Ano 7 | nº 1602 | 27 de outubro de 2021
NOTÍCIAS
Boi gordo: mercado em queda em São Paulo
A queda foi de R$1,00/@ para as três categorias destinadas ao abate na comparação diária
A falta de apetite das indústrias e a oferta consideravelmente melhor pressionaram para baixo os preços nas praças paulistas. A queda foi de R$1,00/@ para as três categorias destinadas ao abate na comparação diária. A arroba do boi ficou precificada em R$265,00, preço bruto e a prazo. Porém, já ocorrem negócios pontuais de até R$10,00/@ abaixo da referência. Para vaca e novilha gordas houve poucos negócios e as cotações ficaram, respectivamente, em R$259,00/@ e R$273,00/@, preços brutos e a prazo.
SCOT CONSULTORIA
Boi: arroba segue em queda no mercado físico, mas mostra recuperação no futuro
De acordo com a consultoria Safras & Mercado, a arroba do boi gordo seguiu em queda no mercado físico brasileiro, com os frigoríficos ainda adotando a estratégia de ofertar valores abaixo da referência média
Porém, algumas notícias trouxeram um rumor de que um lote de carne bovina produzida no Tocantins teria sido liberado pelos chineses e animou as cotações do mercado futuro. Na B3, as cotações dos contratos futuros do boi gordo tiveram um dia de forte alta com notícias de que a China pode começar a liberar algumas cargas que estavam embargadas. O ajuste do vencimento para outubro passou de R$ 263,85 para R$ 264,35, do novembro foi de R$ 274,10 para R$ 283,30 e do dezembro foi de R$ 282,20 para R$ 293,85 por arroba.
AGÊNCIA SAFRAS
Carnes: Cortes do dianteiro são os mais pressionados e recuam 17% em um mês. Traseiro perde 3,5%
A continuidade da pressão sobre a carne no atacado tende a refletir no preço da @ do boi que em SP já está em R$260
Os cortes de carne bovina no atacado começam a registrar desvalorizações expressivas, principalmente as peças de dianteiro e ponta de agulha que tiveram uma queda de 17% durante o mês. Na semana passada, o preço do boi casado estava próximo de R$ 17,00/kg, e hoje, está ao redor de R$ 16,80/kg. Para o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, “os cortes de dianteiros têm preços mais acessíveis à população, por isso as indústrias estão dando preferência por escoar no mercado doméstico. Os cortes de traseiro tiveram uma queda nos preços de 3,5% dentro de um mês”, destacou. Com relação a retomada da China, o analista reforça que por enquanto existem muitos boatos e que não tem nada de concreto até o momento. “Os rumores servem para motivar as altas no mercado pecuário, mas ainda faltam elementos que confirmem as informações de que a China voltará a importar em novembro ou dezembro deste ano”, informou. No mercado físico, as referências da arroba recuaram na praça paulista e o valor médio está próximo de R$ 265,00/@. “Diante desse cenário, recuperar o patamar de R$ 300,00/@ está cada vez mais complicado ainda neste ano. Não tem ninguém ganhando neste mercado em que os custos seguem elevados para os pecuaristas e as indústrias estão com estoques parados”, explicou.
AGÊNCIA SAFRAS
Volume de animais abatidos no Mato Grosso registrou queda de 30% em setembro, diz IMEA
Esse cenário é reflexo da ausência da demanda chinesa pela carne bovina brasileira, em que as indústrias passaram a ofertar preços menores para arroba e os pecuaristas optaram por segurar os animais no cocho à espera da retomada dos embarques
A utilização real dos frigoríficos ficou em 60,9% em setembro frente ao mês de agosto, sendo o segundo menor resultado da série histórica, que teve início em 2010. Com os negócios em ritmo lento no mercado interno, o preço do boi gordo está cotado em R$ 252,20/@ e teve uma queda de 1,71% no comparativo semanal. No caso da vaca gorda, a referência está ao redor de R$ 242,44/@ e registrou uma queda de 2,05% no comparativo com a semana passada. Diante desse cenário de pressão baixista no mercado pecuário, a relação de troca boi/ bezerro ficou comprometida e teve uma diminuição do indicador em 0,71%, ante semana passada. De acordo com a 4ª estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) divulgado pelo Imea para o ano de 2021, a pecuária de corte exibiu share de 18,66% e a estimativa é de que o indicador some R$ 25,33 bi. O bom desempenho da pecuária é reflexo do cenário de preços altos do boi gordo que foram observados ao longo deste ano, em decorrência da baixa disponibilidade de animais. A cotação média da arroba de jan.21 a set.21 registrou acréscimo de 37,78%, ante o mesmo período do ano anterior. Por outro lado, a produção estimada apresentou queda de 4,92%, diante dos resultados do menor volume de animais abatidos no Mato Grosso.
