Ano 6 | nº 1370| 26 de novembro de 2020
NOTÍCIAS
Quedas nos preços no mercado do boi gordo
Em São Paulo, mesmo com poucos negócios, as indústrias frigoríficas abriram a última quarta-feira (25/11) derrubando os preços e pagando R$2,00/@ a menos pelo boi gordo na comparação diária. Com a queda de 0,7%, a arroba do boi gordo ficou cotada em R$281,00, preço bruto e à vista, segundo levantamento da Scot Consultoria
As ofertas para vaca gorda e novilha gorda também recuaram R$2,00/@ e ficaram em R$261,00/@ e R$270,00/@, respectivamente, preço bruto e à vista. Para os machos jovens de até trinta meses que atendem o mercado externo, as ofertas chegam a R$285,00/@, preço bruto e à vista. Porém, o volume de negócios está baixo. Na região Sudeste de Rondônia, a cotação da arroba do boi gordo caiu R$3,00 na comparação feita dia a dia e ficou em R$253,00/@, considerando o preço bruto e à vista, R$252,50/@, com desconto do Senar e R$249,00/@ com desconto do Senar e Funrural. A cotação da vaca gorda e novilha gorda caíram R$1,00/@ na mesma comparação, cotadas em R$245,00/@, considerando o preço bruto e à vista, para ambas as categorias.
SCOT CONSULTORIA
Em nova queda, boi gordo é negociado a R$ 280 em São Paulo
Preços do boi gordo vem acumulando sucessivas quedas, com previsão para novas baixas no mercado interno
O mercado físico de boi gordo registrou preços de estáveis a mais baixos na quarta-feira. Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, algumas unidades frigoríficas saíram das negociações, alegando bom ritmo de compras no decorrer da semana. “A tendência é que a reabertura dos preços ocorra em patamar mais baixo. Portanto, os frigoríficos começaram a se movimentar para continuar exercendo pressão sobre os preços do boi junto ao pecuarista. Contudo, a entrada do décimo terceiro salário e outras bonificações inerentes ao período de festas pode atenuar os efeitos desta estratégia dos frigoríficos, avaliando a boa reposição entre atacado e varejo que costuma marcar essa época do ano”, diz o analista. “Somado a isso, temos o quadro anêmico de oferta, com uma enorme dependência de confinados para atender a programação dos frigoríficos no período de maior consumo do ano. Ou seja, por mais que os frigoríficos tentem exercer pressão, existem elementos que justificam a manutenção dos preços no restante do ano”, complementa Iglesias. Em São Paulo, Capital, os preços do mercado à vista ficaram em R$ 280 a arroba, ante R$ 281. Em Uberaba, Minas Gerais, os valores chegaram a R$ 275 a arroba, estáveis. Em Dourados, no Mato Grosso do Sul, a arroba do boi gordo ficou em R$ 270, inalterado. Em Goiânia, Goiás, o preço indicado foi de R$ 270 a arroba, também estável. Já em Cuiabá, no Mato Grosso, o valor ficou em R$ 265 a contra R$ 266 a arroba. No mercado atacadista, os preços seguem acomodados. De acordo com Iglesias, ainda há expectativa de alguma reação dos preços. No entanto, o limite para este movimento está na saturação da demanda, que encontra dificuldades em absorver reajustes seguidos do mesmo produto, migrando para proteínas mais acessíveis, enfaticamente o caso da carne de frango. Importante destacar que as exportações de carne bovina seguem em ótimo nível, com a China absorvendo volumes substanciais de proteína animal brasileira. Com isso, o corte traseiro permaneceu em R$ 20,80 o quilo. O corte dianteiro seguiu em R$ 16,30 o quilo, e a ponta de agulha continuou em R$ 15,70 o quilo.
AGÊNCIA SAFRAS
Exportação de carnes do Brasil deve ter recorde em 2021 com impulso chinês, diz Rabobank
As exportações de carnes do Brasil deverão atingir novos recordes em 2021, impulsionadas especialmente pelas expectativas de firme demanda chinesa por cortes bovinos, suínos e de aves, projetou o Rabobank em estudo publicado na quarta-feira.
