
Ano 11 | nº 2507 | 14 de julho de 2025
NOTÍCIAS
Preço do boi gordo segue ‘travado’ após as tarifas para as exportações aos EUA
Com indústrias fora das compras, a cotação não mudou na sexta-feira
A indefinição no cenário externo impactou também a liquidez dos animais para reposição
O mercado pecuário, que já vinha devagar e com frigoríficos com escalas de abates alongadas, terminou a semana “parado” devido à imposição das tarifas de 50% pelo governo norte-americano aos produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos. Na sexta-feira (11/7), segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a liquidez foi abaixo do normal. “No mercado de animais para abate, agentes estão receosos e em compasso de espera após o anúncio da última quarta-feira em relação à tarifa norte-americana sobre as exportações brasileiras”, afirma o Cepea. Poucos agentes abriram negócios para completar pontualmente suas escalas, com pressão baixista nos preços. Com indústrias fora das compras, a cotação não mudou de quinta-feira para sexta-feira. Em todas as 32 regiões pecuárias acompanhadas pela Scot Consultoria, os preços não foram alterados. Em Araçatuba (SP) e Barretos (SP), praças que servem de referência para o mercado, a cotação do boi gordo seguiu em R$ 308 a arroba para o pagamento a prazo. A indefinição no cenário externo impactou também a liquidez na reposição, informa o Cepea. Houve uma menor quantidade de animais ofertados em leilões, tanto para bezerro quanto para boi magro. No mercado interno de carne bovina, o Cepea destaca que a tendência observada é de queda nos preços para os produtos com osso no atacado e para os cortes desossados.
Globo Rural
Mercado do boi gordo trava após anúncio de tarifas dos EUA
O anúncio de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos travou o mercado da carne bovina brasileira. Indústrias exportadoras suspenderam as compras e o setor está em alerta.
Segundo Pedro Gonçalves, analista da Scot Consultoria, a incerteza gira em torno da alíquota: se as novas tarifas se somarem aos 26-27% atuais, a carne brasileira pode atingir US$ 9 mil por tonelada, valor equivalente ao de cortes premium dos EUA – inviabilizando a exportação. Além da carne bovina, outros setores como suco de laranja e café também podem ser impactados. “Os EUA são nosso segundo principal parceiro comercial. A perda desse mercado representaria uma queda de US$ 150 milhões/mês só para a cadeia do boi”, explicou. A indústria brasileira também pode ser afetada pelo encarecimento de insumos importados, como medicamentos veterinários e fertilizantes. Enquanto isso, a Argentina pode ganhar espaço no mercado americano, favorecida pelas recentes aproximações diplomáticas. “Temos maior volume e capacidade, mas perder mercado agora pode ser irreversível”, alertou Pedro.
Scot Consultoria
Preços do boi gordo caem após incertezas com tarifa Trump
Mercado brasileiro teme perda de competitividade frente aos maiores concorrentes, como Argentina, Uruguai e Austrália. O mercado físico do boi gordo encerrou a semana fragilizado, com novas tentativas de compra em patamares mais baixos, observa o analista de Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias.
“O adicional de tarifas imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda traz incertezas para o mercado brasileiro, reduzindo de maneira significativa a competitividade do país se comparado a seus concorrentes diretos, como Argentina, Uruguai e Austrália”, ressalta.
De acordo com ele, o reflexo disso é que muitas indústrias permanecem ausentes da compra de gado e, assim, o mais provável é que se posicionem apenas na segunda-feira (14). Média da arroba do boi gordo: São Paulo: R$ 303,83 — ontem: R$ 305. Goiás: R$ 284,29 — R$ 286,43. Minas Gerais: R$ 290,29 — R$ 293,53. Mato Grosso do Sul: R$ 308,18 — R$ 309,32. Mato Grosso: R$ 305,68 — R$ 311,28. O mercado atacadista apresenta preços firmes para a carne bovina nesta sexta-feira. Segundo Iglesias, a expectativa é de menor espaço para reajustes no decorrer da segunda quinzena do mês, considerando o menor apelo ao consumo. “Vale destacar que a carne de frango segue muito mais competitiva em relação às proteínas concorrentes, em especial quando comparada à carne bovina”, disse o analista. O quarto traseiro ainda é precificado a R$ 22,50 por quilo; o dianteiro segue cotado a R$ 18,75 por quilo; e a ponta de agulha permanece a R$ 18,50 por quilo.