IMEA
Preço da carne cai pela primeira vez após 16 meses, mas alta acumulada ainda é de 22%
Redução em outubro aparece nos dados do IPCA-15, a prévia da inflação oficial
Depois de 16 meses consecutivos de alta, os preços das carnes caíram no país em outubro. É o que apontam os dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), conhecido como a prévia da inflação oficial. Em outubro, os preços das carnes tiveram baixa de 0,31%, conforme a pesquisa. A última queda havia ocorrido em maio do ano passado (-1,33%). O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados na terça-feira (26).
Apesar da trégua, as carnes ainda acumulam alta de 22,06% em 12 meses. Neste ano, de janeiro a outubro, a inflação prévia acumulada pelo grupo é de 10,27%. Segundo o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a queda nos preços em outubro pode ser associada à suspensão das exportações para a China.
Com a trégua na demanda chinesa, a tendência é de que uma quantidade maior de mercadorias seja destinada ao mercado interno, levando os preços para um patamar inferior.
“A gente vai ver uma queda mais intensa de acordo com a duração desse efeito de paralisação das exportações. A China não deve manter o embargo por muito tempo. Quanto maior for o tempo do embargo, maior é a probabilidade de a gente ver queda no preço”, aponta Braz. O economista pondera que, devido à alta acumulada ao longo da pandemia, o consumidor precisará de novas reduções nos preços para sentir um alívio no bolso. “A taxa em 12 meses das carnes ainda está acima de 20%. Então, é preciso ter muitas quedas para que o consumidor volte a consumir carnes como antigamente”, relata o pesquisador. De 18 cortes que compõem o segmento de carnes no IPCA-15, 12 tiveram baixa nos preços em outubro. A maior queda foi a da capa de filé (-1,83%). Seis cortes registraram alta nos preços. O maior avanço foi o da picanha (2,88%). Neste mês, os preços das carnes caíram em 6 das 11 capitais e regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. As maiores reduções ocorreram em Goiânia (-1,63%), Porto Alegre (-1,54%) e Belém (-0,98%). Na região metropolitana de São Paulo, a queda em outubro foi de 0,55%. Trata-se da primeira baixa depois de 16 meses de alta.
Cinco metrópoles tiveram alta nas carnes em outubro, conforme o IPCA-15. As principais elevações foram registradas em Brasília (1,28%), Salvador (1,25%) e Fortaleza (1,15%).
Em 12 meses, Porto Alegre é a capital com a maior inflação das carnes: 30,9%. Em seguida, aparecem Curitiba (29,16%), Brasília (24,89%) e São Paulo (23,72%).
FOLHA DE SP
ECONOMIA
IPCA-15 foi de alta recorde de 1,20% em outubro
Maior variação para um mês de outubro desde 1995 (1,34%) e a maior variação mensal desde fevereiro de 2016 (1,42%)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi a 1,20% em outubro, 0,06 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de setembro (1,14%). Foi a maior variação para um mês de outubro desde 1995 (1,34%) e a maior variação mensal desde fevereiro de 2016 (1,42%). No ano, o IPCA-15 acumula alta de 8,30% e, em 12 meses, de 10,34%, acima dos 10,05% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2020, a taxa foi de 0,94%.
