CLIPPING DA ABRAFRIGO Nº 703 DE 6 DE MARÇO DE 2018

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Ano 4 | nº 703 | 06 de março de 2018

NOTÍCIAS

Boi gordo: frigoríficos ofertam valores até R$ 3 abaixo da referência em SP

O mercado brasileiro de carnes ficou apreensivo após a nova etapa da Operação Carne Fraca deflagrada pela Polícia Federal nesta segunda-feira, dia 5

De acordo com a consultoria Safras & Mercado, as consequências em torno do resultado da operação podem ser severas no mercado internacional, afetando novamente a credibilidade da proteína animal brasileira no mercado. No que diz respeito à pecuária de corte, há poucas alterações na dinâmica mercadológica, com frigoríficos ainda retraídos, avaliando a melhor estratégia a ser adotada no curto prazo. As cotações estiveram estáveis nesta segunda-feira. Em São Paulo, por exemplo, a arroba do boi gordo está cotada em R$ 145, à vista, livre do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), sem alterações em comparação com sexta-feira. No estado, tentativas de compra por R$ 3 ou R$ 2 por arroba abaixo da referência existem, mas nestes patamares não há garantia de aquisição de boiadas. A escala de abate dos frigoríficos paulistas gira em torno de 4 dias. Já o mercado atacadista apresentou preços firmes no início da semana. Ainda há perspectiva de alta, mesmo que de maneira comedida. O repique de consumo durante a primeira quinzena do mês seria o grande motivador de altas mais consistentes durante o período avaliado. O grande entrave à alta do preço da carne é a fragilidade das principais proteínas concorrentes neste momento.

CANAL RURAL

Cortes de traseiro puxam queda de preços da carne bovina no atacado

Queda forte de preços da carne bovina sem osso no atacado na última semana

As indústrias, que vinham impondo valorizações reais aos seus produtos na comparação anual, com a desvalorização desta semana, viram suas cotações ficarem quase iguais às registradas há doze meses, em valores nominais. O que segue inalterada é a composição das vendas. O escoamento de cortes de dianteiro “está melhor”, situação que já se repete há duas semanas. Embora estes também tenham ficado mais baratos no levantamento atual, o recuo dos preços foi menor do que para a carne de traseiro. As quedas foram de 1,9% e 2,6%, respectivamente. A expectativa com a entrada de março, o comportamento sazonal, é de recuperação das vendas e, consequentemente, dos preços. Normalmente, este cenário altista permanece até abril. É importante que isso ocorra para atenuar o efeito da concentração de entrega de fêmeas para abate neste primeiro trimestre do ano. Os indicadores dão a impressão de que uma recuperação do consumo deve vir. O Índice de Intenção de Consumo da Famílias (ICF), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) terminou fevereiro com o melhor resultado desde junho de 2015. A venda de carne bovina está muito atrelada ao crescimento do poder de compra da população.

SCOT CONSULTORIA

Apesar do início do mês, não há força para reajuste nas cotações do boi gordo

Mercado do boi gordo parado. Diversas praças com frigoríficos fora das compras na última segunda-feira (5/3)

Esta condição acompanha o esperado para o dia da semana, mas por estarmos no início do mês, a expectativa positiva quanto à melhora do escoamento deixou a desejar. Sem evolução do consumo, não há motivação para intensificar as compras. No fechamento do mercado, poucas foram as mudanças nas referências, dado que não há espaço para alterações expressivas, pois a oferta não está acentuada, por enquanto. Em São Paulo, a arroba do boi gordo ficou cotada em R$145,00, à vista, livre de Funrural, sem alterações em comparação com sexta-feira (2/3). No estado, tentativas de compra por R$3,00 ou R$2,00 por arroba abaixo da referência existem, mas nestes patamares não há garantia de aquisição de boiadas. A escala de abate dos frigoríficos paulistas gira em torno de quatro dias. Para o decorrer desta semana, se o consumo não ganhar fôlego, a tendência é que o mercado do boi gordo não ganhe força.

