Ano 7 | nº 1452| 25 de março de 2021
NOTÍCIAS
Boi gordo: preços firmes e dificuldade na compra
Nas praças paulistas, as cotações mantiveram-se estáveis na última quarta-feira (24/3) na comparação diária, para todas as categorias destinadas ao abate. Porém, a dificuldade na composição das programações de abate, que atendem de 3 a 4 dias no estado, persiste
Segundo levantamento da Scot Consultoria, o boi gordo que atende ao mercado interno foi negociado em R$312,00/@, preço bruto e a prazo. A vaca gorda e novilha gorda para abate ficaram cotadas em R$283,00/@ e R$301,00/@, nas mesmas condições, respectivamente. Animais que atendem ao mercado externo foram negociados em R$315,00/@, preço bruto e à vista. Do lado vendedor, a expectativa é positiva. Com a virada do mês se aproximando a tendência é que a demanda por carne apresente alguma melhoria, dando sustentação ao mercado.
SCOT CONSULTORIA
Oferta restrita do boi gordo pode durar até abril, diz Safras
Situação é explicada pela boa qualidade das pastagens, situação que permite a retenção de maneira mais efetiva por parte do pecuarista
O mercado físico de boi gordo registrou preços de estáveis a mais altos na quarta-feira, 24. Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, houve algumas negociações acima da referência média. “Como de praxe, a oferta de animais terminados permanece restrita e é o grande elemento que justifica toda essa movimentação ao longo da cadeia pecuária durante o primeiro trimestre”, assinala Iglesias. Daqui até o final do mês, “aparentemente não haverá refresco”. Até mesmo as previsões iniciais relativas ao mês de abril sinalizam para um mês de oferta bastante ajustada, considerando a boa qualidade das pastagens, situação que permite a retenção de maneira mais efetiva por parte do pecuarista. O contraponto segue na demanda de carne bovina, com medidas de distanciamento social vigorando em diversos estados, prejudicando o desempenho da economia neste momento. A tendência do consumo direcionado a proteínas mais acessíveis tende a se sustentar ao longo de todo o ano de 2021, “portanto a carne de frango seguirá com a predileção do brasileiro médio”. Em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou a R$ 315 – R$ 316, estável. Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 300, inalterado. Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 305, estável. Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 303, ante R$ 302 – R$ 303. Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 309 – R$ 310 a arroba, inalterado. No mercado atacadista, os preços da carne bovina seguem acomodados. Conforme Iglesias, há menos espaço para reajustes no decorrer desta semana, em linha com um processo de reposição mais lento entre atacado e varejo. Somado a isso, precisa ser mencionada a situação macroeconômica problemática no decorrer de 2021, com o avanço da pandemia exigindo medidas mais drásticas de distanciamento social, ou seja, haverá lentidão na recuperação econômica. Nesse tipo de ambiente a tendência é que se sustente a predileção por proteínas mais acessíveis, enfaticamente a carne de frango. Com isso, o corte traseiro seguiu em R$ 20,50 o quilo. O corte dianteiro teve preço de R$ 17,30 o quilo, e a ponta de agulha permaneceu em R$ 16,50 o quilo.
AGÊNCIA SAFRAS
Mato Grosso do Sul é o 5º entre os estados que mais exportam carne bovina
Apesar de se manter no ranking, a produção de carne bovina no Mato Grosso do Sul encolheu 12,2% entre 2015 e 2020. Redução bem expressiva em relação ao Brasil, que viu o volume da produção cair apenas 3,6% no mesmo período
Com 212 mil toneladas de carne bovina enviadas ao mercado externo em 2020, Mato Grosso do Sul se manteve na 5ª posição do ranking entre os estados que mais exportam o produto. As exportações renderam ao Estado U$S 783 milhões de dólares em faturamento no ano passado. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), compilados pela equipe econômica da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar). As exportações de Mato Grosso do Sul representavam 6,7% no volume exportado brasileiro em 2015, passando para cerca de 8,16% em 2020. Os números mostram que cada vez mais o setor externo tem ganhando participação dentro da demanda final pelos produtos de abate bovino. O Secretário Jaime Verruck explica que nos últimos anos o Estado diversificou a matriz econômica, saindo do binômio boi e soja e incorporando novos setores e indústrias, que contribuem para agregar valor à matéria prima local. “Na pecuária vemos uma redução da produção, mas também identificamos um pecuarista aprimorando seu produto, mirando o mercado internacional, com mais tecnologia, mais produtividade e rentabilidade”, explica o Secretário. Os principais destinos dessas exportações de Mato Grosso do Sul foram Hong Kong com 23,92% da participação, seguido pela China, que aumentou sua participação de 3,03% em 2019 para 16,25% em 2020.