Houve variações positivas em oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados. O maior impacto (0,43 p.p.) e a maior variação (2,06%) vieram do grupo Transportes. A segunda maior contribuição veio de Habitação (1,87% e 0,30 p.p.), acima da registrada no mês anterior (1,55%). Na sequência, veio Alimentação e bebidas (1,38%), cujo resultado acelerou em relação ao IPCA-15 de setembro (1,27%) e contribuiu com 0,29 p.p. no índice do mês. Os demais grupos ficaram entre o -0,01% de Saúde e cuidados pessoais e o 1,32% de Vestuário.
O maior impacto no grupo dos Transportes (2,06%) veio das passagens aéreas, que subiram 34,35% e contribuíram com 0,16 p.p. para o resultado do mês. O resultado do grupo foi influenciado também pela alta nos preços dos combustíveis (2,03%). A gasolina subiu 1,85% e acumula 40,44% nos últimos 12 meses. Os demais combustíveis também subiram: etanol (3,20%), óleo diesel (2,89%) e gás veicular (0,36%). Ainda em Transportes, os automóveis novos (1,64%), usados (1,56%) e as motocicletas (1,27%) seguem em alta. No caso dos automóveis usados, trata-se da 13ª alta consecutiva, acumulando 13,21% de variação nos últimos 12 meses. Os preços de outros subitens como pneu (1,71%) e óleo lubrificante (1,36%) acumularam, em 12 meses, altas de 31,03% e 19,19%, respectivamente. Ônibus intermunicipal variou 0,16%, devido aos reajustes entre 11% e 13% no preço das passagens em Fortaleza (8,25%), aplicados desde 3 de setembro. No grupo Habitação (1,87%), o destaque ainda é a energia elétrica (3,91%), maior impacto individual no índice do mês (0,19 p.p.). Outra contribuição importante dentro do grupo veio do gás de botijão (3,80%), cujos preços subiram pelo 17º mês consecutivo e acumulam, em 2021, alta de 31,65%. O resultado do grupo Alimentação e bebidas (1,38%) foi influenciado principalmente pela alimentação no domicílio, que passou de 1,51% em setembro para 1,54% em outubro. Os preços das frutas subiram 6,41% e contribuíram com 0,06 p.p. de impacto. Houve altas também nos preços do tomate (23,15%), da batata-inglesa (8,57%), do frango em pedaços (5,11%), do café moído (4,34%) do frango inteiro (4,20%) e do queijo (3,94%). As carnes (-0,31%), após 16 meses seguidos de alta, tiveram queda. A alimentação fora do domicílio acelerou de 0,69% em setembro para 0,97% em outubro, principalmente por conta do lanche (1,71%), cujos preços haviam recuado 0,46% no mês anterior. A alta da refeição (0,52%) foi menor que a de setembro (1,31%). Houve altas em todas as áreas pesquisadas, em outubro. A maior variação foi registrada em Curitiba (1,58%), com altas da energia elétrica (4,15%) e da gasolina (3,47%).
IBGE
Dólar sobe ante real com política monetária, inflação e risco fiscal
O dólar subiu contra o real na terça-feira, com expectativas de elevação mais agressiva da taxa Selic pelo Banco Central nesta semana dividindo atenções com temores inflacionários e fiscais domésticos. Com o desempenho desta terça-feira, o dólar acumula alta de 2,26% até agora no mês de outubro. Em 2021, o dólar sobe 7,34%.
O dólar à vista subiu 0,36%, a 5,5727 reais na venda. Na B3, o dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,27%, a 5,5770 reais. Dados divulgados na manhã da terça-feira surpreenderam os mercados financeiros ao mostrarem que o IPCA-15, prévia da inflação oficial ao consumidor, registrou em outubro a maior alta para o mês em 26 anos. A leitura, bem mais elevada do que a expectativa em pesquisa da Reuters, levou mais instituições financeiras importantes, como Credit Suisse e Goldman Sachs, a elevarem suas expectativas para a dimensão do aperto monetário que o Banco Central anunciará na quarta-feira, ao fim do encontro de dois dias do Copom. Agora, os bancos projetam alta de 150 pontos-base da taxa Selic. Ainda assim, muitos ressaltam que as revisões nas contas para a taxa Selic refletem grandes riscos inflacionários e fiscais. “Os preços já mostram a mudança das expectativas, com prognósticos de que a Selic chegue aos dois dígitos ainda no primeiro trimestre do ano que vem”, disseram analistas da Levante Investimentos em nota. “Pior do que a alta da inflação (…) é a pouca disposição do governo para acertas as contas, ainda mais com a perspectiva de que em poucos meses se inicia uma campanha eleitoral que promete ser polarizada e conturbada.”
