Ano 3 | nº 463 | 24 de Fevereiro de 2017
NOTÍCIAS
BOi/Cepea: Ajuste de oferta evita maior desvalorização da carne
Os preços da arroba e da carne bovina vêm caindo no mercado doméstico, refletindo a demanda enfraquecida
Por outro lado, conforme colaboradores do Cepea, a redução da capacidade de abate dos frigoríficos, que buscam equilibrar oferta e demanda, limita as desvalorizações. Entre 15 e 22 de fevereiro, o preço da carcaça casada bovina caiu 0,6%, com média de R$ 9,88/kg nessa quarta-feira, 22, no atacado da Grande São Paulo. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa do boi gordo (estado de São Paulo, à vista) fechou a R$ 144,56 nessa quarta, queda de 0,84% no mesmo período. Nesse cenário, pecuaristas seguem apreensivos, uma vez que o consumidor não tem sinalizado que vai absorver o volume de carne – em média, 80% da proteína brasileira é destinada ao mercado interno.
Quase dois meses de quedas de preços da carne bovina no atacado
O mercado de carne bovina segue sua trajetória de baixa no atacado. Nada de alta de preços ou de, pelo menos, estabilidade semanal no mercado de carne bovina sem osso em 2017. Desde o começo de janeiro os cortes ficaram 8,0% mais baratos, em média
Embora a queda mais forte no período, de 9,0%, seja do traseiro, produtos que normalmente são “mais caros” e, portanto, menos procurados quando a situação de renda se complica, o comportamento de preços do dianteiro, com queda de 4,0%, indica que nada tem sido fácil de vender. Nem mesmo frango, cuja carne vendida nos frigoríficos caiu 12,0% este ano. As indústrias, porém, em termos de margem de comercialização, têm passado por este período sem grandes problemas. Entre o que se paga pelo boi e o que se recebe na indústria sobra pouco mais de 22,0%. Isso é maior que a média histórica. A arroba, também em queda, auxilia este indicador, desalinhado com a situação de consumo. A demanda externa também não tem ajudado. O resultado parcial do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços apresentou recuo de quase 20,0% no embarque diário de carne in natura até a terceira semana de fevereiro. Aos produtores, atenção a estes números, a este cenário de vendas. Isso ditará os rumos do mercado este ano.
SCOT CONSULTORIA
Secretaria de Defesa Agropecuária deve priorizar combate a fraudes em insumos
Oficina realizada no Mapa para traçar metas para este e o próximo ano visa também mudar o status de pragas e doenças como a mosca da fruta e a febre aftosa
Secretário reuniu diretores de departamentos e coordenadores para discutir estratégias de trabalho. Entre as prioridades do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para este e o próximo ano, estão projetos de combate à fraude em insumos de origem animal e vegetal e planejamento de médio e longo prazo para mudar o estado sanitário de pragas e doenças, como a mosca da fruta e a febre aftosa. Para avançar nessas ações, técnicos do ministério participam, a partir desta quinta-feira (23), de oficina de planejamento realizada pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) com o tema Transformando Desafios e Oportunidade em Resultados. As palestras giram em torno dos resultados alcançados em 2016 e a previsão do que será ampliado e implementado nestes dois anos, com o objetivo de contribuir para a meta estabelecida pelo ministro Blairo Maggi, de elevar a participação do agronegócio brasileiro no mercado mundial dos atuais 6,9% para 10% em cinco anos. No balanço de 2016, de acordo com o Secretário de Defesa Agropecuária, Luis Rangel, se destacam o fortalecimento das áreas de planejamento, de acompanhamento e inteligência, e a agilização de processos administrativos. “Na oficina do ano passado, identificamos os principais riscos internos e externos para produtos de origem vegetal e animal, o que permitiu melhorar o relacionamento com a vigilância sanitária internacional”, observou, acrescentando que fortalecer a rede de laboratórios foi uma estratégia de sucesso, “que queremos repetir em outros setores, nos organizando e pensando de maneira coletiva”. Participam do evento diretores de departamentos e coordenadores. “A finalidade da oficina é pactuar planos estratégicos de cada um dos departamentos e levá-los ao ministro para trabalharmos com mais foco”, explicou o Secretário.
MAPA
Baixa movimentação no mercado do boi gordo
A pressão de baixa observada nas últimas semanas perdeu força. De maneira geral os negócios acontecem de forma lenta
Das trinta e duas praças pesquisadas pela Scot Consultoria para o boi gordo, ocorreram quedas em três e altas em duas na última quinta-feira (23/2). O lento escoamento da carne bovina não gera interesse das indústrias em alongar as escalas. Em São Paulo, as programações de abate atendem em torno de quatro dias. Existem tentativas de compra tanto abaixo como acima da referência. Este último caso é comum para as indústrias com maiores dificuldades em fazer escala. Em Paragominas-PA, a forte chuva vem atrapalhando os embarques nos últimos dias.
