CLIPPING DA ABRAFRIGO Nº 521 DE 25 DE MAIO DE 2017

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Ano 3 | nº 52125 de maio de 2017

ABRAFRIGO

ABRAFRIGO envia ofício a ANVISA pedindo revisão na legislação sobre a presença de salmonella

A Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO) encaminhou na terça-feira (24) ofício a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária solicitando “uma urgente e eficaz revisão da legislação sanitária vigente que possa estabelecer os padrões microbiológicos de alimentos para consumo humano, em especial a incoerência da questão da Salmonella”, cuja presença nas carnes levou a suspensão da produção e comercialização de alguns produtos de empresas em decorrência da Operação “Carne Fraca”, da Policia Federal. “A legislação atual, emanada tanto do Ministério da Agricultura, do Ministério da Saúde e da própria ANVISA é dúbia, subjetiva e contraditória porque ela, ao mesmo tempo considera a presença da salmonella como infração legal que pode levar a multa de até R$ 500 mil, capaz de levar à falência muitas empresas de médio e pequeno porte, mas também considera a presença de Salmonella spp. como possível e aceitável”, diz o documento. Este problema aflige a indústria de carnes há muitos anos. Notadamente aquelas empresas que se dedicam ao processamento industrial de embutidos tendo como matéria-prima carnes cruas como os fabricantes de hambúrgueres, almôndegas e outros produtos formatados cujos ingredientes incluem a carne de frango e a carne suína, argumenta a entidade. “Como podemos usar matéria-prima cuja presença de salmonela não é proibida e obter um produto acabado sem salmonella?”, indaga. No seu ofício, a ABRAFRIGO descreve as normas legais existentes na ANVISA, Ministério da Saúde e Ministério da Agricultura e suas implicações e pede, em caráter urgente e definitivo, que “se busquem normas regulatórias que ofereçam segurança para o consumidor e se respeite o direito das empresas em trabalhar com parâmetros legais certos e definidos”.

NOTÍCIAS

Turbulências paralisam vendas de boi

O terremoto que abala a política nacional provocado pela delação dos irmãos Batista ­ donos do conglomerado que inclui a JBS, maior empresa de proteínas animais do mundo ­ travou o mercado brasileiro de bovinos

Analistas dizem que as negociações de compra e venda, que já estavam lentas, estão praticamente paradas. “O produtor está receoso, com medo da onça”, afirma Celso Nogueira, Diretor do Sindicato Rural de Cuiabá (MT). Segundo ele, os preços do boi gordo na região estão ao redor de R$ 124 a arroba. Na quarta-­feira, antes de o escândalo eclodir, eram cerca de R$ 130. A delação dos irmãos Batista não foi a primeira pedra no sapato do pecuarista neste semestre. O mercado já tinha sido penalizado pela Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março, que levou à redução nos abates de bovinos e se refletiu nos preços do boi gordo. “Antes desses escândalos, o mercado estava ao redor de R$ 145 a arroba”, afirma Nogueira. Ontem, em evento em São Paulo, Martin Secco, CEO da Marfrig, afirmou que a confiança no mercado pecuarista foi abalada bem no momento em que o mercado se recuperava da Operação Carne Fraca. Para Breno de Lima, analista da Scot Consultoria, os eventos da semana passada de fato agravaram um cenário que já não era favorável ao pecuarista. “A indústria vinha alongando escalas e está estocada”, diz. Dessa forma, as grandes empresas do segmento já faziam menos compras, e o cenário apontava para baixa de preços em decorrência da fraca demanda em plena safra. “Muitas empresas estão fora das compras, e ter uma das grandes [JBS] envolvida em escândalos não ajuda o cenário”, observa o analista. A JBS informa que continua operando normalmente. Desde a semana passada, a companhia tem comprado gado apenas com pagamento em 30 dias ­ não mais à vista, o que tem travado as negociações. Mas muitos criadores estão receosos em fechar negócios a prazo com a JBS, dadas as turbulências que afetam a empresa. “As negociações ficaram muito paradas”, acrescenta Lima, da Scot.

