
Ano 11 | nº 2510 | 17 de julho de 2025
ABRAFRIGO NA MÍDIA
Cadeia pecuária pode perder US$ 1,3 bi em vendas aos EUA com tarifaço
Cálculo é da Abrafrigo, que mensura possíveis perdas no segundo semestre caso taxa de 50% anunciada pelos Estados Unidos seja aplicada
Tarifaço de Trump contra o Brasil pode gerar perdas para o setor de US$ 3 bilhões por ano. O Brasil pode perder US$ 1,3 bilhão em exportações de carne bovina e outros produtos da cadeia pecuária apenas no segundo semestre de 2025 caso a sobretaxa de 50% dos Estados Unidos seja confirmada a partir de agosto, estima a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). Ao longo de 2026 e dos anos seguintes, as perdas podem ser de, ao menos, US$ 3 bilhões anualmente. As projeções têm como base o desempenho das exportações de carnes e subprodutos bovinos do Brasil aos EUA no primeiro semestre, que somaram US$ 1,287 bilhão. Nos cálculos da entidade, a taxação anunciada por Donald Trump pode gerar saltos de 111% a 384% no valor dos impostos pagos por tonelada desses itens, o que inviabilizaria as vendas aos americanos e resultaria em prejuízo à balança comercial brasileira. Os cálculos da Abrafrigo consideram embarques de cortes de carne bovina desossados congelados (149,4 mil toneladas e US$ 737,8 milhões), sebo bovino (230,2 mil toneladas US$ 248,7 milhões), preparações alimentícias e corned beef ou carne enlatada (23,4 mil toneladas US$ 239,1 milhões), carnes bovinas desossadas frescas ou refrigeradas (7 mil toneladas e US$ 53 milhões), carnes bovinas salgadas, secas ou defumadas (1,2 mil toneladas e US$ 7,7 milhões), tripas e rabos. A receita total foi quase o dobro da obtida no mesmo período de 2024 e o volume embarcado cresceu 85,4%. A avaliação de Paulo Mustefaga, presidente da Abrafrigo, é que a taxação americana afetará essa cesta de produtos, e não só a carne bovina em si. Há uma preocupação especial com o sebo bovino, cujos embarques para os EUA representam quase 100% do mercado atual. Para calcular o impacto total, a entidade considerou o preço médio de exportações desses itens, volumes e receitas obtidos nos últimos seis meses, e simulou a aplicação das tarifas de 50% no restante de 2025 e nos anos seguintes. No caso das carnes desossadas, frescas, refrigeradas ou congeladas, a Abrafrigo relatou que o Brasil participa de uma cota de 65,8 mil toneladas distribuídas entre vários países. Só no primeiro semestre de 2025, no entanto, os frigoríficos brasileiros enviaram volume equivalente a 2,5 vezes o total da cota, com quase 150 mil toneladas, o que mostra que a maior parte paga tarifa extracota. No caso da carne em conserva e do sebo não há cota tarifária. A carne desossada congelada exportada aos EUA paga atualmente uma tarifa extracota de US$ 1,78 mil por tonelada, o que representa 36% dos preços médios FOB. Com a tarifa adicional de 50%, o montante passaria para US$ 3,75 mil de imposto de importação por tonelada, alta de 111%. A tarifa final seria equivalente a 76% do preço da carga, o que inviabilizaria o comércio. No caso do sebo bovino fundido, a tarifa passaria de US$ 151 por tonelada para US$ 583, alta de 286%. O valor representaria 54% dos preços médios. Em relação às preparações alimentícias e conservas bovinas, a tarifa sairia de US$ 1 mil por tonelada para US$ 5,1 mil por tonelada, alta de 384%, equivalente a 50,4% dos preços médios. Segundo Mustefaga, as novas tarifas, com peso ainda maior sobre os preços finais dos produtos, impedem a comercialização. Com isso, a expectativa de exportar mais US$ 1,3 bilhão nos seis meses finais de 2025 pode não se concretizar. Se o ritmo das exportações fosse mantido em 2026, a projeção do setor seria vender ao menos US$ 3 bilhões aos EUA, considerando os mesmos patamares de preços. “Quem paga essa tarifa é o importador. Ele não consegue colocar a carne congelada brasileira com 76% do seu valor em impostos, que teriam que ser repassados aos consumidores”, disse Mustefaga. Com isso, alguns importadores americanos já pediram para os frigoríficos suspenderem a produção. Quase 60 estabelecimentos são habilitados a exportar carne bovina e derivados aos EUA hoje. No acumulado deste ano, os EUA representam quase 15% das receitas obtidas pelo Brasil com as exportações de carnes desossadas congeladas, resfriadas ou enlatadas. Em relação ao sebo, os americanos representaram 99,6% do faturamento obtido na exportação. “A carne industrializada e o sebo bovino são muito representativos. A carne enlatada tem poucos mercados alternativos, e os EUA são muito importantes”, disse Mustefaga. Segundo ele, o preço pago pelo produto é um diferencial. “Eles pagam mais de US$ 10 mil por tonelada, cerca de 40% a mais que outros destinos”. Na visão do dirigente, a inviabilização das vendas aos EUA pode afetar outros mercados onde os americanos têm influência, como o México e o Canadá. “Os prejuízos podem ser ainda maiores”, disse. Ele participou da reunião com o governo e demais cadeias exportadoras na terça-feira. E disse que confia na capacidade do vice-presidente, Geraldo Alckmin, de liderar o processo e conseguir reverter a tarifa.