Agência Safras
Exportação de Sebo bovino brasileiro pode ser impactada por tarifa de 50% imposta por Trump
A imposição de uma tarifa de 50% sobre as importações de produtos brasileiros pelo governo de Donald Trump acende o alerta no setor de sebo bovino, que mantém forte dependência do mercado norte-americano.
Apesar do crescimento expressivo nas exportações, a medida pode comprometer a competitividade do produto nacional, afetar a rentabilidade dos frigoríficos e provocar redirecionamentos no fluxo comercial do país. De acordo com o levantamento do Itaú BBA, aproximadamente 98% do volume exportado pelo Brasil tem como destino os EUA, o que significa que se o aumento das tarifas entrar em vigor, as exportações brasileiras desse produto diminuirão muito, o que, na teoria, deixaria mais sebo disponível para a indústria doméstica.
Segundo o levantamento da Scot Consultoria, até junho de 2025, as exportações de sebo bovino já atingiram 73,5% do volume total exportado em todo o ano de 2024. Em termos de faturamento, esse percentual foi ainda maior, alcançando 82,4% do total de 2024. “Somente no mês de junho, foram exportadas 72,9 mil toneladas de sebo. Esse volume representa um aumento de 308,3% em relação ao mesmo mês de 2024, em que foram exportadas 23,6 mil toneladas”, informou em análise semanal. Segundo o banco, o Brasil é o principal provedor, mas representou 35% do total, sendo que outros países da América do Sul e a Austrália também ofertam o produto, de forma que esses países podem substituir parte da oferta brasileira. A Scot Consultoria destacou que quanto ao uso doméstico para biodiesel, observa-se uma redução. Em maio de 2025, a utilização de sebo bovino como matéria-prima para biodiesel foi 8,4% menor do que o utilizado no mesmo mês do ano passado. Já em junho, a exportação de sebo foi equivalente a 54,5% da produção estimada para o período. “Diante disso, as cotações do sebo mantêm firmeza sustentado pelos aumentos nas exportações. No Brasil Central, o coproduto está cotado a R$5,80/kg, e no Rio Grande do Sul, a R$5,95/kg. Preços a prazo e livres de impostos”, destacou.
Scot Consultoria
Tarifa de Trump sobre carne bovina brasileira pode aumentar preço do hambúrguer nos EUA
A tarifa de 50% a partir de 1º de agosto/25 elevaria a taxa sobre a proteína brasileira para 77,4% pelo resto do ano, segundo os analistas
O plano do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos do Brasil provavelmente aumentará os preços da carne bovina usada em hambúrgueres norte-americanos, relata reportagem da Reuters, que entrevistou traders e analistas locais. Segunda a agência de notícias, a proposta do governo federal norte-americano é um golpe para as empresas de carne dos EUA, que também enfrentam uma oferta menor de gado devido à interrupção das importações de gado do México por causa da bicheira-do-Novo Mundo, uma praga carnívora que está se espalhando ao sul da fronteira. A tarifa, diz a reportagem, reduziria as importações de carne bovina brasileira e forçaria as empresas a buscarem suprimentos de outros