Ano 4 | nº 698 | 27 de fevereiro de 2018
NOTÍCIAS
Boi Gordo, por Scot Consultoria: Atenção à demanda por carne bovina
Poucas foram as alterações nas cotações no mercado do boi gordo nesta segunda-feira
Apesar da maioria dos frigoríficos estarem ativos nas compras, a “disputa” entre baixa oferta de animais terminados e demanda ruim, faz com que os preços andem de lado. Com as chuvas dos últimos dias e a boa condição das pastagens, os pecuaristas conseguem reter as boiadas por mais tempo, no intuito de negociar melhores preços. Mas o momento é de atenção, o escoamento ruim da carne bovina, resultou em queda de 7,0% no preço do boi casado de bovinos castrados, nos últimos sete dias e estreitou a margem de comercialização dos frigoríficos que não fazem a operação de desossa. Tanto a margem de comercialização dos frigoríficos que fazem a desossa, como as do que não fazem, estão em patamares abaixo da média histórica, fator que pode limitar os pagamentos acima da referência nos próximos dias. O boi casado de bovinos castrados está cotado em R$ 9,10/kg.
SCOT CONSULTORIA
Com o possível destravamento do mercado a partir da 2ª semana de março, pecuaristas devem negociar bem bois da safra
A partir de maio, com a sazonalidade fazendo pressão na alta da oferta – desova acentuada das boiadas e início do 1º giro do confinamento – produtores precisam estar atentos às negociações nas próximas semanas. Frigoríficos já encontram dificuldades para fecharem bons lotes.
Na segunda-feira (26), o mercado do boi gordo em São Paulo contou com os frigoríficos “travados”, com dificuldade de encontrar oferta disponível. De acordo com Alex Santos Lopes, analista de mercado da Scot Consultoria, o consumo também é menor, já que o Carnaval influencia diretamente na segunda metade do mês. Desta forma, o mercado caminha de lado, com ajustes pontuais, mas sem viés definido. Os preços giram em torno de R$146/@ à vista e R$148/@ a prazo no estado. Desde sexta-feira (23), as negociações também estão “paradas”. As diferenças entre as ofertas são pequenas, entre R$2 a R$3. Até o começo de março, esse cenário não deve ter mudanças. Contudo, o consumo poderá ter uma resposta positiva após o recebimento de salários. O setor de reposição, por sua vez, segue aquecido, já que o custo de manutenção está sendo compensador para os produtores neste momento. O conselho do analista é que os produtores aproveitem os dois meses que irão anteceder maio para realizar suas negociações, já que o quinto mês do ano costuma trazer pressão mediante à sazonalidade e o início do primeiro giro de confinamento.
Notícias Agrícolas
Rabobank prevê cenário de aumento de oferta de carne bovina
Com uma retomada do consumo interno em um cenário de crescimento do PIB. O Rabobank estima que o potencial de recuperação é de até 4 kg per capita ao longo dos próximos dois anos
No primeiro semestre de 2017, impactadas pelo recuo das importações do Egito e pelos desdobramentos da operação Carne Fraca, as exportações brasileiras de carne bovina recuaram 8% no comparativo com o mesmo período do ano anterior. Apesar de um início repleto de dificuldades, o Brasil demostrou forte poder de recuperação no mercado internacional de carnes. O volume acumulado de exportações de janeiro a outubro já sinaliza aumento de 5% em relação ao observado em 2016. Vale ressaltar que, entre julho e outubro, o Egito voltou a comprar uma média de cerca de 20 mil toneladas mensais – volume similar ao de 2016, quando o país foi o segundo principal comprador de carne bovina brasileira. Além disso, destaca-se que a China aumentou as suas importações de carne bovina do Brasil em mais de 25% em 2017 (também de janeiro a outubro). O ponto de atenção, porém, está na Rússia que, em novembro de 2017, anunciou restrições às importações de carnes do Brasil. Apesar das incertezas quanto à duração desse embargo, fica claro que a alta exposição ao mercado russo ainda é um risco ao desempenho das exportações de carnes em 2018, já que a Rússia é o terceiro maior comprador de carne bovina do Brasil e é o destino número um da carne suína brasileira. Vale destacar que em 2018 se consolida um cenário de aumento de oferta de carne bovina, como resultado do aumento esperado no número de animais terminados – tanto pelo aumento do abate de fêmeas, quanto pela postergação de abates observada parcialmente em 2017. Assim, a perspectiva é de aumento na