
Ano 11 | nº 2599 | 19 de novembro de 2025
NOTÍCIAS
Mercado do boi gordo: nas praças pecuárias paulistas, as cotações estão estáveis
Apesar da incerteza decorrente do potencial de mudança nas salvaguardas de importação chinesa, o mercado físico manteve-se com preços estáveis. A maioria dos frigoríficos manteve as ordens de compra, dada a oferta ajustada de bovinos.
Segundo a Scot, em São Paulo, os compradores abriram as negociações com preços mais baixos em relação aos valores do dia anterior, mas sem negócios consolidados. Dessa forma, apurou a Scot, o boi gordo paulista sem padrão-exportação segue cotado em R$ 320/@, o “boi-China” em R$ 325/@, a vaca gorda em R$ 302/@ e a novilha terminada em R$ 312/@ (preços são brutos, no prazo). Apesar da incerteza decorrente do potencial de mudança nas salvaguardas de importação chinesa, o mercado físico manteve-se com preços estáveis. A maioria dos frigoríficos manteve as ordens de compra, dada a oferta ajustada de bovinos. Parte dos compradores abriu as negociações com preços mais baixos em relação a ontem, mas sem negócios consolidados. Dessa forma, as cotações não mudaram. As escalas de abate atendiam, em média, a oito dias. Todos os preços eram brutos e com prazo. Em Minas Gerais, a menor oferta de gado em parte do estado sustentou as cotações. No entanto, o escoamento moroso de carne bovina desestimulou os negócios. Com isso, a cotação da arroba permaneceu inalterada na comparação diária para todas as categorias e em todas as praças pecuárias. Na exportação de carne bovina in natura, até a segunda semana de novembro, o volume exportado foi de 163,6 mil toneladas, com uma média diária de 16,3 mil toneladas, aumento de 36,3% frente ao embarcado por dia no mesmo período de 2024. A cotação média da tonelada ficou em US$5,5 mil, alta de 13,5% na comparação feita ano a ano.
SCOT CONSULTORIA
Arroba do boi gordo começa a dar sinais de queda
Demanda doméstica aquecida ainda traz suporte às negociações nas principais praças de comercialização
O mercado físico do boi gordo abriu a semana com tentativas esporádicas de compra em patamares mais baixos. “O cenário no geral ainda é turbulento, com grandes especulações em torno da China e nas eventuais salvaguardas que podem ser anunciadas até o dia 26″, disse o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias. Segundo ele, a demanda doméstica permanece aquecida, considerando o auge do consumo interno, com a incidência do 13º salário, criação de postos temporários de emprego e confraternizações do período.
Preço médio da arroba do boi: São Paulo: R$ 326,33. Goiás: R$ 320,32. Minas Gerais: R$ 318,82. Mato Grosso do Sul: R$ 319,20. Mato Grosso: R$ 307,00. O mercado atacadista se depara com preços acomodados no decorrer da segunda-feira. Quarto traseiro: segue a R$ 26,00 por quilo. Quarto dianteiro: ainda é cotado a R$ 19,50 por quilo. Ponta de agulha: se mantém a R$ 19,00 por quilo.
SAFRAS NEWS
ECONOMIA
Dólar tem leve baixa no Brasil com atenções voltadas para o exterior
O dólar fechou a terça-feira em leve baixa no Brasil, em uma sessão esvaziada de indicadores econômicos e de sinais mistos para a moeda norte-americana no exterior, com investidores à espera de divulgações nos EUA no restante da semana.