Semagro-MS
Retomada chinesa traz fôlego ao gado, diz Rabobank
De acordo com a Secex, as exportações fecharam 2020 com novo recorde
De acordo com informações divulgadas pelo novo relatório do Rabobank, com os níveis de precipitação recuperados em boa parte das regiões produtoras, a qualidade das pastagens tem melhorado, porém, a oferta de animais para abate ainda está abaixo da demanda, que já é considerada menor nessa época do ano. “Com as escalas de abate ainda mais curtas que o mesmo período do ano anterior, e por conta do ciclo pecuário, os frigoríficos têm sido pressionados a ofertar preços melhores para atender seus compromissos. Resultado disso, é um movimento de valorização atípico no preço do boi gordo, que já ultrapassou o recorde alcançado no último mês de novembro”, comenta. “Entre fev./20 a fev./21, os preços do boi gordo, bezerro e ração sofreram forte aumento de 53%, 61% e 112%, respectivamente. Já as cotações do traseiro bovino no atacado tiveram valorização menor, de 45%, reflexo da queda do poder de compra da população que não permitiu aumentos maiores. A volta dos embarques para a China após as festividades do Ano Novo, motivadas pela desvalorização do real, e a baixa liquidez no mercado interno tem feito os preços do Boi-China atingirem diferenças de até R$ 20/@ com relação ao indicador do Cepea. A recente confirmação do novo auxílio emergencial e a redução do ICMS para as empresas do Simples Nacional em São Paulo podem ajudar no consumo doméstico”, completa. “Sendo a China o maior importador e representando 43% do total exportado, seguida por Hong Kong e Egito. Mesmo com a elevação de 30% nas vendas para a China, nos dois primeiros meses deste ano houve redução de 6% nos embarques, devido à queda de 32% nas exportações para o Egito e 30% para Hong Kong, que devido à pandemia tem limitado a triangulação desses produtos para a China”, conclui.
AGROLINK
ECONOMIA
Real tem pior desempenho do mundo com agravamento da pandemia minando perspectivas
O dólar saltou 2,20% na quarta-feira e registrou a maior alta diária em seis meses, voltando a ficar acima de 5,60 reais, num movimento puxado pela piora da percepção de risco relacionado ao Brasil à medida que a pandemia explode no país e ameaça a perspectiva de retomada econômica e de debate sobre reformas
Com o rali desta sessão, o dólar zerou as perdas acumuladas desde a semana passada, quando o Banco Central surpreendeu ao elevar os juros em ritmo mais forte que o imaginado. O dólar à vista fechou a quarta cotado a 5,6380 reais na venda. A alta de 2,20% é a mais forte desde 18 de setembro de 2020 (+2,77%). “Existe um incômodo com fiscal, dívida e a pandemia em aceleração”, disse Joaquim Kokudai, gestor na JPP Capital. “A percepção do estrangeiro em relação ao Brasil realmente está ruim”, completou. Evidência disso, segundo o gestor, foi mais um dia de salto nas taxas de juros dos contratos de DI da B3, que chegaram ao fim da tarde em altas de até 30 pontos-base. A inclinação entre os DIs janeiro 2027 e janeiro 2023 –uma medida de percepção de risco– saltou a 212,5 pontos-base na quarta, de 201 pontos-base da terça e bem acima do nível de 170 pontos-base do dia 18 de março, quando o prêmio de risco na curva caiu após o BC elevar inesperadamente a Selic em 0,75 ponto percentual, para 2,50% ao ano. O mal-estar no mercado brasileiro também teve componente externo, já que as praças em Wall Street caíram e o dólar subiu frente a uma cesta de rivais, mas a intensidade das perdas aqui voltou a ser maior. Causou ruído decisão do Ministério da Saúde de promover mudanças em registros de morte por Covid-19, suspensa posteriormente devido à pressão de governadores. Na avaliação de profissionais do Barclays, o Brasil está hoje envolto na intensificação de três crises –aceleração da pandemia, deterioração de perspectivas de crescimento e crescente risco de ruptura fiscal.