países, disseram analistas. “Se não houver modificação, nem um quilo será economicamente viável nesses níveis”, disse Bob Chudy, consultor de empresas norte-americanas que importam carne bovina, referindo-se ao preço explosivo da proteína brasileira caso a nova tarifa de Trump seja colocada em prática. Uma tarifa de 50% a partir de 1º de agosto/25 elevaria a taxa sobre a carne bovina brasileira para 77,4% pelo resto do ano, segundo os analistas. Os 77,4% é o somatório da taxa permanente (fora da cota de importação) de 27,4% + as duas novas tarifas anunciadas este ano pelo governo Trump, de 10% e 50%. “O comércio está congelando completamente hoje”, ressaltou Chudy, à Reuters. A reportagem da Reuters lembra que os preços da carne bovina nos EUA atingiram recordes este ano e a produção local deve cair 2%, para 26,4 bilhões de libras, depois que os produtores reduziram o rebanho bovino do país ao menor tamanho em mais de sete décadas. Uma estiagem que durou anos secou as pastagens usadas para pastagem, tornando a alimentação do gado muito cara para muitos produtores. Em resposta, os fabricantes de alimentos norte-americanos aumentaram as importações. Nos primeiros cinco meses de 2025, os EUA mais que dobraram as compras de carne bovina do Brasil em relação ao mesmo período de 2024, para 175.063 toneladas, de acordo com os dados mais recentes do governo norte-americano. Isso representou 21% do total das importações dos EUA. A reportagem da Reuters lembra que as empresas norte-americanas importam carne bovina magra do Brasil e de outros países para misturar com suprimentos nacionais e produzir carne para hambúrguer. “Essa tarifa provavelmente aumentará o preço da carne bovina, um alimento básico para muitos”, disse Thomas Gremillion, diretor de política alimentar da Federação de Consumidores da América. A tarifa obriga os importadores a pagarem mais pela carne bovina brasileira ou adquiri-la de outros fornecedores com custos mais elevados, afirmou Austin Schroeder, analista de commodities da Brugler Marketing & Management. Os importadores podem tentar aumentar as compras da Austrália, Argentina, Paraguai e Uruguai, segundo analistas. “A Austrália está enviando o máximo que pode para cá”, informou Altin Kalo, economista-chefe do Steiner Consulting Group. Em todo o país, os restaurantes dependem de um fornecimento constante de produtos importados que não podem ser produzidos internamente, disse Sean Kennedy, vice-presidente executivo da Associação Nacional de Restaurantes. “Aumentos drásticos de tarifas podem afetar o planejamento do cardápio e os custos dos alimentos para os restaurantes, que tentam encontrar novos fornecedores”, afirmou Kennedy.
Reuters
ECONOMIA
Dólar fecha o dia quase estável, mas acumula alta de 2,28% na semana após tarifa de Trump
Após se reaproximar dos R$5,60 em meio às preocupações com os efeitos da guerra tarifária dos EUA sobre a economia brasileira, o dólar perdeu força e encerrou a sexta-feira praticamente estável no Brasil, ainda que o saldo da semana tenha sido de alta firme ante o real.