disponibilidade de volumes para exportação. De toda forma, parte da produção adicional deve ser absorvida pelo próprio mercado interno, que já mostrou sinais de recuperação em 2017. Vale lembrar que, como resultado da crise econômica e aumento do desemprego, houve dois anos consecutivos de redução de consumo per capita de carne bovina no Brasil. É importante destacar, portanto, a elevada relação entre a renda disponível e o consumo de carne bovina do brasileiro. Se, por um lado, o resultado de tal relação foi negativo nos anos de recessão econômica, por outro, deve proporcionar uma retomada do consumo interno em um cenário de crescimento do PIB. O Rabobank estima que o potencial de recuperação é de até 4 kg per capita ao longo dos próximos dois anos. É importante destacar que 2018 é um ano eleitoral e, consequentemente, de instabilidade no ambiente político, o que pode gerar reflexos pontuais no mercado de carne bovina. Com isso, a recomendação para os produtores é de uma gestão de riscos com foco nas margens e não em preços. Assim, o produtor de gado de corte no Brasil deve, em 2018, aumentar esforços no entendimento de seus custos para a potencial utilização de ferramentas financeiras com foco no mercado futuro, com o objetivo de garantir margens satisfatórias e de acordo com suas estratégias. Quanto aos custos de produção para a produção intensiva e semi-intensiva, a relação de troca entre o boi gordo e o bezerro ou boi magro deve permanecer acima dos patamares históricos – beneficiando o produtor que realiza a recria e engorda. Por outro lado, as cotações do milho em 2018 ainda estão indefinidas de produção da segunda safra. Já em relação aos frigoríficos, considerando o aumento esperado de disponibilidade de boi gordo, há perspectiva de expansão. A expectativa é que a indústria deva converter a oportunidade de maior oferta em resultados mais positivos, também considerando a esperada retomada da demanda interna, mesmo que ainda parcial em 2018. O ano de 2018 parece ser mais promissor para todos os atores da cadeia de carne bovina no Brasil. Porém, isso não significa um cenário estável de preços. Na realidade, maior volatilidade parece ser o cenário mais possível para 2018, principalmente em um cenário de restrições no mercado internacional. Assim, resultados consistentes serão definidos principalmente pelos níveis de conhecimento e gestão de cada propriedade.
Rabobank
A importância do Brasil na produção mundial de carne bovina
Dados do Agribenchmark mostram que o País registra um dos menores custos de produção quando comparado com outros 25 produtores da proteína
A crise ocorrida no mercado de carnes brasileiro no ano passado, que teve como princípio a Operação “Carne Fraca” seguida pela delação dos irmãos Batista, controladores da empresa JBS, gerou uma grande preocupação no cenário pecuário mundial. Isso porque, se o Brasil deixar de produzir e/ou comercializar carne bovina, o mundo sofrerá um colapso de consumo e de inflação. A crise na pecuária nacional tornou ainda mais evidente que a carne bovina brasileira, além de ser estratégica para a cadeia e para a economia doméstica, é de extrema importância para a segurança alimentar mundial. Os principais produtores de carne bovina no mundo, Austrália, Índia, China, Estados Unidos, Argentina, Uruguai e Paraguai, enfrentam cada qual suas dificuldades produtivas, assim como possuem características distintas uns dos outros. A Austrália passa, de tempos em tempos, ou de décadas em décadas, por problemas gravíssimos de seca, que reduzem o rebanho bovino, elevando os preços dos animais e, consequentemente, da carne. Vale destacar que a Austrália exporta 80% de sua produção, tendo grande importância no mercado global. A Índia, por sua vez, tem problemas sanitários e religiosos com seu rebanho. A proibição do abate de fêmeas em algumas regiões do país prejudica a competividade mundial, sem contar a falta de padronização e qualidade do rebanho. A China tem um rebanho interessante, mas com um custo de produção altíssimo e um déficit entre produção e consumo, tornando o país um importador líquido de carne bovina. Diante disso, a China (junto a Hong Kong) foi destino de 40% de toda a carne bovina in natura exportada pelo Brasil no ano passado. Os norte-americanos, grandes concorrentes do Brasil, ainda que sejam um dos maiores produtores do mundo, se destacam também como os