Reuters
Ibovespa reverte alta e fecha em queda com piora em NY
O Ibovespa fechou em queda na quarta-feira, sucumbindo à piora em Wall Street na última hora do pregão, que ofuscou a disparada de mais de 12% das ações do Carrefour Brasil após anunciar a aquisição do Grupo BIG por 7,5 bilhões de reais
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,96%, a 112.173,38 pontos, de acordo com dados preliminares, revertendo a alta de boa parte da sessão, que chegou a 1,38% no melhor momento. O volume financeiro na sessão somava 27 bilhões de reais.
Reuters
Dívida pública federal sobe 2,75% em fevereiro, diz Tesouro
A dívida pública federal do Brasil subiu 2,75% em fevereiro sobre janeiro, a 5,199 trilhões de reais, informou o Tesouro Nacional na quarta-feira
No período, a dívida pública mobiliária interna teve avanço de 2,68%, a 4,951 trilhões de reais, enquanto a dívida externa aumentou 4,22%, para 247,93 bilhões de reais. Em relatório, o Tesouro informou que sua reserva de liquidez fechou o mês em 933,22 bilhões de reais, ante 805,68 bilhões de reais em janeiro, refletindo principalmente o efeito da emissão líquida em fevereiro, que foi de 111,51 bilhões de reais. “O Tesouro Nacional realizou emissões, em fevereiro, acima da média dos últimos 12 meses, contribuindo para suprir a necessidade de financiamento do governo federal e para manter o caixa acima do limite prudencial”, disse o Tesouro em nota, destacando que o mês foi marcado por piora na percepção de risco de emergentes e pela cautela com o cenário fiscal doméstico. Em relação à composição, os títulos que variam com a Selic, representados pelas LFTs, continuaram com maior peso na dívida pública federal, mas diminuíram essa fatia a 34,82% do total, abaixo dos 35,30% de janeiro. Já os títulos prefixados, que dão mais previsibilidade à gestão da dívida, avançaram a 34,36% da dívida, ante 33,75% no mês anterior. Os papéis indexados à inflação, por sua vez, mostraram pouca alteração, respondendo por 25,78% da dívida total, ante 25,98% em janeiro. Em relação aos detentores, a participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna aumentou ligeiramente para 9,43% em fevereiro, sobre 9,27% no mês anterior.
Reuters
Crédito para novo programa de corte de salário e jornada deve ser de até R$ 9 bi
Nova edição do benefício deverá ter uma verba limitada, já que a equipe econômica prefere bancar a medida via crédito extraordinário, no lugar de passar um ‘cheque em branco’
O Ministério da Economia quer limitar em até R$ 9 bilhões o valor do crédito extraordinário para a abertura de uma nova rodada do benefício emergencial (BEm), pago a trabalhadores que fizeram novos acordos para redução de jornada e salário ou suspensão de contratos. Entre editar uma Medida Provisória (MP) com crédito extraordinário para o pagamento do benefício e acionar o “botão” do estado de calamidade, a equipe econômica prefere a primeira opção para não dar um “cheque em branco” de aumento do endividamento público nessa nova fase da pandemia. O Estadão apurou que a estratégia é cancelar os restos a pagar (RAPs), despesas transferidas de 2020 para 2021, referentes a esse benefício, uma espécie de complemento de renda. O volume desses restos a pagar está em torno de R$ 7 bilhões, mas nem todo esse valor poderá ser cancelado porque há, inclusive, demandas judiciais referentes ao auxílio pago no ano passado. Esses RAPs são também de créditos extraordinários, que ficam fora do teto de gasto, a regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação. O governo ainda não bateu o martelo do valor do crédito extraordinário para o pagamento do benefício para o trabalhador que tiver o salário reduzido ou o contrato suspenso pois ainda faz avaliação de quanto precisará reservar para o programa num cenário de incerteza. O governo estima que a nova rodada de reduções de jornada e salário ou suspensões de contrato deva alcançar entre 2,7 milhões e 3 milhões de trabalhadores com custo entre R$ 5,8 bilhões e R$ 6,5 bilhões. O governo tem previsto para este ano R$ 80 bilhões de gastos chamados de “extrateto”, ou seja que podem ficar fora do limite do teto de gastos: R$ 36 bilhões de RAPs, originados do orçamento de “guerra” de 2020 que ficaram para serem pagos em 2021, e mais R$ 44 bilhões da nova rodada do auxílio emergencial que começa a ser paga em abril.