SCOT CONSULTORIA

Previsão de maior oferta de sebo bovino nos próximos meses

As referências de preços do sebo bovino ficaram estáveis na última semana, com destaque para os testes de preços menores pelos produtores de biodiesel

Segundo levantamento da Scot Consultoria, em São Paulo, o quilo do produto está cotado em R$2,15, a prazo. No Rio Grande do Sul, os negócios ocorrem em R$2,25 por quilo nas mesmas condições. Há relatos de redução da demanda por questões de escoamento da produção do combustível. Já no setor de higiene pessoal e limpeza, o cenário está mais dentro da “normalidade”. O acréscimo da oferta de boiadas e, consequentemente, abates, para os próximos meses pode pressionar negativamente as cotações.

SCOT CONSULTORIA

Ameaças renovadas às exportações brasileiras

Para tentar se antecipar a possíveis embargos de países importadores às carnes brasileiras, sobretudo de frango, o Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou ao Valor que enviou ontem mesmo comunicados às embaixadas brasileiras em todos esses países com esclarecimentos sobre a Operação Trapaça

“Na Carne Fraca, deflagrada em março de 2017, uma das grandes reclamações que ouvi dos países é que demoramos para informar. Mas hoje [ontem] a primeira coisa que fiz foi avisar nossos postos diplomáticos”, afirmou o Ministro, que disse não acreditar que haverá embargos em série desta vez. De acordo com o Ministro, a principal mensagem aos embaixadores brasileiros, que será repassada aos governos dos países importadores, é que a Operação Trapaça se concentrou em irregularidades entre empresas privadas. Maggi também reiterou que o Ministério da Agricultura já havia identificado recentemente inconformidades com os índices de salmonela na carne de frango exportada. Em função dessas inconformidades, antes da operação de ontem o ministério já havia proibido sete unidades de BRF, Seara (controlada pela JBS) e Aurora a exportar a 12 mercados, entre os quais União Europeia, Rússia, Cingapura e África do Sul. Em nota divulgada na manhã de ontem, o ministério reforçou que já havia identificado irregularidades. Apesar da proatividade do Ministério da Agricultura realçada por Blairo Maggi, a União Europeia começou a cobrar já ontem explicações do governo brasileiro sobre a nova etapa da Carne Fraca para decidir se adotará ou não medidas adicionais sobre a importação da carne brasileira. Anca Paduraru, porta-voz da divisão de Saúde e Segurança de Alimentos da UE informou que a Comissão Europeia, braço-executivo dos 28 países-membros do bloco, se preparava para enviar carta às autoridades brasileiras sobre a questão. A porta-voz disse que ontem mesmo acionou sua delegação diplomática em Brasília para obter informações relacionadas ao caso, “que poderia afetar as importações pela UE”. Atualmente, segundo a porta-voz, a certificação pré-exportação adicional e os controles reforçados nas fronteiras da UE permanecem em vigor para carnes brasileiras, para garantir a segurança dos produtos importados pelo bloco comunitário. “A Comissão Europeia poderá adotar medidas adicionais no futuro ser for necessário à luz de outras informações que podemos receber”, acrescentou. Em 2017, as importações totais de carne de frango da UE caíram 11%, mas as compras de produtos oriundos do Brasil recuaram 20%. Na carne bovina, as quedas foram de 8% e 18%, respectivamente. Atualmente, a carne de frango brasileira destinada à União Europeia é duplamente controlada. Primeiro no Brasil, onde tem que receber um certificado oficial, depois quando chega nas fronteiras do bloco, onde 100% das cargas são checadas. Como a carne bovina, a de frango também é submetida a exames microbiológicos.

VALOR ECONÔMICO

EMPRESAS

Prisões fazem valor da BRF cair R$ 5 bilhões

Uma tempestade perfeita atingiu a BRF, gigante brasileira do setor de carnes

Em meio a uma disputa de acionistas pela destituição do conselho de administração, a Polícia Federal prendeu ontem Pedro de Andrade Faria, ex-presidente da companhia, e mais nove pessoas na “Operação Trapaça”, terceira fase da “Operação Carne Fraca”. Houve, ainda, busca na sede da Tarpon, gestora de recursos da qual Faria é sócio. Parte da investigação foi baseada em documentos obtidos por meio de ação trabalhista movida pela ex-supervisora de laboratório Adriana Marques Carvalho. Segundo o Ministério Público Federal, cópias de e-mails trocados na BRF e anexados ao processo expuseram omissões da empresa e adulteração de resultados de análises sobre contaminação de produtos pela bactéria salmonela. O novo problema enfrentado pela BRF teve forte impacto na cotação da empresa na bolsa de São Paulo. As ações ON fecharam em queda de 19,75% e a companhia perdeu, em um só dia, R$ 5 bilhões de seu valor de mercado. Desde novembro, quando foi anunciado o nome do novo CEO, a perda foi de R$ 13,4 bilhões.

