Ano 3 | nº 579 | 16 de agosto de 2017
NOTÍCIAS
Oferta baliza o mercado do boi gordo e o viés altista ganha cada vez mais força
O cenário está cada vez mais firme no mercado do boi gordo
No início desta semana foram observadas muitas indústrias fora do mercado, estudando suas estratégias para a semana. Na última terça-feira (15/8), com a maioria das indústrias com preços definidos, o que se observou foi um cenário de grande firmeza no mercado, com alguns frigoríficos ofertando até R$4,00/@ a mais em relação ao último fechamento. Essa pressão de alta é reflexo da baixa oferta de boiadas. Alguns frigoríficos, que no início do mês trabalhavam com escalas de até uma semana, hoje já trabalham com apenas um ou dois dias de escala. Para o curto prazo, a dificuldade de compra deve continuar a determinar os rumos do mercado do boi.
SCOT CONSULTORIA
Preços do boi gordo continuam subindo no Brasil e tendência de alta é consistente
Escalas em processo de encurtamento, sugestão de margens positivas no atacado e varejo, além de bons números nas exportações brasileiras criam um ambiente favorável para a recuperação das cotações no Brasil. Mercado se volta, finalmente, aos fundamentos. Negócios na casa dos R$ 131/@ e, pontualmente, nos R$ 140.
Lygia Pimentel, consultora da Agrifatto, destaca que, no mercado do boi gordo, as escalas estão em processo de encurtamento, tendo em vista que há uma sugestão de margem positiva na comparação do preço da carne com o animal. As exportações vêm bastante aceleradas, o que gera um interesse da indústria em manter a atividade alta. Estes fatores trazem alívio para os frigoríficos neste momento. Há uma oferta que permite escalas em níveis confortáveis, apesar do período de entressafra no mercado. Neste momento, o pecuarista está voltando a negociar, de maneira tranquila, elevando os valores recebidos pelo boi gordo, fator que é percebido pelo indicador Cepea/Esalq. A alta vai se consolidando conforme o avanço da entressafra. O primeiro giro de confinamento veio bastante fraco por conta das incertezas. Agora, o segundo giro vem mais forte, também em um interesse especulativo, de olho nos fundamentos essenciais do mercado. Entretanto, ainda há um certo risco, mais elevado do que a média, necessitando um período para que este mercado possa se estabilizar em relação a estes fatores. Neste momento, os negócios estão por volta de R$131/@ em São Paulo, com negócios esporádicos acima dos R$140/@, mas muito pontuais. A tendência deve continuar firme nas próximas semanas, como destaca Pimentel.
NOTÍCIAS AGRÍCOLAS
“Mercado interno deve se recuperar”
Executivo do Minerva acredita em retomada dos preços da carne e no poder de compra do consumidor
Os executivos da Minerva projetam uma recuperação das vendas e de preços no mercado interno ao longo deste segundo semestre. “O pior já passou”, disse o Diretor Financeiro da empresa, Edison Ticle, durante teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre. Para ele, o atual cenário é mais construtivo, com uma recuperação nos preços da carne bovina e o início da recuperação do poder de compra do consumidor, embora com atraso em relação ao que era esperado. A leve alta do preço do boi gordo no segundo semestre em relação ao primeiro, não deve comprometer as margens da empresa, afirmou Ticle, já que o aumento da cotação da carne equilibra a relação. Apenas na terça-feira, 15 de agosto, o indicador Esalq/Cepea do boi gordo avançou 3,19% no valor à vista, para R$ 133,20/arroba. Ticle comentou também sobre o indicador tido como referência para o mercado pecuário. “O indicador Esalq deixou de representar o preço real para os frigoríficos, mas ainda apresenta a tendência”, afirmou. Os executivos afirmaram também que estão apostando no crescimento da exportação de gado vivo. No segundo trimestre, o segmento apresentou sinais de recuperação e apresentou aumento de 47% de sua receita no comparativo ao segundo trimestre de 2016 e de 104% em relação ao primeiro trimestre deste ano. Esse desempenho pode ser atribuído à crescente demanda dos países do Oriente Médio. A Minerva Foods reportou na terça prejuízo líquido de R$ 55,6 milhões no segundo trimestre de 2017, revertendo um lucro líquido de R$ 89 milhões em igual período de 2016, principalmente por causa da variação cambial. Segundo os executivos da empresa, a oscilação do dólar ante o real gerou uma despesa financeira de R$ 140 milhões. Apesar do resultado negativo, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 277,3 milhões entre maio e julho, um aumento de 16,2% ante igual trimestre do ano anterior e recorde para um segundo trimestre do ano. A margem Ebitda passou de 10,7% para 10,8%, na mesma base de comparação. A receita líquida ficou em R$ 2,579 bilhões no segundo trimestre, com alta de 16,1% em relação a igual período do ano anterior, quando totalizou R$ 2,221 bilhões. Ante o primeiro trimestre de 2017, quando a receita líquida foi de R$ 2,141 bilhões, houve alta de 20,4%. A empresa reafirmou um guidance de receita de R$ 13 bilhões a R$ 14,4 bilhões para os próximos 12 meses, de julho de 2017 a junho de 2018. Já a receita bruta de abril a junho foi de R$ 2,767 bilhões, 17,1% acima do apurado no segundo trimestre de 2016 e também recorde para o período. A alavancagem representada pela relação entre dívida líquida/Ebitda da Minerva Foods subiu de 3,8 vezes no primeiro trimestre de 2017 para 4,1 vezes no segundo trimestre.