Segundo a estimativa do banco, os embarques de carne bovina do país devem alcançar uma máxima de 2,61 milhões de toneladas na nova temporada, incremento de 5,5% em relação a 2020. Movimento semelhante será visto nos embarques de carne suína, com alta estimada em cerca de 6%, a 1,2 milhão de toneladas. O Rabobank espera que as exportações da proteína ultrapassem a marca de 1 milhão de toneladas pela primeira vez na história em 2020. “Maior clareza do mercado com relação às exportações que devem registrar mais um recorde, principalmente com as expectativas de incrementos na demanda chinesa”, disse o Rabobank no estudo, referindo-se ao mercado de carne bovina. Já o mercado suíno brasileiro “em 2021 deve se manter com níveis de exportação positivos, guiados principalmente pela China e batendo mais um recorde”, acrescentou o banco. Parte dos esforços chineses para aumentar a oferta de proteínas animais está no impulso à produção de carne de frango, devido à forte competitividade dos preços frente aos suínos, destacou o Rabobank, mas ainda assim as exportações brasileiras devem manter a crescente e também renovar recorde em 2021. O banco projetou os embarques de carne de frango do Brasil em 3,93 milhões de toneladas, alta de 1% na comparação anual. “O déficit de oferta de proteína animal para o consumidor interno, mesmo com o cenário da pandemia e isolamento social, ainda permanece”, afirmou o Rabobank. “Vale mencionar que além da PSA, a gripe aviária também se mantém ativa no território chinês e impactando negativamente na produção de frango em algumas regiões”, acrescentou. A instituição vê a produção de carne bovina do Brasil atingindo 10,37 milhões de toneladas no ano que vem, alta de 2,5% ante 2020, com a queda de produção neste ano favorecendo o cenário de recuperação do rebanho e melhora na oferta em 2021. Ainda assim, permaneceria abaixo do patamar de quase 10,5 milhões registrado em 2019, uma vez que o ciclo pecuário continua sendo considerado de baixa produção. A produção de carne suína foi projetada pelo Rabobank em 4,2 milhões de toneladas em 2021, versus 4,1 milhões neste ano, enquanto a de carne de frango deve avançar para 13,83 milhões de toneladas, contra 13,7 milhões neste ano.
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ECONOMIA
Dólar cai 1% com expectativa de farta liquidez no mundo
O dólar voltou a cair de forma expressiva ante o real na quarta-feira, com a moeda norte-americana flertando com suportes técnicos em meio à expectativa de mais liquidez no mundo
No mercado doméstico, o dólar à vista fechou em queda de 1,03%, a 5,3206 reais na venda, menor patamar desde o último dia 19, quando encerrou a 5,3131 reais –o menor valor de encerramento desde 17 de setembro (5,2319 reais). Na B3, o dólar futuro tinha baixa de 1,07%, a 5,3165 reais, às 17h12. Na terça, o dólar spot havia perdido 1,09%, a 5,3759 reais na venda. Lá fora, o índice do dólar cedia 0,16%, enquanto a moeda dos EUA caía 0,5% contra rand sul-africano, 1,1% ante lira turca, 0,5% frente ao dólar da Nova Zelândia e 1,2% em relação ao peso chileno. Esse movimento se manteve depois de o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) divulgar a ata de sua última reunião de política monetária. O Fed vem defendendo a manutenção de recursos para financiar suas ferramentas de apoio à economia, especialmente depois de o Tesouro dos EUA anunciar o encerramento de alguns dos principais programas no fim deste ano. Apesar disso, o mercado vem reagindo com venda de dólar à possível indicação da ex-chair do Federal Reserve Janet Yellen para o comando do Tesouro dos EUA. O entendimento é que a dupla Yellen/Powell –Jerome Powell, atual chair do Fed– poderia promover uma coordenação sem precedentes entre as políticas monetária e fiscal a fim de garantir a recuperação econômica dos EUA da crise da Covid-19. O ambiente externo mais positivo foi decisivo para que alguns bancos estrangeiros melhorassem as perspectivas para o real nos próximos meses. Analistas do Barclays, por exemplo, veem que o mercado pode se tornar “muito otimista” no primeiro semestre de 2021 se a incerteza fiscal diminuir (ainda que temporariamente), se a economia global se recuperar e se os riscos relacionados à Covid-19 forem reduzidos. Mais cedo, dados de transações correntes pintaram um quadro benigno para as contas externas. O superávit em transações correntes foi de 1,473 bilhão de dólares em outubro, melhor que o previsto pelo mercado, com o déficit em 12 meses caindo a 1,04% do PIB, menor valor desde fevereiro de 2018.
