Ano 8 | nº 1762 | 27 de junho de 2022
NOTÍCIAS
Boi em São Paulo, estável
Na sexta-feira, as cotações permaneceram estáveis no mercado paulista
No Sul de Minas Gerais, alguns compradores não estiveram ativos nesta manhã e aqueles que estiveram ativos não realizaram novas ofertas de compras. Em Goiás – Sul, mesmo com escalas de abate encurtando na região, as cotações permaneceram estáveis em relação ao dia anterior (23/6). A valorização da arroba do boi gordo contribuiu para que o atacado de carne bovina sem osso ajustasse seus preços positivamente no comparativo semanal, alta de 0,3%.
SCOT CONSULTORIA
Boi: semana encerrou com poucos negócios, mas perspectiva ainda é de alta
Tendência de curto prazo ainda remete à alta dos preços, considerando quadro de restrição de oferta que vigora neste momento de transição entre safra e entressafra
O mercado físico do boi gordo encerrou a semana apresentando menor fluidez dos negócios. Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, a tendência de curto prazo ainda remete à alta dos preços, considerando o quadro de restrição de oferta que vigora neste momento de transição entre safra e entressafra. “Os frigoríficos exportadores ainda atuam de maneira contundente na compra de gado, principalmente aquelas unidades habilitadas a exportar para a China. Animais padrão China ainda carregam um ágio de R$ 20/R$ 30 em relação a animais destinados ao mercado doméstico”, comenta. Na capital paulista, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 323 na sexta-feira (24), estável. Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 299, com preço inalterado. A arroba em Cuiabá (MT) permaneceu em R$ 282. Da mesma forma, os preços em Uberaba (MG) se mantiveram em R$ 310. O mesmo ocorreu em Goiânia (GO), onde a cotação de R$ 305 pela arroba de boi gordo não teve alteração. O mercado atacadista volta a operar com preços acomodados no decorrer do dia. Segundo Iglesias, o ambiente de negócios sugere por menor espaço para reajustes no decorrer da segunda quinzena do mês, período que conta com menor apelo ao consumo. O padrão de consumo delimitado para 2022 ainda aponta para a preferência de proteínas mais acessíveis que a carne de boi, a exemplo da carne de frango e do ovo. O quilo do quarto dianteiro permanece cotado a R$ 17,20. Já o quilo da ponta de agulha segue precificado a R$ 17. O quarto traseiro se sustenta no patamar de 22,50, por quilo.
AGÊNCIA SAFRAS
Boi gordo: semana que passou marcada pela valorização da arroba
O avanço do período de entressafra, além do ritmo forte das exportações de carne bovina, reforça a tendência de alta das cotações nas principais regiões pecuárias
Durante a semana, a referência para o macho terminado destinado ao mercado doméstico acumulou valorização de R$ 7/@ no interior de São Paulo, fechando a sexta-feira em R$ 310/@ (preço bruto e a prazo), informa a zootecnista Thayná Drugowick, analista de mercado da Scot Consultoria. Por sua vez, o animal com padrão para atender o mercado da China (até quatro dentes) segue firme, valendo R$ 320/@ no mercado paulista. “Porém, já ocorrem negócios pontuais envolvendo lotes de boi-China por R$ 325/@”, relata a analista da Scot. Os preços da vaca e novilha gordas negociadas nas praças de São Paulo permaneceram estáveis na sexta-feira, em R$ 280/@ e R$ 300/@, respectivamente (valores brutos e a prazo), acrescenta a Scot Consultoria. Na avaliação de Thayná, com a proximidade da virada de mês, a tendência é de que o mercado do boi gordo siga relativamente aquecido, com frigoríficos recompondo os estoques a fim de atender o maior consumo esperado para o início de julho. Além disso, as expectativas para as exportações brasileiras de carne bovina são positivas, em meio ao movimento de desvalorização do real frente ao dólar, o que contribuiu para a maior competitividade do produto nacional. Até a terceira semana de junho, foram exportadas 97,94 mil toneladas de carne bovina in natura, com volume médio diário embarcado de 8,16 mil toneladas, um avanço de 22,2% frente à média de junho/21 (6,68 mil toneladas).