Investidores também acompanharam durante o dia as notícias sobre a prisão do acionista controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro, por suspeita de fraude de R$12 bilhões, ainda que o fato não tenha feito preço no mercado de câmbio. O Banco Central determinou a liquidação extrajudicial do Master, suspendendo suas operações. O dólar à vista encerrou a sessão em leve baixa de 0,26%, aos R$5,3186 na venda. No ano, a divisa acumula baixa de 13,92%. Às 17h04, o contrato de dólar futuro para dezembro — atualmente o mais negociado no Brasil — cedia 0,19% na B3, aos R$5,3300. No exterior, também não havia uma tendência única para os mercados de moedas: o dólar sustentava no fim da tarde ganhos ante o peso chileno, mas caía ante o peso colombiano e o peso mexicano. Às 17h05, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – mostrava estabilidade, a 99,551. Como pano de fundo estava a expectativa antes de divulgações importantes nos EUA. Também na quarta-feira o Federal Reserve divulgará a ata de sua última reunião de política monetária. Já o governo dos EUA divulgará na quinta-feira o relatório de empregos payroll — o primeiro desde o fim da paralisação do governo norte-americano. Neste caso, os agentes estarão atentos a pistas sobre se o Federal Reserve voltará a cortar juros em dezembro. O mercado precificava no fim de tarde de ontem 51,1% de probabilidade de a taxa de juros nos EUA seguir na faixa de 3,75% a 4,00% em dezembro, contra 48,9% de chance de corte de 25 pontos-base, conforme a Ferramenta CME FedWatch. s cortes de juros nos EUA, somados à manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano, têm sido apontados pelos agentes como um fator favorável à atração de investimentos ao Brasil — algo que tem mantido o dólar em patamares mais baixos ante o real.
REUTERS
Ibovespa tem leve queda com aversão global a risco e tensão com caso Master
Liquidação extrajudicial do Banco Master, anunciada pelo Banco Central, pressionou especialmente as ações do setor bancário
Apesar da aversão global ao risco causada por preocupações com as big techs, o Ibovespa encerrou com queda apenas leve, de 0,30%, aos 156.522 pontos na terça-feira. Em Nova York, as perdas foram bem maiores. A liquidação extrajudicial do Banco Master, anunciada pelo Banco Central, pressionou especialmente as ações do setor bancário, diante das incertezas com o tamanho de suas contribuições com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Os investidores, assim, adotaram uma postura cautelosa, o que limitou o giro financeiro da sessão, que somou R$ 16,4 bilhões no Ibovespa e R$ 23,3 bilhões na B3. Ao longo do dia, o índice oscilou entre os 155.834 mil pontos e os 157.040 mil pontos. Em Nova York, o tom seguiu negativo: o Dow Jones cedeu 1,07%, o S&P 500 perdeu 0,83%, enquanto o Nasdaq recuou 1,21%. As ações ordinárias do Banco do Brasil recuaram 2,76%, enquanto Bradesco PN cedeu 1,19% e as units do BTG Pactual caíram 1,11%. Com uma reação mais contida, o Itaú PN contraiu 0,50%. Na avaliação do chefe de pesquisa da Eleven Financial, Fernando Siqueira, o impacto do caso Master deverá ser pequeno para o setor, mas alguns bancos podem ser mais afetados, como Banco do Brasil e Bradesco. Como essas instituições negociam com “valuations’” mais baixos e são menos capitalizadas, mas mantêm muitos depósitos, os efeitos tendem a ser mais significativos para elas. “Com lucros menores, o impacto para BB e é relativamente maior em relação a outros bancos”, aponta. O valor que os bancos devem contribuir para o FGC ainda não está claro. Siqueira diz que pode ser algo em torno de 10% a 15% da capitalização, por exemplo, mas o cenário é incerto. Outro participante do mercado avalia que BB e podem contribuir com cerca de R$ 8 bilhões cada um, o que representaria 6% e 4% de capitalização, respectivamente. Esse seria o valor total a ser desembolsado, mas é razoável assumir que a recomposição do FGC ocorra gradualmente, explica. Nesse caso, o valor presente desse desembolso para cada banco é menor. O agente acrescenta, ainda, que o caso Master pode pesar para a imagem das instituições, especialmente para a XP. “O BTG Pactual também vendia os CDBs do Master, mas reputacionalmente foi menos identificado com o banco do que a XP”, observa. Segundo dados do sistema IFData, do Banco Central, o Banco Master SA tinha cerca de R$ 34,4 bilhões em depósitos elegíveis à cobertura do FGC, sendo R$ 31,2 bilhões em depósitos a prazo; R$ 2,5 bilhões em compromissadas; R$ 500 milhões em depósitos à vista; e R$ 187 milhões em LCI. No entanto, um gestor, que pediu anonimato, afirma ter se surpreendido com a rapidez com que o FGC pode honrar os depósitos. Ele acreditava que o processo poderia levar de seis meses a um ano, mas agora vê possibilidade de pagamento em cerca de um mês. Segundo ele, é provável que o fundo utilize parte dos ativos do Master como garantia, o que ajudaria a reduzir a quantia que os demais bancos precisariam aportar. No pano de fundo dos mercados, as incertezas com as big techs permanecem.