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Ibovespa sobe 0,32% e renova máximas desde fevereiro
O Ibovespa fechou em alta pelo terceiro pregão seguido na quarta-feira, acima de 110 mil pontos e renovando máximas desde fevereiro. O movimento foi embalado por otimismo sobre eficácia de vacinas contra o Covid-19, além de entrada de estrangeiros e rotação de portfólios
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,32%, a 110.132,53 pontos. O volume financeiro somou 28,9 bilhões de reais. Na primeira etapa da sessão, o Ibovespa chegou a 109.315,21 pontos, refletindo alguns ajustes após forte valorização desde o começo da semana e tendo no horizonte feriado nos Estados Unidos na quinta-feira, que fechará o referencial de Wall Street. Uma sessão relativamente comportada em Nova York, apesar da bateria de dados econômicos norte-americanos antes do feriado do Dia de Ação de Graças, porém, abriu espaço para a retomada do viés mais comprador no pregão brasileiro, fazendo o Ibovespa alcançar 110.595,81 pontos no melhor momento. Na visão de estrategistas do Goldman Sachs, os dados nos EUA nesta sessão mostram um quadro bastante misto da economia norte-americana, “provavelmente contribuindo para a retração do mercado nesta quarta-feira, bem como sua inclinação pró-crescimento – versus pró-cíclica”. Agentes do mercado financeiro têm citado como componentes para a trajetória positiva na bolsa paulista no mês, em linha com outros mercados, o fluxo de capital externo, bem como a rotação em portfólios, para ações de ‘valor’ e ‘cíclica’, com maior peso no Ibovespa, em detrimento de papéis de ‘crescimento’.
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Superávit em transações correntes do Brasil alcança US$1,473 bi em outubro
O superávit em transações correntes do Brasil foi de 1,473 bilhão de dólares em outubro, melhor que o previsto pelo mercado, com o déficit em 12 meses caindo a 1,04% do Produto Interno Bruto (PIB), menor valor acumulado desde fevereiro de 2018 (0,97% do PIB), divulgou o Banco Central na quarta-feira
A exemplo do ocorrido em meses anteriores, o dado foi beneficiado por um aumento do saldo positivo na balança comercial e pela diminuição nos déficits computados em renda primária e serviços, sendo todos esses movimentos diretamente afetados pela crise com o coronavírus. Em outubro, o superávit da balança foi de 4,814 bilhões de dólares, sobre 1,803 bilhão de dólares um ano antes, em meio a uma queda mais acentuada na ponta das importações que das exportações. Na renda primária, o déficit foi de 1,859 bilhão de dólares contra 6,331 bilhões de dólares em outubro do ano passado, puxado pela expressiva retração na remessa de lucros e dividendos para o exterior: 919 milhões de dólares, ante 4,187 bilhões de dólares um ano antes. Já na conta de serviços, o déficit caiu a 1,637 bilhão de dólares em outubro, de 3,653 bilhões de dólares no mesmo mês de 2019. No mês, as despesas líquidas com viagens internacionais foram de somente 103 milhões de dólares, ante 1,044 bilhão de dólares em outubro do ano passado. Após promover uma revisão ordinária dos dados da nota do setor externo em 2019 e 2020, o BC destacou que o superávit das transações correntes em outubro foi o terceiro consecutivo no azul e o sexto dado mensal positivo desde abril. Por sua vez, os investimentos diretos no país (IDP) alcançaram 1,793 bilhão de dólares, também acima de expectativa no mercado de 1,05 bilhão de dólares. Nos dez primeiros meses do ano, o déficit em transações correntes foi de apenas 7,588 bilhões de dólares, contra rombo de 42,938 bilhões de dólares de igual período do ano passado. A expectativa do BC para o consolidado de 2020, traçada em setembro, é de déficit de 10,2 bilhões de dólares. Para o mês de novembro, o BC projetou um novo superávit em transações correntes, desta vez de 1 bilhão de dólares, além de um IDP também de 1 bilhão de dólares. Até o dia 20 deste mês, o fluxo cambial ficou positivo em 1,161 bilhão de dólares, disse ainda o BC. Sobre a revisão nos resultados do balanço de pagamentos, o BC apontou que ela provocou um aumento de 2,6 bilhões de dólares no rombo das transações correntes de janeiro a setembro deste ano, a 9,1 bilhões de dólares, principalmente pela elevação das despesas de lucros de investimento direto de 10,8 bilhões de dólares para 12,9 bilhões de dólares.