ESTADÃO CONTEÚDO
Valor da produção de 2017 é atualizado em R$ 535,4 bilhões
O resultado das lavouras corresponde a R$ 367,9 bilhões e o da pecuária a R$ 167,5 bilhões
O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2017 está estimado em R$ 535,4 bilhões, 4,5% acima do obtido em 2016 (R$ 512,5 bilhões). O VPB – reajustado com base nas informações de julho – foi divulgado na terça-feira (15) pela Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O resultado das lavouras corresponde a R$ 367,9 bilhões e o da pecuária a R$ 167,5 bilhões. O crescimento do valor real das lavouras é de 10,2%, enquanto o da pecuária apresenta recuo de 6,3%. De acordo com o Coordenador-Geral de Estudos e Análises da SPA, José Garcia Gasques, como o ano agrícola está quase encerrado para a maior parte das lavouras, não deve haver mudanças acentuadas daqui até o fim do ano. Enquanto no ano passado os preços agrícolas foram decisivos na formação do valor da produção, neste ano o fator mais importante na composição do valor é a produtividade. “Isso acontece em função da safra recorde de grãos, estimada em 238,2 milhões de toneladas pela Conab, e de 242,1 milhões segundo o IBGE”, analisa Gasques. A expansão de área e os preços têm importância menor na composição do valor de 2017. De uma lista de produtos que têm apresentado resultados mais favoráveis, destacam-se o algodão, com aumento real de 75,6%, cana de açúcar (46,4%), laranja (25,2%), milho (19,3%) e soja (2,3%). O valor da produção de soja, de R$ 115,6 bilhões, corresponde a 31,4% do VBP total, mas, segundo estudo da SPA, houve anos em que a participação foi maior, como em 2015 e 2016. Para o coordenador-geral de Estudos e Análises, pode-se dizer que milho, soja e cana de açúcar têm sustentado o crescimento do faturamento do setor. Na pecuária, suínos e leite, que têm se beneficiado de aumento de preços ao produtor, são os principais destaques. Mas carne bovina, de frango e ovos têm tido retração de preços, o que resulta em menor faturamento dessas atividades. Há um grupo de produtos das lavouras que vêm apresentando desempenho menos favorável na comparação com o ano passado. Isso se deve a menores níveis de produção ou de preços. Mas neste ano, para a maior parte do grupo, como banana, batata-inglesa, cacau, cebola, feijão e maçã, a principal razão da retração são preços menores na comparação com 2016. Em alguns, como café e trigo, há uma combinação de preços mais baixos e quantidades também menores. Os valores da produção regional mostram a liderança do Sul, com o VBP de R$ 141,3 bilhões, seguida pelo Centro-Oeste (R$ 138,6 bilhões), Sudeste (R$ 137,5 bilhões), Nordeste (R$ 50,1 bilhões) e Norte (R$ 32,5 bilhões). Os estados de São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás e Bahia, representam conjuntamente 70,5% do VBP neste ano. Veja os números do VBP nacional e regional.