Valor Econômico
NOTÍCIAS
Mercado do boi gordo sente impacto das tarifas dos EUA e registra pressão nas cotações
O mercado do boi gordo enfrenta um cenário desafiador. Scot Consultoria identifica quedas para todas as categorias em SP
Pelos dados da Scot, o animal gordo sem padrão-exportação e o “boi-China” são negociados por R$ 304/@ e R$ 307/@ no mercado paulista. Com o aumento na oferta de bovinos e as incertezas geradas pela decisão norte-americana de taxas em mais 50% os produtos brasileiros exportados, a quarta-feira (16/7) foi marcada pela queda nas cotações do boi gordo negociadas em São Paulo, informou a Scot Consultoria. Pelos dados da Scot, o animal gordo sem padrão-exportação e o “boi-China” registrou recuo diário de R$ 1/@, para R$ 304/@ e R$ 307/@, respectivamente. Por sua vez, também no mercado paulista, a vaca gorda teve baixa de R$ 3/@, para R$ 275/@, e a novilha sofreu retração diária de R$ 5/@, batendo R$ 285/@, acrescenta a Scot. Segundo Pedro Gonçalves, analista da Scot Consultoria, a possível imposição de tarifas de até 50% sobre a carne brasileira pelos EUA gerou incerteza nas exportações e retirou parte das indústrias das compras. O resultado foi pressão nas cotações, com a arroba girando entre R$300,00 e R$308,00 em São Paulo e quedas mais acentuadas em estados como Goiás e Minas Gerais. Apesar do momento delicado, a liberação do estado do Paraná para exportação ao Chile, sem vacinação contra febre aftosa, é um passo positivo na diversificação de mercados e abre caminhos para destinos exigentes como Japão e Coreia do Sul.
Scot Consultoria
Arroba do boi gordo termina abaixo de R$ 300 em São Paulo
Tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos acentuou movimento de queda nas principais praças de comercialização
O mercado físico do boi gordo volta a apresentar queda nos preços. O adicional tarifário de 50% imposto pelos Estados Unidos a todos os produtos brasileiros acentuou o movimento de queda que já estava presente há algumas semanas. Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, a expectativa de curto prazo remete a continuidade deste movimento no curto prazo, com quedas contundentes evidenciadas em Rondônia, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso no decorrer da semana. “A grande presença de animais confinados no mercado reduz a capacidade de retenção do pecuarista. Os frigoríficos ainda contam com relativo conforto em suas escalas de abate, posicionadas entre oito e nove dias úteis na média nacional”, ressalta. Média da arroba do boi gordo: São Paulo: R$ 298,67 — ontem: R$ 300,42. Goiás: R$ 281,43 — R$ 280,54. Minas Gerais: R$ 284,41 — R$ 276,65. Mato Grosso do Sul: R$ 297,73 — R$ 298,98. Mato Grosso: R$ 298,92 — R$ 300,14. O mercado atacadista ainda se depara com manutenção do padrão dos negócios no decorrer, mas a conjuntura continua apontando para retração dos preços, considerando um período de menor apelo ao consumo (segunda quinzena do mês). “Além disso, a carne de frango ainda dispõe de maior competitividade na comparação com as demais proteínas de origem animal”, pontuou Iglesias. O quarto traseiro ainda é precificado a R$ 22,50 por quilo, o dianteiro segue cotado a R$ 18,75 por quilo; e a ponta de agulha permanece a R$ 18,50, por quilo.