VALOR ECONÔMICO

Mercado do boi gordo pressionado

O mercado segue com muitas incertezas. Em razão disso, muitas indústrias ainda permaneceram fora das negociações

Por outro lado, quem negociou ofertou preços abaixo da referência, pressionando as cotações da arroba. Outro fator que colabora com a pressão de baixa é o escoamento lento da carne, que diminui ainda mais o apetite das empresas por compras. Em São Paulo, no fechamento desta quarta-feira (24/5), houve queda nos preços, com inclusive compradores tentando negociar em patamares abaixo da nova referência. No estado, a arroba do animal terminado ficou cotada em R$133,50, à vista, livre de Funrural. As ofertas menores chegam a ser R$3,00 abaixo, porém nestes patamares os negócios travam. O mercado atacadista de carne bovina com osso permaneceu estável. Empresas ainda estão tateando o mercado e novas alterações no curto prazo não estão descartadas.

SCOT CONSULTORIA

Boatos e especulações sobre a JBS lesam mercado estadual

Produtores temem calotes e até mesmo ameaças a sua liquidez

Informações despejadas no mercado de que a direção da JBS estaria planejando uma reestruturação para ser posta em prática no curtíssimo prazo está trazendo muita insegurança ao já fragilizado mercado da carne, especialmente a Mato Grosso, detentor do maior rebanho de bovinos do País. As mudanças conforme nota publicada no site Painel Político de Rondônia atingem plantas frigoríficas do Acre, Mato Grosso e Rondônia que serão fechadas. A reestruturação envolveria também a mudança do nome do grupo, o que se confirmada, seria a segunda, já que inicialmente era ‘Friboi’ e passou à ‘JBS’. Para evitar mais e maiores perdas, o vice-governador Carlos Fávaro, receberá amanhã, a partir das 17h, um grupo de pecuaristas para discutir questões relacionadas ao setor pecuário mato-grossense. Entre os principais assuntos estão os problemas enfrentados pelos produtores na comercialização dos animais junto à empresa JBS, e a insegurança do mercado diante da crise gerada pela empresa no Brasil. Desde que a JBS entrou no radar da Polícia Federal, o clima de desconfiança em relação à saúde financeira e sua liquidez no mercado, fizeram com que o pecuarista mudasse de postura e optasse por vendas à vista, já que em Mato Grosso, o grupo JBS é responsável por quase 50% do mercado de abate de bovinos. Com avalanche de pedidos de vendas à vista, a empresa mudou sua postura e passou a comprar a prazo para pagamentos com 30 dias, estratégia adotada em vários estados, o que aumentou a desconfiança dos criadores. O DIÁRIO, na edição do último dia 18, trouxe essa preocupação, que juntamente com o consultor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Amado Oliveira, reforçou a necessidade de cautela nas negociações, até porque, a arroba no Estado contabiliza o menor preço dos últimos seis meses, com média de R$ 123,66. Amado frisa que a orientação de opção por pagamentos à vista vem sendo repassada aos associados da Acrimat há algum tempo. “Não é de hoje. Os produtores temem calotes e até mesmo ameaças a sua liquidez, pela falta de pagamentos e isso vale para negócios com qualquer empresa. No contexto atual, a recomendação da venda à vista, vale mais que nunca”.

DIÁRIO DE CUIABÁ

Melhora no poder de compra do recriador em São Paulo no último ano

Atualmente em São Paulo, são necessárias 7,49 arrobas de boi gordo para a compra de uma cabeça de bezerro desmamado, em relação a março este valor é 0,8% maior, isso porque no período a arroba do boi gordo apresentou alta de 0,7% e o bezerro alta de 1,6%

Entretanto, em relação ao mesmo período do ano passado, o poder de compra do recriador está 11,1% melhor, quando eram necessárias 8,42 arrobas de boi gordo. Em curto prazo a expectativa é de que os preços continuem em queda para a reposição, já que as incertezas quanto ao mercado do boi gordo devem afastar os compradores.

SCOT CONSULTORIA

Santa Catarina comemora 10 anos como zona livre de febre aftosa sem vacinação

Antes de erradicar a doença, Santa Catarina tinha uma média de 462 focos por ano, causando a morte de animais e prejuízos para os produtores

