Ano 10 | nº 2358 |25 de novembro de 2024
NOTÍCIAS
Mercado do boi gordo: a cotação subiu nas praças paulistas
O mercado seguiu com ofertas enxutas, encerrando a semana com alta nas cotações para os machos e para a novilha.
O boi comum teve acréscimo de R$2,00/@ e a novilha de R$3,00/@. A cotação da vaca permaneceu estável. A cotação do “boi China” teve alta de R$3,00/@. As escalas de abate ganharam alívio devido ao feriado, com grande parte das indústrias com a programação, em média, para uma semana. Em Mato Grosso, altas às cotações nas regiões Norte e Sudoeste. Na região Sudoeste, a cotação do boi gordo subiu R$2,00/@. A cotação das fêmeas, por outro lado, permaneceu estável. No Norte, o preço do boi ficou estável, mas, para as fêmeas, o mercado esteve comprador – a cotação da vaca e a da novilha subiu R$5,00/@. Na região Sudeste e na de Cuiabá, os preços ficaram estáveis para todas as categorias. Região Oeste e de Pelotas, no Rio Grande do Sul Na região de Pelotas, a cotação do boi e a da novilha subiu, as altas foram de R$0,10/kg e R$0,20/kg, respectivamente. Para a vaca, preços estáveis. Na região Oeste, todas as categorias registraram alta nos preços. Para o boi e a novilha gorda, alta de R$0,10/kg. Já para a vaca gorda, aumento de R$0,20/kg.
Scot Consultoria
Boi gordo disparando em Goiás e exportações recordes
A Região Norte, porém, tem situação inversa, com preços estáveis e até mesmo com negócios abaixo da referência média
O mercado físico do boi gordo voltou a registrar preços em alta ao longo da semana. De acordo com a consultoria Safras & Mercado, o destaque dos últimos dias foi o estado de Goiás, que já atinge negociações de cerca de R$ 350 por arroba. Em São Paulo também foram evidenciadas algumas transações acima da referência média. “Entretanto, na Região Norte, a situação aparenta ter se acomodado, com preços estáveis e até mesmo com um ou outro negócio saindo abaixo da referência média”, disse o analista da empresa Fernando Henrique Iglesias. Segundo ele, as exportações seguem em ritmo impressionante na atual temporada. Assim, o final do ano de 2024 vem sendo marcado pelo maior volume da história. “O que torna o quadro ainda mais interessante é o amplo processo de desvalorização cambial, somado a recuperação dos preços em dólar pagos pela tonelada da carne bovina no mercado internacional”, disse. Os preços médios da arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização do país estavam assim na última sexta-feira (22): São Paulo: R$ 351,25, contra R$ 339,42 em 14 de novembro, alta de 3,4%. Goiás: R$ 349,64, ante R$ 331,43 (+5,4%). Minas Gerais: R$ 333,82, contra R$ 329,41 (+2%). Mato Grosso do Sul: R$ 333,86, ante R$ 325,68 (+2,5%). Mato Grosso: R$ 331,01, contra R$ 314,59 (+5,2%). As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 663,152 milhões em novembro (10 dias úteis), com média diária de US$ 66,315 milhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A quantidade total exportada pelo país chegou a 137,340 mil toneladas, com média diária de 13,734 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 4.828,50. Em relação a novembro de 2023, houve alta de 53,6% no valor médio diário da exportação, ganho de 46,1% na quantidade média diária exportada e avanço de 5,1% no preço médio.
Agência Safras
Boi/Cepea: Altas seguem firmes; escalas são ainda menores que em outubro
O movimento de alta nos preços da pecuária segue intenso
Segundo pesquisadores do Cepea, semana após semana, frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição. No final da cadeia produtiva, o consumidor também se mostra resiliente diante dos valores da carne nos maiores patamares dos últimos 3,5 anos. No mesmo sentido, a demanda de importadores mundo afora tem se mantido firme. Pesquisadores do Cepea observam ainda que as escalas de abate dos principais estados produtores, em novembro, estão ainda menores que em outubro. No mercado financeiro (B3), também cresceu forte a liquidez dos contratos de boi para liquidação neste ano, pelo Indicador do boi elaborado pelo Cepea, o CEPEA/B3.
