principalmente nos preços dos alimentos e dos bens industriais. A análise da conjuntura econômica brasileira divulgada na terça-feira (30) pelo Ipea aponta que o segundo semestre do ano deve ser marcado pela retomada do crescimento do PIB e pelo aumento da confiança de consumidores e empresários a partir do avanço da cobertura vacinal contra a Covid-19. As hipóteses cruciais desse cenário são que as questões associadas à pandemia já estejam sob controle e que seja possível conter as atuais incertezas fiscais. Para 2022, a projeção é de crescimento de 2,8% do PIB, em um cenário de manutenção da retomada da atividade econômica esperada para o segundo semestre deste ano. Embora o crescimento projetado para 2022 seja um pouco menor que o de 2021, o esforço de crescimento ao longo de 2022 seria maior, pois a base de comparação (o PIB de 2021) é significativamente maior. O documento contempla uma análise do efeito do preço das commodities sobre a atividade econômica. No Brasil, o peso das commodities no total das exportações no último ano foi de 65%, e a participação no PIB de 12%. Ao mesmo tempo que contribuem positivamente para a atividade econômica, a alta das commodities pressionam a inflação. A estimativa do Ipea para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 é de 4,6% de variação.
IPEA
Agro amplia embarques, mas preços médios caem
Segundo estudo do Ipea, cotações médias em dólar só cresceram no ano passado nas exportações das carnes bovina e suína e do café
O agronegócio brasileiro exportou mais de US$ 100 bilhões em 2020, e a alta do dólar ampliou a receita com os embarques, mas isso não significa que as margens dos exportadores melhoraram. Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), dos dez principais produtos agropecuários que o Brasil vendeu ao exterior, apenas as carnes bovina e suína e o café tiveram preço médio em dólar maior no ano passado que em 2019. Todos os demais recuaram. A queda no setor foi, em média, de 4,7%. “Quando observamos o resultado em termos de volume e valores absolutos identificamos o crescimento, mas o preço médio recebido nos preocupa”, disse a pesquisadora associada da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, Ana Cecília Kreter. “Estamos exportando bem, temos conseguido manter ou exportar mais, mas o que estamos recebendo, na prática, é muito menor”. Segundo ela, o quadro não é pontual ou reflexo apenas da pandemia, e sim uma tendência observada nos últimos anos – e que deve se manter em 2021. “Se não houver uma queda acentuada nos preços já será um bom ano, mas a perspectiva é ruim”, afirma. Apesar do aumento expressivo do preço da soja na bolsa de Chicago, o preço médio das exportações brasileiras caiu 2,2% em 2020 na comparação com 2019. As vendas do país subiram de 74 milhões para 83 milhões de toneladas, mas o faturamento não cresceu na mesma proporção, tendo passado de R$ 26 bilhões para R$ 28,5 bilhões. O recuo dos preços médios foi ainda mais intenso nas vendas de celulose (-24,5%), carne de frango (-13,1%) e algodão (-7.2%). As cotações médias do açúcar, farelo de soja e milho recuaram menos, enquanto café, carne bovina e carne suína tiveram altas de 0,8%, 3% e 4%, respectivamente. Em parte, esse quadro deve-se à alta dos custos de produção, principalmente com a importação de insumos em dólar.