VALOR ECONÔMICO
Economia brasileira cresce 0,1% no terceiro trimestre, estima FGV
A economia brasileira cresceu 0,1% no terceiro trimestre de 2025 em comparação com o segundo trimestre e acumula avanço de 2,5% no período de 12 meses. Especificamente na passagem de agosto para setembro, o comportamento foi estável, ou seja, variação nula.
Os dados fazem parte do Monitor do PIB, estudo mensal elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV (Fundação Getulio Vargas), divulgado na terça-feira (18). A pesquisa faz estimativas sobre o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), indicador do conjunto de todos os bens e serviços produzidos no país. A informação entre trimestres e meses seguidos é dessazonalizada, isto é, foram excluídas variações sazonais, de forma que seja possível comparar períodos diferentes. Em termos monetários, a FGV estima o PIB brasileiro no acumulado até o terceiro trimestre em R$ 9,370 trilhões. De acordo com a economista Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, o setor de serviços e o consumo das famílias, maiores componentes do PIB, ficaram estagnados, “e os outros componentes pouco contribuíram para um desempenho mais forte da economia”. Ao analisar os dados interanuais – que apresentam menos volatilidade que os períodos imediatamente seguidos – a FGV constata que o consumo das famílias, que vinha crescendo anualmente praticamente acima de 3% desde 2021, apresentou visível desaceleração ao longo de 2025, registrando apenas 0,2% de expansão no terceiro trimestre, comparado ao mesmo período de 2024. “Apesar do resultado levemente positivo, o consumo de bens apresentou desempenho negativo, tanto em duráveis, como em não duráveis. O consumo de serviços, apesar de positivo, desacelerou significativamente no último trimestre”, frisa o estudo. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que mede a capacidade produtiva da economia, recuou 0,4% na comparação entre os terceiros trimestres de 2024 e 2025, muito impactado pelo comportamento fraco do setor de máquinas e equipamentos. É a primeira queda desde o trimestre móvel terminado em janeiro de 2023. Já as exportações cresceram 7%, no mesmo intervalo de comparação interanual. É a maior alta desde o trimestre móvel encerrado em maio de 2024. Houve crescimento em todos os grupos de produtos exportados, com destaque para os da indústria extrativa, que contribuíram com cerca de 44% para o crescimento total das exportações. O Monitor do PIB é um dos estudos que servem como termômetro da economia brasileira. Outro levantamento é o índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-BR), divulgado na segunda-feira (17), que indicou recuos de 0,2% na passagem de agosto para setembro e de 0,9% no terceiro trimestre em comparação com o segundo trimestre. No acumulado de 12 meses, houve expansão de 3%. O resultado oficial do PIB é apresentado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A próxima divulgação será referente ao terceiro trimestre de 2025, em 4 de dezembro.
AGÊNCIA BRASIL
Exportações caem na 2ª semana de novembro, mas saldo fica positivo
No acumulado do ano, superávit dos embarques brasileiros soma um total de US$ 54,676 bilhões
A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 484,1 milhões na segunda semana de novembro. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados na segunda-feira (17), o valor foi alcançado com exportações de US$ 6,504 bilhões e importações de US$ 6,020 bilhões. No ano, de janeiro a novembro de 2025, o superávit soma um total de US$ 54,676 bilhões, resultado de US$ 304,048 bilhões em exportações e US$ 249,372 bilhões em importações. No mesmo período do ano passado, o superávit acumulado estava em US$ 69,540 bilhões. Até a segunda semana de novembro, comparado ao mesmo período de novembro de 2024, as exportações caíram 2,3% e somaram US$ 14,318 bilhões. O desempenho dos setores foi o seguinte: crescimento de 34,3% em Agropecuária, que somou US$ 3,172 bilhões; queda de 27,4% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 2,895 bilhões e, por fim, queda de 0,5% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 8,170 bilhões. Já as importações cresceram 8,3% nas duas primeiras semanas de novembro e totalizaram US$ 12,036 bilhões na mesma comparação, com alta de 0,4% em Agropecuária, que somou US$ 223 milhões; crescimento de 6,9% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 663 milhões e, por fim, crescimento de 8,7% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 11,073 bilhões.