VALOR ECONÔMICO

Executivos agiram para abafar fraude

A Polícia Federal prendeu dez pessoas, entre elas o ex-presidente da BRF, Pedro de Andrade Faria, e cumpriu buscas em endereços da empresa em São Paulo durante a terceira fase da Operação Carne Fraca, a “Trapaça”, realizada ontem

Também houve busca na sede da Tarpon, gestora de recursos da qual Faria é sócio. Em um dos e-mails sobre o processo trabalhista, Pedro Faria escreve ao então vice-presidente de operações da BRF, Hélio Rubens Mendes dos Santos Júnior: “É um absurdo. Impressionante como sempre levamos bucha dos mesmos lugares. Hélio, por favor, avalie algo drástico por lá”. Depois disso, Hélio repassa a mensagem e, no fim, um advogado propõe aumentar a indenização para Adriana Marques Carvalho para “não deixar o processo andar”. “Pedro de Andrade Faria atuou de modo deliberado para burlar a fiscalização federal e ocultar a ocorrência de bactéria Salmonela pullorum nas matrizes da BRF”, relata decisão do juiz André Duszczak, da 1 ª Vara Federal Criminal de Ponta Grossa (PR). Ao todo, a ação policial autorizada pelo magistrado contou com 91 mandados judiciais, sendo 11 de prisão temporária e 53 de busca e apreensão envolvendo investigados e 27 de condução coercitiva de testemunhas. As ordens atingiram alvos em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. Três fábricas em que a BRF abate aves – em Carambeí, no Paraná, e Mineiros e Rio Verde, em Goiás, foram alvos de mandados de busca, tiveram suspensas as autorizações para exportar e correm o risco de serem fechadas caso os agentes encontrem novos indícios de irregularidades. Outra planta do grupo, em Chapecó (SC), que produz rações, também foi vasculhada por policiais. Estão na mira, ainda, dois laboratórios de análises da própria BRF e três que pertencem ao grupo Mérieux NutriSciences, que informou estar colaborando com as investigações. Todos são suspeitos de omitir a presença de subtipos da bactéria salmonela em análises de produtos da BRF e de substituir resultados desfavoráveis à empresa por outros que não indicaram problemas de contaminação. “Na primeira fase [da Carne Fraca], havia funcionários [do Ministério da Agricultura] envolvidos, inclusive superintendentes, gente ligada a agentes políticos. Então, não era possível trabalhar com o ministério. Agora, tivemos todo o apoio do ministério para identificar as fraudes. E trabalharemos juntos na análise do material”, disse o delegado Maurício Moscardi Grillo, Coordenador da operação Carne Fraca na Polícia Federal. No encontro da PF e do MPF com a imprensa estava presente o Coordenador-Geral de Inspeção do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do ministério, Alexandre Campos da Silva, e o Coordenador-Geral da Fiscalização Fiscal Agropecuária, Rodrigo Barbosa Nazareno. Apenas em 2017, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recebeu 410 notificações de presença de salmonela em níveis acima do tolerado vindas de países que são mais rigorosos que o Brasil quanto ao patógeno – entre os quais, China, Rússia, África do Sul e União Europeia. “Cerca de 80% das notificações vieram da UE. Quando não se detecta aqui, mas no país de origem, se fragiliza o sistema de inspeção federal”, disse Campos da Silva. Há dois mil subtipos de salmonela, e só dois causam problemas à saúde. Esses dois não foram encontrados nas análises suspeitas. O delegado Maurício Moscardi Grillo relatou que a troca de e-mails entre executivos e pessoal do controle de qualidade da BRF foram “provas bastante consistentes”, que deixaram “evidente esquema de fraude bastante complexo, para burlar a fiscalização e a atuação do Ministério da Agricultura”. No despacho em que autorizou a terceira fase da Carne Fraca, o juiz federal também registra haver fraudes na fabricação do composto premix, utilizado como suplemento de rações. Em e-mail transcrito no despacho do juiz André Wasilewski Duszczak, uma das funcionárias da BRF alerta para “o risco de serem ‘pegos'” pela inspeção federal, uma vez que “raramente declaramos corretamente os produtos” e, “em casos de auditoria surpresa ou rastreabilidade imediata, dá para imaginar que não tenhamos tempo ágil, para alterar tudo o que é necessário”. Esse e outros e-mails, no entendimento do juiz, revelam que as fraudes são frequentes. Corroboram tais suspeitas depoimentos dos fiscais federais agropecuários Antônio Carlos Prestes Pereira e Nicole Plugge, que constataram a contaminação quando houve fiscalização da planta da empresa em Carambeí. Segundo uma fornecedora, o gerente da unidade da BRF no município tinha conhecimento da ocorrência da bactéria e nada fez.