Agência Safras
Impactos da tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil no mercado da carne bovina
Enquanto a estrutura exportadora brasileira tem elevada capacidade de redirecionamento das cargas para outros mercados, os EUA dependem mais da proteína brasileira
A medida deve ter algum impacto negativo sobre as vendas externas brasileiras de carne bovina, em grande medida devido à relevância dos EUA como 2º principal destino dos cortes bovinos exportados pelo Brasil, representando 12% do volume recorde embarcado no 1º semestre do ano corrente. No entanto, a DATAGRO avalia que enquanto os exportadores brasileiros possuem grandes vantagens comparativas em termos de capacidade de redirecionamento das cargas a outros mercados, os importadores norte-americanos podem estar diante de um aperto substancial na disponibilidade local da proteína. Uma das indicações dessa percepção é a própria representatividade da carne brasileira nas importações totais dos EUA, que triplicou entre 2021 e 2025, enquanto na ótica oposta, os americanos apresentaram avanço mais contido, ainda que significativo, nas exportações de carne bovina do Brasil em igual período. O impacto sobre a demanda e/ou fornecimento de ambos os países, consolida esse quadro como mais prejudicial aos americanos. Ressalta-se que deve haver algum choque negativo na demanda por carne bovina brasileira, que segundo a DATAGRO, deve ser próximo de 4% da produção nos níveis atuais, um impacto que inclusive já tem sido avaliado e precificado pelo mercado em alguma medida, à exemplo da queda nas cotações dos contratos futuros de Boi Gordo na B3 na sessão de 10/07. Entretanto, quando avaliada a relevância dos cortes bovinos brasileiros importados pelos EUA, percebe-se que a dependência é maior que na ótica oposta, chegando a 5,4% da disponibilidade doméstica total, uma indicação valiosa de que a nova taxação pode pressionar ainda mais o quadro local de oferta de gado e carne bovina. Essa maior relevância proporcional da carne brasileira para o mercado estadunidense não se dá apenas em termos de volumes absolutos, como também em padrões dos cortes importados. O principal produto exportado aos EUA pelo Brasil são os chamados beef trimmings, que são pedaços de carne bovina restantes do processo de corte e limpeza das peças tradicionais, que na prática, são importados para serem moídos e combinados com a gordura em excesso produzida pelos animais que superam 26 arrobas (390 Kg) de peso médio de carcaça no mercado norte-americano, para serem vendidos na forma de ground beef (carne moída). O problema se dá na medida em que metade do consumo per capita de carne bovina da população dos EUA se apoia na carne moída, que no mercado doméstico local é beneficiada majoritariamente a partir de fêmeas bovinas de menor padrão de qualidade, um animal escasso nas condições vigentes. Portanto a tarifa atinge um dos pilares centrais de fornecimento de proteína bovina de base ao mercado norte-americano. Mesmo buscando outros fornecedores alternativos, não há nenhum player que se compara ao Brasil nem em termos de volume, muito menos em termos de preços. Ainda que a nova medida praticamente inviabilize a exportação brasileira de carne bovina aos EUA, que agora passa a superar os preços atacadistas locais em ao menos 20%, seja por efeitos diretos ou indiretos, é possível que esse diferencial se estreite substancialmente. Ademais, diante da limitação na oferta global de carne bovina, mesmo buscando outros fornecedores além dos brasileiros, as mudanças possivelmente abrirão espaço para o Brasil em outros mercados, o que a longo prazo tende a ser um fator de sustentação altamente relevante às vendas externas brasileiras da proteína.
DATAGRO
ECONOMIA
Dólar encerra em leve alta com tensões entre Fed e Trump e preocupações com tarifas no radar
Tensão entre a Casa Branca e o Federal Reserve intensificou o pessimismo dos agentes financeiros e elevou as incertezas nos mercados, pressionando a moeda americana
Em uma sessão volátil, o dólar à vista fechou próximo da estabilidade na quarta-feira, em contraste com o movimento observado no mercado internacional. O aumento das tensões entre a Casa Branca e o Federal Reserve (Fed) intensificou o pessimismo dos agentes financeiros e elevou as incertezas nos mercados, pressionando a moeda americana ao longo da sessão. Por outro lado, declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afastando a possibilidade de demissão imediata do presidente do Fed, Jerome Powell, ajudaram a conter a aversão a risco e trouxeram algum alívio aos ativos globais. No fim da sessão, o dólar avançou 0,06% no segmento à vista, cotado a R$ 5,5613. No dia, a moeda americana bateu a mínima de R$ 5,5409 e encostou na máxima de R$ 5,5945. Já o euro comercial encerrou o dia em alta de 0,37%, a R$ 6,4714. Perto das 17h, o índice DXY, que mede a força da divisa americana contra uma cesta de seis moedas principais, caía 0,31%, a 98,312 pontos. Os investidores seguem atentos, ainda, às negociações em torno da tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros, além de monitorarem de perto o cenário político doméstico. Nesse contexto, a dinâmica posicionou o real como uma das piores moedas do dia entre as 33 divisas mais líquidas monitoradas pelo Valor.