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Confiança do consumidor no Brasil cai pelo 2° mês consecutivo em novembro, diz FGV
A confiança do consumidor no Brasil apresentou sua segunda queda mensal consecutiva em novembro, com as incertezas relacionadas à pandemia de Covid-19 abalando a percepção do setor sobre o momento atual e os próximos meses, disse na quarta-feira a Fundação Getulio Vargas (FGV)
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) teve queda de 0,7 ponto em novembro, a 81,7 pontos. Segundo a FGV, houve piora tanto na percepção sobre a situação atual quanto nas expectativas para os próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA) caiu 0,6 ponto, a 71,8 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) recuou 0,9 ponto, para 89,3. “O resultado reflete o aumento da incerteza relacionada à pandemia e seu potencial impacto sobre a economia”, disse em nota Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora das sondagens. “Com o provável fim do período de benefícios emergenciais, muitos consumidores que perderam o emprego este ano devem retornar ao mercado de trabalho num momento em que as empresas ainda estarão adiando contratações ou demitindo, principalmente no caso de ocorrência de uma segunda onda de Covid-19”, acrescentou. Nos primeiros meses da pandemia, o governo brasileiro custeou um auxílio no valor de 600 reais mensais para os chamados vulneráveis. A partir de setembro, o valor foi reduzido para 300 reais.
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Dívida Pública Federal aumenta 2,47% em outubro, para R$ 4,638 trilhões
Dívida mobiliária registrou alta de 2,48% em outubro, para R$ 4,386 trilhões, enquanto a dívida externa somou R$ 251,59 bilhões, com elevação de 2,32%
A Dívida Pública Federal (DPF) subiu 2,47% em termos nominais na passagem de setembro para outubro, somando R$ 4,638 trilhões. O número ficou dentro da meta estabelecida no Plano Anual de Financiamento (PAF), que determina uma oscilação entre R$ 4,6 trilhões e R$ 4,9 trilhões em 2020. De acordo com números divulgados na quarta-feira pelo Tesouro Nacional, a Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) registrou uma alta de 2,48% em outubro, para R$ 4,386 trilhões. Já a Dívida Federal Externa (DFE) somou R$ 251,59 bilhões (US$ 43,59 bilhões), o que representa elevação de 2,32% ante setembro. As emissões da DPF corresponderam a R$ 173,26 bilhões, enquanto os resgates somaram R$ 97,31 bilhões, o que resultou em emissão líquida de R$ 75,96 bilhões. Desse total líquido, R$ 76,79 bilhões referem-se à emissão líquida da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) e R$ 830 milhões ao resgate líquido da Dívida Pública Federal Externa. O percentual vincendo da dívida em 12 meses ficou em 27,59% da DPF, contra 26,03% em setembro. O prazo médio da DPF fechou outubro em 3,77 anos, ante 3,83 anos em setembro. Considerando a metodologia “Average Term to Maturity”, que permite melhor comparação do Brasil com outros países, a vida média da DPF passou de 5,18 anos em setembro para 5,11 anos um mês depois. A participação de investidores estrangeiros na dívida mobiliária federal interna subiu em termos percentuais de 9,44% em setembro para 9,79% em outubro. Em valor absoluto, a fatia saiu de R$ 404,16 bilhões para R$ 429,35 bilhões. Os fundos de investimento tiveram participação de 25,82% (ante 26,39% em setembro). As instituições de previdência fecharam outubro em 23,40% (contra 23,71% em setembro). As instituições financeiras responderam por 28,10% da dívida mobiliária (frente a 27,43% um mês antes). O governo responde por 3,58% (ante 3,67% no mês anterior). Já as seguradoras ficaram com 3,9% em outubro (após 3,95% em setembro). A participação dos papéis pós-fixados na Dívida Pública Federal caiu de 36,77% em setembro para 36,30% um mês depois, ficando dentro das metas do PAF de 2020, que prevê que a participação desses papéis deve variar entre 36% e 40%. Já os títulos prefixados representaram 32,80% da DPF (ante 32,56% em setembro). Os papéis ligados a índices de preços representaram 25,16% do total, acima dos 24,90% um mês antes. Já aqueles ligados a câmbio ficaram em 5,74% (5,76% no mês anterior). O PAF de 2020 estabeleceu que os papéis prefixados devem registrar uma participação entre 30% e 34% do total. Já os atrelados a índices de preços ficarão entre 23% e 27% da DPF e os papéis ligados ao câmbio, entre 3% e 7%. O custo médio acumulado nos últimos 12 meses do estoque da Dívida Pública Federal fechou outubro em 9,04%, um avanço em relação ao índice de 8,72% ao ano registrado em setembro. Já o custo médio da dívida mobiliária fechou o mês em 7,38%, depois de marcar 7,33% ao ano em setembro.