SCOT CONSULTORIA
Comissão aprova pastagem em área de reserva legal
Projeto de lei autoriza a pastagem desde que se apresente plano de manejo sustentável e aprovado
A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural aprovou na quarta-feira, dia 23, projeto de lei da Deputada Tereza Cristina (PSB-MS) que autoriza a pastagem de animais em áreas de reserva legal mediante aprovação de plano de manejo sustentável. O projeto (PL 4508/16) recebeu parecer favorável da relatora, Deputada Shéridan (PSDB-PR). Ela apresentou uma emenda para adequar os termos do projeto aos utilizados na legislação ambiental. A proposta altera o Código Florestal (Lei 12.651/12). Garantias Para Shéridan, a obrigação de realização do plano de manejo, aprovado por órgão ambiental, dá garantias de que o pastoreio não vai prejudicar a cobertura vegetal em área de reserva legal. O plano deve detalhar a forma de exploração da área, de modo a garantir a reprodução das espécies e evitar danos ambientais. Ela citou os dispositivos do projeto que trazem essa garantia, como o controle e autorização do plano a cargo do órgão ambiental competente, que deve se balizar no volume de massa de forrageiras nativas ou cultivadas já existentes; a limitação do número de cabeças por hectare e do período do pastoreio. “A proposta se resguardou de condicionantes capazes de garantir que não haja pisoteio animal capaz de causar danos sobre a estrutura da vegetação nativa”, disse Shéridan. O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado agora nas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e Constituição e Justiça e de Cidadania.
CANAL RURAL
EMPRESAS
BRF tem primeiro prejuízo da história
A recessão da economia brasileira não poupou a BRF nem mesmo nas festas de Natal e Ano Novo
A companhia, que passou boa parte do último ano pressionada pela disparada das cotações do milho no país, reportou ontem o primeiro prejuízo anual desde que foi criada, em 2009. No ano passado, a dona das marcas Sadia e Perdigão teve um prejuízo líquido R$ 372 milhões, ante um lucro líquido de R$ 2,9 bilhões em 2015. O resultado negativo foi provocado pelo desempenho do quarto trimestre, período no qual a BRF amargou perda de R$ 460 milhões. Geralmente, o quarto trimestre é o mais forte para a empresa, que vende as carnes típicas do fim do ano. Além do ambiente delicado no mercado interno, a BRF também foi afetada pela apreciação do real ante o dólar. Embora possa contribuir para reduzir as despesas com os grãos commodities lastreadas em dólar , a valorização da moeda brasileira reduz a rentabilidade das exportações da empresa, que lidera o comércio global de carne de frango. Nesse contexto, a receita líquida da BRF caiu 4,1% no quarto trimestre, somando R$ 8,590 bilhões. No acumulado de 2016, no entanto, a receita líquida da companhia aumentou 4,8%, para R$ 33,7 bilhões. O crescimento da receita com vendas em 2016 decorreu sobretudo das aquisições feitas pela BRF no exterior. A companhia, que vem apostando na globalização de suas operações, já investiu US$ 1,6 bilhão para se internacionalizar desde 2013. “A conjunção de fatores setoriais, conjunturais e de incertezas políticas, somada a alguns desafios de execução interna, nos levaram a resultados muito aquém do esperado e muito abaixo do potencial da BRF”, reconheceu a companhia, em comunicado assinado pelo Presidente do Conselho da Administração da BRF, Abílio Diniz, e pelo CEO da empresa, Pedro Faria. No quarto trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da BRF totalizou R$ 559 milhões, redução de 70,4% na comparação com igual intervalo de 2015. Com isso, a margem Ebitda diminuiu 14,5 pontos percentuais nessa mesma comparação, de 21% a 6,5%. Em 2016, o Ebitda da BRF alcançou R$ 3,413 bilhões, retração de 38,8% ante os R$ 5,525 bilhões reportados um ano antes. A margem Ebitda do último ano foi de 10,1%, redução de 7 pontos percentuais. Líder do mercado brasileiro de alimentos processados, a BRF voltou a perder participação no quarto trimestre. Citando dados da consultoria Nielsen, a empresa informou que perdeu 0,6 ponto percentual de sua fatia de mercado. “A competição vinda de marcas regionais, cujo posicionamento fica entre 60% e 80% do índice de preço, impactou principalmente as categorias de embutidos e pratos prontos”, reconheceu a BRF. Em meio à concorrência acirrada e à migração para marcas mais baratas, o lucro antes de juros e impostos (Ebit, na sigla em inglês) da BRF Brasil caiu 44,9%, para R$ 271 milhões. O Brasil é responsável por 40% das receitas da BRF.
