
Ano 11 | nº 2515 | 24 de julho de 2025
NOTÍCIAS
Mercado do boi gordo: queda no preço da novilha em São Paulo
As negociações continuaram lentas em São Paulo, com o escoamento de carne bovina ainda fraco e a oferta de animais atendendo à demanda. Na quarta-feira, não houve alteração no preço do boi gordo e da vaca, mas a novilha teve uma queda de R$1,00/@.
As negociações continuaram lentas em São Paulo, com o escoamento de carne bovina ainda fraco e a oferta de animais atendendo à demanda. As escalas de abate atendiam, em média, a nove dias. No Mato Grosso do Sul, no estado, com o escoamento de carne bovina em ritmo lento no mercado interno e a boa oferta de animais, os frigoríficos adotaram uma postura mais cautelosa para atender suas demandas. Com isso, houve queda na cotação em parte das praças pecuárias monitoradas. Na região de Dourados, houve queda de R$3,00/@ para todas as categorias. Na região de Campo Grande, a cotação da novilha caiu R$1,00/@. Para o boi gordo e a vaca, manteve-se estável. Na região de Três Lagoas, a cotação se manteve estável para todas as categorias. A cotação do “boi China” se manteve estável. No Paraná, a oferta de bovinos na região estava alta. O avanço da geada e a perda de capacidade de sustentação das pastagens no estado levaram os pecuaristas a negociarem em maiores volumes. Todavia, hoje não houve alteração nos preços de nenhuma das categorias em relação a ontem. No Rio de Janeiro, no estado, a cotação se manteve estável para todas as categorias.
Scot Consultoria
Boa oferta de fêmeas faz preços caírem na Região Norte
O mercado físico do boi gordo volta a se deparar com tentativas de compra em patamares mais baixos
De acordo com o analista de Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, o movimento acontece por conta das escalas de abate relativamente confortáveis e a boa entrada de animais confinados. “Na Região Norte, é evidenciada boa oferta de fêmeas, pressionando ainda mais os preços da arroba. Por outro lado, o cenário de queda vem perdendo intensidade em determinados estados.” Segundo ele, o quadro traçado em relação aos Estados Unidos ainda é preocupante, considerando o adicional tarifário de 50% que inviabiliza a entrada da carne bovina brasileira no mercado norte-americano. Preços da arroba do boi: São Paulo: R$ 293,07 — ontem: R$ 294,37. Goiás: R$ 276,14 — R$ 276,21. Minas Gerais: R$ 282,35 — R$ 281,76. Mato Grosso do Sul: R$ 295,68 — R$ 295,80. Mato Grosso: R$ 293,73 — R$ 294,04. O mercado atacadista apresenta acomodação em seus preços no decorrer da quarta-feira. Segundo Iglesias, o ambiente de negócios ainda sugere pela queda das cotações no curtíssimo prazo, considerando a reposição mais lenta entre atacado e varejo durante a segunda quinzena do mês. “Além disso, a carne de frango segue muito mais competitiva em comparação com as proteínas concorrentes, em especial se comparado a carne bovina”, diz. O quarto dianteiro e a ponta de agulha seguem no patamar de 17,50 por quilo.
Agência Safras
Sem EUA, qual seria o destino da carne brasileira?