Os mercados brasileiros foram golpeados na semana passada pela ameaça concreta ao teto de gastos representada pela pressão do governo por um Auxílio Brasil mais robusto, e, desde então, várias instituições financeiras têm divulgado piora nas revisões para a economia e alta nas estimativas para os juros. “Sem a âncora fiscal resta a âncora monetária para impedir uma explosão da inflação”, disse a Levante.
REUTERS
Ibovespa cai mais de 2% com perspectiva de aumento mais forte da Selic
O Ibovespa voltou a fechar abaixo dos 107 mil pontos na terça-feira, com o IPCA-15 de outubro reforçando a deterioração do quadro inflacionário no país e as expectativas de um aumento mais forte nos juros pelo Banco Central
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,11%, a 106.419,53 pontos, devolvendo quase toda a alta da véspera, quando experimentou uma trégua após a pior semana desde o final de março do ano passado. O volume financeiro da sessão somou 27,2 bilhões de reais. O IPCA-15 subiu 1,2% em outubro, maior leitura para o mês desde 1995, com piora qualitativa e acima das expectativas, o que provocou forte alta nas taxas futuras de juros, contaminando os negócios com ações. O dado corroborou apostas de aceleração no ritmo de alta da Selic, com muitos economistas já aguardando uma alta de 1,5 ponto na taxa básica pelo Copom na quarta-feira. Vários bancos também já veem a Selic com dois dígitos ao final do ciclo de altas, o que tende a minar o apetite por ações, que tinham entre seus principais catalisadores justamente o nível historicamente baixo das taxas de juros no país. De acordo com estrategistas do JPMorgan, tem em sido uma jornada difícil para as ações brasileiras e as próximas três a quatro semanas ainda devem ser de incertezas.
REUTERS
Arrecadação federal sobe 12,87% e atinge nível recorde para setembro
A arrecadação do governo federal teve alta real de 12,87% em setembro sobre igual mês do ano passado, a 149,102 bilhões de reais, maior valor já registrado para o mês na série histórica iniciada em 1995, informou a Receita Federal na terça-feira
O resultado veio levemente acima da expectativa de arrecadação de 147,85 bilhões de reais, segundo pesquisa Reuters com analistas, e foi diretamente beneficiado pela alta de 16,94% nos impostos recolhidos das empresas a título de Imposto de Renda Pessoa Jurídica/Contribuição Social sobre Lucro Líquido. De janeiro a setembro, a arrecadação cresceu 22,30%, também em termos reais, somando 1,349 trilhão de reais –patamar também recorde para o período. Segundo a Receita, o resultado nos nove primeiros meses do ano foi positivamente impactado por recolhimentos extraordinários de cerca de 31 bilhões de reais em IRPJ/CSLL. No mesmo período de 2020, a arrecadação extraordinária nessa linha foi muito menor, alcançando 5,3 bilhões de reais. Enquanto em 2020 os diferimentos de tributos somaram 58,069 bilhões de reais de janeiro a setembro, tendo sido permitidos pelo governo para mitigar os efeitos da crise de coronavírus, neste ano eles somaram apenas 2,031 bilhões de reais no mesmo período. Em contrapartida, as compensações tributárias subiram 28,05% no acumulado de 2021, a 152,987 bilhões de reais. Olhando apenas para as receitas administradas pela Receita Federal, houve aumento de real de 12,45% em setembro e de 21,50% no acumulado do ano. Excluídos os fatores não recorrentes, as altas seriam de 10,34% e 13,79%, respectivamente, informou a Receita.