Neste mês de maio Santa Catarina comemora a erradicação da febre aftosa Estado e os 10 anos do reconhecimento internacional como zona livre de febre aftosa sem vacinação. A entrega do certificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) aconteceu em 25 de maio de 2007 e desde então o estado se consolidou como referência em sanidade e defesa agropecuária, conquistando os mercados mais competitivos do mundo. O último foco de febre aftosa em Santa Catarina aconteceu em 1993 e a partir de 2000 foi suspensa a vacinação contra a doença e proibida entrada de bovinos provenientes de outros estados, onde a vacinação é obrigatória. Antes de erradicar a doença, entre 1971 e 1983, Santa Catarina registrava uma média de 462 focos por ano, causando a morte de muitos animais e prejuízos irreparáveis para os produtores. Para buscar a certificação internacional como livre da aftosa sem vacinação, Governo do Estado, Ministério da Agricultura, agroindústrias e produtores rurais se uniram e aceitaram o desafio de fazer de Santa Catarina uma ilha de sanidade no país. “Essa conquista aconteceu depois de muito trabalho. Todas as partes se envolveram e os produtores foram grandes parceiros nesse processo. Nós sabíamos que Santa Catarina tinha potencial para ser um grande produtor de aves, suínos e leite e a certificação internacional era indispensável para aumentarmos a produção e conquistarmos novos mercados”, lembra o Secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Moacir Sopelsa. Após 10 anos de certificação internacional, Santa Catarina mantém o status reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre de febre aftosa sem vacinação, com números expressivos de produção. Tornou-se o maior produtor de suínos e o segundo maior produtor de aves do país. Inclusive, a carne de frango é, hoje, o primeiro produto das exportações do estado faturando mais de US$ 1,7 bilhão em 2016. As carnes produzidas em Santa Catarina chegam ao Japão, Chile, China, Estados Unidos e Coreia do Sul. Na América do Sul, outras áreas livres da doença sem vacinação existem na Argentina, Bolívia, Colômbia, Peru e Equador. Apenas o Chile é reconhecido pela OIE como país livre da doença sem o uso da vacina. Para manter o status sanitário diferenciado, os esforços são imensos. A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) mantém 63 barreiras sanitárias fixas nas divisas com Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina que controlam a entrada e a saída de animais e produtos agropecuários. Além do controle do trânsito de animais e produtos de origem animal nas fronteiras, em Santa Catarina todos os bovinos e bubalinos são identificados e rastreados. “A conquista e a manutenção do certificado da OIE provam que a sanidade é um patrimônio que distingue a produção catarinense no cenário nacional. A manutenção desse status exige grande esforço do Governo do Estado, dos serviços de defesa agropecuária, em parceria com o setor privado e produtores”, ressalta o secretário adjunto de Agricultura, Airton Spies. A erradicação da doença em Santa Catarina fez com que o estado tenha regras especiais para o trânsito de animais. Já que é proibido o uso de vacina contra febre aftosa em todo o território catarinense, não é permitida a entrada de bovinos provenientes de outros estados. Para que os produtores tragam ovinos, caprinos e suínos criados fora de Santa Catarina é necessário que os animais passem por quarentena tanto na origem quanto no destino e que façam testes para a febre aftosa, exceto quando destinados a abatedouros sob inspeção para abate imediato. O Governo do Estado mantém ainda um sistema permanente de vigilância para demonstrar a ausência do vírus de febre aftosa em Santa Catarina. Continuamente, a Cidasc realiza inspeções clínicas e estudos sorológicos nos rebanhos, além de dispor de uma estrutura de alerta para a investigação de qualquer suspeita que venha a ser notificada pelos produtores ou por qualquer cidadão. A iniciativa privada também é uma grande parceira nesse processo, por meio do Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa).

CANAL RURAL

EMPRESAS

J&F oferece R$ 4 bi em leniência e aguarda para vender ativos

Ontem, o empresário Wesley Batista foi a Brasília negociar pessoalmente o acordo com os procuradores