Cepea
Estatística da pecuária – Norte do Tocantins
Na região, ocorreu a redução na oferta de bovinos destinados ao abate, cenário que contribuiu para a alta nas cotações para todas as categorias
O preço do boi gordo subiu 3,3%, ou R$5,00/@, sendo negociado em R$310,50/@, para a cotação da vaca a variação foi de 1,7% ou R$5,00/@ sendo comercializada em R$295,50/@ e a da novilha foi de 3,4% ou de R$10,00/@, estando apregoada em R$300,50/@. Todos os preços são a prazo e descontados os impostos (Senar e Funrural). Segundo o levantamento da Scot Consultoria, o diferencial de base, em São Paulo, é de R$29,50/@, ou menos 9,5%. O boi nas praças paulistas está cotado em R$340,00/@, preços a prazo e livres de impostos. No curto prazo, a expectativa é que o mercado permaneça firme para todas as categorias.
Scot Consultoria
Carrefour faz espuma, mas frigoríficos servem picanha a investidores
O ganho de estar bem-posicionado na Europa é marginal para as grandes produtoras nacionais
A declaração do presidente mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, de que não venderia mais carne de gado do Mercosul fez espuma. O ministro da Agricultura brasileiro acusou o golpe e chamou de “ação orquestrada” para “ferir a soberania” da produção nacional. A rede de supermercados teve que se explicar, deu uma pirueta e disse que a restrição seria só em lojas francesas. Mas a discussão foi plantada com sucesso. O noticiário passou a falar sobre o pleito dos fazendeiros europeus, que acusam seus concorrentes desse lado do Equador de não seguir padrões de excelência na produção. Entre os pontos criticados, está o uso de áreas desmatadas da Amazônia. É inegável que precisamos melhorar os mecanismos para evitar o chamado “cattle washing”, expressão que resume a “lavagem” do gado criado em terras indígenas ou desmatadas, vendendo os animais para outras fazendas –nos conformes–, antes de repassá-los para os exportadores. Também chama a atenção a acusação sobre a falta de controles sobre o uso do hormônio estradiol. Apesar de seu uso para “forçar” o crescimento dos bovinos ser proibido, ele está presente em remédios permitidos no Brasil, usados nas vacas, para melhorar a inseminação artificial. Um relatório recente da União Europeia sobre segurança alimentar afirma que os mecanismos de controle da presença de estradiol no Brasil são insuficientes. O relatório não é sobre a presença do estradiol na carne, mas bastou para acender a luz amarela. Poucos comentaram, mas a exportação de vacas (especificamente as fêmeas) brasileiras para a União Europeia e para o Reino Unido já está suspensa desde outubro, justamente pela falta de protocolos que garantam a ausência do hormônio. Em termos práticos, ajustar os mecanismos de controle parece um caminho melhor do que reclamar do protecionismo europeu. Dito isso, o investidor deve notar que o ganho de estar bem-posicionado na França ou na Europa é marginal para as grandes produtoras nacionais, como JBS, Marfrig, Minerva e BRF. Esse é um mercado quase irrelevante para elas, ao contrário de Estados Unidos e China. A JBS, com forte presença global, tem cerca de 6% de suas exportações para o velho continente. No caso das outras três, a Europa mal figura em seus relatórios de prestação de contas. Restrições por lá têm pouco ou nenhum poder para impactar o caminho de suas ações. Neste ano, enquanto o mercado andou “de lado” e o Ibovespa está 3% negativo, BRF e Marfrig entregaram picanha para seus investidores, com 90% de ganho em suas ações. Quem comprou JBS também levou filé mignon, com retorno de 40%. A única gigante de proteína a queimar o churrasco foi a Minerva, cujos papéis caíram consideráveis 22% desde janeiro. Enquanto isso, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) prevê aumento de 2,5% no Valor Bruto da Produção da pecuária nacional neste ano. E o preço da carne no Brasil aumentou 7,17% nos últimos 12 meses, segundo levantamento da Apas (Associação Paulista de Supermercados) em parceria com a Fipe. As produtoras de proteína animal seguem entregando picanhas para seus investidores. A chamada do Carrefour pode ajudar a melhorar o tempero.
Folha de SP
ECONOMIA
Dólar fecha estável antes de anúncios do governo na área fiscal
O dólar fechou a sexta-feira praticamente estável no Brasil, ainda acima dos 5,80 reais, com investidores à espera de novidades na área fiscal, enquanto no exterior a moeda norte-americana sustentou ganhos firmes ante boa parte das demais divisas, na esteira de novos dados das economias centrais.
