Ano 3 | nº 578 | 15 de agosto de 2017
NOTÍCIAS
Cenário de oferta reduzida colabora para pagamentos maiores no mercado do boi gordo
A semana começou com preços firmes para o mercado do boi gordo. Das trinta e duas praças pesquisadas na Scot Consultoria, houve alta em nove na última segunda-feira (14/8)
O baixo volume de animais terminados, com consequente encurtamento das escalas, é o principal fator que colabora para os pagamentos maiores. Além disso, a alta dos últimos dias colaborou para que o pecuarista que ainda tem boiadas terminadas aguarde para negociar. Em São Paulo, a referência para o macho terminado subiu e ficou cotada em R$131,00/@ à vista, livre de Funrural, alta de 4,8% nos últimos sete dias. No estado, as escalas de abate giram em torno de quatro dias, tendo algumas indústrias com escalas mais apertadas. No mercado atacadista de carne com osso, o boi casado de animais castrados ficou cotado em R$9,05/kg.
SCOT CONSULTORIA
Preço do sebo bovino subiu 5,1% na comparação mensal, mas caiu em relação ao início do ano
A demanda por sebo bovino segue razoável, apesar do período de temperaturas menores. Não houve mudança no preço de referência na última semana
Segundo levantamento da Scot Consultoria, no Brasil Central o produto está cotado em R$2,05/kg, sem imposto, um acréscimo de 5,1% na comparação mensal. Em relação ao início do ano, no entanto, o recuo acumulado foi de 21,2%. No mesmo intervalo a cotação da soja, que compete com a gordura animal na produção de biodiesel cedeu 21,7%, considerando a referência em Paranaguá-PR. Nas praças paulistas o recuo médio foi de 35,9% para o grão.
SCOT CONSULTORIA
Marasmo no mercado de reposição do Pará
As seguidas recuperações nas cotações da arroba no estado, viabilizadas pela baixa disponibilidade de animais terminados, não foram suficientes para aumentar o ímpeto dos compradores de animais de reposição
Outro fator que colabora com o compasso lento das negociações é o clima. A estiagem no Pará chegou mais cedo que o previsto e não há probabilidades de chuva para os próximos três meses. Por essa razão os pastos estão com fraca capacidade de suporte e em curto prazo não há perspectiva de melhora para esse cenário. No balanço anual, em média, o preço de todas as categorias de reposição recuou 7,0%, frente a 4,2% de queda para o boi gordo. Esse cenário melhorou a relação de troca. Em agosto do ano passado, por exemplo, comprava-se 1,8 bezerros de 7,5@ com o preço de venda de um boi gordo de 16,5@, atualmente compra-se 1,9. Melhora de 4,5% no poder de compra do pecuarista. A expectativa é que os ajustes positivos no mercado do boi gordo movimentem o mercado de reposição, entretanto a condição climática do estado demanda cuidado nas negociações.
SCOT CONSULTORIA
Número de animais confinados será menor do que o previsto em MT
Desvalorização da arroba diminui a intenção dos pecuaristas de confinar; total no Estado deve chegar a 645.728 cabeças; em abril, expectativa era de 701.850. Segundo o Imea, 64% dos entrevistados apontaram que a queda da @ foi o principal problema em 2017
A desvalorização do preço do boi gordo à vista e no mercado futuro fez com que os pecuaristas revissem a intenção sobre o volume de animais confinados este ano. O segundo levantamento de 2017, realizado em julho, aponta queda de 8% no número de animais que devem ser levados para terminação no cocho. Para a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), os dados demonstram que o pecuarista está mais cauteloso e fazendo as contas antes de tomar a decisão. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apurou a intenção de 179 unidades confinadoras, o que representa 80% do total registrado no Estado. Segundo os dados repassados, o número de animais confinados deve cair de 701.850, conforme informado em abril, para 645.728. Em 2016, Mato Grosso confinou 615.895 animais. A redução é fruto da queda no preço do boi gordo no mercado físico, 9% menor na comparação com janeiro e 11% menor que o preço registrado em julho do ano passado, quando a arroba estava R$ 130,95. Na última semana, a arroba do boi foi cotada a R$ 116,77 à vista sem desconto do Funrural. O Diretor-Executivo da Acrimat, Luciano Vacari, explica que apesar do custo da ração estar menor, as incertezas do mercado e a desvalorização no preço da arroba fizeram o pecuarista rever o confinamento. “O produtor está fazendo as contas. Isso mostra amadurecimento do setor em avaliar o custo e previsão de preço. Sem perspectiva de mercado, não tem como investir”, afirma Vacari. Sobre a entrega de animais, os pecuaristas estão se preparando para disponibilizar o rebanho no último quadrimestre do ano, isso porque há estimativas de que o mercado esteja melhor no período. A BM&F Bovespa, por exemplo, fechou na última semana a arroba por R$ 139,46 para outubro. O valor é melhor do que o praticado a um mês, quando o preço era R$ 119,83, mas ainda está aquém do fechado em julho de 2016, quando arroba era cotada a R$ 173 para outubro daquele ano. Segundo o Imea, 64% dos entrevistados apontaram que a desvalorização da arroba foi o principal problema da atividade este ano. Por isso, mesmo com queda de 55% no preço do milho, 33% no valor do farelo de soja e de 25% no caroço de algodão, o pecuarista não manteve a intenção de confinar. O 2º levantamento sobre o confinamento apontou aumento no percentual de animais rastreados, que passou de 67% em 2016 para 73% este ano. Isso demonstra que o produtor está focado em mercados mais exigentes, como o europeu. Outro apontamento do relatório foi a maior diversidade de raças no rebanho confinado. Ano passado, 82% dos animais eram nelore e, este ano, este percentual é de 76%.