O dólar à vista fechou a sexta-feira com leve alta de 0,12%, aos R$5,5481. Na semana, a divisa acumulou elevação de 2,28% ante o real, com as cotações incorporando prêmios de risco após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado na quarta-feira uma tarifa de 50% sobre os produtos comprados do Brasil. Às 17h21, na B3 o dólar para agosto — atualmente o mais líquido — subia 0,23%, aos R$5,5795. Pela manhã, os agentes voltaram a operar reagindo à incerteza em torno dos impactos da tarifa do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre os produtos brasileiros. Uma das preocupações é de que a tarifação signifique menos exportações do Brasil no agregado, o que representaria uma entrada menor de dólares no país. Ainda que o país tenha uma situação confortável em suas contas externas, o dólar reagiu em alta ante o real nos últimos dias. “Do ponto de vista da economia real, é ruim, mas não é o fim do mundo, porque o Brasil é um país fechado. Daí, o impacto é limitado. Mas a tarifa pega no câmbio, que pega na inflação e nos juros, podendo ter um efeito cascata”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. Investidores também se mantinham atentos ao exterior, onde o dólar avançava ante a maior parte das demais divisas em função de novos movimentos de Trump. Além de anunciar uma tarifa de 35% para o Canadá, ele sinalizou que a taxa padrão de 10%, recebida por alguns países, pode ser elevada para 15% ou 20%. Também era esperada para esta sexta-feira o anúncio de tarifação da União Europeia. Neste cenário, o dólar atingiu a cotação máxima de R$ 5,5932 (+0,93%) às 10h55 no Brasil. Ainda pela manhã, no entanto, a moeda perdeu força e retornou para a faixa dos R$5,55, com agentes aproveitando as cotações mais elevadas para vender divisas. “Com o dólar perto dos R$5,60, houve ordem de stop loss (parada de perdas), com investidores que estavam comprados (posicionados na alta da moeda no mercado futuro) realizando lucros. Também teve exportador vendendo moeda”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. Durante a tarde o dólar à vista se enfraqueceu ainda mais, chegando a marcar a mínima de R$5,5414 (estável) às 16h19.Profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias vêm ponderando que, apesar do avanço após o anúncio da tarifa de 50% para o Brasil, o dólar não incorporou totalmente o cenário de uma cobrança efetiva deste percentual pelos EUA a partir de 1º de agosto.
Reuters
Ibovespa recua com Localiza entre maiores quedas
No setor de proteínas, MARFRIG ON perdeu 4,17%, em meio a ajustes após alta de mais de 6% na véspera, com a CVM adiando assembleia de acionistas da BRF marcada para o próximo dia 14, que discutiria a incorporação da dona das marcas Sadia e Perdigão pela Marfrig. BRF ON caiu 4,35%.
O Ibovespa fechou em queda na sexta-feira, ampliando a correção negativa no mês, com Localiza entre as maiores quedas, enquanto MRV&Co descolou do viés de baixa na bolsa paulista após estimativas relacionadas à Resia. Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,41%, a 136.187,31 pontos, alcançando 135.528,07 pontos na mínima e 136.741,87 pontos na máxima do dia. O volume financeiro no pregão somou R$19,4 bilhões. Na semana, em que fechou todos os pregões em queda, contabilizou uma perda de 3,59%, passando a acumular um declínio de 1,92% em julho, após quatro meses seguidos de alta, quando somou um ganho de 13%. No começo do mês, também havia renovado máximas acima de 141 mil pontos. De acordo com analistas do Itaú BBA, o Ibovespa tem mantido o movimento de realização de lucros e encontra os próximos suportes em 135.000 e 134.100 pontos. “A perda dessa região retira o índice da tendência de alta de curto prazo”, afirmaram no relatório Diário do Grafista. Do lado da alta, acrescentaram, o índice encontra resistências em 139.600 e 141.600 pontos. Investidores continuaram avaliando os potenciais efeitos nas empresas e na economia da nova tarifa anunciada pelos Estados Unidos para produtos brasileiros, bem como os reflexos das últimas ações do presidente norte-americano, Donald Trump, na esfera comercial. Na próxima semana, na visão de economistas do Goldman Sachs, o foco estará em como o mercado e as autoridades da América Latina reagirão às recentes medidas de política comercial e tarifária dos EUA, notadamente os anúncios sobre cobre e para o Brasil. No caso do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou na véspera que buscaria uma solução diplomática, mas que retribuiria de forma recíproca se as tarifas entrassem em vigor em 1º de agosto, conforme prometido. Na sexta-feira, Trump disse que poderia falar mais para frente com Lula. “Talvez em algum momento eu fale com ele. Agora não”, afirmou.