O dólar à vista fechou o dia com leve alta de 0,04%, cotado a 5,8143 reais. Na semana a divisa acumulou alta de 0,49%. Às 17h05, o dólar para dezembro — o mais líquido atualmente no Brasil — caía 0,11%, aos 5,8155 reais. O mercado seguia à espera da divulgação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, na noite da sexta-feira, e do pacote de medidas fiscais para os próximos anos, na semana que vem. Na noite de quinta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou a possibilidade de alteração da meta fiscal de 2024 e indicou que o bloqueio no Orçamento para o ano deve ficar pouco acima dos 5 bilhões de reais. Os ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento divulgarão o relatório na noite desta sexta-feira, após 21h, colocando os números em perspectiva, mas a entrevista coletiva sobre os dados ficou para a próxima semana. A meta do governo para este ano é de resultado primário zero, sendo que a margem de tolerância é de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB). Haddad também afirmou na véspera que haverá na segunda-feira reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o pacote fiscal, que mira cortes de gastos nos próximos anos. A data de anúncio será decidida a partir de segunda-feira, após este encontro. No exterior, o dólar também avançava ante as moedas fortes e em relação a boa parte das divisas de emergentes, após a divulgação de dados econômicos da zona do euro e dos EUA. No caso dos Estados Unidos, a S&P Global disse que seu Índice de Gerentes de Compras Composto, que acompanha os setores de manufatura e serviços, aumentou para 55,3 neste mês. Esse foi o nível mais alto desde abril de 2022 e seguiu-se a uma leitura de 54,1 em outubro, com o setor de serviços provando a maior parte do aumento. A expectativa antes dos anúncios fiscais no Brasil, porém, manteve a cautela no mercado de câmbio, o que conduziu as cotações para perto da estabilidade.
Reuters
Ibovespa sobe e chega nos 129 mil pontos com Petrobras; tem ganho na semana
A JBS ON teve valorização de 2,86%, após a processadora de alimentos anunciar que assinou com o governo da Nigéria um memorando de entendimentos para possível investimento de 2,5 bilhões de dólares no país mais populoso da África. O acordo prevê o desenvolvimento de um plano de investimento de cinco anos que inclui a construção de seis fábricas na Nigéria, sendo três de aves, duas de bovinos e uma de suínos.
O Ibovespa fechou em alta de mais de 1% na sexta-feira, sustentado pelo avanço das ações da Petrobras após anúncio de dividendo extraordinário e detalhamento do plano de negócios, e em meio a expectativas renovadas pelo pacote fiscal do governo. Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,74%, a 129.125,51 pontos, na máxima da sessão, acumulando ganho semanal de 1,04%. No pior momento, marcou 126.944,33 pontos. O volume financeiro somou 22,1 bilhões de reais, ainda abaixo da média diária do ano, de 23,59 bilhões. O avanço do indicador na semana mais curta em razão de feriado nacional também quebrou uma sequência de quatro declínios semanais do Ibovespa, que recentemente encontrou dificuldade para retomar o patamar dos 130 mil pontos. Para Guilherme Suzuki, sócio da assessoria de investimentos Astra Capital, o índice tem caminhado “na lateralidade” tanto por questões domésticas quanto externas. Na cena local, chama atenção a demora no anúncio do pacote de corte de gastos pelo governo federal. Na fronte internacional, a escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia afasta o apetite por risco. Na quinta-feira à noite, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o bloqueio de gastos para este ano deve ficar em cerca de 5 bilhões de reais e que a data para anúncio do pacote de redução de despesas será decidida a partir de segunda-feira, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A falta de um cenário mais definido com relação ao pacote fiscal, na visão do sócio e advisor da Blue3 Investimentos Willian Queiróz, é o que tem segurado o mercado, embora este possa ser o último final de semana sem o anúncio das medidas. “Temos muitos fatos apontando para uma divulgação na próxima semana”, afirmou Queiróz. “Diferente do término das semanas anteriores, (o pacote) já apresenta um desenho muito mais concreto para ser divulgado na próxima semana.”
