Ano 3 | nº 443 | 27 de Janeiro de 2017
NOTÍCIAS
Reação do consumo de carne no horizonte
Proteína preferida dos brasileiros, a carne bovina vem se tornando um item cada vez mais raro na mesa dos consumidores
Afetado pela combinação negativa entre a escassez de gado bovino para abate e a deterioração da renda, especialmente em 2016, o consumo per capita de carne bovina no país recuou para o menor patamar em 15 anos. Dados preliminares da MB Agro braço agrícola da consultoria MB Associados compilados a partir dos abates inspecionados de bovinos apontam que o consumo per capita atingiu 30,7 quilos de carne bovina em 2016, redução de 1,9% na comparação anual. Trata-se do menor nível desde 2001. A depender dos critérios de cálculo, o tombo do consumo de carne no Brasil foi ainda maior. A consultoria Agroconsult, por exemplo, inclui estimativas de abate sem inspeção sanitária atividade que diminuiu nos últimos anos, mas que ainda é significativa. Considerando essa metodologia, a disponibilidade per capita de carne no país recuou 6,6%, para 36,8 quilos ao ano. Mas a boa notícia é que, embora os sinais de retomada da economia ainda sejam tímidos, a recomposição do rebanho nacional e o consequente crescimento dos abates será suficiente para estancar a queda do consumo que completou três anos seguidos e iniciar uma trajetória de recuperação, de acordo com analistas ouvidos pelo Valor. “Estamos com estoque grande de animais, e provavelmente vamos ter aumento significativo dos abates”, afirmou o coordenador de pecuária da Agroconsult, Maurício Nogueira. Conforme projeções da consultoria, a produção de carne bovina no país crescerá de 7% a 11% em 2017. O Brasil é o segundo maior produtor global de carne bovina, atrás dos EUA. Com mais carne bovina disponível, a expectativa de Nogueira é de que o consumo no país reaja, sobretudo porque nem toda produção adicional será exportada. “Não vamos ter condição de tirar toda essa carne do Brasil, mesmo que as exportações aumentem”, avaliou. O volume exportado de carne bovina deverá aumentar 11% 160 mil toneladas, alcançando 1,54 milhão de toneladas, avaliação corroborada pelo analista do Rabobank Adolfo Fontes. Embora menos otimista que a Agroconsult, o banco também prevê incremento da produção de carne bovina. De acordo com Fontes, o crescimento deve ficar próximo a 3%, o que adicionará entre 250 mil toneladas e 300 mil toneladas de carne bovina à produção. “Você tem um aumento de produção que a princípio não seria absorvido. Vai depender do mercado externo”, afirmou o analista. Se as exportações não forem capazes de enxugar a oferta adicional, o consumo doméstico pode ser estimulado, concordou Fontes, que trabalha com a expectativa de queda dos preços do boi. “Com o aumento de oferta de boi gordo, a tendência é cair o preço da arroba e isso chegar no varejo”, afirmou, destacando que o preço do animal já dá sinais de enfraquecimento. No acumulado de janeiro, o indicador Esalq/BM&FBovespa para o boi gordo em São Paulo recuou 2,36%, para R$ 145,94 a arroba. Independentemente das exportações, a expectativa do analista do Rabobank é que o consumo de carne no Brasil cresça devido à esperada retomada da economia. O banco holandês estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil crescerá de 0,5% a 1% neste ano. Ainda que pequeno na comparação com a forte retração da economia nos últimos dois anos, é suficiente para influenciar a demanda. Segundo Fontes, a correlação entre o PIB per capita e o consumo de carne bovina no país é forte, de 77,5%. Mais reticente, o analista César Castro Alves, da MB Agro, acredita em um “pequeno” aumento do consumo no país. Segundo ele, a tendência de queda dos preços das “concorrentes” carnes de frango e suína que subiram em 2016 devido à disparada das cotações do milho e também amargaram queda no consumo é um obstáculo para um aumento consistente da demanda por carne bovina. “É improvável”. Para o consumo de carne bovina “decolar”, o crescimento da oferta de boi no país teria de ser maior do que o inicialmente esperado, afirmou Alves. A MBAgro estima que a produção de carne bovina no Brasil crescerá 3% em 2017. Segundo ele, o aumento da oferta de boi gordo será substancial só a partir do segundo semestre de 2018. Portanto, a queda nos preços para estimular o consumo deve levar mais algum tempo