Especialistas ouvidos pelo Agro Estadão apontam países da Ásia, África e das Américas como possíveis destinos alternativos ao setor
Há poucos dias da entrada em vigor da tarifa de 50% dos Estados Unidos (EUA) sobre as exportações brasileiras — prevista para começar em 1º de agosto —, o setor de carne bovina segue calculando os impactos da medida. Redirecionar o volume exportado ao segundo maior comprador de carne bovina brasileira não é tarefa simples. Só no primeiro semestre de 2025, os Estados Unidos adquiriram 156,5 mil toneladas — alta de 131,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Porém, especialistas ouvidas pelo Agro Estadão, indicam que sim, há mercados alternativos. Isabella Camargo, analista da HN Agro, esclarece que, se houver uma paralisação total das exportações aos EUA, a China — líder das importações do setor — surge como a principal alternativa para absorver parte do volume que iria ao mercado norte-americano. Conforme observado em anos anteriores, os chineses costumam aumentar suas compras de carne bovina no segundo semestre. Esse movimento visa uma preparação para a comemoração do Ano Novo Chinês, que ocorre entre fevereiro e março do ano subsequente. “Na média dos últimos três anos, o volume enviado pelo Brasil à China, em agosto, é 8,3% maior, em torno de 9,0 mil toneladas quando comparado ao mês anterior. E de agosto para setembro o crescimento é de 14,7% ou 17,2 mil toneladas. O que já direcionaria parte ou um volume até maior do que seria destinado aos EUA”, afirma Camargo. Segundo a analista, outros destinos relevantes no primeiro semestre de 2025 também não podem ser descartados, como México, Rússia e Chile, que aumentaram, respectivamente, as suas importações na comparação anual, em 176,2%, 25,1% e 20,4%. Além da China, indicada pela HN Agro, a Agrifatto Consultoria adiciona nesta lista a Argélia. O país do norte da África figurou entre os 10 principais destinos da carne bovina in natura brasileira no primeiro semestre deste ano. “O Brasil deve buscar redirecionar seus volumes para mercados alternativos como Argélia, China e Chile. Internamente, a expectativa é de um excedente de produto no mercado doméstico, o que tende a pressionar os valores da arroba do boi gordo”, sinaliza o documento. Esse movimento, segundo a consultoria, deve ser ainda mais intenso em estados como São Paulo e Goiás, que lideram as exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos — com participações de 21% e 22% no total exportado ao país, respectivamente, em 2025. Austrália deve avançar nos EUA e Brasil mira mercados deixados pelos australianos. Além do impacto regional, a mudança tarifária também deve redesenhar o fluxo global das exportações de carne bovina. Conforme destaca a Agrifatto, como o comércio internacional de proteínas é um ‘jogo de soma zero’, a saída parcial do Brasil do mercado norte-americano tende a abrir espaço para outros fornecedores. Nesse contexto, Paraguai, Argentina e Austrália devem intensificar os embarques para os EUA. A Austrália, no entanto, desponta como principal candidata a ocupar grande parte dessa lacuna. Somente no primeiro semestre de 2025, os australianos exportaram um total de 702 mil toneladas de carne bovina — alta de 16,8% frente ao mesmo período de 2024. Só para os EUA, os embarques australianos somaram 202,8 mil toneladas. Esse volume indica 47,4 mil toneladas a mais do que no ano anterior. Essa performance, conforme explica a Agrifatto, é sustentada, principalmente, pela produção em confinamento, que bateu recordes recentes impulsionada pela demanda global. Para Isabella Camargo, esse reposicionamento da Austrália no mercado norte-americano pode abrir oportunidades para o Brasil em outros destinos antes abastecidos pelos australianos, como Coreia do Sul, Indonésia e Filipinas. “Com a maior concorrência entre países, pode haver um aumento no preço da tonelada. O que tornaria a carne brasileira mais competitiva em mercados como Filipinas e Indonésia”, sinaliza. Essa elevação do preço da carne pode, ainda, estimular a abertura do mercado japonês à carne bovina do Brasil. “O japonês não está acostumado com inflação. Então, o aumento no preço da carne é um dos fatores que pode ajudar a aumentar a inflação, forçando-os [governo japonês] a procurar outro fornecedor. O que pode favorecer o Brasil”, explica.
O Estado de São Paulo/Agro
ECONOMIA
Dólar cai ante real sob influência do exterior após acordo EUA-Japão
O acordo comercial dos Estados Unidos com o Japão e a perspectiva de entendimento com a União Europeia abriram espaço para a queda do dólar ante outras divisas na quarta-feira, incluindo o real, ainda que o Brasil siga com dificuldades para encontrar caminhos para negociar com os norte-americanos.