VALOR ECONÔMICO
Brasil abre 401.639 vagas formais de trabalho em fevereiro, mostra Caged
Os dados do emprego formal passaram a ser divulgados com base em uma nova série a partir do ano passado, com a substituição do uso do Sistema Caged para registro de admissões e desligamentos pelo Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas
O Brasil abriu 401.639 vagas formais de trabalho em fevereiro, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado na terça-feira, em desempenho puxado pelo setor de serviços. O Ministério da Economia disse que os números são recordes para o mês e sinalizam a retomada firme do mercado de trabalho formal, mas manifestou preocupação com o impacto das medidas recentes mais estritas de fechamento de atividades econômicas. O Secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, afirmou que o fechamento da economia, na esteira do recrudescimento da pandemia, pode ter impacto sobre os números do Caged. “Essa nova fase de fechamento pode, sim, ter uma piora dos dados e é natural que tenha. De fato, houve um fechamento mais expressivo, isso nos preocupa, claro”, disse Bianco. A abertura líquida de vagas ficou bem acima da registrada em fevereiro de 2020, de 225.648 postos de trabalho, segundo dado ajustado. O setor de serviços liderou as contratações líquidas em fevereiro, com a abertura de 173.547 postos, seguido da indústria (93.621). O comércio criou 68.051 postos e a agropecuária, 23.055 postos. Em janeiro, o país abriu 258.141 vagas, segundo dado revisado, de 260.353 vagas informadas originalmente. O emprego formal foi protegido durante a crise da pandemia no ano passado por programa do governo que ofereceu complementação de renda a trabalhadores que tivessem seus contratos de trabalhos temporariamente suspensos ou sofressem redução de jornada e salários. O programa, denominado BEM, se encerrou em dezembro, e o governo já anunciou que será reeditado, mas, diante das graves restrições fiscais, ainda não definiu o formato do benefício. A estimativa do governo é que as despesas com a nova versão do programa totalizem cerca de 10 bilhões de reais no ano, disse Bianco, acrescentando que a medida deve ser custeada por meio de um crédito extraordinário e, portanto, sem impactar o teto de gastos. O anúncio do programa, segundo ele, deve ser feito “o quanto antes”, mas só pode acontecer depois da sanção da lei orçamentária, o que ainda não aconteceu. “Está demorando um pouco porque temos vários pontos fiscais a serem avaliados”, disse o Secretário.
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IBGE: Inflação da indústria fica em 5,22% em fevereiro, maior alta desde 2014
Os preços da indústria subiram 5,22% em fevereiro frente a janeiro, a maior alta da série histórica do Índice de Preços ao Produtor (IPP), iniciada em 2014. O desempenho do índice em fevereiro é o segundo recorde consecutivo, após a revisão de 3,36% para 3,55% do resultado de janeiro. Com isso, o IPP acumula altas recordes de 8,95%, no ano, e de 28,58% nos últimos 12 meses
O resultado, divulgado ontem pelo IBGE reflete principalmente a elevação de preços das indústrias extrativas (27,91%), de refino de petróleo e produtos de álcool (12,12%), de outros produtos químicos (9,69%) e de metalurgia (8,35%). Estes são os mesmos setores que exerceram as maiores influências no resultado agregado: indústrias extrativas (1,66 p.p.), refino de petróleo e produtos de álcool (1,04 p.p.), outros produtos químicos (0,79 p.p.) e metalurgia (0,56 p.p.). Esse é o décimo nono aumento consecutivo na comparação mês a mês do indicador – desde agosto de 2019. O índice mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação. Dessas, 23 apresentaram variações positivas. “Há uma continuidade na combinação de efeitos conjunturais, que traduzida em números, entrega uma inflação acumulada em fevereiro de 8,95%”, afirma o técnico da pesquisa, Felipe Figueiredo Câmara. Ele explica que a depreciação cambial é um dos fatores importantes atingindo 25% no acumulado de 12 meses. Com isso, há um efeito sobre toda a cadeia produtiva porque afeta os insumos importados. Ao mesmo tempo, há um cenário de comércio exterior em que os preços das commodities minerais – óleo bruto de petróleo e minério de ferro –, cotados em moeda estrangeira, também estão subindo. “O preço das commodities aumenta em moeda estrangeira e esse movimento é reforçado pela depreciação cambial, porque o preço desses produtos em reais fica ainda maior. Há também um efeito sobre os insumos. A indústria química é uma das influências mais importantes para o resultado do mês e sua alta de preços está muito associada ao aumento nos custos de matérias-primas importadas. Nas indústrias extrativas, há o efeito direto dos preços internacionais em produtos que têm impacto em toda a cadeia produtiva. A alta do óleo bruto reverbera nos derivados de petróleo e a do minério de ferro na metalurgia e na siderurgia. É um quadro já observado em janeiro, e que, por continuidade, vem se reforçando ao longo dos últimos meses, ajudando a explicar esses resultados recordes”, explica Câmara. Em fevereiro, a variação média de preços nas indústrias extrativas foi de 27,91%, a maior variação da série, superando os 19,60% de dezembro de 2016. Com isso, o acumulado no ano chegou a 43,30%, maior resultado para um fevereiro e o acumulado em 12 meses foi a 87,59%, o maior da série.