SCOT CONSULTORIA
Agrifatto: média nacional das escalas de abate se mantém estável
Em Mato Grosso do Sul, os frigoríficos locais conseguiram avançar as suas escalas em 2 dias, encerrando a semana com 10 dias úteis programados
A média nacional das escalas de abate se encontra em 8 dias úteis, sem variação ante o registrado na semana passada, acrescenta a consultoria, que aponta abaixo as programações em algumas principais regiões brasileiras. São Paulo – As indústrias fecharam a sexta-feira com 9 dias úteis programados, sem alteração no comparativo entre as semanas. Mato Grosso do Sul – Os frigoríficos locais conseguiram avançar as suas escalas em 2 dias, encerrando a sexta-feira com 10 dias úteis programados. Pará e Goiás – Nesses Estados, as escalas de abate se encontram na média de 8 dias úteis. Enquanto as indústrias goianas aumentaram as escalas em 2 dias, as paraenses reduziram as programações em 5 dias, no comparativo semanal. MG/MT/RO – Os frigoríficos mineiros, mato-grossenses e rondonienses encerraram a semana com as escalas próxima dos 7 dias úteis. Em Minas Gerais e Rondônia as programações recuaram 1 dia, enquanto em Mato Grosso avançaram 1 dia, ante o registrado na sexta-feira passada. Tocantins – As programações de abate continuaram na média de 6 dias úteis, sem variação no comparativo semanal.
Agrifatto
ECONOMIA
IPCA-15 sobe 0,69% em junho, diz IBGE
A alta do IPCA-15 voltou a acelerar em junho e ficou acima do esperado sob o peso do reajuste dos planos de saúde, com a taxa acumulada em 12 meses permanecendo acima de 12%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou em junho alta de 0,69%, ante 0,59% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira. O resultado levou o índice a acumular em 12 meses inflação de 12,04%, ainda quase 2,5 vezes o teto da meta oficial para a inflação este ano, que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA –já abandonada pelo Banco Central. A leitura para o dado em 12 meses também ficou acima da expectativa, de um avanço de 11,98%. O reajuste de até 15,5% dos planos de saúde acabou apagando o alívio proporcionado pela entrada em vigor da bandeira tarifária verde para as contas de energia. Em junho, os custos dos planos de saúde saltaram 2,99%, exercendo o maior impacto individual sobre o IPCA-15 do mês e levando o grupo Saúde e cuidados pessoais a um avanço de 1,27% no mês. Por outro lado, a alta dos preços do grupo Transportes desacelerou a 0,84% em junho, contra 1,80% em maio, graças à queda de 0,55% nos combustíveis, após avanço de 2,05% no mês anterior. De acordo com o IBGE, embora o óleo diesel tenha subido 2,83%, o etanol e a gasolina caíram 4,41% e 0,27%, respectivamente. Também tiveram queda os preços da energia elétrica, de 0,68%, devido à entrada em vigor a partir de 16 de abril, da bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz. Ainda assim, o grupo Habitação deixou para trás a deflação de 3,85% de maio e passou a subir 0,66% em junho, puxado pelo aumento de 4,29% da taxa de água e esgoto. A alta do grupo Alimentação e bebidas desacelerou a 0,25% em junho, contra 1,52% em maio, com os preços dos alimentos para consumo no domicílio apresentando variação positiva de 0,08%. O Banco Central segue em sua batalha contra a inflação e na semana passada elevou a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano, seguindo a indicação de que reduziria a intensidade de seu ciclo de aperto monetário, mas disse que antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude, na reunião de agosto. As mais recentes projeções do BC apontam para um IPCA de 8,8% ao final deste ano e de 4,0% em 2023, com a autoridade monetária já sinalizando que tentará levar a inflação a um patamar em torno da meta, não exatamente em cima do alvo. A política monetária do BC está atualmente focada na inflação de 2023, e o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, afirmou que, a partir de agosto, 2024 também entrará no chamado horizonte relevante do Banco Central.
REUTERS
Dólar à vista fecha em alta de 0,43%, a R$5,2518 na venda; na semana, moeda avança 2,06%
O dólar avançou contra o real na sexta-feira e marcou uma quarta semana consecutiva de ganhos, com ruídos fiscais domésticos impedindo o mercado de câmbio local de aproveitar uma recuperação de ativos arriscados no exterior
A moeda norte-americana fechou em alta de 0,43%, a 5,2518 reais, maior nível desde 8 de fevereiro deste ano (5,2604), depois de trocar de sinal várias vezes ao longo da sessão, indo de 5,2033 reais na mínima (-0,49%) a 5,2770 reais na máxima do dia (+0,92%). Em relação ao fechamento da última sexta-feira, o dólar avançou 2,06%, marcando a quarta semana seguida de valorização, maior sequência do tipo desde os cinco avanços semanais consecutivos completados em 8 de outubro do ano passado, acumulando salto de 10,83% no período. Na B3, às 17:05 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,25%, a 5,2655 reais.