Reuters
Guerra comercial com EUA pode reduzir PIB do Brasil em até 0,41%
Tarifa adicional de 50% levaria a uma redução de 75% nas exportações do agronegócio para os EUA. Cerca de 30% das exportações brasileiras para os Estados Unidos são do agronegócio
A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos do Brasil tem impactos diretos nas exportações e pode levar a uma redução no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de até 0,41%, de acordo com cálculos do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro). Em nota técnica, os pesquisadores Angelo Gurgel, Cícero Lima e Leonardo Munhoz, estimam que a tarifa adicional de 50% levaria a uma redução da ordem de 75% nas exportações do agronegócio para os Estados Unidos (aproximadamente US$ 9 bilhões), considerando que os produtos brasileiros ficariam bem mais caros que os concorrentes internacionais. Cerca de 30% das exportações brasileiras para os Estados Unidos são do agronegócio, o equivalente a US$ 12,1 bilhões, com destaque para café em grão, pastas químicas de madeira e carne bovina. Os pesquisadores observam que alguns produtos já são submetidos a tarifas elevadas, como no caso do suco de laranja (10,94%) e do açúcar (19,79%). Os Estados Unidos, por outro lado, representam 2,5% das importações agrícolas brasileiras, somando US$ 1 bilhão, concentrados em insumos como sementes, lactoalbumina, enzimas e rações. Os pesquisadores consideram que há espaço para o diálogo entre o Brasil e os Estados Unidos. Mas, se a tarifa única de importação de 50% entrar em vigor a partir de agosto, o “tarifaço” deve gerar uma redução no PIB do Brasil em até 0,16%, e no PIB dos Estados Unidos, uma retração de 0,03%. Uma retaliação pelo governo brasileiro aumentaria as perdas no PIB em 0,25% no Brasil e em 0,05% nos EUA. Como resultado, o PIB brasileiro reduziria 0,41%. Nos Estados Unidos, o PIB reduziria 0,08%. O tarifaço eleva os preços ao consumidor e pode provocar uma queda no consumo. Essa queda no consumo, segundo a FGV Agro, poderia chegar a US$ 13 bilhões no Brasil e a US$ 18,4 bilhões nos Estados Unidos, em um cenário de retaliação pelo governo brasileiro. Ainda de acordo com os pesquisadores, a tarifa de 50% imposta pelos EUA contra o Brasil viola regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), especialmente os princípios consagrados no Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), como o da nação mais favorecida, da proibição de restrições quantitativas e do tratamento nacional. A jurisprudência da OMC já condenou medidas similares anunciadas por Donald Trump por abuso da exceção de segurança nacional. No ordenamento norte-americano, também há fragilidade jurídica. As principais normas que autorizam medidas tarifárias pelo Poder Executivo, a Lei de Expansão Comercial, a Lei de Comércio e a Lei sobre os Poderes Econômicos em caso de Emergência Internacional exigem a demonstração de ameaças concretas à segurança nacional, ou a identificação de práticas comerciais desleais. Caso contrário, apenas o Legislativo tem poderes para impor tarifas. Os pesquisadores sugerem que os países afetados devem assumir uma postura de enfrentamento do problema, usando os fóruns internacionais e esforço conjunto de negociação para negociar um acordo.