MAPA
Carne Kosher pode abrir novas possibilidades ao Brasil
Com foco em bem-estar animal, abate religioso pode ajudar país a colocar maior valor agregado na carne exportada
Principal mercado de carne bovina procedente de abate Kosher do mundo, o governo de Israel notificou recentemente os frigoríficos sobre uma série de novas normativas que passam a valer a partir de julho de 2018. A mais importante delas é que o país só importará carne de frigoríficos que utilizarem uma caixa rotativa de contenção para minimizar o estresse durante o abate. Hoje, os animais ficam no chão e necessitam de alguém para segurá-los. Segundo o consultor especializado em abate Kosher, Felipe Kleiman, cada caixa custa em torno de R$ 400.000, além dos gastos com instalação e treinamento. Como o procedimento deve reduzir a velocidade de abate, o especialista diz que uma boa estratégia para os frigoríficos seria trabalhar com duas caixas na mesma operação, o que dobraria os custos, mas agilizaria a operação. “Sem dúvida, não é um investimento barato. No entanto, essas adequações podem ser uma grande oportunidade para o Brasil ampliar suas exportações e alcançar uma fatia maior do mercado mundial de carne Kosher”, destacou Kleiman. “E também podem colocar mais valor agregado ao produto, já que se prioriza o bem-estar animal”, acrescentou. Um dos aspectos mais atrativos do mercado israelense é o preço. No ano passado o Brasil arrecadou US$ 70 milhões com a exportação de 14.000 t de carne bovina para Israel. O preço médio da tonelada foi de US$ 5.000, 23,8% maior do que os US$ 4.038 da média geral por tonelada das exportações totais de carne bovina in natura do País no ano passado. Kleiman acredita que é possível ampliar o volume embarcado para Israel para 20.000 ou 22.000 t. “O Brasil já chegou a exportar mais de 34.000 t de carne para Israel em 2008, mas acabou perdendo espaço para os demais países do Mercosul”. Atualmente, Israel importa cerca de 68.000 t de carne bovina oriunda de abates Kosher, sendo que 80% desse total provém da América do Sul. Os principais fornecedores são Argentina e Uruguai. Além deles, a Polônia surge como outro importante player, principalmente, devido à proximidade com Israel. Outro importante mercado global de carne Kosher são os EUA, que entre produção doméstica e importação, consome mais de 60.000 t de carne por ano. Como a produção local não é suficiente para atender à demanda, os americanos importam carne Kosher de países como México e Uruguai. Além deles, o especialista destaca a União Europeia como um mercado em ascensão. De acordo com ele, diversos países da região têm proibido os frigoríficos locais de realizar abates religiosos, e como a população judia do bloco é grande, a solução será importar carne de outros países. O abate Kosher é um procedimento religioso que visa atender aos mercados judaicos, principalmente Israel. É usada uma faca específica (chalaf) que causa sangria e a morte imediata sem causar dor ao animal. Após isso, os órgãos internos são inspecionados por um rabino para detectar anomalias fisiológicas que classifiquem a carne como imprópria para consumo. Caso não seja encontrada nenhuma anomalia como nódulos, abcessos, é feita a submersão e salga da carcaça, visando extrair o máximo de sangue da carne. Por fim, é feita a desossa dos cortes e a carne recebe o selo que atesta os padrões estabelecidos pela Torá. Atualmente, a exportação Kosher consiste principalmente de cortes do dianteiro. Para que os cortes de traseiro possam ser consumidos pelos judeus, é necessário que seja retirado o nervo ciático do animal, o que não é feito rotineiramente. Também são removidos algumas veias e sebos.
Portal DBO
EMPRESAS
Marfrig espera margem de 8% a 10% em margem de divisão Beef no 3º trimestre
Estamos com alta atividade neste terceiro trimestre
O grupo frigorífico e de alimentos Marfrig espera uma melhora de margem de lucro de sua divisão Beef no terceiro trimestre, apoiada por reabertura de unidades e uma oferta ainda positiva de gado bovino para abate, afirmou o presidente-executivo da companhia, Martin Secco, nesta terça-feira. “Estamos com alta atividade neste terceiro trimestre…Os mercados para onde estamos vendendo estão mostrando recuperação o que permite que nossos resultados sejam bons”, afirmou o executivo durante teleconferência com analistas. “Esperamos margem de 8 a 10 por cento para a divisão Beef no terceiro trimestre”, acrescentou. No segundo trimestre, a divisão, principal da companhia e que abriga operações no Brasil, Uruguai e Chile, teve margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustada de 8,2 por cento. Segundo Secco, a Marfrig deve terminar 2017 com capacidade de abate de bovinos de 377 mil cabeças por mês e abate efetivo de mais de 300 mil animais mensais, se aproximando de pico de 2014, quando a empresa começou a paralisar unidades para fazer frente a um quadro de baixa oferta de gado e redução da demanda.