REUTERS
Brasil abre 313.902 vagas formais de trabalho em setembro, abaixo do esperado
O Brasil abriu 313.902 vagas formais de trabalho em setembro, desempenho aquém do esperado e também inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, apontou o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado na terça-feira pelo Ministério do Trabalho e Previdência
Em pesquisa Reuters com analistas, a expectativa era de criação líquida de 367.409 postos. Em setembro de 2020, o resultado foi de uma abertura de 319.151 vagas, na série com ajustes. Em setembro, todos os cinco setores pesquisados exibiram saldo positivo, com destaque para serviços, com abertura de 143.418 vagas. Aparecem em seguido a indústria geral (+76.169 postos), comércio (+60.809 postos), construção (+24.513 postos) e agricultura e pecuária (+9.084 postos). No acumulado do ano, foi registrado saldo positivo de 2.512.937 postos, desempenho mais forte para o período na série disponibilizada pelo ministério, com início em 2010, o que foi classificado pelo ministro como uma “demonstração clara” da recuperação da economia. De janeiro a setembro do ano passado, houve fechamento 558.597 postos, desempenho diretamente afetado pela pandemia de coronavírus e pelas medidas de distanciamento social que foram implementadas para frear o contágio de Covid-19.
REUTERS
IPCA-15 surpreende, e apostas já são de inflação de até 9,8% em 2021
Mais instituições financeiras preveem que a inflação acumulada de 2021 ficará acima de 9% ou, segundo alguns analistas, perto de dois dígitos. A nova rodada de revisões foi desencadeada ontem após o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de outubro ter frustrado as expectativas de leve acomodação
O índice subiu 1,2%, a maior taxa para outubro desde 1995, e agora avança 10,35% em 12 meses. “Nos últimos meses, estávamos vendo uma inflação muito concentrada em alimentos e bens industriais, enquanto os serviços subiam em ritmo bem controlado. De lá para cá, alimentos e bens industriais seguem sem mostrar sinal de descompressão, enquanto a parte de serviços subiu mais do que estava sendo previsto”, diz Daniel Silva, economista da Novus Capital. Essa combinação de aumentos mais intensos do que o previsto gerou alteração nas estimativas de ao menos 12 casas, que agora apontam o IPCA fechado do ano entre 9,1% e 9,8%, sendo oito estimativas de 9,5% ou mais. Para outubro, a maioria das estimativas indica que o IPCA deverá ficar ao redor de 1%, ainda próximo do patamar de setembro. “São dois fatores, o IPCA-15 e o relatório Focus, do Banco Central (BC), que também mostrou alta um pouco mais forte das expectativas não apenas para 2022. Então, esse ambiente inflacionário e o risco de perda do controle das expectativas, além de toda a turbulência política e fiscal, vão demandar ação mais forte do BC”, diz Silva, da Novus Capital, que passou de 9,1% para 9,4% a projeção para o IPCA de 2021. Hoje, o BC decide a nova taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 6,25% ao ano. Com as informações mais recentes sobre a inflação e a incerteza sobre o teto de gastos, o mercado espera aceleração no ritmo de alta da Selic, para 1,5 ponto percentual. Na ponta mais pessimista do mercado, está o Credit Suisse, que reajustou o IPCA fechado do ano de 9,1% para 9,8%, creditando o movimento também ao reajuste dos combustíveis anunciada nesta semana pela Petrobras. Pela mesma razão, a JF Trust reajustou o IPCA fechado do ano de 9,3% para 9,87%, estimando mais duas altas de 5% da gasolina.