Valor Econômico
EMPRESAS
CVM aceita pedido da Previ e suspende assembleia sobre fusão entre Marfrig e BRF
O encontro poderá ocorrer 21 dias após nova entrega da documentação. A Previ acredita que a relação de troca proposta apenas beneficia o controlador, Marcos Molina
Em decisão do colegiado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aceitou pedido do fundo de pensão do Banco do Brasil, a Previ, e decidiu suspender a assembleia de acionistas marcada para o próximo dia 14 que deliberaria sobre a fusão entre a Marfrig e BRF. O encontro poderá ocorrer 21 dias após nova entrega da documentação. A autarquia entendeu que as companhias não cumpriram com a determinação para apresentação de documentação para mostrar como comitês independentes contratados chegaram na relação de troca de 0,85 da ação da Marfrig para cada ação da BRF, conforme a proposta da fusão. Os diretores da CVM Marina Copola e Otto Lopo acompanharam, com isso, o parecer da área técnica da Superintendência de Relação com Empresas (SEP). A Previ, juntamente com o investidor Alex Fontana, foram à CVM em junho pedindo mais explicações sobre a relação de troca na proposta de fusão. Com isso, a autarquia pediu para que as empresas apresentassem mais documentos e adiou, a primeira convocação da assembleia, que tinha inicialmente sido marcada para o dia 18 de junho. A companhia entregou à CVM os documentos e remarcou a assembleia para o dia 14 de julho, mas com informações suprimidas. Com isso, a Previ foi novamente à CVM, reclamando que a exigência não havia sido cumprida. Em paralelo, entrou com recurso na Justiça, também com o objetivo de suspender a assembleia. O assunto também já está em arbitragem. A Previ acredita que a relação de troca proposta apenas beneficia o controlador, Marcos Molina. Um dos questionamentos da Previ é a apresentação de documentos com informações tarjadas pela BRF. Em contrapartida, a BRF argumentou à CVM que os documentos estão em linha com os usualmente divulgados pelas companhias abertas em operações de reorganização societária. Procuradas pela reportagem, Marfrig e BRF não comentaram o assunto. A fusão entre as duas companhias de alimentos também foi questionada no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pelo frigorífico Minerva Foods, que entrou com um pedido de recurso contra a operação no final de junho.
Valor Econômico
FRANGOS & SUÍNOS
Frango/Cepea: Preços iniciam julho em queda
Os preços da carne de frango iniciam julho em queda em praticamente todas as regiões acompanhadas pelo Cepea.
Segundo o Centro de Pesquisas, a pressão vem da oferta acima da demanda, ainda reflexo das restrições às exportações brasileiras impostas por alguns países após a confirmação de um caso de influenza aviária em uma granja comercial no município de Montenegro (RS), no dia 15 de maio. Pesquisadores ressaltam que, apesar de importantes parceiros comerciais já virem retomando gradualmente as compras da carne brasileira, o mercado doméstico ainda não conseguiu equilibrar a disponibilidade à procura. Na terça-feira, 8, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulgou nota informando que Filipinas, Singapura e África do Sul já retiraram as restrições aos embarques.
Cepea
MAPA solicita da União Europeia medidas para retomada das exportações de carne de frango
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, solicitou formalmente à União Europeia o reconhecimento do Brasil como país livre de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), com o objetivo de retomar as exportações de carne de frango ao bloco. O pedido foi feito na quinta-feira (10), durante uma videoconferência com o comissário europeu de Saúde e Bem-Estar Animal, Olivér Várhelyi.
A União Europeia suspendeu as importações do produto brasileiro em 16 de maio, após a confirmação de um foco da doença em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. A medida segue o protocolo sanitário firmado entre o Brasil e o bloco europeu, que prevê suspensão automática em caso de detecção da doença em plantéis comerciais. Durante a reunião, o comissário europeu solicitou ao governo brasileiro o envio de informações técnicas adicionais sobre a situação sanitária no país, como parte do processo de avaliação para uma possível reabertura do mercado. Em nota, o Ministério da Agricultura informou que o encontro foi voltado à construção de um caminho diplomático e técnico para derrubar as restrições impostas pela UE, ressaltando que o episódio registrado em Montenegro foi pontual, contido de forma eficaz e sem impacto significativo no status sanitário geral do país. Ao final da videoconferência, o ministro Fávaro afirmou que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) está mobilizado para atender às exigências adicionais da UE com a maior celeridade possível. “Saio satisfeito com os encaminhamentos da reunião e confiante de que, com o envio das informações complementares solicitadas, o Brasil terá seu status sanitário devidamente reconhecido pela União Europeia, permitindo a retomada plena das exportações de carne de frango”, disse o ministro. O comissário Olivér Várhelyi agradeceu a transparência do governo brasileiro em relação ao surto e reconheceu a agilidade das autoridades na contenção da doença. “Como você sabe, nossas regras vão além dos parâmetros definidos pela OMSA. Ainda precisamos de informações adicionais sobre seu programa de vigilância. Trata-se de um procedimento técnico e rotineiro, aplicado de forma uniforme tanto a países terceiros quanto aos próprios Estados-membros da União Europeia”, explicou Várhelyi na nota do Ministério da Agricultura. Na terça-feira, 8, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulgou nota informando que Filipinas, Singapura e África do Sul já retiraram as restrições aos embarques a carne de frango brasileira.