ESTADÃO CONTEÚDO
EMPRESAS
Agro atinge valorização recorde e muda os critérios de sucesso das empresas
À medida que o agro brasileiro ultrapassa os R$ 2,9 trilhões, investidores e gestores buscam entender o que realmente diferencia empresas de alto valor no setor. O agronegócio brasileiro deve movimentar R$ 2,9 trilhões até o fim de 2025, segundo projeção do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP).
O número confirma a força do setor, mas também evidencia uma mudança de mentalidade: a valorização das empresas do agro não depende mais só da produtividade ou da exportação. Hoje, o mercado reconhece como diferencial as organizações que dominam a rastreabilidade da cadeia, garantem assistência técnica qualificada, se adaptam a diferentes biomas e conseguem operar com eficiência logística mesmo em regiões remotas. De acordo com José Loschi, fundador da SRX Holdings, produzir muito já não é o suficiente. “As empresas mais valorizadas são as que conseguem mostrar solidez em toda a jornada, do campo à entrega, com processos rastreáveis, gestão técnica e conexão real com o território onde atuam”, afirma. A aprovação recente do Projeto de Lei 2925/25, que determina a presença obrigatória de profissionais especializados, como engenheiros agrônomos e veterinários, nas equipes de assistência técnica rural, reflete o avanço dessa agenda de qualificação. A medida deve fortalecer a confiança nas operações do campo e elevar o padrão das empresas que já investem em equipes técnicas estruturadas. Além disso, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alerta que o crescimento do setor não tem sido acompanhado pela infraestrutura necessária, o que torna a logística um dos fatores mais determinantes para a competitividade. De acordo com dados recentes da entidade, os custos logísticos podem representar até 25% do valor final dos produtos agrícolas. Então, dominar o transporte e a armazenagem em regiões de difícil acesso já garante uma vantagem estratégica. Outro eixo que vem redefinindo valor é a adaptação regional. Empresas que conseguem ajustar suas operações aos diferentes biomas brasileiros, do Cerrado ao Sul, da Caatinga à Amazônia, ganham eficiência, reduzem desperdícios e ampliam a sustentabilidade dos sistemas produtivos. A parceria com cooperativas locais e produtores regionais, por sua vez, reforça a legitimidade social e facilita o cumprimento de exigências ambientais e de rastreabilidade, cada vez mais cobradas por compradores internacionais. “Quando uma empresa do agro consegue unir eficiência técnica, presença local e transparência operacional, ela passa a ser referência, além de produtora. E é esse tipo de empresa que o mercado está disposto a valorizar”, finaliza José.
SRX HOLDINGS
MEIO AMBIENTE
Fávaro: objetivo na COP é captar recursos para recuperar de áreas degradadas
Um dos projetos alvo para captação de recursos é o programa Caminho Verde Brasil
O ministro da Agricultura, Carlos Favaro, disse que uma das estratégias da pasta na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) é captar recursos internacionais para a recuperação de pastagens degradadas. “A estratégia é mostrar o arranjo produtivo, para onde vamos crescer, apresentar os programas para o futuro (da agropecuária), sempre com o objetivo de captar recursos internacionais para que possamos recuperar as áreas degradadas, investir na agricultura familiar, investir na produção sustentável, investir em bioinsumos e investir na modernização”, afirmou Fávaro, ontem (17), nos bastidores da AgriZone, em Belém (PA). Um dos projetos alvo das investidas de captação de recursos pelo ministério é o programa Caminho Verde Brasil, que prevê a recuperação e conversão de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas em áreas produtivas em dez anos, com custo estimado de US$ 120 bilhões. O programa será apresentado na AgriZone e na BlueZone, área de negociações diplomáticas da COP. Fávaro afirmou ainda que há também a intenção de captação de recursos internacionais para ampliação e disseminação da pesquisa agropecuária, desenvolvida pela Embrapa, pelos países tropicais. “É uma COP que temos a oportunidade de mostrar também ao mundo o modelo produtivo da agropecuária brasileira. Isso é muito relevante, com a certeza de que todos vão levar a impressão verdadeira de que o Brasil é um grande player na produção de alimentos e energias com responsabilidade ambiental”, defendeu o ministro. De acordo com Fávaro, a agropecuária brasileira vai mostrar na COP as práticas adotadas até hoje e que a tornaram líder mundial na produção de alimentos e os caminhos para o futuro aliando produção de alimentos, sustentabilidade e tecnologia na produção. “Afinal de contas, não há contradição. Produzir e preservar é fundamental, porque um dos grandes ativos da produção de alimentos é o clima. O agro veio aqui para desmistificar a forma como os produtores brasileiros produzem e mostrar ao mundo que a imensa maioria dos produtores têm boas práticas”, afirmou.