VALOR ECONÔMICO
Justiça condena Marfrig por custear pagamento de fiscais sanitários em MT
A Justiça de Mato Grosso condenou a Marfrig por custear ilegalmente a folha de pagamento de agentes fiscais de inspeção do Serviço de Inspeção Federal (SIF) contratados pela administração municipal de Tangará da Serra (MT), segundo informações divulgadas pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPE) na terça-feira (24)
A Marfrig teria repassado R$ 7 milhões aos servidores de inspeção durante seis anos, segundo a promotora de Justiça Fabiana da Costa Silva, em nota divulgada pelo MPE. Questionada pela CarneTec, a Marfrig não comentou sobre a condenação até o início da noite de quinta-feira (26). O deputado estadual Saturnino Masson e outros dois funcionários do governo municipal também foram condenados por atos de improbidade administrativa pela juíza da quarta Vara de Fazenda Pública, Elza Yara Ribeiro Sales Sansão. O deputado Masson era prefeito de Tangará da Serra na época em que as irregularidades ocorreram. Segundo o MPE, a Marfrig se uniu à gestão municipal para obter autorização da certificação sanitária internacional “de forma fraudulenta” após o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura (Mapa) estabelecer, em abril de 2006, que as inspeções sanitárias e industriais poderiam ser feitas apenas por servidores oficiais. Em 2012, o Mapa realizou auditoria no frigorífico da Marfrig em Tangará da Serra e determinou rescisão do acordo de cooperação técnica com o município após tomar conhecimento da fraude, segundo o MPE.
CARNETEC
Boi/Cepea: Retração compradora pressiona indicador
Os preços do boi gordo seguem em queda, refletindo principalmente a retração compradora
Nessa quarta-feira, 25, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa do boi gordo (estado de São Paulo, à vista) fechou a R$ 146,08, queda de 2,26% na parcial do mês (de 29 de dezembro a 25 de janeiro) e de 1,8% em sete dias. Segundo pesquisadores do Cepea, além de abrirem preços menores para compra, muitos frigoríficos estiveram fora do mercado nos últimos dias. Operadores do segmento industrial atribuem o interesse reduzido ao consumo retraído no varejo, por conta sobretudo dos gastos extras de início de ano. No atacado da carne com osso da Grande São Paulo, os preços se mantiveram praticamente estáveis entre 18 e 25 de janeiro. Para a carcaça casada bovina, houve aumento de ligeiro 0,2%, a R$ 10,28/kg nessa quarta.
Viés de baixa no mercado do boi gordo
Apesar da estabilidade na maioria das praças pesquisadas pela Scot Consultoria, o mercado do boi gordo exibe um viés de baixa em algumas regiões
Destaque para a Bahia, onde há uma maior pressão por parte dos frigoríficos, que culminou em queda para as duas praças do estado. Outro estado que merece atenção é São Paulo. Apesar da referência se manter estável nas duas praças, em R$148,00/@, à vista, há considerável volume de ofertas de compra abaixo da referência, chegando até R$145,00/@, à vista. Porém, apesar dessas tentativas de compras em valores menores, os negócios nesses patamares são pouco comuns e geralmente ocorrem só com lotes pequenos. No mercado atacadista de carne bovina com osso há novamente registro de queda. Desde o início do ano, esse mercado se alterna entre estabilidade e quedas, não registrando até o momento nenhuma alta nos preços. O boi casado de animais castrados está cotado em R$9,29/kg.
SCOT CONSULTORIA
Mais uma semana de queda nos preços no mercado de reposição
A pressão baixista, apesar de não ser muito vigorosa, ainda é a tônica do mercado de reposição neste momento
Na média de todos os preços pesquisados, a queda semanal foi de 0,2%. O movimento baixista e as incertezas para o boi gordo são um importante componente de redução do ímpeto comprador para a reposição neste momento. No acumulado de doze meses, considerando a cotação média para machos anelorados, a maior queda ainda é verificada para o bezerro, com recuo de 10,0%. Para o garrote e boi magro, as quedas verificadas são de 8,3% e 6,1%, respectivamente. Para o curto prazo, não há expectativa de alteração deste cenário.