A holding J&F, da família Batista, está focada no fechamento do acordo de leniência com o Ministério Público Federal e avalia que essa é uma pré­-condição para que possa deslanchar um processo de venda de ativos, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto. Ontem, o empresário Wesley Batista foi a Brasília negociar pessoalmente o acordo com os procuradores. Até então, as conversas vinham sendo conduzidas por advogados do grupo. No fim da tarde, a J&F ofereceu pagar R$ 4 bilhões de multa, proposta que foi rejeitada pelo MPF­DF, que vem exigindo R$ 11,169 bilhões em valor presente, a serem desembolsados em dez anos. Ainda não se sabe sobre quais empresas recairá o pagamento, mas nas conversas os representantes da J&F expressaram preocupação de que a multa não recaia sobre acionistas minoritários e fique a cargo dos controladores ­ ou seja, na holding J&F. Nenhum novo mandato de venda de ativos foi dado a bancos desde que veio a público o acordo de delação premiada dos irmãos Batista e de executivos do grupo. No entanto, a venda da Vigor, empresa de laticínios controlada pela J&F, que já estava em andamento, foi mantida e é conduzida por Santander e Bradesco. Avalia-­se que a empresa possa render até R$ 6 bilhões ao grupo. Embora tenham desistido de tentar levar a Alpargatas ao Novo Mercado ­ decisão anunciada anteontem­, os Batista ainda não iniciaram o processo de venda da fabricante das Havaianas, segundo apurou o Valor, e o mandato da operação ainda não foi dado a nenhuma instituição. Segundo uma fonte, potenciais compradores de todos os ativos querem ter a segurança de que o acordo de leniência a ser assinado com o MP isenta novos controladores de qualquer risco. Além de manter a venda da Vigor, o grupo decidiu apenas cancelar todas as operações relacionadas ao mercado de capitais ­a migração da Alpargatas para o Novo Mercado da B3 e a abertura de capital das operações internacionais da JBS nos EUA. Antes, os controladores pretendiam capturar um prêmio de controle na Alpargatas por meio da relação de troca de ações proposta na migração da empresa para o Novo Mercado (1,3 ação PN para cada 1 ação ON). Agora esse prêmio será capturado pela família na venda privada. “O controle sairá mais barato para quem quiser assumir a empresa, porque só será necessário pagar prêmio aos acionistas ordinaristas”, ponderou a fonte. Ontem, as ações preferenciais da Alpargatas subiram 5,16%, para R$ 11,62, e seu valor de mercado foi a R$ 5,7 bilhões. Já os papéis ON da JBS subiram 2,29% e fecharam a R$ 6,70.

VALOR ECONÔMICO

J&F contrata firma de advogados nos EUA; nega contrato com bancos para vender ativos

A J&F Investimentos, controladora do grupo JBS, confirmou por meio de nota enviada à imprensa na noite de terça-feira (23) que contratou o escritório Trench, Rossi e Watanabe nos Estados Unidos, em meio ao escândalo sobre distribuição de propinas para políticos brasileiros

O jornal O Globo noticiou em reportagem em 17 de maio que a J&F havia contratado esse escritório para negociar um acordo de leniência com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, após executivos do grupo terem fechado uma delação premiada no Brasil que revelou o esquema de propinas e gravação de conversa com o presidente Michel Temer sobre o tema. Na terça-feira (23) à noite, a J&F ainda negou que tenha contratado o Bradesco BBI ou outro banco para vender ativos, em resposta à notícia divulgada pela Reuters na terça-feira (23). 

“A J&F Investimentos informa que não é verdadeiro o relato de que contratou o Bradesco BBI ou qualquer outro banco para a venda de ativos”, informou a empresa. Matéria da agência de notícias Reuters reportou que a JBS e a família controladora da empresa teriam contratado o Bradesco BBI para trabalhar em um plano para venda de vários ativos após o escândalo decorrente das revelações da delação premiada de Joesley e Wesley Batista na semana passada, segundo três fontes com conhecimento direto do assunto. A família, que controla cerca de 42% da JBS, estaria buscando maneiras de levantar capital para pagamento de multa do acordo de leniência ainda em negociação. A Reuters disse que a JBS e o Bradesco BB não responderam imediatamente às solicitações de comentários para a matéria na terça-feira. O grupo J&F disse também em comunicado na noite de terça-feira que as negociações com o Ministério Público Federal brasileiro para um acordo de leniência no país prosseguem. O escritório contratado pela J&F no Brasil é o Baker McKenzie. A J&F tinha até a sexta-feira (19) para dar uma resposta em relação à proposta do MPF que defendia o pagamento de R$ 11,2 bilhões pela empresa como multa do acordo leniência no Brasil. Mas as partes não chegaram a um consenso, já que o grupo J&F queria pagar R$ 1 bilhão.

