Cepea alerta: atenção para o comportamento da demanda por carne bovina nas próximas duas semanas

Ritmo das vendas nos mercados interno e externo vão determinar maior ou menor pressão na queda dos preços da arroba

O avanço do coronavírus e a restrição de circulação de pessoas segue impactando o mercado futuro do boi gordo que trabalha nos contratos com valores ao redor de R$ 170,00. Apesar do mercado físico estar descolado das negociações futuras, frigoríficos já anunciaram a suspensão dos abates.

Segundo o Pesquisador do Cepea, Thiago Bernardino de Carvalho, as próximas semanas vão ser decisivas para as negociações no mercado do boi gordo. “Na semana passada, o mercado físico e futuro estavam descolados. Hoje, já vemos notícias de frigoríficos dando férias coletivas em função das empresas e escolas estarem paralisados”, afirma.

Do lado da oferta, os pecuaristas estão com boas condições de pastagens e a partir de agora o clima deve ser mais seco. “Tem muitos pecuaristas que estão aguardando uma recuperação da arroba e ver como o mercado doméstico vai reagir diante do coronavírus”, comenta.

Com relação a demanda, Carvalho aponta que as exportações estão com bom desempenho e a China ainda segue realizando compras, mas em menor quantidade. A preocupação do mercado é com o impacto que o coronavírus vai causar na demanda interna por carne bovina.

“Ainda não sabemos se o Brasil vai fechar fronteiras e o mercado externo acaba sendo uma esponja para enxugar o excedente que fica no mercado interno. É importante ter uma visão ponderada sempre, mas sabemos que podemos ter um choque de demanda”, alerta o pesquisador.

Nas últimas semanas, os contratos negociados na Bolsa Brasileira (B3) para o boi gordo registraram queda de R$ 30,00. “Isso assusta as pessoas, porém esses preços podem vir a ser praticados caso tenha uma retração mundial e vários países fechando fronteiras. Eu acredito que não chega cair nestes patamares e vamos nos recuperar bem rápido”, relata.

Outro ponto que pode impactar o mercado é a falta de container e pelo fato de os trabalhadores estarem afastados provoca uma lentidão no descarregamento da carga. “É um cenário incerto ainda, mas se tiver a falta mais grave de container pode pressionar os valores da arroba”, diz Carvalho.

Fonte: Notícias Agrícolas – Aleksander Horta e Andressa Simão

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