Valor Econômico
Ibovespa apaga sequência de perdas e tem leve alta com apoio de Vale em sessão volátil
Volume financeiro do índice não foi muito expressivo, o que pode ter ajudado a ampliar a volatilidade
Depois de iniciar o pregão sob pressão, o Ibovespa oscilou entre perdas e ganhos até encerrar com leve alta de 0,19%, aos 135.511 pontos, revertendo a sequência de quedas registrada nos últimos sete dias. Embora a sessão tenha sido de vencimento de opções sobre a principal referência acionária local, o volume financeiro do índice não foi muito expressivo, o que pode ter ajudado a ampliar a volatilidade, em um momento em que as férias no Hemisfério Norte já tendem a reduzir o giro financeiro. O pregão começou agitado com investidores repercutindo a desaprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que interrompeu a tendência de alta acumulada desde o início do ano e oscilou de 57% para 53%, segundo pesquisa da Genial/Quaest divulgada ontem. Horas depois, a informação de que o presidente americano, Donald Trump, teria insistido em demitir o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, em reunião com membros da Câmara, fez o índice ampliar as perdas, em linha com Wall Street. A informação, porém, foi negada na sequência pelo próprio líder republicano. Segundo ele, Powell não será demitido, a não ser que haja uma “fraude”. Em um dia em que boa parcela das blue chips registrou perdas, como a Petrobras e Bradesco o avanço das ações da Vale e de outros bancos atuou como contrapeso. No fim do pregão, os papéis PN da petroleira recuaram 0,50%, ao passo que o destaque positivo entre as instituições financeiras ficou para as units do BTG Pactual, que subiram 2,04%, enquanto as ON do Bradesco cederam 0,43%. Já a Vale avançou 0,91%, em um movimento de correção. O volume financeiro do Ibovespa na sessão de ontem foi de R$ 15,4 bilhões e de R$ 20,4 bilhões na B3. Após oscilar entre perdas e ganhos, os principais índices americanos fecharam em alta: o Dow Jones subiu 0,53%; o S&P 500 avançou 0,32%; e o Nasdaq subiu 0,25%.
Valor Econômico
Tesouro projeta piora na trajetória da dívida, que atingiria pico de 84,3% do PIB em 2028
Relatório de Projeções Fiscais traz ainda projeção de superávit primário de 1,25% do PIB no governo central de 2029 a 2035
O Tesouro Nacional projeta uma piora na trajetória da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que atingiria um pico em 2028, equivalente a 84,3% do Produto Interno Bruto (PIB), começando a cair somente em 2029, quando recuaria para 84,1%. Projeções do cenário de referência vêm na 6ª edição do Relatório de Projeções Fiscais, divulgado na quarta-feira (16). No relatório anterior, de dezembro, a DBGG atingiria o pico em 2027, quando chegaria a 81,8% do PIB. Ainda na projeção do fim de 2024, a curva da dívida começaria a cair em 2028, para 81,6% do PIB. No documento, o Tesouro também projeta um aumento da DBGG/PIB de 2,5 pontos percentuais este ano, em comparação ao valor realizado em 2024, quando fechou em 76,5% do PIB. Para 2025, a projeção é que a dívida feche o ano em 79% do PIB. A piora na trajetória, explicou o órgão, “se explica, principalmente, pelo nível dos juros nominais, que seguem pressionando a dívida nos anos seguintes”. O Tesouro também pontua que as projeções para evolução do PIB mitigariam a alta. “As projeções consideram um cenário para operações associadas com ações do Banco Central no âmbito da gestão de liquidez da economia, notadamente os fatores condicionantes da base monetária, como operações com moeda manual, depósitos (compulsórios ou voluntários) e linhas de liquidez”, pontuou o Tesouro no documento. No relatório, o Tesouro também estima que, conforme o arcabouço fiscal vigente, seria necessário um superávit primário de 2,3% ao ano a partir de 2030 para que a DBGG atingisse 76,5% do PIB em 2035. Resultado primário do governo central O Tesouro Nacional projeta que o resultado primário do governo central deve permanecer em um superávit de 1,25% do PIB de 2029 até 2035. O cenário considera que haverá uma evolução favorável das receitas primárias, decorrente de medidas de recomposição de arrecadação, e uma despesa total com tendência de queda em proporção ao PIB. Além disso, o Tesouro considera que serão atingidas as metas de resultado primário traçadas