Reuters
Agroindústria volta a crescer em setembro e deve fechar o ano com crescimento de 2,7%, revela o FGV Agro
A pesquisa sobre agroindústria, do FGVAgro, revela que em setembro de 2024, o volume de produção agroindustrial registrou uma alta de 1,6% frente ao mesmo mês de 2023
A expansão foi ocasionada, exclusivamente, pelo segmento de Produtos Não-Alimentícios, que cresceu 4,5% no mês. O segmento de Produtos Alimentícios e Bebidas, por sua vez, contraiu 0,7%, impactado, sobretudo, pela menor produção de alimentos de origem vegetal. No próximo trimestre, é projetada pelo FGV Agro uma expansão de 3,1% frente ao mesmo período de 2023. Caso isso ocorra, a Agroindústria fechará 2024 com uma alta de 2,7% em relação ao ano anterior. Esse crescimento, vale destacar, deverá vir tanto do segmento de Produtos Alimentícios e Bebidas (2,9% a.a.) quanto de Produtos Não-Alimentícios (2,5% a.a.). Por fim, é importante ressaltar que a taxa de câmbio é uma das variáveis consideradas no modelo de projeção. Dada a alta volatilidade dessa variável, ainda há alguma razoável incerteza com relação à projeção de crescimento da Agroindústria para o final do ano. Embora o número gerado pelo modelo seja de uma expansão de 2,7%, as próximas revisões podem reduzir ligeiramente essa projeção, talvez, para algo mais próximo de 2,5% – o que ainda seria um bom crescimento do setor para esse ano.
FGVAgro
IPPA/Cepea: IPPA avança 5,5% em out/24, mas acumula queda de 2,5% no ano
O Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA/CEPEA) subiu 5,5% em outubro, influenciado pelos avanços em todos os grupos de produtos: de 1,9% para o IPPA-Grãos; de fortes 10,7% para o IPPA-Pecuária; de expressivos 10,4% para o IPPA-Hortifrutícolas; e de 0,5% para o IPPA-Cana-Café.
No mesmo período, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresentou alta de 1,5%, demonstrando que, de setembro para outubro, os preços agropecuários mantiveram-se em elevação frente aos industriais da economia brasileira. No cenário internacional, o índice de preços calculado pelo FMI subiu 1,4% quando convertido para Reais, acompanhando a valorização da taxa de câmbio oficial divulgada pelo Bacen. Isso indica um comportamento relativamente estável dos preços internacionais dos alimentos. No acumulado de 2024, o IPPA/CEPEA registra queda de 2,5%. Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%), enquanto o IPPA-Hortifrutícolas avançou 34,6% e o IPPA-Cana-Café cresceu 7%. Em comparação, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresenta estabilidade no ano, enquanto os preços internacionais dos alimentos, convertidos para Reais, acumulam alta de 6,1%. A despeito desses movimentos divergentes com relação ao IPPA/CEPEA, ressalta-se que, sob uma perspectiva de longo prazo, o que se observa é a convergência ao mesmo nível, após elevação acelerada dos preços domésticos nos últimos anos.
Cepea
EMPRESAS
Boicote ao Carrefour: interrupção de fornecimento de carne atinge 150 lojas no Brasil
Cerca de 50 caminhões deixaram de fazer entregas às redes do grupo, como Carrefour, Atacadão e Sam’s Club; o Carrefour Brasil negou desabastecimento, mas não se manifestou sobre a suspensão das entregas
Frigoríficos brasileiros pararam de fornecer carnes ao Grupo Carrefour Brasil após a decisão da empresa na França de não vender mais o produto do Mercosul. A interrupção no fornecimento já atinge 150 lojas da rede no Brasil e a estimativa do mercado é de que em até três dias haja desabastecimento total dos supermercados do grupo já que se trata de mercadoria resfriada e/ou congelada. Procurado, o Carrefour Brasil negou desabastecimento, mas não se manifestou sobre a suspensão das entregas. Fontes ligadas ao grupo ouvidas pelo Estadão/Broadcast afirmaram que cerca de 50 caminhões com carne para as redes do grupo – que engloba os hipermercados Carrefour, Atacadão e Sam’s Club – tiveram entregas suspensas até o início da tarde deste sábado, 23. Fontes da indústria disseram à reportagem que em 30% a 40% das gôndolas do Grupo Carrefour já se percebe