maiores importadores de carne. Os Estados Unidos vendem muita carne bovina a preços altos e compram muita carne mais barata (dianteiro) para parte do consumo doméstico, principalmente para a produção de hambúrgueres. Quanto à América do Sul, apesar de a Argentina e do Uruguai produzirem gado e carne de alta qualidade e, no caso do último país, maiores taxas de crescimento, têm limites geográficos e de rebanho, sem contar os problemas políticos, no caso argentino. Passada, ou ao menos amenizada, a crise da pecuária nacional, o Brasil se recoloca como principal produtor e fornecedor de carne bovina mundial. Dados do Agribenchmark mostram que o País registra um dos menores custos de produção quando comparado com outros 25 produtores da proteína. Dados levantados pelo Cepea mostram aumento na produtividade média da pecuária nacional, tanto no sistema de produção extensiva como no de confinamento. No caso da atividade de cria, no início dos anos 2000, 100 vacas ocupavam, em média, 250 hectares e registravam taxa de desmame de 40%, produzindo um bezerro de cerca de 170 quilos. Já em 2017, ainda segundo dados do Cepea, 100 vacas passaram a ocupar menos espaço, de cerca de 150 hectares, e a produzir bezerros mais pesados, com média de 200 a 210 kg. Além disso, a taxa de desmame passou a ficar em torno de 65%. Apesar desse avanço, quando comparados esses índices do sistema de cria com os demais países produtores, nota-se que o Brasil ainda tem um caminho de desafios pela frente, mas de muitas oportunidades.
Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea
Vendas de sêmen bovino crescem em 2017
Segundo a Asbia, foram comercializadas 12.134.438 doses, aumento de 3,5%. Setor teve crescimento tanto na bovinocultura de corte quanto na de leite
Mesmo com os problemas enfrentados pelo setor pecuário no ano passado, o mercado de genética bovina conseguiu fechar 2017 com um crescimento de 3,5% no volume de doses de sêmen comercializadas. De acordo com a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), foram vendidas 12.134.438 doses contra 11.721.722, em 2016. Para o Presidente da Asbia, Sérgio Saud, esse é um resultado animador, principalmente porque, em 2017, a pecuária enfrentou queda no preço do leite pago ao produtor e as consequências da Operação Carne Fraca. “Tivemos dois cenários bem distintos em 2017, com um primeiro semestre muito bom para as raças leiteiras e um segundo semestre de forte recuperação para as raças de corte. Isso garantiu um crescimento anual nos dois segmentos, sendo de 9,8% no leite e 0,6% no corte, chegando a 3,5% no geral”, explica Saud. As exportações também fecharam em alta, com 15,4% de elevação no geral, chegando a 341.986 doses exportadas. O melhor desempenho ocorreu na pecuária de corte, que terminou o ano com 60% de aumento nas exportações. Países como Paraguai e Bolívia estão entre os maiores compradores da genética brasileira em 2017. Já na pecuária leiteira o movimento foi inverso, com as exportações abaixo do ano anterior e as importações ampliadas em decorrência dos investimentos maiores feitos pelo produtor no primeiro semestre. A recuperação do preço da arroba no segundo semestre permitiu aos produtores rurais a retomada dos investimentos em genética. Com isso, a queda de 3,4% registrada no primeiro semestre foi revertida. As raças de corte venderam juntas 8.071.287 doses de sêmen, lideradas pelas raças Nelore e Angus. Entre os estados que mais utilizaram a Inseminação Artificial (IA) no rebanho de corte, estão Paraná e Mato Grosso do Sul. Na pecuária leiteira, as doses de sêmen vendidas chegaram a 4.063.151, com as raças Holandesa, Jersey e Girolando entre as mais procuradas. Rio Grande do Sul e Paraná foram os estados que mais inseminaram vacas leiteiras em 2017. “Apesar dos preços do leite em queda, o mercado de sêmen apresentou um bom crescimento e isso sinaliza que o produtor está apostando no melhoramento genético para atender à demanda futura por leite. Com a recuperação da economia nacional, o consumo de leite e de lácteos deve crescer nos próximos anos, mas se o produtor não ampliar agora o número de vacas inseminadas, não conseguirá atender a esse mercado em 2019 e 2020”, explica o Presidente da Asbia. Sobre a expectativa para 2018, Saud acredita que o cenário verificado em 2017 seja um importante sinalizador de que este será mais um ano de crescimento nas vendas de sêmen.