Acrimat
EMPRESAS
Marfrig anuncia reabertura de mais 3 unidades frigoríficas
A Marfrig Global Foods irá reabrir três unidades frigoríficas nos estados de Rondônia (Ji-Paraná), Mato Grosso do Sul (Paranaiba) e Rio Grande do Sul (Alegrete) até o fim de setembro, informou a empresa no fim da segunda-feira (14)
“Após a implementação dessas reaberturas estima-se que a operação brasileira da divisão Beef eleve sua capacidade de abate para cerca de 300 mil cabeças/mês. Esse aumento está alinhado à estratégia da companhia na busca pelo crescimento sustentável”, informou a empresa em comunicado. O ciclo favorável de bovinos no Brasil, com aumento da oferta de bois para abate, motivou a companhia a ampliar as operações neste ano. A Marfrig já havia informado no início de julho que reabriria as unidades frigoríficas de bovinos localizadas em Nova Xavantina (MT) e Pirenópolis (GO) a partir da segunda quinzena daquele mês.
CARNETEC
Variação cambial tirou Minerva Foods do azul
A depreciação do real ante o dólar afetou o resultado da Minerva Foods, segunda maior exportadora de carne bovina do Brasil, no segundo trimestre
Entre abril e junho, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 55,6 milhões. No mesmo intervalo do ano passado, houve lucro de R$ 89 milhões. Não fosse a variação cambial de cerca de R$ 140 milhões, a Minerva teria lucrado quase R$ 70 milhões no segundo trimestre, disse o Diretor Financeiro da empresa, Edison Ticle. Segundo ele, o prejuízo não tem efeito sobre o caixa da Minerva porque se refere ao aumento do valor – em reais – da dívida da empresa em moeda estrangeira. No segundo trimestre, o dólar (ptax) subiu 4,4%, passando de R$ 3,16 para R$ 3,30. Como a maior parte do passivo só vencerá no longo prazo, não existe desembolso. Do ponto de vista operacional, a Minerva teve “expressivo” crescimento, disse Ticle. No segundo trimestre, a receita líquida totalizou R$ 2,579 bilhões, 16,1% mais que em igual período de 2016. Na mesma base de comparação, o volume vendido pela companhia cresceu 10,2%, para 148,7 mil toneladas. O crescimento da Minerva, que ampliou os abates em 5,8%, ocorreu mesmo em um período turbulento. Em abril, os frigoríficos brasileiros estavam sob pressão da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, que gerou embargos à carne nacional e derrubou os embarques do país. Mas a retração dos abates da JBS – tanto em decorrência da Carne Fraca quanto em razão da delação dos irmãos Batista, em maio – favoreceu a Minerva, que ampliou seu nível de utilização de capacidade de 65% para 70% ao longo do trimestre. As exportações da Minerva, que também incluem a carne produzida no Paraguai, no Uruguai e na Colômbia, aumentaram 4,1% nesse intervalo. A maior oferta de bois para abate também favoreceu a empresa. “Nossos modelos indicam a virada do ciclo e vai ter ampliação da oferta em 2018 e 2019”, projetou Ticle. Nesse cenário, a Minerva reabriu, em julho, a unidade de Mirassol D’Oeste (MT). Para retomar os abates, precisou investir e injetar capital de giro. Diante disso, a Minerva teve um fluxo de caixa negativo de R$ 231,7 milhões. De acordo com Ticle, os investimentos para ampliar os abates, os US$ 350 milhões captados para adquirir os ativos da JBS no Mercosul e a valorização do dólar contribuíram para elevar o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda em doze meses), de 3,8 vezes em março a 4,1 vezes em junho, mas o executivo vê oportunidades “significativas” de desalavancagem.
