Ano 4 | nº 738 | 25 de abril de 2018
NOTÍCIAS
Mercado do boi gordo com viés de baixa
Gradativamente, a oferta de bovinos tem aumentado e consequentemente, a pressão sobre as cotações.
Na praça pecuária de São Paulo, por exemplo, a cotação do boi gordo caiu e está, em média, em R$140,00, à vista, livre de Funrural. Este é o menor patamar do ano, que acumula uma desvalorização de 4,4%. No fechamento da última terça-feira (24/04), das trinta e duas praças pesquisadas pela Scot Consultoria, a cotação caiu em dez delas, considerando as cotações a prazo. Vale ressaltar que a entrada do mês de maio e o feriado da próxima semana podem melhorar esse cenário.
Boi gordo no mercado físico – R$ por arroba à vista
Araçatuba (SP): 140,00
Belo Horizonte (MG): 133,00
Goiânia (GO): 128,50
Dourados (MS): 132,50
Mato Grosso: 127,00 – 131,00
Marabá (PA): 127,00
Rio Grande do Sul (oeste): 4,75 (kg)
Paraná (noroeste): 140,00
Tocantins (norte): 123,00
SCOT CONSULTORIA
Desempenho externo das carnes na 3ª semana de abril
Exportações de carnes da terceira semana de abril caíram praticamente à metade
Comparativamente à semana inicial do mês, também com cinco dias úteis, as exportações de carnes da terceira semana de abril (15 a 21, cinco dias úteis) caíram praticamente à metade. Acabaram puxando para baixo a receita cambial do período que, em 15 dias úteis (de um total de 21 dias úteis em abril), recuaram a uma média diária de US$46,486 milhões, um quarto e um quinto a menos que os valores registrados, respectivamente, no mês anterior e no mesmo mês de 2017. Os volumes registrados nesses 15 dias sinalizam, para a totalidade do mês, 38,6 mil/t de carne suína, 80,2 mil/t de carne bovina e 268 mil/t de carne de frango. O que, se confirmado, irá significar que as três carnes apresentaram sensível redução em relação ao mês anterior. A carne suína, de 20%; a bovina, de quase 34%; e a de frango, de mais de 23%.
Já em relação a abril de 2017, a redução afeta as carnes suína e de frango, a primeira com uma queda superior a 13% e a carne de frango com cerca de 9% a menos. Ou seja: apenas a carne bovina deve registrar alta anual no volume embarcado (o sinalizado por ora é algo próximo dos 15%), mas somente porque em abril do ano passado foi registrado o menor volume em cerca de três anos (70 mil/t). Em resumo: a primeira impressão era a de que a forte queda registrada na semana fosse decorrência dos embargos enfrentados pela carne de frango. Mas, como se constata, as três carnes enfrentam problemas. O que não elimina a possibilidade dessa redução estar relacionada à questão do frango. Afinal, ocorrências do gênero refletem-se sobre todo o mercado de carnes. Podem incidir, até mesmo, nas exportações de pescados.
AGROLINK
Oferta ajustada à demanda mantém mercado de sebo estável
Mesmo com o aumento do esmagamento da soja, e consequente aumento de oferta de óleo de soja no mercado (concorrente do sebo na produção de biodiesel), a cotação da gordura animal segue sem alteração
No Brasil Central o sebo está cotado, em média, em R$2,10/kg, livre de imposto. Na região, o preço está estável desde meados de março. No Rio Grande do Sul, o produto segue cotado em R$2,25/kg. Mas vale ressaltar que as incertezas quanto ao mercado da soja podem, pontualmente, colaborar com maior movimentação no mercado de sebo.