O dólar à vista fechou com baixa de 0,78%, aos R$5,5239, no menor valor de fechamento desde os R$5,5036 de 9 de julho — dia em que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a tarifa de 50% para os produtos brasileiros, elevando a pressão no mercado de câmbio. No ano, a divisa acumula baixa de 10,60%. Às 17h05 na B3 o dólar para agosto — atualmente o mais líquido no Brasil – cedia 0,71%, aos R$5,5320. Na noite de terça-feira o presidente dos EUA, Donald Trump, fechou um acordo comercial com o Japão que reduz as tarifas sobre as importações de automóveis e poupa Tóquio de novos impostos sobre outros produtos, em troca de um pacote de US$550 bilhões em investimentos e empréstimos aos norte-americanos. O acordo dos EUA com o Japão e a perspectiva de um entendimento comercial também com a União Europeia, que resultaria em uma tarifa de 15% sobre os produtos europeus, animaram os mercados ao redor do mundo. Os índices de ações subiram, o dólar recuou ante a maior parte das divisas e os rendimentos dos Treasuries avançaram, com investidores vendendo títulos e buscando ativos de maior risco, como moedas de países emergentes. Neste cenário, após marcar a cotação máxima de R$5,5790 (+0,21%) às 9h18, ainda na primeira meia hora da sessão, o dólar à vista atingiu a mínima de R$5,5155 (-0,93%) às 15h52, quando a moeda norte-americana também cedia ante várias outras divisas no exterior. “Tivemos um fluxo positivo para o Brasil, de venda (de dólares) por exportadores e investidores estrangeiros, com a bolsa subindo”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “Mas o que está pesando mesmo é a procura global por risco, com o acordo fechado pelos EUA com o Japão e a forte possibilidade de acordo com a União Europeia”, acrescentou. O recuo do dólar ante o real ocorre a despeito das dificuldades do governo Lula para negociar com os EUA, após o presidente Donald Trump anunciar a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, usando como uma das justificativas o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado — uma questão jurídica, e não comercial.
Reuters
Ibovespa retoma os 135 mil pontos no embalo dos acordos dos EUA com Japão e UE
Impulso adicional veio de blue chips, como Petrobras e bancos
Depois de não conseguir manter o desempenho mais positivo visto durante parte do pregão de ontem, o Ibovespa por fim se apoiou nos acordos entre Estados Unidos e Japão e na proximidade de um pacto definitivo com a União Europeia para permanecer no azul ao longo de toda a quarta-feira. O suporte adicional veio de blue chips, como Petrobras e bancos. A exceção foram as ações da Vale, penalizadas pela divulgação de dados operacionais que mostraram queda no volume de vendas e preços realizados, ainda que tenham superado as expectativas de produção de minério de ferro. No fim do dia, o Ibovespa encerrou com alta forte de 0,99%, aos 135.368 pontos, sendo que alcançou os 135.782 pontos, na máxima intradiária. Ao todo, 77 ações subiram, enquanto apenas seis fecharam em baixa. O volume financeiro da principal referência acionária local foi de R$ 12,7 bilhões e de R$ 16,5 bilhões na B3. O movimento local refletiu o maior apetite por risco no exterior. Em Wall Street, os principais índices americanos fecharam no positivo: o Dow Jones subiu 1,14%; o S&P 500 avançou 0,78%; e o Nasdaq teve ganho de 0,61%. Segundo o estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas, o mercado precisava de uma “justificativa” para uma correção técnica e isso ocorreu com a chegada a um acordo comercial entre EUA e Japão, acompanhada pela sinalização de que as negociações com a União Europeia estão avançadas, segundo o “Financial Times”. “Há um cenário lá fora mais construtivo e isso está contribuindo para uma respirada do mercado. Já vínhamos de uma sequência de baixas, o mercado estava esperando uma justificativa para corrigir”, avalia Villegas. “A visão do mercado é que, como abriu esse espaço para negociar com Japão e UE, então tem espaço para negociar com qualquer país”, acrescenta. Na avaliação do estrategista da Genial, o mercado se animou com a notícia de que China iniciou a construção da maior usina hidrelétrica do mundo, no Planalto Tibetano, e com a subida nos preços do minério de ferro, o que motivou os ganhos da entre segunda-feira e ontem. O movimento ocorreu após um período em que as ações da sofreram com perspectivas mais negativas para o setor de construção chinês.