desabastecimento do produto. Em nota, o Carrefour afirmou que não há desabastecimento de carne nas lojas. “A comercialização do produto ocorre normalmente nas lojas. Nenhuma loja está desabastecida”, diz a empresa. Entre os frigoríficos que aderiram à interrupção estão a JBS, Marfrig e Masterboi. Somente a Friboi, marca de carnes bovinas da JBS, responde por 80% do volume fornecido ao grupo de origem francesa, sendo que na rede Atacadão o fornecimento da marca é de 100%. Procuradas, a JBS e a Marfrig não comentaram o assunto. O movimento ocorre após o presidente global do grupo Carrefour, Alexandre Bompard, informar nesta semana de que não comprará carnes do Mercosul na França. Segundo ele, a medida foi tomada após ouvir o “desânimo e a raiva” dos agricultores franceses, que são contrários à proposta de acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Segundo dados do site especializado Farmneews, a França comprou de janeiro a outubro deste ano menos de 40 toneladas de carne bovina in natura do Brasil – isso equivale a 0,002% do total embarcado pelo País no período, de 1,41 milhão de toneladas. O receio do Brasil, no entanto, não está associado à quantidade, mas o efeito que a iniciativa pode ter na imagem do produto, abrindo caminho para atitudes parecidas em outros países europeus e prejudicando o produtor local. A decisão de suspender o fornecimento de carnes para o Carrefour no Brasil foi endossada pelo governo. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que não pediu que os produtores cortassem o fornecimento, mas disse que parabenizou o setor pela medida. “Aqui não é colônia francesa”, criticou Fávaro. “As indústrias daqui tomaram a atitude bonita de não fornecer, porque se eu não posso fornecer para lá, não forneço para cá também. Eles têm o apoio do governo, do Ministério da Agricultura.” Segundo interlocutores, diante da interrupção de fornecimento ao Carrefour, a diretoria do grupo pediu ao presidente da Friboi, Renato Costa, a retomada das entregas. Costa, conforme relataram fontes à reportagem, condicionou a retomada a uma retratação do grupo em nível global. A principal queixa da indústria é que, além do boicote, a qualidade e a sanidade da carne brasileira foram questionadas. Uma outra fonte classifica a represália dos frigoríficos brasileiros como “ações individuais de algumas empresas”.
O Estado de São Paulo
JBS cancela entregas e “crise da carne” pode afetar vendas do Carrefour
JBS cancela oficialmente entregas à rede e governo quer desculpa de CEO global do Carrefour
Pode faltar carnes na rede Carrefour a partir de segunda
A crise envolvendo a decisão do comando do Carrefour global, de barrar a compra de carne do Mercosul na França escalou rapidamente nas últimas horas. O setor frigorífico reagiu já na quinta-feira (21/11) à noite, iniciando o boicote contra a empresa e ontem, o cancelamento dos envios de produtos foi sentido pela rede, apurou a reportagem. “Caminhões da JBS que estavam no percurso para a entrega nas lojas ontem voltaram para trás”, diz uma fonte. Nos bastidores, o Carrefour no Brasil — que foi pego de surpresa pelo comunicado global — tenta achar uma solução para a crise política e econômica gerada pela própria empresa, e não descarta um pedido de desculpas do presidente da rede na França, dizem fontes. Na quarta-feira, o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, disse que os produtos sul-americanos não atendem às exigências e às normas francesas, e esse problema vinha afetando os produtores locais. Toda essa crise gerada deve afetar as vendas do grupo Carrefour no Brasil já no início da próxima semana, tanto da varejista e quanto do Atacadão, se a rede não conseguir reverter o problema, apurou a reportagem com diferentes fontes. O Atacadão, maior empresa de atacarejo do país, é controlado pelo Carrefour. Neste momento, monitoramento interno ainda não indica desabastecimento no país devido ao nível de produtos armazenados. Há estoque de carnes in natura, das peças de alto giro (como fraldinha, patinho, paleta, contra filet) em