MAPA
Frango tem queda nos preços após gripe aviária, mas setor projeta retomada com reabertura de mercados e alívio nos custos
Com forte recuo de 13,4% em junho, preço do frango resfriado atingiu menor nível real desde setembro de 2024 na Grande São Paulo — a maior queda em 18 anos, segundo dados ajustados pelo IPCA.
De acordo com o Cepea, as referências da proteína recuaram tanto no atacado quanto na comercialização do frango vivo, atingindo o menor patamar real em quase dois anos. Na Grande São Paulo, o frango inteiro resfriado foi negociado a uma média de R$ 7,50/kg no mês, uma queda de 13,4% em relação a maio — a variação negativa mais intensa registrada em 18 anos, segundo dados ajustados pelo IPCA de maio/25. A última vez que o preço mensal ficou tão baixo, em termos reais, foi em setembro de 2024. O cenário também afetou o frango vivo. Com a demanda internacional em retração, as negociações internas perderam força e os preços recuaram de forma significativa. Em São Paulo, a cotação média do animal caiu 12,8% entre maio e junho, fechando o mês em R$ 5,46/kg, conforme o Cepea. O setor avícola brasileiro iniciou 2025 com desempenho positivo. No primeiro trimestre, o país registrou o abate de 1,639 bilhão de frangos, um aumento de 2,3% em relação ao mesmo período do ano anterior — o que representa 37,17 milhões de aves a mais. Esse resultado marcou o melhor desempenho da série histórica para o período, segundo os dados das Pesquisas Trimestrais do Abate de Animais, divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento foi registrado em 20 das 26 unidades da federação acompanhadas pelo instituto, reforçando a expansão nacional da atividade. Entre os estados, o Paraná manteve a liderança absoluta no abate de frangos, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul — reforçando a força da região Sul como principal polo da avicultura industrial do país. A Scot Consultoria destacou que para o curto prazo, o mercado deve seguir fraco, porém, com boas expectativas com relação à exportação, já que diversos países estão retirando as restrições contra o produto brasileiro. A demanda pela carne de frango foi impactada em meados de maio, após a detecção do primeiro caso de gripe aviária no sistema de produção comercial do Brasil, em uma granja de matrizes localizada em Montenegro (RS). O Itaú BBA destacou que apesar dos impactos, o evento não foi uma grande surpresa, dado que, nos dois anos anteriores, já haviam sido registrados mais de 170 casos em aves silvestres. Após o cumprimento dos 28 dias de vazio sanitário e desinfecção da granja, com reconhecimento ratificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que restabeleceu o status de livre de gripe aviária ao país. Contudo, esse reconhecimento não implica desbloqueio imediato, mas fortalece as negociações para reabertura dos mercados, o que acreditamos que não deverá demorar a acontecer. No mercado externo, as projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam para um crescimento relevante nas exportações brasileiras em 2025. A estimativa é de um incremento de 4%, o que elevaria os embarques do Brasil para 5,09 milhões de toneladas em equivalente carcaça — superando as 4,89 milhões de toneladas exportadas em 2024. Com isso, o país deve continuar como um dos principais fornecedores globais da proteína. A produção nacional também deve acompanhar esse movimento, com alta prevista de 1,7%, totalizando 15,25 milhões de toneladas em 2025. No mesmo sentido, a China — um dos maiores produtores mundiais — deve registrar um aumento de 1%, alcançando 15,5 milhões de toneladas em 2025, frente às 15,35 milhões de toneladas produzidas no ano anterior. Por outro lado, as importações de carne de frango tendem a apresentar comportamentos distintos entre os países. A China deve reduzir suas compras em 9,9%, enquanto o México deve