Valor Econômico
Agro brasileiro vê impacto de US$ 5,8 bilhões com tarifaço dos EUA
Tarifas de 50% sobre os produtos nacionais a partir de agosto tem potencial para diminuir pela metade os valores recebidos pelos exportadores em 2024. No caso dos sucos de laranja, a tarifa se tornaria impeditiva para o acesso do produto brasileiro aos EUA e reduziria a zero o volume comercializado
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que o tarifaço dos Estados Unidos pode reduzir em US$ 5,8 bilhões por ano as exportações de produtos do agronegócio brasileiro para lá. A aplicação de tarifas de 50% sobre os produtos nacionais a partir de agosto tem potencial para diminuir pela metade os valores recebidos pelos exportadores em 2024. De acordo com a entidade, alguns produtos sofrerão mais impacto que outros. No caso dos sucos de laranja, a tarifa se tornaria impeditiva para o acesso do produto brasileiro aos EUA e reduziria a zero o volume comercializado. Para a carne bovina e o sebo bovino, as exportações podem cair 47% e 50%, respectivamente. A queda estimada para produtos de madeira oscila entre 25% e 100%, nos cálculos da CNA. Já o café verde pode ter um impacto relativo menor, por conta da diminuição da oferta do grão no mercado internacional nos últimos anos, o que reflete em maior dificuldade de substituição do produto. A CNA avalia que, mesmo com a aplicação da tarifa de 50%, as vendas aos EUA devem recuar apenas 25%. No levantamento, a CNA levou em consideração as exportações de US$ 12,1 bilhões de produtos do agronegócio brasileiro aos norte-americanos em 2024 e a elasticidade das importações de bens dos EUA, que mede como o volume importado reage a mudanças no preço das cargas. “Assumiu-se que o choque causado nas tarifas seria integralmente transmitido para os preços de importação. Ou seja, uma elevação de 50% nas tarifas elevaria em 50% os preços finais”, diz a entidade. O indicador foi estimado com base nos dados de comércio dos EUA nos últimos cinco anos. “A maior parte dos produtos do agro exportados para os EUA possuem elasticidade menor que –1, indicando uma maior sensibilidade às variações de preço”, explica a CNA. Quanto menor o índice, maior o impacto sobre as importações americanas. “Com base na elasticidade das importações de bens nos Estados Unidos, estima-se uma queda de 48% no valor total pago pelas importações”, diz a entidade. As exportações de suco de laranja pagam atualmente alíquotas de 5,26% a 6,13% para entrar nos EUA. Em 2024, as vendas totalizaram 1 milhão de toneladas, com faturamento de US$ 795 milhões. Com o tarifaço a partir de agosto, se confirmado, as taxas passarão para o intervalo entre 55,26% e 56,13%, o que deverá inviabilizar novas comercializações. No caso do café verde, ou seja, não torrado e não descafeinado, não há pagamento de tarifa. As importações americanas alcançaram 439 mil toneladas, o que gerou receita de US$ 1,9 bilhão no ano passado. Com a taxação de 50%, a CNA estima que as exportações brasileiras devem cair para 329 mil toneladas e o faturamento, para US$ 1,4 bilhão. Ambas as quedas estimadas são de 25%. Para o açúcar, o cenário vislumbrado é de queda de 74% no volume exportado, na comparação com as 1,035 milhão de toneladas exportadas em 2024. Com as tarifas elevadas, as vendas devem se limitar a 266 mil toneladas, vê a CNA. Já o faturamento deve cair 33%, de US$ 1,8 bilhão no ano passado para US$ 1,2 bilhão. Isso porque o açúcar já paga alíquota de 40,6% para entrar nos EUA. Com a tarifa adicional, o índice chegará a 90,6%. No caso da carne bovina, as alíquotas variam entre 0% e 26,4%. Em 2024, os frigoríficos brasileiros exportaram 183 mil toneladas para lá, com receita de US$ 1,9 bilhão. Com o tarifaço, as taxas passarão para o intervalo de 50% a 76,4% e as vendas deverão se limitar a 97 mil toneladas ao ano, estima a CNA, queda de 47%. Nesse cenário, o faturamento deve reduzir 33% e ficar em US$ 1,2 bilhão. Para o sebo de bovinos, ovinos ou caprinos, a estimativa no cenário de tarifas elevadas é de queda de 50% no volume embarcado, para 167 mil toneladas, e de faturamento, para US$ 176 milhões. Atualmente, as exportações desse tipo de produto pagam alíquotas de apenas 0,3%. No caso de outros açúcares de cana, de beterraba e sacarose quimicamente pura, no estado sólido, cujas exportações foram de 198 mil toneladas com tarifas de 30,1%, a CNA avalia que as vendas serão totalmente paralisadas com a taxação adicional de 50%. Com isso, o faturamento de US$ 149 milhões obtido em 2024 seria zerado. Pasta química de madeira, portas e soleiras e outras obras de madeira também devem ter impactos de 25%, 93% e 77% no volume embarcado em 2024. No caso do álcool etílico, a estimativa da confederação é de redução de 71% no volume e no valor exportado.