ESTADÃO AGRO
Ministério assina acordo com agência do Japão para recuperar pastagens
Ações da parceria integrarão o programa Caminho Verde do governo federal, voltado à conversão de áreas degradadas em terras produtivas em todo o país. No Cerrado, 7,7 milhões de hectares estão com degradação moderada
O Ministério da Agricultura, a Embrapa e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) assinaram ontem durante a COP30 um acordo de cooperação para recuperar pastagens degradadas no Cerrado. As ações da parceria, que incluirão o uso de imagens de satélite da agência espacial japonesa Jaxa, integrarão o programa Caminho Verde, do governo federal, voltado à conversão de áreas degradadas em terras produtivas em todo o país. Cerca de um quarto dos 200 milhões de hectares de Cerrado brasileiro, ou 51 milhões de hectares, correspondem a pastagens, dos quais 13,6 milhões estão em algum estágio de degradação, mas ainda têm potencial para produção agropecuária, segundo informações apresentadas no evento de assinatura. Quase 60% deles, ou 7,7 milhões de hectares, estão em estágio de degradação moderada, enquanto outros 5,9 milhões de hectares estão mais severamente degradados. A parceria com a Jica envolverá análises de dados de satélite, de solo e clima de áreas degradadas do Cerrado, tendo em vista as especificidades de diferentes áreas do bioma, que servirão de base para ações de planejamento e recuperação. “O Cerrado não é uma região homogênea”, afirmou Edson Eyji Sano, pesquisador da Embrapa Cerrados. O projeto também prevê, entre outras medidas, análises de alterações climáticas com potencial para influenciar a recuperação e a conversão das pastagens. “Temos de frear a ocupação sobre o Cerrado e a floresta, possuímos área suficiente com potencial para atender à necessidade de crescimento para o consumo de alimentos e energias renováveis no mundo, em cima das áreas com algum grau de degradação”, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a jornalistas após a assinatura do acordo. Há expectativa de que a JICA aporte mais US$ 1 bilhão à iniciativa ao longo de dois anos, segundo fontes a par das negociações. Durante a assinatura da parceria com a JICA, representantes das entidades não citaram valores, mas Fávaro disse que as tratativas com a agência japonesa “estão avançadas” para que a entidade aporte recursos para pesquisa e investimentos. “Tenho certeza de que a JICA vai participar, e as tratativas estão avançadas para que venha fazer parte de um novo [leilão do] EcoInvest”, afirmou o ministro, referindo-se ao programa federal que vem levantando recursos de instituições financeiras por meio de leilões, destinados à projetos de transição ecológica. O Caminho Verde tem como meta recuperar até 40 milhões de hectares de pastagens em dez anos, convertendo-os em áreas produtivas ou de preservação. Na segunda-feira, o ministério sinalizou que o acesso aos R$ 30 bilhões garantidos via segundo leilão do EcoInvest poderá começar no ano que vem.
VALOR ECONÔMICO
CARNES
Desempenho exportador das carnes de frango, bovina e suína na 1ª quinzena de novembro
Completadas as duas primeiras semanas de novembro – correspondentes à 1ª quinzena do mês – apenas a carne bovina continua a registrar aumento (dos mais significativos) em relação ao mesmo mês do ano passado.