IBGE
IGP-M acelera alta em março com matérias-primas e combustíveis, diz FGV
O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) acelerou a alta a 2,94% em março, de 2,53% em fevereiro, com os preços das matérias-primas e dos combustíveis liderando o movimento, mostraram dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) na terça-feira
Com isso o índice acumula em 12 meses alta de 31,10%. No mês de março, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, teve alta de 3,56%, depois de subir 3,28% no período anterior. “No índice ao produtor, os aumentos recentes dos preços das matérias-primas continuam a influenciar a aceleração de bens intermediários (4,67% para 6,33%) e de bens finais (1,25% para 2,50%)”, disse em nota André Braz, coordenador dos índices de preços. Para o consumidor, houve maior pressão, uma vez que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30% sobre o índice geral, acelerou a alta a 0,98% em março, de 0,35% em fevereiro. O grupo Transportes foi o principal responsável por essa leitura, uma vez que saltou 3,97% no mês, ante ganho de 1,45% em fevereiro. A gasolina foi um item de destaque, com alta de 11,33%. Segundo André Braz, o aumento dos preços dos combustíveis colaborou para o avanço tanto da inflação ao produtor quanto ao consumidor. O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), por sua vez, passou a subir 2,00% no mês, contra alta de 1,07% em fevereiro. “Na construção civil, os materiais para a construção seguem em aceleração impulsionados pela alta dos preços dos insumos básicos”, completou Braz.
REUTERS
EMPRESAS
Marfrig alcança Tier 2 no BBFAW 2020, maior ranking global de gestão de bem-estar animal
A evolução do Tier 4 para o 2 aconteceu após companhia implementar melhorias nas políticas internas e incluir todas as espécies da cadeia de suprimentos. Entre as empresas de carne bovina das Américas a Marfrig é a melhor
A Marfrig conquistou a melhor classificação entre as empresas de carne bovina das Américas em gestão de bem-estar animal segundo o BBFAW 2021 (Business Benchmark on Farm Animal Welfare), o maior e mais importante ranking global de gestão do bem-estar de animais para alimentação. O ranking considera a atuação da companhia e toda a sua cadeia de suprimentos no mundo todo. Presente no BBFAW desde o primeiro ranking em 2012, a Marfrig atingiu o Tier 2 do ranking pela segunda vez, subindo duas posições desde a última avaliação em 2019, quando ocupou o Tier 4. A cada edição, o BBFAW torna-se mais exigente e criterioso, elevando o número de aspectos avaliados. O ranking é dividido em seis níveis: Tier 6 – empresas com nenhuma evidência de processos e práticas na agenda de negócios; Tier 5 – com previsão na agenda, mas limitações na implementação; Tier 4 – progredindo na implementação; Tier 3 – processos estabelecidos, mas com ajustes a fazer; Tier 2 – processos integrados à estratégia de negócios; e Tier 1 – empresas líderes em gestão do bem-estar animal. Para alcançar o melhor nível, as companhias devem reportar indicadores anuais de bem-estar dos animais presentes em toda a cadeia de suprimentos, além dos treinamentos e práticas utilizadas desde a criação de animais, transporte e abate, sempre detalhando a metodologia e a conexão com a estratégia do negócio. Paulo Pianez, Diretor de Sustentabilidade e Comunicação da Marfrig, destacou a importância da criação de políticas globais, considerando todos os países de atuação da companhia: “além de disponibilizar os registros sobre processos internos e implementação dessas políticas na cadeia de suprimentos, melhoramos significativamente nossos índices nos principais aspectos do bem-estar animal. Um dos exemplos foi a maior disseminação de melhores práticas, como evitar o confinamento fechado, não submeter animais à engenharia genética ou clonagem e suspender o uso rotineiro de substâncias promotoras de crescimento (hormônios) nas operações em todo o mundo”.