Assessoria ASBIA
EMPRESAS
Abilio reage a fundos, mas carece de apoio para comandar virada da BRF
Em silêncio durante um fim de semana no qual foi bombardeado pela ofensiva das fundações Petros e Previ, o Presidente do conselho de administração da BRF, Abilio Diniz, reagiu ontem à tentativa de tirá-lo da companhia com um recado encarado por muitos como ambíguo
Enquanto vê a fileira dos adversários crescer e perde aliados inclusive nas famílias fundadoras da Sadia, o empresário criticou a maneira como Petros e Previ deflagraram o movimento contra sua gestão, mas deixou a porta aberta para uma solução negociada – ou para uma saída honrosa, na visão de alguns observadores. Em carta divulgada ontem, Abilio convocou uma reunião do conselho de administração da BRF para a próxima segunda-feira, dia 5. A pauta é apreciar o pedido das fundações para a realização de uma assembleia extraordinária para votar a destituição de todo o colegiado. A expectativa é que o conselho dê sinal verde à assembleia, mesmo porque Petros e Previ podem exercer o direito de convocar o encontro à revelia. Por ora, Abilio Diniz não obteve manifestação explícitas de apoio à sua continuidade à frente do conselho da BRF. Nem mesmo da gestora Tarpon, parceira em sua chegada à BRF, há cinco anos, mas com quem agora já não tem a mesma sintonia. Na sexta-feira, durante teleconferência, Abilio criticou a gestão de Pedro Faria, sócio da Tarpon, como CEO da BRF, entre 2015 e 2017. Procurada, a Tarpon não se manifestou. Embora poucos acreditem que a Tarpon apoie os fundos de pensão, dada à forte pressão que Petros e Previ fizeram no último ano para derrubar Faria, a avaliação de fonte próxima é que a gestora não “pegará em armas” para defender Abilio. No exterior, a gestora britânica Aberdeen Standard, que tem 5% da BRF, já declarou estar “110%” com Petros e Previ. Fundos brasileiros que têm participação menor também seguem o movimento. São os casos das cariocas Jardim Botânico Investimentos e da JGP, que confirmam oficialmente que apoiam as fundações. Outros investidores, no entanto, ainda preferem aguardar pelo anúncio da chapa idealizada por Petros e Previ e para conhecer os planos dos fundos para o futuro da BRF. Mas, conforme o Valor apurou, os fundos de pensão defendem que o novo conselho é quem escolherá a gestão executivo e orientará a gestão da BRF. “Os fundos não têm, aparentemente, uma estratégia definida para a empresa, mas sim uma visão de como deve ser a competência, a governança e a atuação de um conselho de administração”, disse uma fonte. Um nome quase certo na composição da chapa a ser apresentada pelos fundos é o do ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e principal sócio da gestora Jardim Botânico, José Luiz Osório, afirmou outra fonte. Afora isso, figuras emblemáticas como Walter Fontana, ex-presidente da Sadia, e o ex-ministro Luiz Fernando Furlan tendem a apoiar Petros e Previ. Segundo fontes próximas às famílias, a paciência de Fontana e Furlan com Abilio se esgotou, sobretudo devido à sequência de resultados negativos. Em 2017, a BRF teve um prejuízo de R$ 1,1 bilhão, o maior da história. Antes de Abilio, a empresa jamais havia fechado um ano no vermelho. Quem conhece os bastidores da BRF leu na renúncia do vice-presidente global de operações da BRF, Hélio Rubens Mendes dos Santos, anunciada na noite de ontem, um recado a Walter Fontana. O executivo comandou as operações da Sadia quando a empresa era presidida por Fontana. Conforme fonte próxima a Hélio Rubens, o executivo vinha apontando, “há muito tempo”, erros da Tarpon e de Abilio. Mas há também quem veja em sua saída uma resposta do CEO José Aurélio Drummond, apoiado por Abilio, às críticas à reação operacional da BRF à Operação Carne Fraca – no quarto trimestre, a BRF reportou provisões de R$ 200 milhões relacionadas a estoques. Nesse cenário, membros das famílias Fontana e Furlan poderão votar contra Abilio mesmo que não façam parte da nova chapa do conselho que vem sendo costurada pelos fundos de pensão. Walter Fontana e Luiz Fernando Furlan atualmente integram o conselho de administração da BRF e, portanto, perderão os cargos se o conselho for destituído. Embora os mais de 50 membros das famílias Fontana e Furlan nem sempre votem unidos, a crise da BRF os une tanto por motivos financeiros quanto pelo que consideram ser um risco à sobrevivência da companhia menos de uma década