torno de quatro dias na varejista e no atacarejo. Logo, o desabastecimento poderia ocorrer já a partir de segunda-feira (25/11). Os cálculos estão sendo feitos neste momento pela linha de frente do grupo. Caminhões que seriam destinados para as lojas da empresa no país, vindos da JBS, tiveram o envio cancelado já ao longo da quinta-feira, dizem fontes a par do assunto. Mas entre o pedido interno de cancelamento e o não recebimento pela rede, leva algum tempo. Por conta disso, o Grupo Carrefour não recebe nenhum lote de carne das diversas marcas da JBS desde a sexta-feira. E cerca de 80% da venda da empresa são de produtos do grupo. Isso ocorreu após o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmar que a declaração de Bompard afeta a soberania brasileira, desrespeita a produção local. Segundo duas pessoas a par do tema, em reunião na quinta-feira, o presidente Lula pediu que Fávaro, ajudasse a cuidar desse problema, e, irritado, criticou duramente a postura do Carrefour, e do problema gerado para a imagem dos produtos brasileiros. Fávaro teria ligado para Renato Costa, presidente da Friboi, com quem Fávaro tem uma boa relação, e criticado as declarações de Bompard. Naquele momento, uma fonte diz que a JBS já tinha tomado a decisão de cancelar as entregas ao Carrefour. Surgiram informações no mercado de que a decisão foi tomada após a ligação do ministro, mas pessoas a par do tema na empresa negam essa versão. De qualquer forma, Fávaro teria apoiado a interrupção no abastecimento pela empresa. Uma segunda fonte próxima à JBS afirma que esse contato entre ministro e Costa não chegou a acontecer. “As empresas brasileiras que fornecem carne para lá [França] são as mesmas que fornecem aqui. Portanto, foi uma atitude bonita deles. Se eles não podem fornecer para o Carrefour francês, também não vão fornecer ao Carrefour brasileiro”, afirmou à reportagem.
“Parabenizei e apoiei a atitude deles. O presidente Lula soube da ação e gostou. Trata-se de soberania. Eles se acham a última bolacha do pacote”, continuou o ministro. A JBS é da família Batista, cujos controladores têm um bom trânsito junto ao atual governo e os irmãos Wesley e Joesley Batista estiveram em comitivas presidenciais em visitas ao exterior. Os lotes que seriam encaminhados pela JBS para o grupo Carrefour já estão sendo direcionados a outras varejistas e atacadistas, então é pouco provável que tenha uma perda para a JBS. O grupo Carrefour no país foi pego de surpresa pela atitude de Bompard, apurou a reportagem, e soube pela imprensa da decisão do presidente do conselho de se posicionar sobre o tema publicamente. Cerca de 5% das vendas do grupo vêm de carnes em geral (bovino, aves e suínos), diz uma segunda fonte, e a metade disso, cerca de 2,5%, refere-se só a venda de carne bovina pela empresa. “Agora, eles têm que apagar incêndio no Brasil. Já houve vários contatos do comando aqui com a direção da rede na França para ver como desatar esse nó nas últimas horas”, disse uma terceira fonte. Isso acabou abrindo uma crise política e diplomática, e com efeitos econômicos para a empresa no Brasil. A operação local responde por cerca de metade do lucro antes de juros, impostos, amortização de depreciação (EBITDA) da rede no mundo. “A fala de Bompard é uma atitude pessoal e política dele. O agro tem força gigantesca na França e ele tomou uma decisão de se posicionar sem medir totalmente as consequências”, diz uma pessoa próxima à rede. “Não é uma questão que deveria ser da rede, e ele colocou em xeque todo o mercado brasileiro e seus produtos”, diz essa pessoa. “Ele [Bompard] não protegeu o grupo e pôs em risco a operação no maior mercado dele. O resultado de Brasil gera dividendo para eles, o Brasil paga juros de financiamentos para a matriz, e ajuda na receita financeira deles. E o Brasil foi totalmente ignorado nessa decisão do Bompard de falar o que não deveria”. Há uma discussão junto ao conselho de administração do grupo na França sobre como agir para resolver a questão nas próximas horas, apurou a reportagem.
