CLIPPING DA ABRAFRIGO Nº 1346 DE 22 DE OUTUBRO DE 2020

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Ano 6 | nº 1346| 22 de outubro de 2020

 

NOTÍCIAS

Altas de preços no mercado do boi gordo

Em São Paulo, as indústrias frigoríficas iniciaram a última quarta-feira (21/10) pagando mais pela arroba do boi gordo. O pequeno volume de animais ofertados foi o fator que estimulou negócios em até R$270,00/@, preço bruto e à vista no boi padrão China 

Para o boi destinado ao mercado interno, negócios em R$266,00/@, também nas mesmas condições, se tornaram referência. As cotações da vaca e a da novilha gorda para abate também subiram nas praças paulistas e estão, respectivamente, R$3,00/@ e R$4,00/@ maiores na comparação feita dia a dia, sendo apregoadas em R$253,00/@ e R$255,00/@, nesta ordem. Em Paragominas-PA, a oferta restrita de animais para abate refletiu em alta nos preços na comparação diária. A arroba do boi gordo ficou cotada em R$263,00/@, preço bruto e à vista, reajuste diário de R$3,00/@ ou 1,2%. Para as fêmeas a alta foi de 0,8%, ou R$2,00/@, tanto para vaca quanto para novilhas.

SCOT CONSULTORIA

Preços do boi sobem em todo o país com maior demanda chinesa

Os animais destinados ao mercado chinês ainda são comercializados em um patamar diferenciado, acima da referência média de preço

Os preços do boi gordo subiram na quarta-feira, 21, nas principais praças de produção e comercialização do Brasil. Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias seguem ocorrendo negociações acima da referência média. Os animais destinados ao mercado chinês ainda são comercializados em um patamar bastante diferenciado. A disputa permanece acirrada visando o atendimento do principal cliente brasileiro em 2020. “Outro aspecto importante é que a incidência da oferta de animais a termo e a utilização de confinamento próprio não foi suficiente para alterar a curva de preços. A tendência é que esse movimento seja ainda mais agressivo no decorrer do último bimestre, em linha com a perspectiva de oferta restrita somado ao forte ímpeto de compra da China”, assinala Iglesias. Em São Paulo, Capital, os preços do mercado à vista ficaram em R$ 267 a arroba, contra R$ 266 na terça-feira, 20. Em Uberaba, Minas Gerais, os valores ficaram em R$ 264 a arroba, ante R$ 262. Em Dourados, no Mato Grosso do Sul, os preços ficaram em R$ 261 a arroba, ante R$ 258. Em Goiânia, Goiás, o preço indicado foi de R$ 254 a arroba, contra R$ 253. Já em Cuiabá, no Mato Grosso, o preço ficou em R$ 249 a arroba, ante R$ 248 a arroba. No mercado atacadista, os preços da carne bovina continuam firmes. De acordo com Iglesias, o ambiente de negócios ainda sugere por um movimento de alta mais consistente no próximo período de virada de mês, avaliando a entrada dos salários na economia como motivador da reposição entre atacado e varejo. Com isso, a ponta de agulha seguiu em R$ 14,30 por quilo. O corte dianteiro subiu para R$ 14,35 o quilo, e o corte traseiro continuou em R$ 19,50 o quilo.

AGÊNCIA SAFRAS 

Boi gordo: contrato para dezembro ultrapassa patamar de R$ 290 na B3

A demanda por animais terminados continua pressionando as cotações da arroba no mercado físico de boi gordo, o que tem ocasionado em constantes reajustes positivos nos preços praticados 

Em menos de um mês, o patamar de preços da arroba já se alterou duas vezes, com os R$ 270 ganhando força e consolidando-se nas praças paulistas. No pregão da B3 de ontem, quarta-feira, o dia foi animador e mais uma máxima foi quebrada. O contrato futuro de dezembro/20 ultrapassou a faixa dos R$ 290 por arroba, e encerrou cotado a R$ 290,45, um ganho diário de 2,00%. Já o outubro, contrato vigente, fechou o dia em R$ 271,75, alta de 0,85% ante a véspera.