SCOT CONSULTORIA
Setor de carnes busca clientes no food service asiático
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) inaugurou na terça-feira (24), junto ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Pavilhão Brasil em uma das principais feiras de alimentos do continente asiático, a Food and Hotel Asia (FHA), que acontece até o próximo sábado, em Cingapura
O estande brasileiro reúne 17 empresas de segmentos do agronegócio como carnes, frutos da Amazônia, produtos de padaria, bebidas, produtos apícolas e máquinas para a indústria alimentícia. As informações são do site do Mapa, que não informou os nomes das empresas presentes. Nesta edição de aniversário de 40 anos, o evento tem a participação de mais de 3,5 mil expositores de 70 países, ocupando um espaço de 119.500 m². São aguardados 78 mil visitantes de mais de cem países. O Mapa, em parceria com o MRE, deve organizar a participação brasileira em dez feiras internacionais neste ano. No ano passado, 85 empresas e entidades setoriais participaram de feiras e promoveram 210 produtos, gerando expectativa de US$ 278 milhões em novos negócios. “A organização de pavilhões brasileiros em feiras internacionais é vital para o aumento e diversificação das exportações do agronegócio”, disse em comunicado Rodrigo da Matta, Coordenador-Geral de Promoção de Investimento Estrangeiro e Cooperação do Mapa.
CARNETEC
Brasil lidera mercado de carne para muçulmanos
Brasil se manteve como o maior produtor e exportador mundial de carne halal, à frente dos Estados Unidos e da Austrália
Nos maiores abatedouros dos frigoríficos da JBS e da BRF no Brasil, não é difícil encontrar funcionários conversando em árabe e vestindo gafirah, gutra ou kandura, os véus mais tradicionais entre os homens muçulmanos. Isso porque existem mais de 500 deles trabalhando no país, dedicados a realizar o halal, uma técnica sagrada de abate, descrita no Alcorão. Apenas carnes preparadas segundo essa cartilha podem ser ingeridas por consumidores da religião islâmica, uma comunidade que soma mais de 1,8 bilhão de pessoas no mundo – cerca de 25% da população mundial. De acordo com estimativa do instituto americano Pew Research Center, a população de muçulmanos crescerá 73% entre 2010 e 2050, quando alcançará a marca de 2,76 bilhões de pessoas. Tão impressionante quanto esses números são as estratégias brasileiras diante do imenso mercado. Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil se manteve como o maior produtor e exportador mundial de carne halal, à frente dos Estados Unidos e da Austrália. Vale lembrar que o país lidera o ranking geral de carne bovina e ocupa a vice-liderança em frangos. “O Brasil criou laços fortes com as comunidades islâmicas nas últimas décadas e hoje é um dos países mais abertos e respeitosos às nossas tradições e costumes”, afirma Ali Saifi, Diretor-Executivo da certificadora de alimentos Cdial Halal, principal empresa do segmento no país. Com o objetivo de atender a um mercado que cresce exponencialmente, diversas empresas estão se preparando para obter a certificação halal, selo que garante a qualidade da carne. Para se ter uma ideia do potencial deste mercado, o Brasil exporta para 57 países islâmicos, sendo 22 países árabes, o que resulta em mais de dois milhões de toneladas de carne por ano. Em cifras, estima-se que a economia halal global atinja a marca de US$ 6,4 trilhões em 2018, o dobro dos US$ 3,2 trilhões contabilizados em 2012, conforme dados levantados pela Autoridade de Padrões e Metrologia dos Emirados Árabes (Esma). A importância ficou ainda maior após a crise internacional gerada pela Operação Carne Fraca, que resultou no embargo da União Europeia a 20 frigoríficos brasileiros na quinta-feira (19). “Em um contexto de necessidade de diversificar, os pequenos e médios produtores também começaram a enxergar a importância do Oriente Médio”, diz Tamer Mansour, assessor para assuntos estratégicos da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. “O Brasil começou a mudar completamente a visão sobre esses mercados, que se tornaram prioritários.” Uma prova da importância do mercado islâmico