Globo Rural
Conselho do Carrefour questionou CEO na ‘crise das carnes’; conflito continua
A interpretação deles é de que Bompard calculou mal as palavras, e passou do ponto
As declarações de Alexandre Bompard, o principal executivo global do Carrefour, de que a rede na França vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul, além de abrir uma crise política e diplomática no país, levantam questionamentos sobre o nível de governança e de controles na empresa. Afinal, como um presidente do conselho de um grupo global decide tomar partido em torno de um grupo de fornecedores da companhia, na França, e critica publicamente outro, sem que a questão seja analisada internamente? Sem que os riscos e efeitos sejam discutidos? O Brasil é o segundo maior mercado em vendas e lucro operacional da empresa, e juntos, França e Brasil sustentam o negócio do grupo. Metade do lucro operacional da varejista no mundo vem no mercado brasileiro. Na quarta-feira (20), Bompard disse, em rede social, que “em solidariedade ao mundo agrícola”, a empresa se comprometeria a não comercializar nenhuma carne do Mercosul, e ainda esperava inspirar “outros atores do setor agroalimentar”. Para alguns interlocutores do setor, ele misturou interesses políticos com privados. Para executivos do setor varejista ouvidos, e alguns ligados ao próprio grupo, apesar de ele ter errado ao se manifestar com esses termos, Bompard não tinha, necessariamente, que ter levado a sua posição ao conselho. A informação inicial é de que oficialmente, o “board” desconhecia que Bompard iria abordar o assunto desta forma. Há uma informação no mercado francês de que ele teria consultado apenas informalmente pessoas de sua confiança na varejista. “Ele calculou mal a reação [do mercado] e o tom que adotou foi um erro, mas é bom lembrar que na França, ele teve muito apoio e está sendo bem-visto”, disse uma pessoa que já esteve com Bompard em reuniões. “Ele já se manifestou sobre outros temas relacionados com o Carrefour nas redes sociais e tem carta branca para isso. O grupo confia muito nele”, diz a fonte. Na visão de um executivo, a partir do momento em que a questão envolve fornecimento entre dois países chaves do grupo, e questões com teor estratégico e político relevantes, isso teria que ter sido debatido junto ao “board”. “Bompard tem uma posição pessoal sobre algo que tem impacto na organização. E teria que colocar a empresa e seus acionistas globais acima dos interesses da França”, diz esse executivo. Bompard publicou comunicado em rede social informando sobre a decisão de não vender mais carne de países do Mercosul na França foi tomada após ele ouvir o “desânimo e a raiva” dos agricultores franceses, que protestam contra a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. A reportagem apurou que as declarações de Bompard causaram grande incômodo na linha de frente da Península Participações, a empresa de investimentos da família Diniz, e fundada por Abilio Diniz, morto em fevereiro. A empresa é a segunda maior acionista do grupo francês, com 8,8% do capital, e sua entrada na varejista francesa se deu por meio de uma aposta na empresa por parte de Abilio Diniz, morto em fevereiro. Há 15 membros no conselho, sendo que 13 deles são franceses. Isso não quer dizer que, por conta apenas da nacionalidade, eles apoiariam a iniciativa de Bompard a favor dos fornecedores locais. A reportagem apurou que, mesmo entre dois conselheiros franceses, pelo menos, e para um alto executivo francês, que atua na matriz — e que conhece bem o mercado brasileiro — há uma percepção crítica sobre a postura do “chaiman”. A interpretação deles é de que Bompard calculou mal as palavras, e passou do ponto.
Globo Rural
JBS fecha acordo com Nigéria e investirá US$ 2,5 bilhões no país
Empresa pretende construir seis fábricas em cinco anos, nos setores de aves, suínos e bovinos
Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, diz que o objetivo é construir uma parceria sólida com os nigerianos
A JBS assinou na quinta-feira (21/11) um memorando de entendimentos com o governo da Nigéria, com a intenção de investir US$ 2,5 bilhões no país em cinco anos. Os objetivos da companhia incluem a construção de seis fábricas, sendo três de aves, duas de bovinos e uma de suínos, de acordo com comunicado da empresa. A companhia se comprometeu a desenvolver um plano de investimento de cinco anos, que abrangerá estudos de viabilidade, projetos preliminares das instalações, estimativas orçamentárias e um plano de ação para desenvolvimento da cadeia de suprimentos. O governo da Nigéria, por sua vez, vai assegurar as condições econômicas, sanitárias e regulatórias necessárias para a viabilização do projeto. “Nosso objetivo é estabelecer uma parceria sólida e apoiar a Nigéria no enfrentamento da insegurança alimentar. A experiência nas regiões em que operamos ao redor do mundo mostra que o desenvolvimento de uma cadeia sustentável de produção de alimentos gera um ciclo virtuoso de progresso socioeconômico para a população, em especial nas camadas vulneráveis”, afirmou o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, no comunicado. Ainda segundo a JBS, o acordo inclui apoio aos pequenos produtores e estímulo de práticas agrícolas sustentáveis. Maior economia da África e país mais populoso do continente, a Nigéria tem também uma das taxas de crescimento populacional mais altas do mundo. A JBS ressaltou que o Produto Interno Bruto (PIB) nigeriano, hoje em US$ 363,82 bilhões, poderá mais que dobrar até 2050, chegando a US$ 1 trilhão. A produção de proteína no país responde por 10% do PIB, e fornece 40% da demanda doméstica. Ao mesmo tempo, o país enfrenta uma das maiores taxas de insegurança alimentar do mundo, com 24,8 milhões de pessoas passando fome.