Globo Rural
Brasil tem fluxo cambial negativo de US$1,003 bi em julho até dia 18, diz BC
O Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$1,003 bilhão em julho até o dia 18, em movimento puxado pela via financeira, informou na quarta-feira o Banco Central.
Os dados mais recentes são preliminares e fazem parte das estatísticas referentes ao câmbio contratado. Pelo canal financeiro, houve saídas líquidas de US$6,334 bilhões no período. Por este canal são realizados os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, as remessas de lucro e o pagamento de juros, entre outras operações. Pelo canal comercial, o saldo de julho até o dia 18 foi positivo em US$5,331 bilhões. Na semana passada, de 14 a 18 de julho, o fluxo cambial total foi positivo em US$216 milhões. No acumulado do ano até 18 de julho, o Brasil registra fluxo cambial total negativo de US$15,348 bilhões.
Reuters
EMPRESAS
Tarifaço gera ‘desarranjo’ na agroindústria, diz diretor da BRF/Marfrig
Executivo ressaltou a importância de a questão ser resolvida o mais breve possível. Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da BRF/Marfrig
O diretor de Sustentabilidade da BRF/Marfrig, Paulo Pianez, afirmou na quarta-feira (23/7) que o tarifaço dos Estados Unidos não gera impacto direto nas operações da companhia no Brasil, já que o mercado norte-americano não é um grande destino das carnes bovina, suína e de aves produzidas nos frigoríficos nacionais. “Mesmo sendo uma empresa com perfil exportador, a Marfrig exporta 65% dos que produz no Brasil, o mercado americano não é grande mercado a partir do Brasil. Do ponto de vista da companhia, não tem impacto”, afirmou em evento promovido pelo jornal Folha de S. Paulo. Mesmo assim, Pianez ressaltou que a imposição de tarifas de 50% gera um “desarranjo” na economia e uma relação de “perde-perde” para os envolvidos. “É um jogo de perde-perde. Perde a agroindústria, o Brasil como um todo, faz com que haja desarranjo bastante substancial”, disse. “É uma coisa absolutamente insana, não faz sentido. Do ponto de vista econômico, não traz benefício aos Estados Unidos. Pelo contrário, vai casuar impacto grande de menor disponibilidade, aumento de preço. Do ponto de vista racional, não faz absolutamente o menor sentido”, completou. Os principais mercados para os produtos da BRF/Marfrig do Brasil são a Ásia e a Europa, disse Pianez. Ele ressaltou a importância de a questão ser resolvida o mais breve possível. “É um mercado importante para o grupo como um todo. Temos operação importante nos EUA, a National Beef, quarta maior operadora, e exportamos carne orgânica do Uruguai”, disse. Pianez comentou ainda que o Brasil é o único país capaz de fornecer produtos agropecuários a preços competitivos, de qualidade e com ativo ambiental no mercado internacional. “[O tarifaço] é uma coisa não racional”.