VALOR ECONÔMICO
Cai prejuízo da Marfrig, que amplia seus abates
A Marfrig Global Foods, segunda maior empresa de carne bovina do país, reportou um prejuízo líquido de R$ 156,9 milhões no segundo trimestre, queda de 21,8% na comparação com a perda de R$ 200,5 milhões vista do mesmo intervalo de 2016
Com praticamente 80% das vendas em moeda estrangeira, a Marfrig foi afetada pela valorização do real em relação ao mesmo período do ano passado. Por conta disso, a receita líquida da companhia caiu 8%, para R$ 4,3 bilhões. A tradução cambial “anulou” o efeito positivo da subsidiária americana Keystone, cuja receita líquida cresceu 4% na mesma base de comparação, atingindo US$ 697 milhões. Assim como aconteceu com as receitas, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Marfrig foi afetado pelo câmbio. No segundo trimestre, o Ebitda ajustado da companhia foi de R$ 318,9 milhões, redução de 8% ante os R$ 424 milhões reportados em igual intervalo do último ano. A margem Ebitda ajustada ficou estável em 9,1%. Em dólar, a Keystone reportou um Ebitda recorde no segundo trimestre, de US$ 69 milhões, informou a Marfrig. A margem da subsidiária, que tem operações na Ásia e é especializada no atendimento de redes de restaurantes, também ficou estável, em 9,8% no período. Na divisão de carne bovina, o que inclui frigoríficos no Brasil e no Uruguai, a Marfrig foi atingida pela Operação Carne Fraca, o que prejudicou as vendas sobretudo em abril. Além disso, a apreciação do real na comparação anual também prejudicou a receita em reais das exportações. No segundo trimestre, a receita líquida da divisão de carne bovina da Marfrig alcançou R$ 2,068 bilhões, queda de 10% na comparação anual. Em razão da Carne Fraca, o volume comercializado diminuiu 5%, para 249 mil toneladas. Ao Valor, o presidente da Marfrig, Martín Secco, destacou a retomada dos abates ao longo do trimestre. Se em abril, mês mais crítico após a Carne Fraca, a empresa abateu apenas 130 mil bovinos no Brasil, em junho a companhia atingiu a plena capacidade de 170 mil cabeças mensais. Os abates da Marfrig foram puxados pela reversão do ciclo da pecuária, que ampliou a oferta de gado. O executivo não comentou, mas a delação da JBS também teve impacto, já que a rival reduziu sua produção. De todo modo, a Marfrig aposta que a oferta de gado estará mais favorável nos próximos meses. Tanto é assim que, ontem, a Secco confirmou que a empresa reabrirá mais três frigoríficos no Brasil – Ji-Paraná (RO), Paranaíba (MS) e Alegrete (RS), além das duas plantas que foram reabertas este ano. Com isso, a Marfrig poderá elevar abates em 76% 80%, para 300 mil.
VALOR ECONÔMICO
Dólar e bovinos no Brasil golpeiam lucro líquido da JBS
A depreciação do real no segundo trimestre ofuscou o forte desempenho operacional da JBS
Em comunicado divulgado ontem, a empresa informou que registrou lucro líquido de R$ 309,8 milhões no intervalo, uma queda de 79,8% na comparação com o resultado registrado pela companhia entre abril e junho do ano passado (R$ 1,5 bilhão). A redução do lucro da JBS refletiu, sobretudo, o impacto negativo de R$ 1,1 bilhão da variação cambial. A empresa tem a maior parte de suas dívidas em moeda estrangeira e, com isso, é afetada pela depreciação do real ante o dólar. Neste sentido, a compra de dólares feita pela JBS antes da delação dos irmãos Batista vir a pública – e que é investigada pela Polícia Federal – no máximo atenuou a perda com variação cambial registrada pela companhia. Por outro lado, como o real se valorizou na comparação com o segundo trimestre do ano passado, a receita líquida da JBS, que obtém a maior parte das vendas fora do Brasil, caiu. Nesse contexto – e também afetada pela redução das vendas no Brasil -, a JBS teve receita de R$ 41,6 bilhões, 4,6% menor que em igual período de 2016. Operacionalmente, porém, a JBS reportou um desempenho melhor, impulsionado pelo bom momento dos negócios nos Estados Unidos. No segundo trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da JBS chegou a R$ 3,757 bilhões, crescimento de 29,9% na comparação com os R$ 2,892 bilhões do mesmo intervalo do ano passado. Com isso, a margem Ebitda ajustada da empresa saiu de 6,6% no segundo trimestre do ano passado para 9% no trimestre encerrado em junho. Principal divisão de negócios da JBS, a frente que reúne as operações de carne bovina nos Estados Unidos, Canadá e Austrália reportou um Ebitda de US$ 324,2 milhões no segundo trimestre, mais de dez vezes superior ao Ebitda de US$ 27 milhões reportado um ano antes. Com isso, a margem Ebitda nessa divisão saltou de 0,5% para 5,9%. Também nos Estados Unidos, o negócio de carne suína da companhia teve um Ebitda de US$ 177,8 milhões, crescimento de quase 30% na comparação anual, e a margem Ebitda ficou em 11,7%, aumento de 1,6 pontos percentuais na comparação anual. No Brasil, a JBS Mercosul, que reúne as operações de carne bovina na América do Sul – e que foi a mais afetada tanto pela Operação Carne Fraca quanto pela delação dos irmãos Batista -, teve um Ebitda de R$ 261 milhões no segundo trimestre, queda de 42,9%, No entanto, a divisão apresentou uma melhora na comparação com o primeiro trimestre, quando a Carne Fraca também afetou a divisão. No fim de junho, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) da JBS atingiu 4,16 vezes, ligeiramente menor do que a alavancagem de 4,26 vezes vista em março.
VALOR ECONÔMICO
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