MARFRIG
FRANGOS & SUÍNOS
Suinocultura: Preço sobe no varejo, mas produtores amargam prejuízos
Custo de produção está maior que o preço pago pelo quilo do animal aos produtores; frigoríficos também têm dificuldades e podem diminuir volume de produção
A realidade financeira dos suinocultores em Mato Grosso está bem distante daquela constatada nos preços nas gôndolas de supermercados e açougues, onde o quilo dos cortes suínos supera facilmente a casa dos R$ 20. A situação é de preocupação, já que nas granjas os criadores amargam há semanas prejuízos de R$ 30 a R$ 40 por animal vendido. Isso ocorre principalmente pela alta no custo de produção, agravado em especial pelo preço do milho e do farelo de soja, base da alimentação dos animais. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em Mato Grosso, o preço pago pelo quilo do suíno vivo está em média a R$ 4,80, uma queda de 8,40% em relação ao valor pago na semana anterior. Já o custo de produção, segundo a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) está em torno de R$ 5,10 para cada quilo produzido, o que acarreta um prejuízo de pelo menos 0,30 centavos/kg. No fim, isso faz com que o produtor tenha um prejuízo de até R$ 40 por animal comercializado. De acordo com o Imea, o quilo da carcaça suína está sendo comercializada em média por R$ 9,29, também com queda de 5,49% em relação ao valor pago na semana anterior. Isso revela que os frigoríficos também estão com a margem de lucro bastante reduzida. O que nos leva a entender que a questão dos preços abusivos está lá na ponta, nos supermercados e nas casas de carnes. Estes estabelecimentos pagam em média R$ 9,30 no quilo da carcaça, prepara os cortes e vende a um preço muito acima da realidade. É algo que nos incomoda, e prejudica não só os produtores. Segundo a Acrismat, um preço na casa dos R$ 6,00 por quilo pago no suíno vivo seria o suficiente para que os produtores cobrissem seus custos de produção e ainda trabalhassem com uma margem de lucro razoável. “Como presidente da Acrismat e consumidor, penso que o preço cobrado nos supermercados já é caso de polícia ou de pelo menos alerta ao Procon. Claramente é um abuso, são situações onde a margem de lucro está muito acima do normal. Se o consumidor não começar a reclamar, essa situação tende a piorar”, afirma Itamar Canossa.