VALOR ECONÔMICO
EMPRESAS
National Beef turbina resultados da Marfrig
Empresa registrou lucro líquido de quase R$ 1,7 bilhão no terceiro trimestre, 148,7% mais que no mesmo período de 2020
A National Beef, quarta maior indústria de carne bovina dos EUA – quebrou novos recordes no terceiro trimestre, engordando os lucros da controladora Marfrig. O grupo brasileiro informou ontem que registrou lucro líquido de quase R$ 1,7 bilhão entre julho e setembro, uma expansão de 148,7% na comparação com o resultado de R$ 674 milhões de igual intervalo do ano passado. Aproveitando o momento extremamente favorável nos EUA, com boa oferta de gado e demanda por carne aquecida, a National Beef registrou a melhor margem Ebitda de sua história (26,8%), o que se traduziu em forte geração de caixa para a Marfrig, mostrando que o investimento de US$ 1,2 bilhão para comprar 32,9% da BRF pode ser pago com geração de caixa – Marcos Molina já vinha dizendo que a companhia fundada por ele pagaria o investimento em dois trimestres. No terceiro trimestre, a Marfrig gerou R$ 3,8 bilhões em caixa livre. Mesmo com o pagamento de R$ 1,7 bilhão em dividendos (R$ 958 milhões para os acionistas da Marfrig e R$ 784 milhões ao minoritários da National), a companhia terminou setembro com mais recursos em seu caixa – R$ 2,9 bilhões. No segundo trimestre, o grupo já havia reportado R$ 2,2 bilhões em caixa livre. Diante das vacas gordas, a National Beef contribuiu com 95% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Marfrig. De julho a setembro, foram R$ 4,5 bilhões na National, alta de 166,7% na comparação anual. Na América do Sul, onde a Marfrig ainda sofre com o gado caro, especialmente no Brasil, o Ebitda caiu 40,5%, para R$ 301 milhões. A margem ficou em apenas 4,4%, um pouco acima dos 3,6% do segundo trimestre. No consolidado, a National fez a diferença. Ao todo, o Ebitda da Marfrig totalizou R$ 4,7 bilhões, avanço de 115,6%. A margem Ebitda da Marfrig chegou a 20%, incremento de sete pontos. A receita líquida da companhia cresceu 40%, passando de R$ 16,8 bilhões para R$ 23,3 bilhões. Em entrevista a jornalistas, o CEO da National Beef, Tim Klein, reiterou que a tendência para as margens segue positiva. Segundo ele, a margem do negócio neste quarto trimestre será menor que os 26,8% do terceiro, seguindo um comportamento sazonal. Mesmo assim, as margens devem seguir acima da média, em dois dígitos, superando os patamares do quarto trimestre de 2020, disse. “Os fundamentos do negócio permanecem fortes para 2022”, acrescentou o CEO da companhia, Miguel Gularte. Na estrutura de capital, o bom momento também trouxe o endividamento para os menores níveis da história, frisou Tang David, Vice-Presidente de Finanças da Marfrig. No terceiro trimestre, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) atingiu 1,1 vez, ante 1,9 vez em junho. O custo médio da dívida passando de 5,89%, no fim do segundo trimestre, para 5,46%, e o prazo médio das dívidas saiu de 4,15 para 4,97 anos. O executivo foi perguntado se o excesso de caixa e a valorização das ações da Marfrig teriam o condão de alterar a estratégia de investimento passivo na BRF – um tema que despertou a atenção com a aprovação da compra das ações pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). David foi enfático: “Nosso investimento na BRF continua passivo. Não temos nenhum plano extra além do que já foi divulgado”.
VALOR ECONÔMICO
Incêndio paralisa planta da Athena Foods, controlada pela Minerva, no Paraguai
Não houve feridos e receita da empresa brasileira não deverá ser afetada
Um incêndio de grandes proporções paralisou na manhã da terça-feira uma planta paraguaia da Athena Foods, subsidiária da Minerva. Segundo a Athena, o incêndio foi controlado pelos bombeiros, com apoio da Polícia Nacional e de funcionários, e no momento há apenas pequenos focos no interior da estrutura, que estão sendo combatidos. Segundo comunicado divulgado pela Athena, a unidade foi evacuada, bem como as áreas vizinhas, e não há feridos. A fábrica está situada em Capitán Lombardo, em Assunção. No fim dia, a Minerva confirmou que o incêndio não deverá causar grande perda de receita, já que a Athena tem uma unidade parada que será reaberta enquanto a outra estiver fora de operação. A informação havia sido publicada mais cedo pelo Valor. Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa informou que o incêndio não deixou feridos e que os funcionários foram retirados do local em segurança. “As operações de abate e produção de carne bovina seguirão normalmente, não havendo ônus operacional ou financeiro para a companhia”, disse. Com suas cinco plantas, a Athena Foods tem uma capacidade total de abate de 5,4 mil cabeças por dia no Paraguai, segundo a Minerva.