O ESTADO DE SP
EMPRESAS
Marfrig quer antecipar meta de neutralizar emissões de carbono
Companhia afirma que “ambição” é, até 2050, zerar os poluentes que emite, mas meta formal, que poderá prever neutralização entre 2035 e 2040, será anunciada até o início de 2022
Um dia após a rival JBS anunciar a compromisso de zerar as emissões líquidas de carbono até 2040, a brasileira Marfrig Global Foods, segunda maior indústria de carne bovina do mundo, informou que tem a “ambição” de zerar as emissões até 2050. Ainda não se trata de uma meta formal, mas uma intenção. O plano da Marfrig para zerar emissões deverá ser formalmente anunciado entre o fim deste ano e o começo de 2022. “A nossa ambição, a gente não tem meta estabelecida ainda, é zerar emissões em 2050, mas acreditamos que essa ambição poderá ser antecipada, para entre 2035 e 2040”, afirmou Paulo Pianez, Diretor de Sustentabilidade da Marfrig, durante evento para anunciar avanços do plano Marfrig Verde+. A companhia prevê a redução das emissões absolutas de CO2 de 2019 a 2035 em 43%. A meta para emissões indiretas é de redução de 35% de 2019 a 2035. A Marfrig disse ainda que conseguiu identificar 62% de seus fornecedores na Amazônia em 2020. A meta é que a identificação seja total até 2025. No Cerrado, 47% dos fornecedores foram identificados. Para o bioma, a meta é chegar a 100% em 2030. Pianez afirmou ainda que dos R$ 500 milhões de recursos próprios previstos para o programa, R$ 80 milhões foram aplicados na fase de estruturação a poio para as iniciativas. A companhia informou também que deve lançar uma carne de “baixo carbono”. “Acreditamos que tem ainda mais uns dois a três meses de trabalho pela frente, e o lançamento será ainda no segundo semestre”, afirmou o Diretor. “Esse produto tem um potencial enorme de depois ganhar escala porque ele está mais próximo da realidade da produção”. No ano passado, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Marfrig já havia lançado a carne carbono neutro. O projeto recebeu com aporte de R$ 10 milhões.
VALOR ECONÔMICO
Lucro da JBS dispara a R$ 4 bi no 4º tri com exportação para China e consumo firmes
A processadora de carnes JBS fechou o quarto trimestre com lucro líquido de 4 bilhões de reais, um salto de 65% em relação ao mesmo período de 2019, impulsionado por exportações aquecidas para a China, consumo firme tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos e auxílio da variação cambial
A dona de marcas como Swift e Friboi, teve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 7 bilhões de reais no período, aumento de 24,1% no ano a ano. A JBS ainda registrou uma receita líquida consolidada de 76,1 bilhões de reais no trimestre, o que representa um aumento de 33,1% no comparativo anual, com todas as unidades de negócios registrando crescimento na receita em reais. No período, cerca de 75% das vendas globais da JBS foram realizadas nos mercados domésticos em que a companhia atua e 25% por meio de exportações. A partir do Brasil, as vendas de carne bovina in natura, que corresponderam a 84% das exportações desta unidade de negócios, cresceram em volume quanto em preços, em 3,2% e 19,8%, respectivamente. Os destaques foram a China e Hong Kong, que tiveram aumento de cerca de 60% na receita de vendas no período. A JBS propôs pagamento de dividendos de 1 real por ação, equivalente ao recorde de 2,5 bilhões de reais, para 2021. No acumulado do ano, o lucro líquido foi de 4,6 bilhões de reais, queda de 24,2% ante 2019, enquanto o Ebitda ajustado somou 29,6 bilhões, alta de 48,7%. A receita líquida atingiu 270,2 bilhões de reais, avanço de 32,1% no ano a ano. A JBS ainda informou que a geração de caixa livre atingiu 17,8 bilhões, um salto de 87,3%. “O ano passado todo foi com resultado forte. Com dólar mais valorizado, temos resultado maior quando se traduz em reais, mas (também) foi um bom resultado operacional”, afirmou à Reuters o CFO global da JBS, Guilherme Cavalcanti. No quarto trimestre, a receita líquida da Seara atingiu 7,5 