VALOR ECONÔMICO

Minerva tem prejuízo de R$ 280,9 milhões em 2017

A Minerva Foods teve um prejuízo de R$ 280,9 milhões em 2017, afetada por impacto negativo da variação cambial no resultado financeiro além de aumento de custos e despesas, conforme o demonstrativo de resultados divulgado na noite de segunda-feira (05)

A receita líquida da empresa de carnes subiu 25,4% no ano, para R$ 12,1 bilhões, refletindo elevação da capacidade de produção. Se consideradas as receitas proforma das novas unidades adquiridas da JBS no Mercosul, a receita líquida atingiu R$ 14 bilhões. “Após a conclusão desta aquisição em agosto, as operações brasileiras passaram a representar 45% da capacidade total da companhia, enquanto 21% estão no Paraguai, 19% na Argentina, 12% no Uruguai e 3% na Colômbia”, disse o Presidente da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, em comunicado de divulgação dos resultados. O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado para considerar os ativos adquiridos no Mercosul somou R$ 1,26 bilhão em 2017, 28% maior que em 2016. A margem EBITDA ajustada caiu 1,2 ponto percentual em relação a 2016, para 9%. Ao longo de 2017, a Minerva abateu 2,8 milhões de cabeças de gado, 30% acima do registrado no ano anterior, e vendeu 731,6 mil toneladas de carnes. Após a integração dos ativos adquiridos da JBS no Mercosul no ano passado, a Minerva irá agora focar na desalavancagem financeira, segundo informou no demonstrativo de resultados. A empresa fechou 2017 com endividamento medido por dívida líquida/EBITDA a 4,6 vezes, ante 3,4 vezes ao final de 2016.

CARNETEC

INTERNACIONAL

Seca deve estimular abate em 3,6% na Argentina, para 13 milhões de cabeças, diz USDA

A seca na Argentina deve levar pecuaristas a abaterem mais animais neste ano, aumentando a atividade em 3,6% ante o registrado em 2017, para 13 milhões de cabeças, afirma o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no país, em relatório

“A temporada de seca está forçando criadores a enviar vacas e bezerros para o abate mais cedo e mais magros, para aliviar as pastagens”, diz o braço argentino agrícola do governo norte-americano. O adido projeta que o país deve produzir 14,3 milhões de bezerros este ano, 500 mil cabeças a menos do que o projetado oficialmente pelo USDA. “Embora muito difícil de medir neste momento, o clima severo experimentado nos últimos três meses deve afetar negativamente a produtividade”, diz. “Se esse padrão climático continuar nos próximos meses (alguns meteorologistas locais estão prevendo isso), espera-se que o número de bezerros caia ainda mais”, relata. O rebanho local deve ficar em 54 milhões de cabeças em 2018. Em relação à carne bovina, o maior abate deve elevar a produção para 2,930 milhões de tonelada equivalente carcaça (TEC), ante 2,830 milhões de t em 2017, um crescimento de 3,5% nas projeções do adido.

Estadão.

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