REUTERS
Ibovespa fecha em alta com NY e commodities, mas acumula 4ª semana de queda
O Ibovespa teve uma sessão mais positiva na sexta-feira, endossada por ganhos em Wall Street e alta de preços de commodities, mas insuficiente para evitar a quarta queda semanal seguida, tampouco recuperar o patamar dos 100 mil pontos
Preocupações persistentes com o risco de uma recessão global, principalmente nos Estados Unidos, continuaram pressionando os negócios, enquanto no Brasil também pesaram as preocupações com ruídos políticos e perspectivas fiscais. Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,75%, a 98.817,62 pontos, de acordo com dados preliminares. O volume financeiro somava 20,2 bilhões de reais. Na semana, acumulou queda de 1%.
REUTERS
Confiança do consumidor no Brasil avança em junho, mas destaca diferenças, mostra FGV
“Mesmo considerando o pacote de incentivos financeiros, a avaliação sobre a situação no momento pelos consumidores com baixa renda continua piorando enquanto suas perspectivas sobre os próximos meses continuam bastante voláteis, revelando elevada incerteza”
A confiança dos consumidores brasileiros avançou em junho para o melhor nível desde meados do ano passado com melhora tanto da percepção sobre o momento atual quanto do futuro, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas divulgados na sexta-feira. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da FGV teve alta de 3,5 pontos em junho e foi a 79,0 pontos, marcando o melhor resultado desde a leitura de 81,8 vista em agosto de 2021. No entanto, a coordenadora das sondagens, Viviane Seda Bittencourt, destacou sinais de muita heterogeneidade na percepção do consumidor. “Mesmo considerando o pacote de incentivos financeiros, a avaliação sobre a situação no momento pelos consumidores com baixa renda continua piorando enquanto suas perspectivas sobre os próximos meses continuam bastante voláteis, revelando elevada incerteza”, disse ela em nota. “Já consumidores com renda mais alta percebem melhora da situação financeira e, pelo segundo mês, elevam suas intenções de compras, possivelmente efeito do estímulo dado pelo governo”, completou. Em junho, o Índice de Situação Atual (ISA) avançou 1,3 ponto, para 70,4 pontos, melhor resultado desde julho de 2021. O Índice de Expectativas (IE), por sua vez, avançou 4,9 pontos e chegou aos 85,9 pontos.
REUTERS
Riscos aumentam, mas cenário para o agro até 2032 segue favorável
Elevações das taxas de juros e escalada inflacionária, em meio à invasão russa na Ucrânia, trazem turbulências no curto e médio prazo
Embora as perspectivas de longo prazo para o agro brasileiro continuem das mais promissoras, a atual conjuntura econômica global, marcada por elevações das taxas de juros e escalada inflacionária em diversos países — e em meio à invasão russa na Ucrânia —, tende a deixar um pouco mais turbulento o caminho para o crescimento da produção e das exportações agrícolas e de proteínas animais do país, ao menos nos próximos anos. “No segundo semestre deste ano, ainda veremos os preços das commodities subirem, em meio a custos elevados. Mas estamos escorregando para uma desaceleração econômica que pode levar a uma recessão nos Estados Unidos, na Europa e em outros países. Em 2023, vejo uma destruição de demanda e preços em queda”, disse na quinta-feira o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, em evento promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e pelo Insper Agro Global. Superado esse período difícil, a tendência para o agro brasileiro é de retomada de um ritmo mais forte e estável de expansão, até porque, para muitos especialistas, inclusive estrangeiros, o país é o que o que mais tem condições de ampliar a oferta de alimentos num cenário de crescimento da população global e de evolução de parte dessa população para um cardápio com produtos de maior valor agregado. Superado o primeiro momento difícil, tendência para o agronegócio brasileiro é de retomada de ritmo mais forte e estável de expansão. Com isso, o Ministério da Agricultura reviu suas projeções para o setor na próxima década, como faz com regularidade, e projetou que a colheita de grãos do Brasil, por exemplo, aumentará 25,4% até a safra 2031/32, para 338,9 milhões de toneladas — para este ciclo 2021/22, as contas indicam 270,2 milhões. Obviamente, previsões desse tipo não levam em conta eventuais quebras provocadas por problemas climáticos, mas contemplam perspectivas para área plantada e produtividade, calculadas a partir do histórico recente e de investimentos e transformações tecnológicas em curso. Para a área plantada de grãos, o ministério projeta um incremento de 19,5% até 2031/32, para 87,7 milhões de toneladas — graças sobretudo à conversão de pastagens degradadas em lavouras. A diferença entre os percentuais de aumento do volume e da área é explicada pela produtividade. Se espera um crescimento de quase 70 milhões de toneladas na colheita anual de grãos do país na próxima década, para a produção de carnes em geral, o ministério calcula um aumento de 6,8 milhões de toneladas. Na temporada 2031/32, serão 35,4 milhões de toneladas, ante as 28,6 milhões estimadas para 2021/22. E se nos grãos o avanço será puxado por algodão em pluma (36%) e soja (32,3%), nas carnes, os destaques deverão ser o frango (27,8%) e os suínos (24,2%). O cenário traçado também realça que o Brasil manterá seu reinado na produção e nas exportações de produtos como café, açúcar e suco de laranja e prevê um novo patamar de produção para algumas das frutas frescas que mais exporta.