bilhões de reais, alta de 31,8%. A da JBS Brasil somou 13,39 bilhões, aumento de 39,9%. Nos Estados Unidos, a JBS USA e a JBS Pork tiveram receitas de 30,28 bilhões e 9,3 bilhões de reais, respectivamente, com avanços respectivos de 26,9% e 47,5%. Quanto ao Ebitda ajustado das unidades no trimestre, Pilgrim’s Pride, Seara e JBS Brasil, tiveram altas respectivos de 53,5%, 50,8% e 41,2%. A companhia ainda encerrou 2020 com alavancagem de 1,58 vez em dólares e de 1,56 vez em reais, medida pela relação entre Ebitda ajustado e dívida líquida. “Nossa meta é ficar entre 2 e 3 vezes, estamos abaixo disso e com essa alavancagem baixa a gente tem capacidade de fazer mais aquisições e remunerar melhor o acionista”, disse o executivo. O executivo também lembrou que já foi retomado o projeto de listagem de ativos nos Estados Unidos. “A questão já não é mais se vamos fazer, mas sim quando”, afirmou. Do ponto de vista de custos, Cavalcanti lembrou que as despesas com grãos, como o milho utilizado na ração animal, seguem elevadas, assim como o valor da arroba bovina no Brasil, o que exige a adoção de estratégias. “Em 310 reais a arroba, isso tem impacto de compressão de margem e tem várias estratégias para lidar com isso, uma delas é produto de valor agregado, (onde) consegue diferenciar um pouco e tentar compensar parte desse aumento. Mas o que realmente compensa esses custos é a exportação.”
Reuters
FRANGOS & SUÍNOS
SC: Milho atinge o maior valor da história e indústria da carne entra em alerta
O milho está escasso em Santa Catarina, no Brasil e no Mundo – atingiu o maior valor da história – e colocou em alerta todo o setor. A dimensão do problema pode ser avaliada pelo fato de Santa Catarina, por exemplo, necessitar de cerca de 19.000 toneladas de milho por dia
O Presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) e Diretor do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior, concluiu que a indústria da carne não conseguirá repetir o excelente desempenho de 2020. A situação deve se normalizar em 2022, “mas 2021 será um ano difícil de atravessar em razão do preço exorbitante dos insumos para a nutrição animal”. Exportações maciças de um lado, pragas e problemas climáticos de outro decretaram a escassez do grão. Os estoques da Conab estão baixos e o plantio da próxima safra está atrasado. Não há dúvidas: na metade do ano haverá crise de desabastecimento. Crise semelhante vivida em 2016 provocou o fechamento de empresas, redução de alojamento e colocou em perigo os planteis à campo, com risco sanitário. A partir do momento em que não vislumbrar o abastecimento necessário, seja em preço, seja em quantidade, o setor irá se adequar, reduzir alojamento e baixar a oferta de proteína animal no Brasil. Ele prevê que as médias e as pequenas empresas terão dificuldades de fluxo de caixa e capital de giro, enquanto as grandes empresas operarão em fluxos negativos. Infelizmente teremos descontinuidade de empresas, atraso nos investimentos e desemprego. “Já vimos isso no passado: muitos frigoríficos de pequeno porte não conseguirão manter suas operações com os grãos nesses níveis de preços”, lembra Ribas. O milho representa pelo menos 50% dos custos de produção de aves e suínos. Com os atuais níveis de preço do milho, o custo final pode elevar-se em 25%. Somam-se a isso os aumentos do farelo de soja, da energia elétrica, dos combustíveis e a situação fica muito difícil para todo o setor. A saca (60 kg) de milho está cotada atualmente em cerca de R$ 100, 72% de aumento em relação a fevereiro do ano passado. Aumento maior sofreu a tonelada de farelo de soja, comercializada hoje em R$ 2.750,00, ficando 113% mais cara que 12 meses atrás. Outro item da planilha de custos que afeta as operações nas granjas e nas fábricas é a energia elétrica, que encareceu 70% nos últimos dez anos. A média de alta prevista para 2021 é de 14,5%. A indústria já apurou que, com esses aumentos, o custo do animal vivo aumenta no mínimo 35% – o que fica muito difícil do setor suportar.