SCOT CONSULTORIA
PIB do Agronegócio cresceu 4,28% nos primeiros dez meses de 2016
Bom desempenho do setor deve-se, principalmente, à valorização real dos preços no período
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio cresceu 4,28% nos primeiros dez meses de 2016, segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. A CNA/Cepea indica que o setor agrícola e o pecuário, em especial no segmento primário, a valorização real dos preços foi fundamental no desempenho positivo obtido entre janeiro e outubro do ano passado. No acumulado até outubro de 2016, o segmento de insumos cresceu 3,43%, o setor básico 6,33%, a indústria 2,61% e o de serviços, 4,12%. Especificamente no mês de outubro, o setor agrícola cresceu 0,29%, o de insumos 1,21%. O setor primário e de serviços cresceu 0,35%. A indústria, contudo, apresentou queda de 0,02% no período. Já o segmento de insumos agropecuários teve alta de 0,14% em outubro, acumulando nos dez primeiros meses de 2016, crescimento de 3,43%. Acesse aqui a íntegra do boletim: http://www.cnabrasil.org.br/boletins/boletim-pib-pib-do-agronegocio-cresceu-428-de-janeiro-outubro-de-2016-janeiro-de-2017.
CEPEA/CNA
BNDES eleva participação na Marfrig
A Marfrig Global Foods oficializou ontem a conversão em ações das debêntures detidas pela BNDESPar, o braço de participações do banco estatal
Ao todo, 214,9 mil debêntures serão convertidas em 99,9 milhões de ações da companhia brasileira, ao preço de R$ 21,50 por ação. Com a conversão, a BNDESPar ampliará sua participação no capital da Marfrig de 19,6% para aproximadamente 33%. Com o aumento de sua participação, o banco também terá direito a dois assentos no conselho de administração da Marfrig. Até então, a BNDESPar só tinha uma vaga. O fundador da Marfrig, o empresário Marcos Molina, e sua esposa Márcia Marçal dos Santos, seguirão como os maiores acionistas da companhia por meio da MMS Participações. Nos últimos meses, Molina elevou sua fatia no capital da Marfrig para se manter como o principal acionista da empresa. Em 2 de agosto do ano passado, o empresário, sua esposa e a MMS Participações tinham, juntos, 30% do capital da Marfrig. Na semana passada, a companhia informou que a participação dos controladores chegou a 40,2% do capital total. Com a conversão das debêntures em ações, a fatia de Molina deve ficar acima de 34%. Em comunicado enviado ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Marfrig informou que depositará as ações em até seis dias úteis ou seja, até 3 de fevereiro para entrega ao BNDESPar, conforme determinavam os termos das debêntures subscritas pelo banco. O braço de participações do banco estatal comprou as debêntures obrigatoriamente conversíveis da Marfrig em 2010, quando investiu R$ 2,5 bilhões. Na época, os recursos foram utilizados pela companhia para financiar a aquisição da americana Keystone. A conversão das debêntures em ações foi bem recebida no mercado. Ontem, as ações da Marfrig fecharam a R$ 6,60 na BM&FBovespa, com alta de 5,09%, a segunda maior do Ibovespa. Para os investidores, a conversão das debêntures é positiva na medida em que a Marfrig deixará de pagar os juros anuais das debêntures conversíveis, conforme destacou o banco Santander, em relatório a clientes divulgado no início desta semana. No último pagamento de juros, realizado ontem pela companhia, a Marfrig desembolsou R$ 326,6 milhões à BNDESPar. Procurado pelo Valor, o BNDES não se manifestou.
VALOR ECONÔMICO
INTERNACIONAL
UE manifesta ao Brasil preocupação com impedimentos a importações de carne
A União Europeia (UE) expressou nesta quarta-feira ao Brasil sua preocupação com os atrasos na concessão das licenças necessárias às importações de carne bovina do bloco
O Comissário europeu de Agricultura, Phil Hogan, recebeu o Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e ambos tiveram “uma discussão franca e aberta sobre a UE e a agricultura brasileira”, disse um porta-voz da Comissão Europeia. Os dois abordaram diferentes assuntos relacionados à carne bovina, como as tendências no consumo na UE, as expectativas do Brasil sobre o acesso ao mercado europeu e o novo sistema de rastreabilidade aplicado no Brasil. Antes de poder exportar produtos de origem animal ao Brasil, como carne, lácteos ou pesqueiros, os estabelecimentos devem solicitar o registro de cada rótulo na divisão apropriada do Ministério da Agricultura. Na opinião da UE, a pasta ainda mantém atrasos na aprovação – que tem que ser remitida em papel e frequentemente reenviada se tiver pequenos erros – e, consequentemente, no fluxo comercial de produtos de origem animal.
AGENCIA EFE
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