ampliar em 4,8%, saltando de 1,02 milhão para 1,07 milhão de toneladas. A Arábia Saudita também aparece como mercado em expansão, com previsão de aumento de 3,8% nas importações, totalizando cerca de 6,30 milhões de toneladas — embora o número ainda seja inferior às 6,07 mil toneladas registradas em 2024. No consumo doméstico, a tendência é de estabilidade com leve crescimento. O USDA projeta um avanço de 0,5% no Brasil, com o consumo passando de 10,11 para 10,165 milhões de toneladas. A China deve seguir no mesmo ritmo, alcançando 15,13 milhões de toneladas consumidas. Já o Japão aponta um crescimento mais expressivo, de 1,5%, com previsão de consumo de 10,6 milhões de toneladas em 2025. No acompanhamento do Cepea o poder de compra recuou em junho, mesmo com a desvalorização dos principais insumos da atividade avícola – milho e farelo de soja –, interrompendo o movimento de alta observado por dois meses consecutivos frente ao milho e por sete meses em relação ao farelo de soja. No mercado de lotes da região de Campinas (SP), as quedas nos preços dos insumos foram de 4,9% para o farelo e de fortes 7% para o milho – as médias desses produtos passaram para respectivos R$ 1.705,35/tonelada e R$ 68,15/saca de 60 kg em junho. Diante disso, em junho, a venda de um quilo do animal vivo possibilitou que avicultores comprassem 3,20 quilos do derivado de soja ou 4,8 quilos de milho, 8,2% e 6,2% a menos que no mês anterior. O Banco Itaú BBA aponta que a consolidação de uma safrinha de milho robusta reduz a chance de nova disparada nos preços do cereal, como a observada entre agosto do ano passado e março deste ano. O cenário atual é mais favorável sob a ótica dos compradores. Quanto ao farelo de soja, a tendência é de continuidade da pressão sobre os preços, devido às boas safras no Brasil e na Argentina e ao aumento do esmagamento para atendimento ao programa de biodiesel no Brasil. Isso eleva a oferta do subproduto e limita a alta de preços, mesmo com a perspectiva positiva para o consumo de ração animal.
Cepea/Itaú BBA
Reino Unido retoma importação de carne de aves do RS
Cerca de 80% do comércio de carne de aves do Brasil já está totalmente liberado. Ao todo, 27 países já informaram o fim das restrições
O Reino Unido informou o governo brasileiro nesta sexta-feira (11/7) que vai retomar as importações de carne de aves do Rio Grande do Sul. As vendas de empresas gaúchas estavam suspensas desde maio por conta do episódio de gripe aviária em uma granja comercial de Montenegro (RS). De acordo com o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, cerca de 80% do comércio de carne de aves do Brasil já está totalmente liberado. O número só não é maior porque a China ainda não retomou as compras do país. Ontem, o México, oitavo maior mercado para a carne de aves do Brasil, anunciou a retomada as importações do Rio Grande do Sul. Ao todo, 27 países já informaram o fim das restrições após o reconhecimento oficial da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) do status do Brasil como livre de gripe aviária novamente. O Brasil continua em contato com países que ainda mantêm embargos aos produtos nacionais, como China, Chile, Peru e os membros da União Europeia, disse Rua. Autoridades desses países têm solicitado informações técnicas adicionais. Nessa quinta-feira, o Ministério da Agricultura enviou dados para a China, por exemplo. Segundo o secretário, esses são procedimentos normais na negociação para a reabertura dos mercados. A expectativa é que as conversas avancem nas próximas semanas e haja anúncio de mais flexibilizações pelos importadores. A exportações de carne de aves continuam com suspensão total das exportações para Albânia, Canadá, Chile, China, Macedônia do Norte, Malásia, Paquistão, Peru, Timor-Leste e União Europeia.
Globo Rural
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