Valor Econômico
Marfrig e BRF rebatem Minerva no Cade e pedem aprovação da fusão
Empresas afirmam que o processo de incorporação de ações não altera o controle já existente. As companhias ainda teceram críticas em relação à postura da concorrente e os motivos que a levaram a ir contra a fusão
Os frigoríficos Marfrig e BRF enviaram um requerimento ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra o recurso da concorrente Minerva Foods, que se opõe à fusão das duas empresas controladas pelo empresário Marcos Molina. Em documento assinado pelos advogados do escritório Mudrovitsch, Marfrig e BRF apresentam suas justificativas, solicitam a retirada do recurso e a aprovação da operação. As requerentes afirmam que o processo de incorporação de ações da BRF pela Marfrig não altera o controle já existente, não modifica as relações comerciais entre as partes e, portanto, não representa risco concorrencial. As empresas argumentam que o tema já foi analisado e aprovado pelo Cade anteriormente – as questões concorrenciais foram avaliadas quando a Marfrig ampliou participação na BRF. “A participação conjunta das requerentes nos mercados com sobreposição horizontal ou encontra-se abaixo de 20% ou, quando superior a esse patamar (mas inferior a 50%)”, disseram os frigoríficos de Molina. “Do mesmo modo, nos mercados verticalmente integrados, as participações permanecem abaixo de 30%”, acrescentaram. Marfrig e BRF também citaram que não há dependência do fornecimento de carne vinda da Minerva, que era utilizada como matéria-prima pela BRF, e acreditam que a Minerva tem capacidade de desviar estes volumes de vendas para outros compradores. Em relação à possível influência cruzada do fundo árabe Saudi Agricultural and Livestock Investment Company (Salic), que é acionista da Minerva e tem participação na BRF, o documento ressalta que é uma “hipótese dissociada”. “Eventuais investimentos futuros por parte de acionistas da BRF na Marfrig deverão ser analisados em processos próprios, caso venham a se concretizar e preencher os requisitos legais de submissão obrigatória”, disseram os advogados. As companhias ainda teceram críticas em relação à postura da concorrente e os motivos que a levaram a ir contra a fusão. “A Minerva não atua em defesa da concorrência, mas sim na tentativa de tumultuar o processo, com alegações infundadas e interesses comerciais em prejudicar a Marfrig e seguir perpetrando condutas anticompetitivas”, enfatiza o documento. Procurada pela reportagem, a Minerva não comentou. A empresa entrou com recurso no Cade no fim de junho, solicitando a reavaliação do processo de incorporação de ações da BRF pela Marfrig. No requerimento, a Minerva apontava que a combinação entre Marfrig e BRF poderia gerar concentração excessiva em determinados segmentos, como hambúrgueres, almôndegas e quibes, além de ampliar significativamente o poder de compra e o portfólio das companhias unificadas. Entre outros argumentos, a Minerva citava que o Salic detém 24,5% de seu capital e, com a incorporação, passaria a ter participação também na Marfrig, o que, segundo a empresa, poderia levar a um alinhamento indevido de interesses entre concorrentes. A Minerva temia, ainda, que conselheiros indicados pela Salic nas duas companhias favorecessem a troca de informações estratégicas, prejudicando a rivalidade no setor. “O mesmo Cade que impôs remédios estruturais à Minerva em 2014, quando comprou ativos da BRF, hoje ignora os riscos quando BRF e Marfrig se fundem”, disse um trecho do recurso, na época.
Globo Rural
GOVERNO
Governo define cronograma para rastreabilidade obrigatória de bovinos e búfalos
Execução do programa vai acontecer entre 2025 e 2032. A partir de 1º de janeiro de 2033, será proibida qualquer movimentação de bovinos e búfalos que não estejam devidamente identificados e cadastrados.