CANAL RURAL

Após inspeção chinesa, frigoríficos precisam corrigir pequenas inconformidades

Unidades estão com as vendas suspensas por casos de covid-19 entre funcionários

A auditoria remota feita por autoridades chinesas em frigoríficos brasileiros que estão com as vendas suspensas por casos de covid-19 entre funcionários teve resultado positivo, conforme um auditor fiscal agropecuário que acompanhou a vídeo-inspeção. A retomada das vendas, no entanto, não é imediata e ainda depende da correção de inconformidades detectadas. Em entrevista ao Valor, o auditor Adriano Guahyba explicou que, no Rio Grande do Sul, quatro frigoríficos foram inspecionados: dois da Seara, em Passo Fundo e Três Passos; um da BRF e outro da Minuano, ambos em Lajeado. Procurada pela reportagem, a JBS, que é dona da Seara, não comentou. BRF e Minuano não responderam até a publicação desta reportagem. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa os exportadores de carnes suína e de frango, também não quis comentar. De acordo com o auditor, ainda não há um documento com o resultado final da inspeção dos chineses. No entanto, o “parecer verbal” das autoridades asiáticas foi favorável. A documentação chinesa com o resultado da inspeção, e posterior liberação das vendas pela Autoridade Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês), só deve ocorrer após os frigoríficos corrigirem inconformidades apontadas pelos chineses. Segundo o auditor, os problemas detectados são pequenos e, ao que tudo indica, de fácil resolução. Os quatro frigoríficos do Rio Grande do Sul tiveram pelo menos um tipo de inconformidade apontada — uma das plantas teve quatro, revelou Guahyba. Em nota publicada na quarta-feira, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) comemorou o resultado da inspeção, que ao todo visitou remotamente oito frigoríficos entre o fim de setembro e começo de outubro. “Nos próximos dias deve sair o resultado final e a provável retomada das exportações para o país oriental”, afirma o texto da Anffa Sindical. Vale lembrar que o prazo de decisão dos chineses é sempre visto com cautela pelo Ministério da Agricultura. No Brasil, há uma orientação para evitar tratar do tema para não melindrar os chineses. Tanto é assim que o comunicado da Anffa acabou retirado do ar pouco depois das 15h30.

VALOR ECONÔMICO

ECONOMIA

Dólar fica quase estável apesar de queda global da moeda; fiscal segue preocupando

O dólar fechou perto da estabilidade ante o real na quarta-feira, ao fim de uma sessão de vaivém em que a moeda oscilou entre altas e baixas, com a divisa mais uma vez deixando de aproveitar o dia positivo para divisas de risco no exterior

O dólar à vista teve variação positiva de 0,09%, a 5,6163 reais na venda, após oscilar entre 5,629 reais (+0,31%) e 5,5714 reais (-0,71%). Ao longo da tarde as compras voltaram a ganhar força, com o mercado conduzindo o câmbio para o nível psicológico em torno de 5,60 reais no qual tem operado há um mês. Enquanto o dólar ficou perto da estabilidade aqui, a moeda norte-americana caía 0,4% no exterior, com divisas pares do real –como rand sul-africano (+0,9%), lira turca (+0,7%) e peso colombiano (+1,5%) — em alta. “O cenário para o câmbio no Brasil continuará de dólar alto, embora até o final do ano esperemos algum ajuste”, disse Orlando Bachesque, assessor de investimentos da Alta Vista, agente autônomo da XP. “A volatilidade antes das eleições americanas será fator presente, mas tenderá a ser uma volatilidade de curto prazo, e depois o dólar poderá devolver parte da forte alta deste ano”, acrescentou, citando projeção da XP de taxa de câmbio de 5,20 reais por dólar ao fim deste ano, entre outros motivos por uma expectativa de vitória democrata na eleição norte-americana e de defesa de regras fiscais no Brasil. Em relatório, Carlos Carranza e Gisela R Brant, da área de estratégia para mercados emergentes do JPMorgan, avaliaram que o real e o peso colombiano teriam os desempenhos positivos mais destacados na América Latina em todos os cenários de vitória de Joe Biden. O democrata está à frente do Presidente Donald Trump em pesquisas de intenção de voto. Porém, os profissionais fizeram ressalvas do lado fiscal.