Assim, embarcou até aqui perto de 164 mil toneladas, volume que, pela média diária, corresponde a embarques 36,34% superiores aos de um ano atrás. A carne de frango – da qual se esperava firme retomada dos embarques após a suspensão do embargo que a China mantinha sobre o produto brasileiro desde maio passado – exportou 214,6 mil toneladas, resultado que, também pela média diária, representa não um aumento, mas uma queda de 6,6% em relação ao registrado há um ano. Pior, porém, vem sendo o desempenho da carne suína. Pois as cerca de 48.600 toneladas já exportadas equivalem a embarques diários mais de 14% inferiores aos de novembro de 2024. Idêntico desempenho se aplica ao preço médio das três carnes. Ou seja: apenas a carne bovina continua em valorização, obtendo preço que se encontra perto de 13,5% acima do alcançado há um ano. O preço da carne suína, embora negativo, apresenta queda anual de apenas 1,9%, enquanto o da carne de frango sofre retração anual ligeiramente superior a 6%.
SECEX/MDIC/AVESITE
FRANGOS & SUÍNOS
Setor avícola gaúcho espera solução ‘nos próximos dias’ para embargo da China
Chineses liberaram importações brasileiras, mas mantiveram restrições ao RS; Mapa pediu esclarecimentos a Pequim. Asgav diz que todos os protocolos sanitários foram seguidos e que não entende motivo do embargo.
O Rio Grande do Sul segue fora das compras chinesas de carne de frango e o setor diz esperar um desdobramento positivo “nos próximos dias”. A China manteve o embargo ao Estado, apesar de ter retirado as suspensões ao Brasil, sob a justificativa do caso de Doença de Newcastle registrado em 2024. O Ministério da Agricultura (Mapa) pediu esclarecimentos a Pequim sobre a decisão, mas ainda não obteve resposta. A manutenção da restrição foi recebida com surpresa pela indústria gaúcha. Para o presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, não há pendências sanitárias que justifiquem o veto. “Recebemos com uma certa surpresa, já que o que consta aí, o motivo da restrição, é sobre o caso de Newcastle, uma situação isolada que já foi solucionada, com reconhecimento pela Organização Mundial da Saúde Animal”, afirmou. Santos diz que todos os elementos técnicos já foram apresentados. “Nós temos fundamentação técnico-científica, o embasamento todo da solução do caso, o atendimento a todos os requisitos, e um trabalho exemplar do nosso serviço oficial, junto com o setor, que evitou que a doença ou as doenças, no caso do Newcastle no ano passado e de Influenza este ano, tivessem um espalhamento e consequências maiores”, afirmou. Ele destaca a confiança em uma retificação por parte de Pequim. “[…] deve ser um ajuste de informações, uma atualização de informações, por parte do governo chinês. E, certamente, isso vai ter um desdobramento nos próximos dias”, afirmou. “Estamos aguardando aqui uma definição. Existe toda essa expectativa de uma solução rápida”, disse Santos. Segundo o dirigente, o setor tem confiança no trabalho diplomático conduzido pelo governo brasileiro. “Estamos apostando e estamos muito otimistas em relação ao trabalho diplomático que está sendo feito pelo Ministério da Agricultura, pelo Secretário de Relações Internacionais e pela Associação Brasileira de Proteína Animal. Estamos todos na mesma linha”, afirmou. Até maio, mês da ocorrência de Influenza Aviária, a China havia sido o destino de mais de 10% de tudo o que o País exportou da proteína. No caso do Rio Grande do Sul, os chineses terminaram o ano passado na terceira posição entre os principais destinos das exportações de frango. “Só em 2024, foi de 18% a 20% das nossas exportações. É um mercado bastante considerável”, disse Santos. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, os embarques de carne de frango do RS tiveram 3% de queda em receita e de 2% em volume. “No mês de outubro deste ano, nós estamos crescendo 8% das exportações do estado, comparando com outubro do ano passado. No acumulado do ano, caímos 1%. Então, vem diminuindo o impacto da queda das nossas exportações”, afirmou.
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