Acrismat
MEIO AMBIENTE
Novo guia auxilia financiadores da pecuária sustentável
Publicação está sendo lançada pela TNC, que há seis meses publicou um trabalho semelhante voltado à cadeia produtiva de soja
Os financiadores da pecuária contam a partir de hoje com um guia unificado que apresenta práticas mínimas e ações complementares para garantir que o crédito disponibilizado à criação de gado não esteja associado à derrubada de vegetação nativa na Amazônia e no Cerrado. O guia está sendo lançado pela ONG The Nature Conservancy (TNC), que há seis meses publicou um trabalho semelhante voltado à cadeia produtiva de soja. O material foi desenvolvido com o apoio de especialistas do setor financeiro, da cadeia produtiva, de universidade e de organizações não-governamentais. Ele busca padronizar a conduta de financiadores e investidores interessados em promover uma pecuária considerada “sustentável”. Segundo Anna Lucia Horta, Gerente de Finanças da TNC, o guia para a pecuária soma-se ao da soja para orientar financiadores que serão apoiados pela iniciativa Finanças Inovadoras para a Amazônia, Cerrado e Chaco (IFACC, na sigla em inglês), da qual a ONG faz parte junto com a Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma FI) e a Tropical Forest Alliance (TFA). O primeiro requisito mínimo estabelecido pelo novo guia para um financiamento adequado compreende a adequação do pecuarista à legislação em vigor em todas as suas propriedades, e não apenas à que recebe o financiamento. O segundo ponto estabelece que os financiadores não devem apoiar propriedades que desmataram após janeiro de 2018, mesmo legalmente, ou que receberam animais de propriedades que realizaram desmatamentos depois dessa data. Esta última medida busca restringir a “lavagem” do gado, que ocorre quando os animais passam pelos estágios iniciais da criação em propriedades associadas a desmatamento e são engordados, antes do abate, em fazendas que preservam suas vegetações. Para os pecuaristas que desmataram dentro da lei entre outubro de 2009 e janeiro de 2018 – o que os impediria de vender animais aos frigoríficos signatários do Compromisso Público da Pecuária (CPP) -, o novo guia estabelece que o financiamento só deve ser concedido caso o tomador dos recursos demonstre cumprir as exigências de desbloqueio previstas no acordo. O CPP foi firmado 2009 pelos três maiores frigoríficos de carne bovina do país – JBS, Marfrig e Minerva – com o objetivo de eliminar a compra de gado de áreas desmatadas. Diferentemente do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado no mesmo ano, o CPP é um acordo voluntário, mas assinado após denúncias do Greenpeace de compra de gado de áreas desmatadas.
VALOR ECONÔMICO
INTERNACIONAL
Argentina suspende 15 exportadores de carne por descumprir regulação
A Argentina disse na segunda-feira que suspendeu 15 exportadores de carnes que teriam desrespeitado regulamentações do setor, o que deve atrapalhar a exportação de ao menos 40 toneladas de embarques de um dos mais reconhecidos produtores globais de carne bovina
O ministério de agricultura do país afirmou em comunicado que descobriu várias operações de exportação de carne que prejudicariam a concorrência e sonegariam impostos por não serem devidamente registradas junto ao governo. O comunicado não citou o nome das empresas envolvidas e nem o destino das exportações. Um porta-voz do ministério da agricultura não forneceu maiores detalhes. Procuradores públicos começarão em breve a preparar queixas formais, assim que fiscalizações forem concluídas, disse o ministério no comunicado. A Argentina é um importante exportador global de carne bovina e tem a China como um comprador-chave.
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Exportação de carne suína seguirá em nível elevado devido a peste na Ásia, diz UE
As exportações de carne suína da União Europeia neste ano deverão se manter próximas ao nível recorde registrado em 2020, já que países asiáticos continuam sentindo os impactos da epidemia de uma doença suína, disse a Comissão Europeia na terça-feira
A UE afirmou que viu seus embarques avançarem de forma acentuada nos últimos dois anos, depois de a peste suína africana (PSA) dizimar o rebanho de porcos da China. O bloco também conseguiu limitar o impacto de um surto de PSA na Alemanha, com países como a Espanha exportando mais. Em outubro, a Comissão havia projetado que as exportações de carne suína recuariam 10% em 2021, à medida que a China reconstrói sua produção doméstica, mas as últimas perspectivas agrícolas de curto prazo do executivo europeu indicaram que os embarques devem diminuir apenas 2% em comparação com 2020. “O setor de carne suína da China começou a se recuperar, mas novos casos de PSA ainda estão aparecendo, o que pode retardar o progresso”, disse a Comissão em um relatório. “Em outras regiões da Ásia, a recuperação da PSA vai levar ainda mais tempo”, afirmou. A Comissão acrescentou ainda que a produção de carne suína da UE deve crescer marginalmente neste ano.
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