O Ministério da Agricultura e Pecuária instituiu nesta quarta-feira (23/7) o cronograma oficial de implementação do Programa Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (PNIB). A medida, publicada no Diário Oficial da União, tem o objetivo de consolidar a rastreabilidade individual obrigatória desses animais em todo o território nacional, com execução dividida em quatro etapas, entre 2025 e 2032. A partir de 1º de janeiro de 2033, será proibida qualquer movimentação de bovinos e búfalos que não estejam devidamente identificados e cadastrados. A medida já estava prevista na Portaria nº 1.331, de 21 de julho de 2025, assinada por Allan Rogério de Alvarenga, secretário substituto de Defesa Agropecuária. A Etapa 1, já em vigor desde 1º de julho de 2025, contempla o desenvolvimento e a operação do sistema informatizado federal e da Base Central de Dados, que dará suporte ao registro e atualização das informações em tempo real. A Etapa 2, com prazo até 31 de dezembro de 2026, exige que os Órgãos Executores de Sanidade Agropecuária (OESAs) dos estados adequem seus sistemas aos requisitos técnicos e garantam interoperabilidade com a base nacional. Na fase 3, ocorrerá entre janeiro de 2027 e dezembro de 2029. Nesse período, terá início a identificação e o cadastro obrigatório dos animais submetidos a manejo sanitário (como vacinação contra brucelose) e aqueles vinculados a protocolos privados homologados pelo Mapa. Durante essa fase, a movimentação de animais não identificados ainda será permitida, exceto para os enquadrados nas exigências. Já a fase 4, entre 2030 e 2032, manterá o caráter transitório, mas reforça a obrigatoriedade para os casos mencionados anteriormente. Ao final da etapa, será concluída a implementação do PNIB e todos os bovinos e búfalos deverão estar individualmente identificados antes da primeira movimentação. Os Estados que já tiverem cumprido as duas primeiras etapas poderão antecipar o cronograma, e legislações estaduais poderão adicionar exigências complementares, desde que não conflitem com as diretrizes federais, informa o documento.
Globo Rural
INTERNACIONAL
Carne bovina: Argentina também pode ocupar o espaço do Brasil nos EUA
Exportadores argentinos podem receber “tarifa zero” sobre quase 80% de seus produtos exportados ao mercado norte-americano. Pelo menos é o que pensa a equipe de economistas/analistas da Bolsa de Comércio de Rosário (BCR).
“Claramente, devido ao tipo de produto que oferecem, mas fundamentalmente por causa dos acordos comerciais que mantêm, Austrália e Nova Zelândia parecem ser os principais beneficiários de uma potencial saída brasileira”, diz a BCR, que acrescenta: “No entanto, dentro do grupo de países sul-americanos, a Argentina posiciona-se como a principal candidata a ganhar espaço neste novo cenário”. Segundo os economistas, nos últimos dias, surgiram notícias vindas do próprio governo Trump sobre um avanço iminente nas negociações para um acordo tarifário diferenciado com o governo argentino. Segundo essas notícias, com exceção do aço e do alumínio — que manteriam uma tarifa de 50% —, a Argentina poderia obter tarifa zero sobre quase 80% de seus produtos exportados para os Estados Unidos, incluindo a carne bovina. Além disso, paralelamente, também está sendo considerada uma possível expansão da cota de 20.000 toneladas de carne bovina argentina que atualmente entra no mercado norte-americano com tarifas zero. “Em última análise, se o progresso nas tarifas se concretizar, isso poderá levar a redirecionamentos significativos nos fluxos comerciais, dos quais a Argentina claramente se beneficiaria”, destaca a BCR. De acordo com os analistas, a possibilidade de alcançar maior penetração de exportações no mercado norte-americano — mesmo sem um acordo de tarifa zero — aumentaria substancialmente o valor por tonelada exportada em comparação ao que a China paga atualmente pela proteína argentina. O preço médio dos cortes que entram nos Estados Unidos sob cota, diz a BCR, gira atualmente em torno de US$ 10.400 por tonelada, enquanto os cortes destinados à China variam entre US$ 5.000 e US$ 6.000 por tonelada. “Em outras palavras, um mercado impulsionado pelo volume (chinês) seria parcialmente substituído por um menor (norte-americano), mas com um preço significativamente mais alto”, relata a BCR. Além disso, acrescentam os analistas, no caso da China, a investigação de salvaguardas ainda está pendente, de modo que não se pode descartar a possível imposição de novas tarifas e/ou restrições de acesso, “o que poderia alterar a competitividade deste importante destino da carne argentina”. “Uma possível mudança entre os dois destinos abriria a possibilidade de reequilibrar nosso portfólio de mercado de exportação de carne bovina, reduzindo a alta dependência atual do mercado chinês e melhorando o valor médio da proteína”, enfatiza a BCR. A BCR lembra, porém, que o Brasil é um forte concorrente da Argentina no mercado internacional da carne bovina, compartilhando a maioria dos mercados compradores. “Uma potencial interrupção comercial entre o Brasil e os Estados Unidos criaria um vazio nesse mercado. Isso poderia representar, por um lado, uma oportunidade para a Argentina vender parte de sua produção. Mas, por outro, também poderia representar uma ameaça a outros destinos, dada a agressividade com que o Brasil provavelmente buscará realocar seus excedentes durante o restante do ano”, dizem os economistas. Nesse contexto, continua a BCR, a China parece ser o principal mercado para o qual o Brasil provavelmente direcionará esses excedentes. Em maio, das 1.085.000 toneladas de carne bovina que entraram na China, 46% foram fornecidas pelo Brasil, enquanto a Argentina respondeu por 16% – há um ano, essas participações eram de 42% e 26%, respectivamente. “Isso demonstra claramente a crescente agressividade comercial do Brasil, mesmo em um cenário em que os Estados Unidos permaneceram como um destino ativo para sua carne bovina”, observam os economistas.