REUTERS

Ibovespa abandona máximas e fecha estável sem avanços sobre estímulos nos EUA

O Ibovespa fechou estável na quarta-feira, sem força para se manter acima dos 101 mil pontos, diante da ausência de novidades efetivas sobre um acordo para novos estímulos fiscais nos Estados Unidos

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação positiva de 0,01%, a 100.552,44 pontos. O volume financeiro totalizou 24,4 bilhões de reais. A piora do pregão brasileiro acompanhou Wall Street, onde o S&P 500 fechou em queda 0,2%, após uma sessão volátil, com os holofotes voltados para as negociações em Washington sobre um novo pacote econômico em resposta ao Covid-19. A Presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, disse mais cedo que havia perspectiva de um acordo sobre mais auxílio e que estava otimista de que um consenso será alcançado, embora não esteja claro se o projeto poderá ser aprovado antes da eleição. Mais tarde, porém, o Chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, por sua vez, afirmou que há uma série de diferenças em torno de um pacote, embora o Presidente Donald Trump esteja “disposto a aceitar” trabalhar rumo a um acordo.

Apesar do enfraquecimento no final da sessão, o Ibovespa manteve tom positivo na semana, que já acumula alta de mais de 2%. Na visão do sócio da Monte Bravo Investimentos Rodrigo Franchini, o tom mais otimista na bolsa paulista nesta semana acompanha as esperanças de mais estímulos nos EUA, que ele citou que não se sabe o prazo, mas que a aposta é de que virão. Além disso, acrescentou, também repercute bem a defesa pelo governo brasileiro do teto de gastos e alinhamento do discurso entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, sobre reformas e a situação fiscal do país.

REUTERS 

Com alta de 1,97%, arrecadação federal tem melhor setembro em seis anos

A arrecadação do governo federal teve alta real de 1,97% em setembro sobre igual mês do ano passado, a 119,825 bilhões de reais, maior valor para o mês desde 2014, impulsionado pelo recolhimento de Imposto de Renda das empresas

Segundo a Receita, as arrecadações extraordinárias de Imposto de Renda Pessoa Jurídica/Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL) somaram cerca de 2,5 bilhões de reais no mês. Com isso, esses dois tributos tiveram um salto real de 25,19% em setembro sobre um ano antes, a 18,73 bilhões de reais. No campo positivo, outros destaques foram a arrecadação com IR Pessoa Física (+25,77%) e Imposto de Renda Retido na Fonte-Rendimentos de Residentes no Exterior (+23,03%). No primeiro caso, a Receita justificou que, após diferimento concedido, a quarta cota relativa à imposto a pagar da Declaração de Ajuste Anual da Pessoa Física ocorreu em setembro, ao invés de julho de 2020, se referindo a fatos geradores ocorridos ao longo do ano anterior. Já quanto ao aumento na linha de IRRF-Rendimentos de Residentes no Exterior, a Receita destacou que houve acréscimo nominal de 97% na arrecadação do item “Royalties e Assistência Técnica”. Por outro lado, houve queda de 75,80% na arrecadação com IOF sobre setembro do ano passado, na esteira da redução temporária a zero das alíquotas do imposto aplicáveis nas operações de crédito, medida tomada para enfrentamento à crise do coronavírus. A receita previdenciária também sofreu retração de 2,35%, com perda de 825 milhões de reais, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

No acumulado dos nove primeiros meses do ano, a arrecadação sofreu uma contração de 11,70%, a 1,026 trilhão de reais. Considerando o impacto da inflação na série histórica, esse foi o dado mais fraco para o período desde 2010. A arrecadação somente da receita administrada, que exclui, por exemplo, os ganhos com royalties de petróleo, caiu 11,51% na mesma base. Em análise, a Receita afirmou que esse recuo seria de 0,52% se desconsiderados fatores extraordinários, como a ocorrência de compensações tributárias, arrecadações atípicas de IRPJ/CSLL, diferimento de tributos e diminuição do IOF crédito. “O resultado do período acumulado foi bastante influenciado pelos diversos diferimentos decorrentes da pandemia de coronavírus. Os diferimentos somaram, aproximadamente, 64,5 bilhões de reais no período acumulado”, disse o órgão.

REUTERS 

EMPRESAS

JBS aprova emissão de até R$2,04 bi em debêntures para aquisições de bovinos

O conselho de administração da JBS aprovou emissão de até 2,04 bilhões de reais em debêntures com valor nominal de 1 mil reais para lastrear certificados de recebíveis do agronegócio (CRA), conforme ata de reunião divulgada na quarta-feira. Os recursos líquidos obtidos pela companhia com a emissão serão destinados integralmente e exclusivamente à aquisição, pela companhia, de bovinos de produtores rurais.