para a indústria brasileira de carnes é o modelo de negócio desenhado pela BRF. A companhia, com a marca One Foods (antes de chamava Sadia Halal), detém 45% do mercado de frango na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuweit, Qatar e Omã. A distribuição também é feita com estrutura própria e a comercialização inclui diversas marcas, incluindo a própria Sadia. A empresa é sediada em Dubai, nos Emirados Árabes, e tem cerca de 15 mil funcionários. O fornecimento dos produtos é feito a partir de 10 plantas industriais: oito no Brasil, uma em Abu Dhabi e outra na Malásia. “Trata-se de um dos mercados mais importantes para a companhia e com um dos maiores potenciais de expansão”, afirma Patricio Rohner, que comanda a operação da BRF no Oriente Médio e Norte na África. O Brasil não exporta carne halal apenas para o Oriente Médio. A Ásia também tem se destacado nesse quesito. A Coreia do Sul, terceira maior economia do continente e a décima no mundo, foi o quinto maior parceiro comercial do Brasil no ano passado. Atualmente, o Brasil responde por 6% do mercado coreano. “O mercado halal neste país tem grande potencial. O governo está investindo fortemente neste segmento, principalmente em restaurantes e supermercados halal, devido ao aumento de turistas. No ano passado, em torno de 740 mil muçulmanos visitaram a Coreia do Sul”, afirma Ali. Outro país que tem levado a sério a questão é a China. O setor halal no país deverá atingir US$ 1,9 trilhão até 2021. A nação mais populosa do mundo tem forte demanda doméstica por alimentos halal, estimada em US$ 20 bilhões, e 26 milhões de consumidores. Embora a população muçulmana na China seja de apenas 2%, a crescente popularidade dos alimentos halal como uma opção saudável também tem impulsionado a demanda. Em 2017, as exportações brasileiras para os países árabes somaram pouco mais de 405 mil toneladas, incremento de 6,58% em relação a 2016. Em faturamento, as vendas cresceram 16,13% e fecharam o ano em torno de US$ 1,6 bilhão. Os resultados representam 25% do faturamento total das exportações brasileiras de carne bovina e 26% do total embarcado no ano passado.
INTERNACIONAL
Veterinários irão à Venezuela em maio para auxiliar no combate à aftosa
Animais que teriam sido contrabandeados da Venezuela para Colômbia. A Venezuela não dispõe de vacina suficiente para as campanhas.
O Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) enviará em maio uma missão veterinária à Venezuela para ajudar nas medidas de erradicação da doença e na estruturação do serviço veterinário do país, informou o Ministério da Agricultura. A decisão foi tomada pela Comissão para Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), na sexta-feira, 20, e se deve a focos da enfermidade registradas no território colombiano desde o ano passado. O Diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA) do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques, representante brasileiro na Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), disse em nota que a Venezuela não dispõe de vacina suficiente para as campanhas. “Não tem estrutura necessária para desenvolver suas vigilâncias, mas está disposta a se equipar”, acrescentou. Há expectativa de disponibilizar 16 milhões de doses de vacina para cada campanha de imunização do rebanho venezuelano. A previsão é que o apoio ao país se estenda pelo menos por dois anos. Sobre a proposta de retirada da vacinação contra a aftosa no Brasil, Marques disse que representantes dos países da América do Sul acompanham com atenção o processo, pois dos 350 milhões de animais de todo continente, 220 milhões estão no território brasileiro. “Os produtores brasileiros querem avançar nas metas estabelecidas e o Estado do Paraná está se organizando para apresentar uma proposta formal ao Mapa, para acelerar o calendário. Para isso, o Paraná, bem como qualquer outro estado que decida e demonstre capacidade de antecipar a retirada da vacinação, receberá equipe do Mapa para avaliar se será possível a antecipação do cronograma”, disse Marques.
ESTADÃO CONTEÚDO
EUA: O que direciona a demanda por carne bovina?