Valor Econômico
FRANGOS & SUÍNOS
Mercado de suínos fecha a semana com altas pontuais, mas a expectativa é de novos ganhos com demanda interna aquecida
Pagamento do 13º salário e festas de final de ano podem impulsionar os preços dos suínos
Segundo a Scot Consultoria, o preço da carcaça suína especial apresentou ganho de 0,65% e está precificado em R$ 15,50/kg. Já o preço médio da arroba do suíno CIF permaneceu estável e está sendo negociado em R$ 191,00/@. De acordo com o analista de mercado da Safras & Mercado, Allan Maia, o mercado dos suínos está firme devido ao quadro de disponibilidade doméstico, produção brasileira equilibrada e exportação aquecida. “A expectativa do mercado é de preços firmes até o final do ano impulsionados pela demanda doméstica aquecida, pagamento do 13º salário e festas no final de ano”, destacou. O ponto de atenção está no comportamento do mercado no início de janeiro. “A tendência é de ter um movimento de queda com uma redução no consumo devido ao poder de compra do consumidor estar mais descapitalizado, mas as exportações aquecidas podem continuar forte e colaborar para novas altas”, informou o analista da Safras & Mercado. De acordo com o levantamento realizado pelo Cepea na última quinta-feira (21), o Indicador do Suíno Vivo em Minas Gerais registrou estabilidade e segue em R$ 10,26/kg. No Paraná, o preço do animal não teve alteração e está precificado em R$ 9,76/kg. Já na região do Rio Grande do Sul, o animal apresentou estabilidade e está precificado em R$ 9,48/kg.
Cepea
Preços do frango congelado e resfriado registram alta de mais de 1%
Competitividade da carne de frango frente à suína está no maior patamar dos últimos quatro anos
A referência para o frango congelado registrou ganho de 1,25% frente ao observado no fechamento desta quinta-feira (21), em que o valor está cotado em R$ 8,07 por quilo. Para o frango resfriado, os preços tiveram valorização de 1,24% se comparado ao dia anterior e que está cotado em R$ 8,17 por quilo. Segundo as informações do Cepea, a competitividade da carne de frango frente à suína está no maior patamar dos últimos quatro anos, desde novembro de 2020. Na parcial de novembro (até o dia 19), o frango inteiro é negociado, em média, R$ 6,68/kg mais barato que a carcaça especial suína, sendo que esta diferença está 14,4% acima da de outubro. De acordo com as informações da Scot Consultoria, a ave terminada nas granjas paulistas segue com estabilidade e cotada em R$5,50 por quilo. Já para o atacado paulista, a referência do frango registrou queda de 0,66% e precificada ao redor de R$ 7,55 por quilo. A referência para o animal vivo no Paraná apresentou alta de 0,65% no comparativo diário, em que está cotado em R$ 4,65/kg.A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) divulgou que o frango vivo seguiu com estabilidade e sendo negociado em R$ 4,49/kg.
Cepea
Frango/Cepea: Competitividade frente à carne suína é a maior desde nov/20
Levantamentos do Cepea mostram que a competividade da carne de frango frente à suína está no maior patamar dos últimos quatro anos – desde novembro de 2020
Na parcial de novembro (até o dia 19), o frango inteiro é negociado, em média, 6,68 Reais/kg mais barato que a carcaça especial suína, sendo que esta diferença está 14,4% acima da de outubro. Pesquisadores do Cepea explicam que isso acontece pelo fato das valorizações da proteína suína estarem mais intensas que as da de frango. O mesmo cenário é observado frente à carne bovina, cujos preços também vêm subindo com mais força que os da proteína avícola ao longo de novembro.
Cepea
imprensaabrafrigo@abrafrigo.com.br
POWERED BY NORBERTO STAVISKI EDITORA LTDA
041 3289 7122
041 996978868