REUTERS 

Após acordo com MPT-MS, frigorífico de Santa Rita do Pardo deverá testar todos os empregados para Covid-19

Após Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul (MPT-MS) e o Frigolon Frigorífico LTDA, todos os empregados da unidade industrial, instalada no Município de Santa Rita Pardo, passarão por testes do tipo RT-PCR ou por pesquisa de antígenos viral para Sars Cov-2, que detectam a Covid-19

Os exames, que deverão ser realizados até o dia 30 de outubro, abrangem os 169 trabalhadores que atuam na empresa. O acordo estabelece, ainda, a apresentação dos resultados da testagem até o dia 18 de novembro. Dos 169 empregados diretos da empresa, 17 já testaram positivo para a Covid-19, segundo relatório da Secretaria de Saúde do Município de Santa Rita do Pardo. Além da detecção da doença por meio dos testes, o acordo prevê uma série de obrigações a serem cumpridas visando a prevenção, controle e mitigação dos riscos de transmissão da Covid-19 nas atividades da indústria, sem prejuízo das normas regulamentadoras e das demais regulamentações sanitárias aplicáveis fora do período da pandemia. Autora do procedimento que resultou no TAC, a procuradora do Trabalho Priscila Moreto de Paula afirma que o acordo firmado com o Frigolon pode ser classificado como uma estratégia de saúde pública que terá relevante impacto na população de Santa Rita do Pardo e municípios limítrofes. Ao estabelecer o acordo, a procuradora considerou o número de casos confirmados e suspeitos de Covid-19, bem como particularidades da atividade do frigorífico na cidade de Santa Rita do Pardo. “Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde, grande parte dos trabalhadores do Frigolon organiza-se para residir em alojamentos instalados em Santa Rita do Pardo, denominados de ‘repúblicas’, e aos finais de semana retorna para a cidade de origem, comumente Nova Andradina, Bataguassu e o distrito Porto XV, o que, por si só, seria um agravante para disseminação do novo coronavírus entre moradores das cidades da região”, relata a procuradora.

MPT-MS

JBS de Barra do Garças (MT) deverá cumprir medidas para proteção de trabalhadores após ação do MPT

O Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT) obteve, na última sexta-feira, 16, decisão favorável em ação civil pública movida em face da JBS (Friboi), unidade de Barra do Garças, para adoção de medidas mais efetivas de prevenção e enfrentamento da covid-19 

Segundo informações encaminhadas pela Vigilância Sanitária do município no dia 15 de outubro, pelo menos 288 dos 1.726 funcionários da planta já contraíram o vírus. Há três meses, eram apenas 14. Na decisão, concedida em sede de tutela provisória de urgência de natureza antecipada, o juiz Luis Fernando Galvagni, em atuação na Vara do Trabalho de Barra do Garças, determinou, sob pena de aplicação de multa pelo descumprimento das obrigações estabelecidas, que o frigorífico garanta, nas áreas interna e externa da planta, a distância mínima de 1,5 metro entre as pessoas, conforme prescrito nos decretos estadual e municipal sobre medidas gerais para prevenir a disseminação da Covid-19. A providência deverá ser implementada em filas e estações de trabalho, inclusive no embarque e no transporte até a unidade, bem como no registro de ponto, vestiários, banheiros e áreas de pausa e lazer. Já nas mesas de refeitórios ou restaurantes, a distância mínima a ser garantida é de 2 metros entre os funcionários, consoante ao regramento municipal. O prazo para cumprimento das obrigações é de cinco dias, contados da ciência da decisão.  A JBS também deverá instalar divisórias impermeáveis frontais nos bufês de refeitórios ou restaurantes. Esses anteparos físicos deverão ser descartados ao fim de cada turno ou trocados e higienizados, para proteção dos trabalhadores que servem as refeições.