VALOR ECONÔMICO
FRANGOS & SUÍNOS
Na Sexta-feira mercado de suínos estável
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a arroba do suíno CIF ficou estável em R$ 128,00/R$ 137,00, enquanto a carcaça especial cedeu 1,00%/0,97%, custando R$ 9,90 o quilo/R$ 10,20 o quilo
Na cotação do animal vivo, conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à quinta-feira (23), ficaram estáveis os preços em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, custando, respectivamente, R$ 7,26/kg e R$ 6,17/kg. Houve alta de 0,62% no Paraná, atingindo R$ 6,49/kg, avanço de 0,56% em São Paulo, chegando em R$ 7,17/kg, e de 0,16% em Santa Catarina, fechando em R$ 6,27/kg.
Cepea/Esalq
Preço pago pelo quilo do suíno vivo no RS apresenta estabilidade
A Pesquisa Semanal da Cotação do Suíno, milho e farelo de soja no RS apontou, na sexta-feira (24), o preço de R$ 6,46 para o quilo do suíno vivo pago ao produtor independente no estado, ou seja, mantém-se estável
O custo médio da saca de 60 quilos de milho ficou em R$ 88,67. Já o preço da tonelada do farelo de soja é de R$ 2.523,33 e da casquinha de soja é de R$ 1.400,00, ambos para pagamento à vista, preço da indústria (FOB). O preço médio na integração apontado pela pesquisa é de R$ 4,98. As cooperativas e agroindústrias apresentaram as seguintes cotações: Aurora/Cooperalfa R$ 5,10 (base suíno gordo) e R$ 5,20 (leitão 6 a 23 quilos), vigentes desde 09/02; Cooperativa Languiru R$ 5,20, vigente desde 14/02; Cooperativa Majestade R$ 5,10, vigente desde 09/02; Dália Alimentos/Cosuel R$ 5,20, vigente desde 08/02; Alibem R$ 4,10 (base suíno creche e terminação) e R$ 5,20 (leitão), vigentes desde 10/02, respectivamente; BRF R$ 5,10, vigente desde 06/06; Estrela Alimentos R$ 4,10 (base creche e terminação), vigente desde 08/02, e R$ 5,15 (leitão), vigente desde 09/02; JBS R$ 5,10, vigente desde 23/05; e Pamplona R$ 5,10 (base terminação) e R$ 5,20 (base suíno leitão), vigentes desde 09/02.
Acsurs
Mercado do frango com pequenas variações na sexta
Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a ave no atacado recuou 0,67%, alcançando R$ 7,45/kg, enquanto o frango na granja ficou estável, custando R$ 6,00/kg
Na cotação do animal vivo, São Paulo ficou sem referência de preço, em Santa Catarina, a ave não mudou de preço, valendo R$ 4,26/kg, assim como no Paraná, custando R$ 5,56/kg. Conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à quinta-feira (23), houve alta de 0,26% para a ave congelada, chegando em R$ 7,74/kg, e de 0,13% para o frango resfriado, fechando em R$ 7,80/kg.
Cepea/Esalq
Frango/Cepea: Poder de compra recua em junho
A menor demanda interna pela carne de frango, devido à renda limitada da população, sobretudo no início deste mês, pressionou o valor médio do animal vivo no mercado independente de maio para junho, conforme indicam pesquisas do Cepea
Quanto aos principais insumos da atividade, o milho e o farelo de soja, o cenário também foi de desvalorização nesse período, mas o movimento de queda ocorreu de forma menos intensa. Diante disso, o poder de compra de avicultores de corte frente aos insumos vem recuando em junho, após terem avançado por três meses seguidos.