VALOR ECONÔMICO
Empresários lançam nesta quinta estudo sobre as relações comerciais Brasil-China
Documento sugere o estreitamento das relações entre os dois países e a ampliação do comércio bilateral, apesar da recente troca de farpas envolvendo a rede 5G
Apesar de o atual governo ter se distanciado diplomaticamente dos chineses, um estudo que será lançado nesta quinta-feira, 26, pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) sugere soluções que vão em caminho oposto, como a negociação de acordos comerciais e a ampliação da presença de representantes de instituições brasileiras no país asiático. O documento “Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China” será lançado em um evento com participação do Vice-Presidente Hamilton Mourão. Ele, que tem sido escalado para cuidar de outros “desafios” do front externo, como a questão ambiental, é o representante brasileiro na Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), que tem encontro marcado no ano que vem. A ideia do estudo é dar linhas gerais para a estratégia de relacionamento do Brasil com a China. Na terça-feira, a Embaixada da China em Brasília reagiu à acusação do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente Bolsonaro, de que o país praticaria espionagem por meio de sua rede de tecnologia 5G. “Uma declaração pode gerar reações, mas, embora ele seja parlamentar, não foi uma declaração oficial, foi um tuíte que foi apagado poucas horas depois. Pode até causar algum tipo de frisson, mas não acredito que abale as estruturas das relações”, pondera o Presidente do CBEC, Luiz Augusto de Castro Neves. Para Castro Neves, as escolhas brasileiras relacionadas à tecnologia 5G, por outro lado, poderão sim acabar respingando nas relações comerciais entre os dois países. De acordo com Castro Neves, a ideia do estudo foi identificar as “enormes janelas de oportunidade” que a China oferece na área comercial. “O objetivo é mostrar que podemos ganhar mais na relação com a China, que pode contribuir mais para o nosso desenvolvimento”, completa a economista e diplomata Tatiana Rosito, especialista em Ásia e responsável pelo documento. Uma das conclusões é que é necessário dar uma “moldura formal” para a relação entre os dois países, o que seria possível por meio de acordos como de facilitação de comércio, investimentos e bitributação. “Se nós não tivermos elementos objetivos colocados, como acordos comerciais e regulatórios, é muito difícil diversificar e agregar a pauta de exportações brasileira”, completa Tatiana. Em relação à tecnologia 5G, o documento afirma que a decisão do Brasil em relação ao modelo que será adotado “constituirá um marco importante para o posicionamento brasileiro em relação ao binômio economia-segurança e à própria rivalidade estratégica China-EUA”. O governo Bolsonaro vem sendo pressionado pelos americanos a deixar de fora do leilão a empresa chinesa Huawei. “Tudo depende da forma que as coisas são apresentadas, se será algo horizontal ou se terá certa discriminação. Está tudo muito incerto neste momento”, completa Tatiana. O estudo aponta ainda a necessidade de ampliar e reforçar a presença institucional brasileira na China. Por enquanto, no entanto, a campanha que tem sido feita nas redes sociais pode acabar tendo o efeito contrário do desejado pelos empresários.