MPT-MT

FRANGOS & SUÍNOS

BRF paralisará produção de frangos Halal em unidade para obras de modernização

A BRF interromperá a produção em uma fábrica de frangos Halal no sul do país a partir de 16 de novembro para obras de modernização, informou a empresa na quarta-feira

A paralisação da fábrica em Carambeí (PR) foi noticiada na imprensa local e posteriormente confirmada pela BRF, que informou que as obras serão concluídas até o dia 5 de dezembro. “O objetivo da medida é adequar a produção à demanda do mercado”, disse a BRF em nota à Reuters, sem dar mais detalhes. O Sintac, um sindicato que representa os trabalhadores do setor alimentício, disse à Reuters que a fábrica tem 1.600 trabalhadores. Ela é certificada para vender frango Halal, produzido de acordo com as exigências da dieta muçulmana, disse Sintac. A licença de exportação da planta para vender para a Arábia Saudita, um grande mercado para alimentos Halal, foi suspensa em setembro de 2018, segundo o site do Ministério da Agricultura. O Sintac confirmou que a suspensão permanece. A BRF, maior exportadora mundial de frango, não comentou de imediato o status da licença de Carambeí para vender aos sauditas. A BRF processa 3.000 aves por hora na fábrica de Carambeí, segundo dados do site do Ministério da Agricultura, que mostram que Hong Kong é o outro grande destino das exportações de carnes atendido pela fábrica.

REUTERS

MEIO AMBIENTE

Conclusão do acordo Mercosul-UE depende de mudanças na política ambiental do Brasil

Ex-ministros e diplomatas avaliam que se aproximar de alguns países, a exemplo de Portugal, tem poucas chances de gerar resultados

Os esforços do governo brasileiro para conseguir apoio à conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia, incluindo a aproximação com Portugal, neste mês, possuem poucas chances de reduzir as pressões contrárias ao tratado, cuja ratificação depende da aprovação de todos os países membros. Com o aumento do desmatamento no centro das críticas ao Brasil, diplomatas e ex-ministros avaliam que só avanços efetivos no combate a crimes ambientais seriam capazes de destravar as negociações. “O Brasil e os outros países do Mercosul vão ter que optar: ou realizam ajustes na política ambiental ou vai ser muito difícil aprovar politicamente esse acordo se os índices de desmatamento, as queimadas e a questão indígena não forem tratados de maneira diferente”, aponta o embaixador Rubens Barbosa, atual Presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE). Tendo atuado em Londres de 1994 a 1999 e em Washington de 1999 a 2004, o diplomata ressalta que a mera apresentação dos aspectos positivos do agronegócio brasileiro, como o Código Florestal e o percentual de florestas nativas do país, não é suficiente para convencer os europeus. “Tudo que fazemos aqui tem que ser percebido como indo na direção correta e tem que dar resultado, sem isso vai ser uma questão de narrativas e propaganda sem efeitos concretos”, aponta Barbosa. Ministro da Agricultura de 2003 a 2006, o Coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (EESP/FGV), Roberto Rodrigues, tem pensamento semelhante. “Desmatamento ilegal, invasão de terras públicas, grilagem de terras, descumprimento de contratos, incêndios criminosos, tudo que for ilegal nós temos que reconhecer que existe e combater vigorosamente”, avalia Rodrigues, ao destacar, além do esforço diplomático, a necessidade de um esforço político interno. “Compete ao Estado e aos governos em geral, em todas as esferas, uma ação concreta e vigorosa de combate a ilegalidade. É fácil? Não é fácil. A região é gigantesca, vastíssima, a estrutura do Estado é uma estrutura sem o tamanho necessário para essa ação de combate, mas é algo que tem que ser feito”, destaca o ex-ministro. Ainda na esfera política, o embaixador Rubens Ricupero, que além de ter representado o Brasil em Genebra, Washington e Roma, foi Ministro do Meio Ambiente e da Fazenda no início dos anos 90, lembra que o governo brasileiro continua adotando medidas que flexibilizam as normas ambientais no país. “A retórica do presidente não mudou nenhum centímetro. Continua na linha de negar que o Brasil tenha problemas. E o ministro do meio ambiente continua o mesmo, inclusive até agravou algumas coisas, como a decisão do Conama para manguezais e áreas litorâneas. Então não há evolução”, avalia Ricupero, ao lembrar as mudanças que flexibilizaram a exploração econômica nesses biomas. Segundo ele, há poucas chances de que, mesmo Portugal, ou outros países, empenhem-se na defesa do Brasil nas questões ambientais. Segundo ele, “o que acontece no Brasil é da ordem do indefensável”.