Portal DBO/ Bolsa de Comércio de Rosário
FRANGOS & SUÍNOS
Suinocultura brasileira segue em expansão e valorização do consumo interno
A suinocultura brasileira segue firme na consolidação de sua relevância no agronegócio nacional e no comércio global de proteína animal.
Em reconhecimento ao papel estratégico dos produtores nesse processo, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), juntamente com toda a cadeia produtiva, celebrou na quinta-feira (24) o Dia do Suinocultor — data que homenageia os profissionais responsáveis pela produção da carne suína no país. Em 2024, a produção nacional de carne suína alcançou 5,305 milhões de toneladas, volume 3% superior ao registrado no ano anterior. O crescimento foi impulsionado pela demanda do mercado doméstico e pela manutenção do ritmo das exportações. O Brasil se manteve como o quarto maior produtor global e o líder entre os exportadores livres de Peste Suína Africana. O consumo interno tem sido um dos principais vetores de crescimento da atividade. No ano passado, o consumo per capita da proteína suína chegou a 18 quilos por habitante/ano, consolidando uma tendência de valorização do produto nas mesas dos brasileiros. A diversificação dos canais de comercialização e a ampliação do mix de cortes têm ampliado o acesso da carne suína a novos perfis de consumidores. No comércio internacional, o setor embarcou 1,35 milhão de toneladas em 2024, com receita próxima de US$ 3 bilhões, mantendo o Brasil entre os principais players globais. As exportações foram direcionadas a mais de 100 mercados, com destaque para China, Hong Kong, Filipinas, Chile e Singapura. Para 2025, a expectativa é de ampliação da presença brasileira no Sudeste Asiático e em países da América Latina.
ABPA
Gripe aviária: Kuwait, Bahrein, Albânia e Turquia retiram restrições de exportação à carne de aves brasileira
Kuwait, Bahrein, Albânia e Turquia também retiraram as restrições à exportação de carne de frango brasileira, após a conclusão do foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), registrado no município de Montenegro (RS).
A situação atual das restrições das exportações brasileiras de carne de aves é a seguinte: Sem restrição de exportação: África do Sul, Albânia, Argélia, Argentina, Bahrein, Bolívia, Bósnia e Herzegovina, Cuba, Egito, El Salvador, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Hong Kong, Índia, Iraque, Jordânia, Kuwait, Lesoto, Líbia, Marrocos, Mauritânia, México, Mianmar, Montenegro, Paraguai, Peru, República Dominicana, Reino Unido, Singapura, Sri Lanka, Turquia, Uruguai, Vanuatu e Vietnã. Suspensão total das exportações de carne de aves do Brasil: Canadá, Chile, China, Macedônia do Norte, Malásia, Paquistão, Timor-Leste, União Europeia. Suspensão restrita ao estado do Rio Grande do Sul: Angola, Arábia Saudita, Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Coreia do Sul, Namíbia, Omã, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e Ucrânia. uspensão limitada ao município de Montenegro (RS): Catar Suspensão limitada aos municípios de Montenegro, Campinápolis e Santo Antônio da Barra: Japão Suspensão limitada à zona: Maurício, Nova Caledônia, São Cristóvão e Nevis, Suriname e Uzbequistão. O reconhecimento de zonas específicas é denominado regionalização, conforme previsto no Código Terrestre da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e no Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) da Organização Mundial do Comércio (OMC).
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