no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, que é de déficit zero em 2025 e de superávit de 0,25% do PIB em 2026, 0,5% em 2027, 1,0% em 2028 e 1,25% em 2029. O Tesouro considera uma recuperação da receita primária líquida ao longo do período analisado, que atinge 19,1% em 2029 e 2030. A partir de 2032, inicia uma trajetória de queda, encerrando 2035 a 17,5% do PIB. Precatórios e IOF Já a despesa primária parte de 18,8% do PIB em 2025 e reduz-se até atingir 16,3% do PIB em 2035, no cenário de referência. Essa queda se dá a partir de 2027, acentuada com a inclusão da totalidade dos precatórios no limite de despesas. Porém, a Câmara dos Deputados aprovou, na terça-feira (15), uma proposta, com aval do governo, para prever uma inclusão gradual dos precatórios na meta fiscal a partir de 2027, ao longo de dez anos. Essa proposta não foi considerada nas projeções do relatório do Tesouro. O relatório do Tesouro considerou, ainda, o decreto que aumentou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que atualmente está suspenso, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda de acordo com as estimativas, o ritmo de crescimento real médio de 2,9% ao ano das despesas obrigatórias gera redução das discricionárias no período. Por fim, o Tesouro alerta que os cenários fiscais projetados se baseiam nas projeções para 2025 do 2º Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias e no cenário macroeconômico de maio de 2025 da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Por isso, qualquer mudança nos parâmetros leva a diferentes projeções
Valor Econômico
EMPRESAS
Aumento de capital da Minerva deve chegar a R$ 3 bilhões até 2028
Maior exportadora de carne bovina da América do Sul já iniciou um processo de corte de suas dívidas. A alavancagem da Minerva cresceu em função da compra de 13 plantas da Marfrig concluída no ano passado no Brasil, Chile e Argentina
O conselho de administração da Minerva aprovou na terça-feira (15/7) a homologação de um aumento de R$ 1,85 milhão no capital social da companhia, em decorrência do exercício de bônus de subscrição. Ao Valor, a empresa ressaltou que mais subscrições vão continuar a ocorrer até 2028, somando R$ 1 bilhão. Em junho, o colegiado já havia aprovado um aumento de capital de R$ 2 bilhões. Desta forma, considerando o montante que virá por meio de bônus de subscrição nos próximos três anos, o aumento de capital da Minerva irá totalizar R$ 3 bilhões. O valor de R$ 1,85 milhão aprovado nesta terça-feira representa 358.779 novas ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal, com preço de emissão de R$ 5,17. A medida levou o capital da empresa para os atuais R$ 3,68 bilhões, divididos em 994.489.382 ações. Com os recursos levantados, a maior exportadora de carne bovina da América do Sul já iniciou um processo de corte de suas dívidas, principalmente com recompras de bonds, para redução da alavancagem – medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda. A alavancagem da Minerva cresceu em função da compra de 13 plantas da Marfrig concluída no ano passado no Brasil, Chile e Argentina. Outras três unidades que fazem parte do negócio seguem em análise das autoridades locais no Uruguai e, caso haja a aprovação, uma delas será revendida para a Allana Magellan pelo valor de US$ 48 milhões, para evitar concentração de mercado. A dívida líquida da Minerva terminou o primeiro trimestre deste ano em R$ 15,58 bilhões, alta de 73,3% no comparativo anual e a alavancagem alcançou 3,7 vezes, conforme dados do balanço financeiro mais recente. Contando com boas condições de mercado para exportação de carne bovina da América do Sul e as expectativas de retorno dos ativos que foram adquiridos da Marfrig, a Minerva chegou a citar em meados de abril que pretendia gerar entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões em caixa livre neste ano, valor que também seria utilizado para pagamento de passivos. Agora, diante da taxação de 50% anunciada pelos Estados Unidos contra produtos do Brasil, ainda não se sabe se os planos de geração de caixa da Minerva serão mantidos. Até o momento, a companhia prevê um potencial impacto de, no máximo, 5% para a receita líquida. A empresa pretende continuar a atender o mercado americano com as unidades localizadas na Argentina, Paraguai, Uruguai e Austrália.