GLOBO RURAL

‘Ataque à imagem doBrasil veio para ficar’

Foi o que afirmou Alexandre Ghisleni, Diretor do Departamento de Promoção do Agronegócio do Ministério das Relações Exteriores

As ações do que o governo identifica como parte de uma campanha para manchar a imagem do país no exterior “vieram para ficar”, afirmou Alexandre Ghisleni, Diretor do Departamento de Promoção do Agronegócio do Ministério das Relações Exteriores. E no combate a essas tentativas, disse ele, é preciso afastar o “mito” de que apenas o preço atrativo dos produtos é capaz de sustentar o comércio. Na visão do diplomata, a estratégia de países concorrentes e importadores em afetar a reputação do Brasil já atrapalha interesses nacionais de maneira mais ampla. “Hoje existe preferência por preço, mas a imagem se espalha e contamina outros setores do agronegócio e do Brasil como um todo. Afeta o nome do país. Se analisarmos a repercussão que está tendo a assinatura do acordo Mercosul-União Europeia, vemos que é uma questão séria”, disse Ghisleni em um evento online. Na opinião do Diretor, a “marca país” deve estar dissociada de quem ocupa determinados cargos e precisa ser liderada pelo setor privado, com o auxílio do governo. “Precisamos contrarrestar as informações erradas, distorcidas, fora de contexto, levantadas por setores estrangeiros com objetivos protecionistas, a fim de restabelecer a igualdade e a isonomia na questão da concorrência com os demais países”, afirmou. Ele citou, por exemplo, que a área desmatada ou queimada em 2019 para plantio de soja foi ínfima. “Se quiser achar soja produzida em região desmatada, existem 99,9% de chances de não encontrar”. Marcello Brito, Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), afirmou no mesmo evento que as críticas internacionais são mais ligadas ao processo político e de gestão ambiental no Brasil do que diretamente ao setor produtivo. “Não existe, a não ser pela carne, nenhum movimento sério e organizado contra o agronegócio brasileiro no exterior”, destacou Brito. Monitoramento do Twitter feito pela Abag mostrou que de janeiro a setembro deste ano houve mais de 95 mil postagens negativas sobre o Brasil e 386 milhões de usuários alcançados. Mas o foco das divulgações foi a questão ambiental em geral, e não a produção em si. “O agronegócio brasileiro, com um carimbo de Amazônia sustentável, não tem para ninguém”, disse. Brito lembrou que a reverberação negativa da administração ambiental brasileira se alastrou também pelos Estados Unidos por causa da campanha eleitoral. “É muito comum a gente dizer que é coisa de europeu bater no Brasil. Mas tivemos uma carga também nos EUA”.

VALOR ECONÔMICO

INTERNACIONAL

China prevê alta de 30% na oferta de carne suína no Ano Novo Lunar

As ofertas de carne suína durante o feriado de Ano Novo Lunar na China, maior consumidora global do produto, serão 30% maiores do que as verificadas há um ano, disse na quarta-feira uma autoridade agrícola do país, após esforços significativos para a reconstrução do plantel de porcos dizimado pela peste suína africana (PSA)

A recuperação na produção chinesa do animal, somada às amplas importações de carne suína e às mudanças na demanda dos consumidores, deve impulsionar as ofertas da proteína em cerca de 30% na comparação anual, reduzindo os preços frente ao ano passado, afirmou Chen Guanghua, Vice-Diretor do Departamento de Veterinária do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China, em “briefing” à imprensa. O Ano Novo Lunar é o feriado mais importante da China, e a carne suína é tradicionalmente servida em refeições durante as reuniões de famílias para celebrá-lo. A comemoração terá início em 11 de fevereiro de 2021. Os produtores de suínos da China construíram 12.500 novas fazendas de larga escala e reativaram as operações de mais de 13 mil fazendas nos três primeiros trimestres deste ano, acrescentou Wei Baigang, Chefe da Divisão de Desenvolvimento e Planejamento do ministério. Wei disse que a recuperação do plantel de suínos chinês tem sido “melhor que o esperado” após a peste suína africana dizimar pelo menos 40% dos porcos do país em 2019. Em setembro, os estoques dos animais ficaram em torno de 370 milhões de cabeças, ou 84% do nível visto em 2017, antes de a doença atingir o país, enquanto o número de fêmeas chegou a 38,22 milhões, equivalente a 86% dos níveis de 2017, afirmou Wei.

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