depois da severa crise de derivativos que fez a Sadia ser incorporada pela Perdigão. Os herdeiros de Atílio Fontana, fundador da Sadia e avô de Walter Fontana, e de Luiz Fernando Furlan já sentem o impacto da crise da BRF nos bolsos. O valor absoluto distribuído a acionistas vinha crescendo num ritmo médio anual de 28% entre 2012 até 2016, saindo de R$ 439 milhões no primeiro exercício do intervalo para R$ 1,17 bilhão em 2016, mesmo com um pequeno prejuízo naquele ano. Já em 2017 a remuneração direta aos acionistas foi totalmente cortada. Para os fundos Petros e Previ, a participação das famílias tende a ser essencial para angariar mais cadeiras no conselho da BRF, que possui dez vagas. Quando a BRF foi criada em 2009, as duas famílias tinham 9% do capital. Conforme dados enviados no ano passado pela empresa à Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), Walter Fontana possui 0,3% da empresa, e o ex-ministro Furlan, 0,8%. Enquanto a disputa se desenrola, a BRF chama cada vez mais atenção de grandes fundos de participações, fundos soberanos e grandes fundações estrangeiras. Potenciais compradores “atentos” ao desenrolar dos fatos não faltam. E não é de hoje. O que todos admitem faltar é um plano para aplicar na recuperação da empresa de alimentos, um negócio de commodity quem tem se revelado mais difícil de gerir do que a lógica financeira previa. Além de faltar uma solução estratégica para a gestão, a BRF também carece, pelo menos neste momento, de acionistas relevantes vendedores. Os protagonistas dos últimos anos preferem esperar a recuperação das cotações a vender pelos preços atuais. Assim, a chegada de um novo dono, mesmo que minoritário, não é tão óbvia quanto poderia parecer para um ativo reconhecidamente desvalorizado. “Nenhum acionista grande quer vender nesse preço e, por outro lado, nenhum comprador vai querer pagar um prêmio astronômico em relação ao mercado”, comentou um conhecido assessor de fusões e aquisições.
VALOR ECONÔMICO
INTERNACIONAL
Uma série de acordos comerciais a serem concluídos em 2018 deverão ser pontos decisivos para a produção de carne bovina este ano
De acordo com o relatório Rabobank Beef para o primeiro trimestre de 2018, os negócios comerciais e a implementação da tecnologia blockchain serão fundamentais para a categoria nos próximos 12 meses
A Parceria Transpacífica Abrangente e Progressiva (CPTPP) deverá ser assinada no próximo mês, e o Rabobank espera que os países produtores de carne bovina no acordo comercial, como Austrália, Nova Zelândia, México e Canadá, obtenham ganhos. Menos claro está o acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul que permitiria que os países deste último enviassem 99 mil toneladas de carne bovina para o primeiro com uma tarifa mais baixa. O Mercosul quer aumentar esse volume para 150 mil toneladas; no entanto, a UE está menos interessada, o que poderia criar um impasse. O autor do relatório, Angus Gidley-Baird, analista sênior de proteína animal, explicou por que a blockchain será fundamental para a carne bovina em 2018. “Embora muitas das primeiras aplicações tenham sido impulsionadas pelo desejo de aumentar a rastreabilidade e a transparência, com foco na segurança alimentar, existem mais oportunidades na cadeia de fornecimento.” “O Blockchain é superior às soluções atuais quando se trata de compartilhar características genéticas, tornando mais simples rastrear o desempenho produtivo. Uma cadeia que inclui, entre outros, o produtor, o confinamento, o agricultor e a organização genética, poderão compartilhar o desempenho e verificar os valores de cria, que são todos transferidos em tempo real na transação. Outros destaques do relatório incluíram as estatísticas de produção dos EUA, que mostraram que uma combinação de números crescentes de gado, condições favoráveis do mercado e condições climáticas significava que os aumentos da produção aumentaram do valor estimado de 3% (no final de 2017) para 5% para 2018. Na Austrália, os preços da carne bovina deverão ser atingidos pelo clima seco durante o primeiro trimestre do ano, embora as exportações tenham aumentado em 3% em 2017, impulsionadas pelas exportações crescentes para o Japão. Espera-se que o Brasil veja um crescimento de 5% na produção de carne bovina, que foi aumentada por um número crescente de bezerros descartados no ano passado.
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