Cepea
Religião e inflação abrem caminho para frango dominar o consumo de carne
Projeções indicam que, até 2030, a humanidade vai comer mais aves do que qualquer outra proteína animal. O frango está se consolidando como a carne mais consumida no mundo
Durante anos, a posição foi confortavelmente ocupada pela proteína de porco, que é a predileta no continente mais populoso do planeta, a Ásia. Projeções feitas pela OCDE, (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) indicam que, até o fim da década, a humanidade vai comer mais aves do que qualquer outro tipo de proteína animal. Em 2030, elas devem representar 41% de todo consumo, abrindo ainda mais distância em relação aos suínos (34%), bovinos (20%) e ovinos (5%). Os peixes não entram na conta. De acordo com o estudo, o consumo de todas as carnes vai aumentar em 14% nos próximos oito anos, puxado pelo crescimento da população. Nesse cenário, porém, o frango se destaca pela maior expansão. Ser a mais barata das proteínas animais ajuda a explicar essa projeção, especialmente nos países de baixa renda. A inflação dos alimentos costuma pesar sobre as carnes, favorecendo a escolha do frango. Na China, por exemplo, a carne suína continua sendo a preferida, mas a alta dos preços provocou um aumento no consumo de aves. No Brasil não é diferente. Por aqui, a proteína já é a principal e deve representar 51% de todo o consumo em 2022. Considerando a possibilidade de um ciclo inflacionário global que dure anos — como previsto por economistas em Davos, o frango deve permanecer nas listas de compras. Mas o preço também pode ser favorável por outra perspectiva: a do aumento da renda global. Segundo Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), mais famílias devem entrar na zona de consumo ao longo dos próximos anos. “Sabemos que dos primeiros US$ 10 que uma pessoa começa a ganhar a mais, saindo da linha da pobreza, US$ 6 vão para comida”, afirma. O fato de ser mais acessível, contudo, só explica uma parte dessa ascensão. Santin lembra que o consumo de aves não sofre nenhuma restrição religiosa ao redor do mundo, diferentemente do que acontece com bovinos e suínos. Dirceu Talamini, pesquisador da Embrapa, também menciona esse aspecto ao explicar a projeção da OCDE. O islamismo, por exemplo, é a religião que mais cresce no mundo e seus seguidores não comem carne de porco, assim como os judeus. “É um contingente muito grande da população que acaba tendo restrições”, diz. Outro fator que deve ser levado em consideração, na visão do pesquisador, é a saúde. Em países de alta renda, os hábitos alimentares também estão mudando, indicando uma maior preferência por carnes brancas —que são percebidas como uma escolha mais adequada. Nos últimos 50 anos, a produção global de aves aumentou rapidamente, crescendo mais de 12 vezes entre 1961 e 2014. Santin, presidente da ABPA, atribui isso a uma série de fatores, como a menor necessidade de terras e a alta conversão do quilo de ração em quilo de carne —o que diminui os custos. “Para aumentar a produção de gado, por exemplo, não basta o produtor aumentar o peso, é preciso ter mais terra, mais pastagem ou maior confinamento. Com suínos é semelhante”, diz. “Na criação de frango, há uma densidade natural e também uma melhor utilização de recursos: precisa de menos água, menos ração e menos energia”, acrescenta. Outro aspecto importante, ele diz, é o tempo de produção. Enquanto a bovinocultura e a suinocultura demandam ciclos de um ou dois anos, na avicultura esse período é de 45 dias, em média. Atualmente, o Brasil é o primeiro exportador de frango e o segundo maior produtor global. Segundo Santin, isso se deve às boas condições climáticas, que favorecem a criação desses animais. “Em países frios, é preciso aquecer o frango para conseguir criar, enquanto no Oriente Médio tem que resfriar com ar-condicionado”, afirma. Talamini, da Embrapa, ainda acrescenta o fato de o Brasil ser um importante produtor de soja e milho, que são os insumos básicos. O pesquisador, que fez um estudo sobre a evolução da avicultura no Brasil, também destaca que o modelo brasileiro foi importado dos EUA na década de 1960, já de uma forma padronizada, com melhoramento genético, ração de qualidade e aviários de tamanho adequado. A produção, ele diz, evoluiu num sistema de integração, em que os produtores entram com a propriedade e mão de obra, enquanto as empresas fazem a coordenação do modelo.
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