O ESTADO DE SÃO PAULO
FRANGOS & SUÍNOS
Suínos: Cepea registra baixas em todas as praças produtoras
O mercado de suínos registrou quedas nas principais praças na quarta-feira (25). Colaboradores do Cepea indicam que a demanda doméstica pela proteína se enfraqueceu nos últimos dias
Além de esta ser a segunda quinzena de novembro, período em que geralmente o poder de compra da população diminui, os elevados valores da carne afastam parte dos consumidores, contexto que tem impedido novas valorizações da proteína. De acordo com a Scot Consultoria, a arroba do suíno CIF manteve a estabilidade por R$ 167,00 e R$ 170,00. Já o quilo do suíno carcaça especial teve queda de 1,60% e 1,55%, estabelecendo os preços por R$ 12,30/kg e R$ 12,70/kg. No caso do animal vivo, segundo dados do Cepea/Esalq, referentes à terça-feira (24), houve recuo nas principais praças produtoras. A desvalorização foi de 4,75% em Minas Gerais, valendo R$ 8,82/kg, no Paraná a desvalorização foi de 3,12%, negociado por R$ 8,39/kg, Rio Grande do Sul teve baixa de 3,01%, valendo R$ 8,37/kg, Santa Catarina registrou queda de 2,32%, valendo R$ 8,42/kg e São Paulo teve baixa de 3,73%, valendo R$ 9,03/kg.
CEPEA
Frango: Ave viva tem queda de 4,93% em Santa Catarina; demais praças mantém estabilidade
Nesta quarta-feira (25) o mercado do frango registrou quedas apenas para o frango vivo na praça de Santa Catarina. Nas demais praças, os preços mantiveram a estabilidade
De acordo com análise do Cepea/Esalq, é natural o mercado observar um certo enfraquecimento na procura final pela proteína no mercado interno, como é tradicional na segunda quinzena do mês, os embarques estão aquecidos, contexto que sustenta o movimento de alta nas cotações do setor. Em São Paulo, segundo a Scot Consultoria, o frango na granja manteve a estabilidade por R$ 4,60. Já o frango no atacado manteve a negociação por R$ 5,87. No caso do frango vivo, Santa Catarina teve queda de 4,93%, estabelecendo os preços por R$ 2,89. São Paulo manteve o valor de R$ 4,23 e Paraná manteve o valor de R$ 4,52. Conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à terça-feira (24), o frango congelado teve desvalorização de 0,32%, valendo R$ 6,21. No caso do frango resfriado, o recuo foi de 0,31%, fechando R$ 6,36/kg.
CEPEA
MEIO AMBIENTE
UE diz que acordo com Mercosul é ‘parte da solução e não do problema’ para meio ambiente
Rupert Schlegelmilch enfatizou a necessidade de criar “condições políticas” para o processo de ratificação do tratado de livre comércio
A União Europeia (UE) considera o tratado de livre comércio fechado com o Mercosul como “parte da solução, não do problema” para lidar com a política ambiental do governo Jair Bolsonaro e o avanço do desmatamento no Brasil. “É parte da solução porque abre portas para o diálogo e a cooperação com autoridades brasileiras que, caso contrário, não teríamos”, disse na quarta-feira Rupert Schlegelmilch, um dos principais negociadores do acordo pela UE, em seminário organizado pela Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil). Schlegelmilch não fez previsões sobre a entrada em vigência do tratado e enfatizou a necessidade de criar “condições políticas” para o processo de ratificação, que enfrenta resistências em vários sócios da UE e no Parlamento Europeu. Ele reconheceu que “incêndios estão na cabeça de todo mundo”, mas descartou a possibilidade de reabrir as negociações do acordo e aconselhou o setor privado a investir mais em rastreabilidade dos produtos exportados à Europa. Alemão, Schlegelmilch já foi negociador-chefe de Bruxelas nas tratativas com o Mercosul e hoje exerce a chefia para questões relacionadas a Américas e Agricultura na Direção-Geral de Comércio da Comissão Europeia. Questionado no seminário que conselho daria aos empresários brasileiros para diminuir a resistência à ratificação do acordo na UE, ele sugeriu: investir mais e colocar mais prioridade na rastreabilidade de produtos. “Dar aos consumidores aqui [da Europa] uma ideia clara de que o que vem do Brasil é produzido de modo sustentável e pode ser rastreado”, resumiu. Hoje, segundo ele, a tecnologia blockchain ajuda a fazer essa cadeia de identificação. Lembrando que a Amazônia é mais extensa em território do que a Europa toda, Schlegelmilch avaliou que só o “poder de política” não será suficiente para controlar o desmatamento, mas chamou atenção para a “capacidade de governança” de órgãos como Ibama e Funai. “Não vamos dizer a vocês o que fazer. Essa é uma questão soberana do Brasil. Estamos aqui para ajudar. Sabemos que houve políticas bem sucedidas no passado, olhamos para como isso foi feito e temos que trabalhar juntos para recuperar essas tendências positivas”, disse.