VALOR ECONÔMICO
MEIO AMBIENTE
Frigoríficos e laticínios ‘devem’ metas de emissão de metano
É o que aponta análise das organizações Changing Markets Foundation e Feedback
Empresas globais de proteínas animais, como as brasileiras JBS e Marfrig, precisam avançar nos planos de redução de seu impacto climático porque não têm objetivos específicos para emissões de metano. Essa foi conclusão das organizações Changing Markets Foundation e Feedback, que analisaram as metas climáticas das 20 maiores empresas de carnes e leite do mundo. A fermentação entérica de animais como as vacas responde por 32% das emissões de metano, gás que tem um impacto 86 vezes maior que o carbono, por unidade de massa, no aquecimento global. As organizações analisaram 11 indicadores, incluindo a existência e a ambição das metas de emissões de gases de efeito estufa, objetivos específicos para metano, divulgação ou não da “pegada de metano” e investimentos em proteínas alternativas. Em uma escala de 0 a 100, a JBS recebeu nota 9,6 e ficou em 10º lugar, enquanto a Marfrig recebeu nota 11,2, na 7ª posição. No segmento de lácteos, as múltis Nestlé e Danone, que têm forte presença no Brasil, tiveram notas 34,6 e 30,2, respectivamente, e lideraram o ranking. Mas nenhuma das 20 companhias analisadas apresentou, até agora, metas específicas para o metano. O relatório observa que a JBS não detalhou em seu plano ambiental a redução das emissões no escopo 3 do Protocolo GHG, que abrange as emissões do gado, apesar da meta de se tornar “carbono neutra” alinhada à iniciativa Science Based Targets (SBTi). Sua nota também foi afetada pela não divulgação do estado das emissões de metano nem de um plano para o gás. Em contrapartida, pesou a favor do grupo o aporte de US$ 409 milhões, em abril, na compra da Vivera, líder global em plant based. Já a nota da Marfrig foi prejudicada pelo fato de a companhia não ter meta climática baseada na SBTi, objetivo para emissões de metano e também por não divulgar o estado atual da liberação desse gás. Porém, sua classificação foi favorecida pela adoção de esforços para a redução das emissões de metano e pela joint venture com a ADM na PlantPlus Foods, também de plant based. O metano entrou no foco com a divulgação, em abril, de um relatório do Programa Ambiental da ONU (Unep) que indicou já ser possível reduzir as emissões de metano em 180 milhões de toneladas por ano até 2030, o que impediria o aquecimento global em 0,3ºC até 2040. O relatório ensejou uma iniciativa dos EUA e da União Europeia – o Compromisso Global de Metano – que prevê a redução das emissões do gás em 30% até 2030 ante 2020. Já há adesões de 30 países, mas o Brasil ainda está de fora. Há expectativa de mais adesões até a COP26. Mas, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), é preciso uma redução de 45% nas emissões de metano até 2030 para limitar o aquecimento global a 1,5ºC. “Estamos trabalhando na definição de KPIs claros para nossa estratégia de descarbonização. O plano de metas baseadas na ciência para chegar ao objetivo Net Zero 2040 está sendo desenvolvido com critérios estabelecidos pela SBTi”, disse a JBS, em nota. A empresa afirmou que está construindo um plano de avaliação das emissões do escopo 3 e, sobre as emissões de metano na cadeia bovina, afirmou que se trata “de um desafio setorial, em que ainda há muita desinformação e ausência de estudos conclusivos” – embora esteja trabalhando para mitigá-las. O Diretor de Sustentabilidade da Marfrig, Paulo Pianez, afirmou que a companhia submeteu há pouco tempo seu plano de redução de emissões ao SBTi, e que a companhia “provavelmente” ainda terá meta específica para o metano. Ele ressaltou que, se retirado o efeito do desmatamento, o metano responde por cerca de 95% das emissões do escopo 3, para o qual a Marfrig tem meta de redução de 33% até 2035, ante 2019. Pianez disse que a estratégia para reduzir as emissões do escopo 3 envolve incentivo à intensificação da pecuária, melhoria genética, e aditivos alimentares.