Globo Rural
GOVERNO
Em nova carta aos EUA, governo manifesta ‘indignação’ com tarifa de 50% e pede negociação
A carta foi endereçada ao secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e ao Representante de Comércio, Jamieson Greer
O governo brasileiro enviou na terça (15) uma nova carta aos Estados Unidos em resposta à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Nela, o governo “manifesta sua indignação” com o anúncio das tarifas, diz estar “pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável” e cobra resposta sobre a primeira carta sobre o tema de tarifas, enviada ainda em maio. A carta foi endereçada ao secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e ao Representante de Comércio, Jamieson Greer, e seu conteúdo foi divulgado na quarta-feira (16). O documento é assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. A carta diz que o anúncio das tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos tem um impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre os dois países. O documento também afirma que, desde antes do anúncio das tarifas recíprocas, em 2 de abril de 2025, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral. Isso ocorre mesmo com o Brasil acumulando grandes déficits comerciais com os Estados Unidos tanto em bens quanto em serviços, que, nos últimos 15 anos, somam quase US$ 410 bilhões, segundo dados do próprio governo norte-americano. “Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano”, diz o documento. “Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas”, escreveu o governo brasileiro.
Valor Econômico
CARNES
Entre as carnes brasileiras exportadas, suína foi a que mais se valorizou no 1º semestre
Os dados da FAO relativos aos preços obtidos pelos principais exportadores mundiais nas vendas externas de carnes mostram que o Brasil – presente no mercado mundial com as três carnes, de frango, suína e bovina – obteve bom desempenho no 1º semestre de 2025.
O resultado mais fraco recaiu sobre a carne de frango, cujo preço externo no semestre aumentou pouco mais de 3%, bem abaixo dos 7,54% de aumento obtidos pelos EUA. Não escapa, no entanto, que o preço médio alcançado pelo Brasil foi mais de 25% superior ao dos EUA, o segundo exportador mundial do produto. Na carne bovina, em termos de preço, o Brasil ainda perde para EUA e Austrália. Mas no semestre obteve valorização de quase 13% no preço do produto, bem acima dos 2,72% de aumento dos EUA. De toda forma foi uma valorização menor que a obtida pela carne bovina australiana, cujos preços no semestre passado valorizaram-se quase 20%. Mas o destaque fica para a carne suína, da qual o Brasil é apenas o terceiro exportador mundial. Pois, no semestre, ela valorizou-se quase 11%, enquanto o produto exportado por EUA e União Europeia (UE) sofreu queda de preço – de, respectivamente, 0,76% e 11,42%. Notar, a propósito, que embora o preço brasileiro seja inferior ao dos EUA, neste ano ultrapassou o da UE (na verdade, da Alemanha, o mais histórico exportador de carne suína). Assim, enquanto no 1º semestre do ano passado o preço médio alcançado pelo Brasil ficou 7% aquém do registrado na UE, neste ano o superou em mais de 16%.
Avisite
FRANGOS & SUÍNOS
Indústria espera elevar venda de carne suína ao Chile
Reconhecimento do Paraná como livre de aftosa pelo governo chileno dá otimismo ao setor. O Chile é o quarto principal destino das exportações de carne suína do Brasil
A indústria de carne suína do Brasil espera elevar as exportações do produto para o Chile, com o reconhecimento do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação publicado no Diário Oficial chileno, afirmou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) na quarta-feira (16/7). Atualmente, apenas frigoríficos de Santa Catarina embarcam carne suína para o mercado chileno, que mantém acordo de exportações com o Brasil por meio de pré-listing. Em nota, o presidente da ABPA, Ricardo Santin, ressaltou que a cadeia de carne suína projeta recorde de exportações para 2025 “e deverá ter influência positiva deste novo reconhecimento”. Quarto principal destino das exportações de carne suína do Brasil, o Chile importou apenas no primeiro semestre deste ano 55,9 mil toneladas do produto, gerando receitas de US$ 140 milhões. Em comparação com o ano passado, os embarques cresceram 11,1% em volumes e 30% em receita.
Globo Rural
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