CARNETEC

Crise na concorrente favorece a BRF

O inferno astral da BRF pode ter chegado ao fim de maneira inesperada. Após reportar prejuízos inéditos nos últimos trimestres e perder R$ 24,7 bilhões em valor de mercado desde 2015, a companhia voltou ao radar dos investidores por causa da crise que abalou a JBS, a maior rival

Desde a divulgação da delação premiada dos irmãos Batista, a BRF ganhou já R$ 2,5 bilhões em valor de mercado e suas ações registraram na segunda­-feira a maior alta ­ 6,06% ­ desde julho de 2016. A expectativa de fontes próximas à BRF ouvidas pelo Valor é de que, além de atrair investidores, a empresa também possa ser favorecida no varejo. A situação pode representar uma oportunidade para que a dona das marcas Sadia e Perdigão recupere parte do espaço perdido recentemente para a Seara, marca da JBS. Por ora, o impacto da delação sobre a competição entre a BRF e Seara é praticamente “zero”, observou uma fonte. Apesar das campanhas de boicote à JBS nas redes sociais, a Seara não é uma marca facilmente atrelada à empresa dos Batista ­ diferentemente do que ocorre com a Friboi, mais penalizada pela relação. No médio prazo, no entanto, a imagem da Seara pode ser contaminada. “O consumidor ainda não associa, mas isso pode vir a acontecer”, avaliou a mesma fonte. Contribui para isso o fato de a crise ter levado a Seara a uma retração em sua estratégia de marketing, o que abre um flanco para a BRF. Diante disso, a expectativa é de que a BRF volte à mídia, já no curto prazo, com campanhas publicitárias “emocionais” que ressaltem ao consumidor o valor de Sadia e Perdigão. “Não precisa falar mal do outro, mas vai dizer subliminarmente que o consumidor tem alternativas”, disse. Com isso, a empresa marcaria o retorno desse tipo de propaganda clássica de marca. Por causa da repercussão negativa da Operação Carne Fraca, que prendeu dois executivos da companhia e pôs em dúvida a qualidade dos alimentos, a BRF havia focado a estratégia em propaganda de perfil institucional, assim como a própria Seara, também afetada pela Operação Carne Fraca. No varejo, a BRF poderá reforçar sua atuação, especialmente no pequeno varejo. A aposta de duas fontes ouvidas pelo Valor é que, diante da crise, a Seara terá de adotar uma postura mais conservadora em investimentos de trade marketing (ação da marca no ponto de venda). “O pequeno varejista não consegue comprar muitas marcas e não tem espaço. Então, geralmente ele tem duas ou três. É preciso acelerar a distribuição para as duas marcas da BRF estejam entre elas”, afirmou uma fonte, ressaltando que outros concorrentes, como a catarinense Aurora e a mineira Pif Paf, também poderão ganhar mercado da JBS. Se a estratégia for bem-­sucedida, a BRF voltará a ganhar mercado de alimentos processados no Brasil, revertendo uma tendência negativa que afeta Sadia e Perdigão desde 2014, após a JBS reestruturar as operações da Seara e iniciar uma ambiciosa estratégia de marketing. Nesse processo, a Seara também foi favorecida pela recessão e inflação elevada. Com a renda contraída, os consumidores migraram para marcas mais baratas e abandonaram categorias de preços altos. Em geral, os preços de produtos da Seara são inferiores aos de Sadia e Perdigão. Na última divulgação de resultados, em 11 de maio, a BRF admitiu que perdeu fatias de mercado novamente no primeiro trimestre. No período, a empresa viu sua participação na categoria de embutidos cair de 35,9% no quarto trimestre do último ano para 35,2%. Em pratos prontos, a redução foi de 58,9% para 58,6%, enquanto que em frios a participação recuou de 57,1% para 55,6%. Em margarinas, a fatia saiu de 62,2% para 60,4%. Para além da área comercial, a crise da JBS também pode contribuir indiretamente no processo de reestruturação em curso na BRF. Se na rápida expansão da Seara a JBS se reforçou na concorrência ­contratando inclusive ex­funcionários recém-­saídos da BRF devido ao corte de custos promovido pela gestão de Abilio Diniz ­, desta vez é o inverso que poderá ocorrer. “A BRF está bem posicionada para buscar gente”, afirmou uma fonte. Em meio à reestruturação, a BRF trocou recentemente o comando do das operações no Brasil, trazendo Alexandre Almeida, que presidia da Itambé ­ empresa de lácteos que tem a Vigor, da J&F, como sócia. Antes de comandar a Itambé por indicação da família Batista, Almeida foi Diretor­-Executivo da área de produtos industrializados da JBS.

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