VALOR ECONÔMICO
Soja e gado no Brasil são decisivos para combater desmate global, diz estudo
Segundo BCG e WWF, avanço dos compromissos ambientais nas duas cadeias no país é decisivo para sucesso na luta contra o desmatamento no mundo
O avanço dos compromissos ambientais no cultivo de soja e na criação de gado, sobretudo no Brasil, é decisivo para o combate ao desmatamento no mundo, de acordo com o relatório “Deforestation & Conversion Free Supply Chains”, divulgado ontem (26/10) no país pelo Boston Consulting Group (BCG) e WWF. Sete commodities agrícolas contribuíram para o desmatamento global de 123 milhões de hectares de florestas, segundo o levantamento. São elas carne (37%), óleo de palma (9%), soja (7%), cacau (2%), café (2%), borracha (2%) e madeira (1%). Entre 2001 e 2015, o Brasil foi responsável por 48% do desmatamento global causado pela produção de carne. No país, a atividade desponta como a principal causa histórica do problema. Segundo os pesquisadores, o setor é o mais atrasado em comprometimentos ambientais e o mais incipiente na certificação da origem de seu produto em comparação com outras commodities. Já o plantio de soja no país durante o mesmo período avaliado foi responsável por 61% do desmatamento causado pela cultura no mundo. O relatório afirma, ainda, que, para reverter o impacto de suas atividades sobre os ecossistemas, as empresas que são líderes em seus segmentos no país precisam fomentar uma mudança sustentável em seus setores. Fazem parte desses esforços a promoção da transparência e da rastreabilidade e a verificação de toda a cadeia de suprimentos. Segundo o relatório, as companhias devem ir além do papel de “compradoras de commodities sustentáveis”, assumindo o de “promotores de sustentabilidade além de suas operações”, com ações executadas de forma colaborativa para que haja impacto relevante. O relatório acrescenta que “é crítico reportar o avanço dos compromissos de sustentabilidade assumidos, prática de apenas entre 41% a 46% das grandes empresas em todo o mundo”. Além disso, diz, é essencial que as organizações apoiem esforços para o fortalecimento da legislação ambiental e de sua execução. Também é necessário que as instituições financeiras tenham papel mais ativo na questão, afirma o estudo, para evitar o financiamento de empresas e atividades que podem estar – direta ou indiretamente – ligadas ao desmatamento.
VALOR ECONÔMICO
FRANGOS & SUÍNOS
Produção de suínos da China volta ao nível pré-PSA
O terceiro trimestre foi, no entanto, inferior às 13,46 milhões de toneladas do segundo trimestre
Dados oficiais da China revelaram que a produção de carne suína do gigante asiático no terceiro trimestre atingiu seu nível mais alto em três anos, de acordo com o portal argentino AgroFy. Isso mostra que os produtores construíram milhares de grandes fazendas de criação no ano passado para reconstruir um rebanho de porcos dizimados pela peste suína africana.
A produção de carne suína de julho a setembro foi de 12,02 milhões de toneladas, 43% a mais que no ano anterior, segundo cálculos da Reuters com base em dados oficiais – e a maior desde o terceiro trimestre de 2018, antes que a China começasse a sentir as consequências da peste suína. A produção de carne suína da China aumentou 38% nos três primeiros trimestres de 2021 em comparação com o ano anterior, para 39,17 milhões de toneladas, disse o escritório de estatísticas. O terceiro trimestre foi, no entanto, inferior às 13,46 milhões de toneladas do segundo trimestre, desafiando as expectativas de alguns analistas. “Achei que seria maior do que o segundo trimestre porque houve muitas vendas no terceiro trimestre”, disse Pan Chenjun, analista sênior do Rabobank. O aumento na produção de carne suína foi liderado pelos maiores produtores, que investiram bilhões de yuans em novas fazendas durante 2020 em uma tentativa de ganhar participação de mercado após a epidemia de peste suína. Mas os preços despencaram 65% até agora este ano, levando alguns agricultores a vender seus rebanhos e ir embora, enquanto outros aproveitaram a oportunidade para se livrar de porcas menos produtivas.
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