VALOR ECONÔMICO
Prejuízo da Marfrig mais que triplica no 4º tri, para R$ 241 milhões
Quase um mês após o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ampliar sua participação na Marfrig Global Foods por meio da conversão de debêntures em ações, a companhia reportou na quinta-feira que teve um prejuízo líquido de R$ 726 milhões em 2016, redução de quase 50% ante o prejuízo de R$ 1,424 bilhão visto em 2015
Em grande medida, esse desempenho se deve ao melhor resultado financeiro. Devido à apreciação do real, que reduz as despesas com juros, e à gestão de dívida (a empresa fez captações no exterior para quitar dívidas mais caras), a Marfrig reduziu o prejuízo financeiro em R$ 1,1 bilhão no ano passado, para aproximadamente R$ 2 bilhões. Considerando somente o quarto trimestre, no entanto, o prejuízo líquido da companhia aumentou. Entre outubro e dezembro, a Marfrig teve um prejuízo líquido de R$ 241 milhões, mais de três vezes superior ao prejuízo de R$ 72 milhões do mesmo período de 2015. Também por causa do câmbio, a receita líquida da Marfrig caiu 1,1% em 2016, a R$ 19,3 bilhões, e 6,3% no quarto trimestre, para R$ 5 bilhões. Na mesma toada, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado do ano passado chegou a R$ 1,593 bilhão, queda de 8,5% ante R$ 1,742 bilhões do ano anterior. No quarto trimestre, a redução do Ebitda ajustado foi ainda maior, de 23,9%, a R$ 394 milhões. Nesse contexto, a margem Ebitda da companhia recuou de 8,9% no ano retrasado para 8,2% em 2016, e de 9,7% no quarto trimestre de 2015 para 8,2% no último trimestre do ano passado. Não fosse a apreciação cambial, a receita e o resultado operacional da Marfrig poderia sido bem melhor no quarto trimestre, impulsionado pelo melhor desempenho da subsidiária Keystone. Responsável por mais de 50% das vendas da companhia, a subsidiária registrou uma receita líquida de US$ 2,697 bilhões no ano passado, estável (0,2%) ante os US$ 2,691 bilhões do ano anterior. No quarto trimestre, o aumentou foi de 12%, alcançando US$ 712 milhões. Sediada nos EUA e com operações na Ásia, a Keystone á a menina dos olhos da Marfrig, que já admitiu que está avaliando fazer a abertura de capital da subsidiária, no que seguiria o caminho de BRF e JBS, que também pretende abrir o capital de subsidiárias. Segundo fontes ouvidas pelo Valor é factível realizar o IPO da Keystone ainda em 2017, no segundo semestre. Para a Marfrig, abrir o capital da Keystone seria uma forma de acelerar o processo de desalavancagem e intensificar o crescimento na Ásia. O IPO da Keystone pode ajudar a “destravar” o valor da Marfrig na bolsa. Nos EUA, empresas similares a Keystone, como a Advance Pierre, são negociadas a múltiplos (relação entre valor empresarial e Ebitda) ao redor de 10 vezes, enquanto a Marfrig oscila perto de 6 vezes. Se decidir pelo IPO e conseguir avaliação semelhante à dos pares, a Keystone poderia obter entre US$ 800 milhões e US$ 1 bilhão em uma abertura de capital, caso venda de 25% a 30% do capital.
VALOR ECONÔMICO
INTERNACIONAL
EUA deve ter produção recorde de carne
Segundo o Usda, estimativa é de que a produção ultrapasse a demanda, pressionando preços. Os pecuaristas dos Estados Unidos esperam alavancar o setor diante dos baixos preços da ração animal, com um crescimento da produção de carne bovina, suína e de perus.
Com isso, o país deve alcançar um recorde de 45 milhões de toneladas de proteína animal produzidas em 2017, projetou na quinta-feira, 23, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda). Segundo o órgão, a produção vai ultrapassar a demanda, o que tende a pressionar os preços do gado bovino e do suíno vivo. Já o preço do frango deve permanecer estável. Além disso, a produção de leite também deve atingir um nível recorde em 2017, disse o Usda. O anúncio foi feito no Fórum de Perspectivas Agrícolas, em Arlington, no Estado de Virgínia. O evento, promovido pelo USDA, visa discutir as mudanças que ocorrem na política agrícola norte-americana e os impactos do novo governo nas relações comerciais e diplomáticas do país.
ESTADÃO CONTEÚDO
Maiores informações:
ABRAFRIGO
imprensaabrafrigo@abrafrigo.com.br
Powered by Editora Ecocidade LTDA
041 3088 8124