VALOR ECONÔMICO
Brasil e Alemanha firmam acordo para fortalecer práticas sustentáveis na Amazônia
Objetivo é expandir e fortalecer práticas sustentáveis nas cadeias da carne, soja e madeira na Amazônia Legal
Os ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores firmaram ontem um acordo que prevê a doação, pelo banco estatal alemão KfW (Kreditanstalt für Wiederaufbau), de até 25,5 milhões de euros ao projeto “Inovação nas Cadeias Produtivas da Agropecuária para a Conservação Florestal na Amazônia Legal”. O objetivo do projeto, segundo as Pastas, é expandir e fortalecer práticas produtivas sustentáveis nas cadeias da carne, soja e madeira em Estados da Amazônia Legal. Em nota, os ministérios saudaram a conclusão do acordo. O Ministério da Agricultura será o encarregado de executar o projeto, em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). A iniciativa complementa outros projetos, inclusive de cooperação técnica, executados pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Itamaraty e por outros órgãos do governo federal. No texto, o governo diz que “o Ministério das Relações Exteriores tem coordenado profícua cooperação técnica e financeira entre Brasil e Alemanha, voltada ao desenvolvimento sustentável, com foco no fomento a projetos nas áreas de proteção ambiental e eficiência energética”.
VALOR ECONÔMICO
INTERNACIONAL
Frigoríficos aceleraram transmissão de covid19 nos Estados Unidos, aponta estudo
Abatedouros tiveram ligação com pelo menos 6% dos casos do vírus até 21 de julho
Um estudo publicado recentemente pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos estimou que o funcionamento de frigoríficos americanos teve ligação com algo entre 6% e 8% dos casos de covid-19 nos EUA até o dia 21 de julho deste ano, o equivalente a 236 mil a 310 mil casos da doença. Para o mesmo período, os autores estimaram que entre 3% e 4% das mortes de infectados pela covid-19 ocorreram por causa da proximidade com os abatedouros de bovinos, frango e suínos. Em números absolutos, seriam de 4,3 mil a 5,2 mil óbitos relacionados às frigoríficos, conforme o estudo. O trabalho, conduzido por pesquisadores da Escola de Relações Públicas e Internacionais da Universidade de Columbia e da Booth School of Business da Universidade de Chicago, apontou que o risco de morte por covid-19 foi maior em algumas regiões americanas principalmente pela proximidade de instalações de grandes frigoríficos. Segundo os pesquisadores, a ação de fechar unidades temporariamente ajudou a reduzir a propagação do vírus. “Encontramos uma forte relação entre a proximidade de frigoríficos e a incidência de covid-19 ao longo do tempo”, apontou o estudo. Os autores sugeriram ainda a condução de uma investigação sobre cadeias de suprimentos, procedimentos operacionais e relações de trabalho na indústria frigorífica. Segundo eles, garantir a saúde pública e a operação segura de cadeias de abastecimento essenciais pode exigir “um aumento na supervisão dos frigoríficos e, potencialmente, uma mudança em direção à produção de carne em menor escala e mais descentralizada”, escreveram.
VALOR ECONÔMICO
Uruguai afirma que Brasil continua atrasando licenças de exportação
Os exportadores uruguaios estão preocupados e contrariados porque o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) brasileiro continua atrasando a emissão de licenças para importação e exportação de carnes e outros produtos
Algumas fontes informaram ao El País que os atrasos são de 30 dias, o que é um problema antigo e, embora estejam em vigor os acordos sanitários entre Brasil e Uruguai, não foi possível reduzir o tempo de espera, nem acelerar a burocracia. Também informaram que houve casos em que, uma vez emitida a licença do Brasil, alguns caminhões que haviam chegado à fronteira tiveram que retornar para resolver erros de documentos que o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca deveria ter controlado. Essas devoluções aumentam os custos de envio. Além disso, há apenas uma passagem de fronteira autorizada pelo MAPA (Aceguá) e funciona apenas uma ou duas vezes por semana, complicando ainda mais as operações. Por enquanto, os custos para exportar vacas gordas para o Brasil não estariam compensando, embora continuem as pesquisas da indústria brasileira, que está desesperada por gado bovino e ovino. A saída pelo Aceguá torna a operação mais cara e, em alguns casos, somada a impostos e outros custos, inviabiliza os negócios.
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