JBS prevê ciclo positivo nos EUA até 2020
Se enfrenta o período mais crítico de sua história no Brasil, a JBS só tem motivos para comemorar nos EUA
Com dez anos recém-completados em território americano, a companhia nunca ganhou tanto dinheiro no país – e a boa fase está no início. À frente da JBS USA, divisão que representa 70% das vendas do grupo brasileiro, André Nogueira prevê ventos favoráveis até 2020. Isso porque o crescimento da oferta de boi gordo nos EUA tende a impulsionar a produção de carne bovina da empresa, o que deverá engordar sua geração de caixa e acelerar a redução do endividamento. No segundo trimestre deste ano, a JBS USA registrou receita líquida de US$ 9,3 bilhões – equivalente a R$ 30,8 bilhões, considerando a cotação do dólar no fim de junho – 8% mais que no mesmo intervalo de 2016 (US$ 8,6 bilhões). No primeiro semestre, o crescimento observado foi de 7%, para US$ 17,6 bilhões. “Entregamos os melhores seis meses da história com a perspectiva de que o segundo semestre será ainda melhor”, disse Nogueira ao Valor. Em teleconferência com analistas ontem sobre os resultados da companhia, o presidente global da JBS, Wesley Batista, disse que a rentabilidade da JBS USA Beef – que também engloba os negócios de bovinos em Canadá e Austrália – neste terceiro trimestre será maior que a do segundo, que já foi recorde. Sozinho, o negócio de carne bovina comandado por Nogueira normalmente responde por 25% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). Em momento de dificuldade no Brasil como o atual alcança quase 30%. E é ancorada na boa fase nos EUA que a JBS acredita que pode atingir um índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda anual) de 3,5 vezes já no fim de 2017. No recente acordo de renegociação de dívida firmado com os bancos no Brasil, a companhia se comprometeu a atingir esse nível no ano que vem. “Vamos surpreender o mercado com a redução de alavancagem já no terceiro trimestre”, afirmou Batista. Para tanto, o empresário aposta suas fichas nos Estados Unidos, além dos R$ 6 bilhões que a JBS pretende obter com a venda de ativos – a irlandesa Moy Park, a americana Five Rivers e a fatia minoritária na Vigor, cuja venda à mexicana Lala já foi anunciada. Nogueira ressaltou que não é só o negócio de carne bovina que vai bem. Em carne suína, a empresa segue avançando, com crescimento da produção nas linhas de “case ready”, produtos vendidos na bandeja nos supermercados. Também em aves – a JBS é dona da Pilgrim’s Pride, que produz carne de frango nos EUA, Porto Rico e México -, as perspectivas são boas, em razão da queda das cotações do milho. “No último relatório do USDA [Departamento de Agricultura dos EUA] ficou claro que o rendimento do milho está muito acima do que o mercado esperava no país”, disse Nogueira. Desde a semana passada, quando o órgão revisou suas estimativas para a safra americana, os preços recuaram quase 2,6%. Mesmo na Austrália, onde a produção de carne bovina caiu 10% no primeiro semestre, já é possível notar uma recuperação, disse o Presidente da JBS USA. Mas o cenário se inverteu e, nas últimas semanas, o nível de produção cresceu na comparação anual. Com isso, a expectativa é que a Austrália, que está entre os maiores exportadores de carne bovina do mundo, atrás de Brasil e EUA, feche o ano com uma produção estável ou em uma ligeira queda de 2%. A partir do ano que vem, a Austrália contribuirá com os resultados da JBS mais decisivamente. De acordo com o executivo, a rentabilidade do negócio de carne bovina na Austrália é estruturalmente mais alta que nos EUA, o que não está acontecendo agora devido à restrição de gado bovino no país. “Mas ano que vem equipara e em 2019 volta a ficar acima”, previu. Ainda na avaliação do presidente da divisão da JBS, a melhora de oferta de gado na Austrália no médio prazo só tem aspectos positivos. De acordo com ele, o crescimento da demanda na Ásia faz com que a competição entre EUA e Austrália nas exportações seja menor. De certa forma, argumentou, isso já pode ser visto neste ano. Com a maior oferta de boi, as exportações americanas de carne bovina ao Japão aumentaram 25%, mas os australianos não reduziram as vendas. “Isso é o crescimento da demanda doméstica [do Japão] e reposição da produção”, disse, citando a queda da produção do Japão. Por outro lado, Nogueira reconheceu que a combinação entre a maior oferta nos EUA e a menor na Austrália fez os frigoríficos do país da Oceania reduzirem os embarques aos EUA. Os australianos também perderam espaço na China, mas nesse caso para os brasileiros. De modo geral, porém, há demanda para todo os exportadores, disse.
VALOR ECONÔMICO
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