Em um momento de incerteza, ter acesso a tantas informações quanto possível para guiar o setor é como conhecer o plano de jogo do outro time – nem sempre leva a uma vitória, mas certamente ajuda
O estudo Beef Demand Determinants é um método para fornecer uma avaliação multifacetada atual dos fatores de demanda por carne bovina dos EUA. O estudo, financiado pelo beef checkoff, é realizado a cada cinco anos. Os pesquisadores que conduziram o estudo de 2017 foram Glynn Tonsor e Ted Schroeder, economistas agrícolas da Kansas State University, e Jayson Lusk, professor de economia agrícola na Purdue University. “Monitorar e entender a preferência do consumidor por carne bovina é uma pedra angular do processo, e este estudo é uma ferramenta que usamos para entender melhor o que os consumidores consideram quando compram carne bovina”, disse Jackie Means, Van Horn, Texas, presidente do Comitê Consultivo de Avaliação de Checkoff e membro do Cattlemen’s Beef Board (CBB). Means enfatiza a importância de realizar uma avaliação contínua do ambiente de consumo e diz: “É igualmente importante dar um mergulho profundo na questão da demanda de tempos em tempos, e o estudo Beef Demand Determinants é o mergulho mais profundo”. Quatro principais conclusões na avaliação da demanda de carne bovina identificadas foram: menor sensibilidade ao preço; menor impacto econômico da carne suína e frango como substituto da carne bovina; presença da mídia; e mudança nas tendências demográficas. Na última década, a quantidade de carne bovina que os consumidores compraram tornou-se menos sensível às mudanças nos preços da carne, ainda mais sensível à renda dos consumidores. Pesquisadores acreditam que essa conclusão está ligada a consumidores fiéis de carne bovina que continuaram comprando o produto, mesmo quando enfrentam preços recordes de varejo. Consumidores que poderiam ter sido excluídos do mercado de carne bovina, devido a preços mais altos em supermercados ou foodservice, continuaram dedicando parte de sua renda – receita que subiu na última década – para a compra de carne bovina. “Este resultado é crítico”, disse Tonsor. “Ele apoia um maior foco na experiência de qualidade alimentar, mesmo quando os custos de produção mais elevados foram repassados para o consumidor”. Tradicionalmente, pensa-se na carne de suína e de frango como sendo um forte substituto para carne bovina, mas este estudo mostrou que essa substituição pode não ser tão forte quanto tradicionalmente se pensava. A análise pessoal de Tonsor dessa conclusão está centrada em duas mudanças que ele testemunhou. “Primeiro, uma parcela crescente das decisões de compra de carne é feita por famílias de renda dupla que podem estar menos aptas ou dispostas a trocar de produtos do que no passado, dados os ajustes no valor do tempo e no conhecimento ou conforto da preparação de alimentos. Segundo alguns produtos específicos agora são complementos”, observa ele, citando a popularidade dos hambúrgueres de bacon. Discussão e cobertura sobre carne bovina na mídia impressa e revistas médicas mudaram notavelmente ao longo do tempo, especificamente em áreas de foco tópico e volume de cobertura. Ter uma presença impactante na mídia molda as percepções, relataram os pesquisadores. No estudo, os tópicos da mídia não foram classificados como impacto marginal (por exemplo, como a demanda muda com uma mudança de 1% na cobertura da mídia sobre o tópico X) e variabilidade no volume de cobertura da mídia (por exemplo, algumas questões como gosto são menos variáveis do que segurança). Em vez disso, uma pequena lista de tópicos de mídia que têm impacto significativo e variam ao longo do tempo foi medida. Tópicos focados em bem-estar animal, sustentabilidade, segurança, câncer e clima, com resultados indicando uma área emergente de impacto negativo na mídia com foco nas mudanças climáticas. Tendências demográficas são favoráveis para a demanda por carne bovina. Prevê-se que o crescimento antecipado de populações hispânicas e afro-americanas nos EUA influencie positivamente a demanda de carne bovina. Os pesquisadores fornecem as seguintes recomendações depois de medir os atuais impulsionadores da demanda e incentivar o uso efetivo dos recursos da indústria para sustentar ou melhorar ainda mais a demanda: – Um foco contínuo em aspectos de qualidade da carne, como sabor, aparência, conveniência e frescor. Esses atributos de qualidade continuam sendo essenciais e o foco nessas características básicas de qualidade da carne bovina será mais produtivo do que focar nos “tópicos quentes do dia” da mídia. – Tópicos importantes que levam a percepções de longo prazo tendem a ser mais impactantes ao longo do tempo. Isso ocorre porque eles têm o maior impacto líquido sobre a demanda por carne bovina, e a indústria deve se concentrar nisso, embora tenha em mente que os consumidores fiéis de carne bovina não foram receptivos a temas quentes quando se tratava de comprar carne bovina. – Maior colaboração e uma abordagem coesa com as indústrias de carne suína e de frango dos EUA. Essas indústrias e a indústria de carne bovina enfrentam muitos desafios comuns; isso pode ajudar a usar os recursos limitados da indústria de carne bovina e fornecer uma abordagem conjunta para enfrentar a concorrência decorrente da proteína vegetal. – Segmentação de desenvolvimento de produtos de carne bovina, mensagens e marketing para os consumidores. É recomendável prestar atenção em raça, renda, idade, ideologia política e considerações sobre o tipo de produto.
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