Acav/Sindicarne
Paraná teme que falte milho para avicultura
Sindicato da categoria pede medidas que evitem a escassez nas granjas
O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) está preocupado com um possível desabastecimento de milho no Estado, o que impactaria diretamente as granjas avícolas. A entidade monitora a situação há meses e propôs algumas ações para o governo brasileiro a fim de evitar a escassez do grão no país. As medidas seriam de curto, médio e longo prazo visando a importação rápida do grão quando necessária e o aumento da produção nacional e armazenagem para as próximas safras. No Paraná o clima impactou o milho. A primeira safra teve quebra de 11,7%, com produção de 3.1 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Já o plantio da segunda safra foi comprometido com o atraso da retirada da soja devido à estiagem que levou ao adiamento da semeadura da oleaginosa. Grande parte das lavouras foi implantada fora da janela ideal. A projeção é de 13,5 milhões de toneladas ou crescimento de 18%. “A safra precisa de cinco meses com chuvas regulares e não ter um inverno antecipado, porque o milho é uma cultura de verão. Estamos produzindo no inverno porque deu certo, mas em anos com geada antecipada, podemos ter uma perda maior. Nós estamos apreensivos, temos milho para poucos meses até chegar na nova safra”, alerta o presidente do Sindiavipar, Irineo da Costa Rodrigues. A entidade sugere que o governo amenize possíveis problemas desburocratizando a importação do grão e retire o PIS/COFINS da importação, por se tratar de uma questão emergencial. A médio prazo solicita uma política atrativa para a produção de milho no verão, a partir do mês de setembro de 2021, com linhas de crédito vantajosas, principalmente para o pequeno produtor e a diminuição dos juros no Plano Safra, com pelo menos 1% linearmente, com crédito a taxas mais acessíveis. No longo prazo propõe pensar no armazenamento de grãos pelas pequenas empresas, com linhas de crédito subsidiadas, para que o produtor possa comprar milho e ter onde guardar e uma ação conjunta do Sindiavipar com as entidades representativas de outros estados produtores de carne de frango para encaminhar sugestões ao Ministério da Agricultura.
AGROLINK
Catarinense Pamplona pretende investir R$ 600 milhões até 2024
Faturamento da empresa cresceu 40% em 2020, para R$ 1,9 bilhão
A Pamplona Alimentos, de Santa Catarina, ampliou seu faturamento em 40% em 2020, para R$ 1,9 bilhão, e promete investir cerca de R$ 600 milhões até 2024 para ampliar a produção e aproveitar as boas perspectivas para a carne suína no país. O cenário positivo é resultado sobretudo da demanda aquecida da China pelo produto brasileiro. No ano passado, o avanço já foi puxado pelas exportações, que, com destaque para a participação do país asiático, cresceram 65%. A ampliação de portfólio no Brasil também colaborou para o salto das vendas e para a alta de 335% do lucro líquido da empresa, que foi de R$ 298 milhões. Segundo Irani Pamplona Peters, Presidente da companhia catarinense – fundada em Rio do Sul como um açougue no fim dos anos 40 -, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) chegou a R$ 369,5 milhões, com margem de 21,2% – no ano anterior, os ganhos haviam chegado a R$ 145,8 milhões e a margem, a 11,9%. “É um resultado excepcional não só para a Pamplona, mas para o mercado em que atuamos, no qual historicamente esse indicador é de 10% a 12%”. O segmento ao qual a executiva se refere é o de abate e comercialização de suínos para food service, varejo e lojas próprias no mercado interno e de cortes para exportação. A empresa tem ainda no portfólio suínos processados, queijos e cortes bovinos temperados. Segundo ela, outro diferencial para os resultados de 2020 foi o lançamento de novos produtos porcionados e fatiados. A empresa também ratificou seus avanços no quesito bem-estar animal, com 77% da produção adaptada, e bateu seu recorde na produção de suínos próprios, elevando o ativo biológico em R$ 54,4 milhões. Os investimentos incluem o desenvolvimento de novas linhas genéticas, ampliação das unidades experimentais e da capacidade de estocagem de grãos. Os desembolsos serão concentrados em dois projetos. O primeiro é a duplicação do abate e da desossa na unidade de Presidente Getúlio (SC), para mais 2.640 suínos por dia. O incremento vai atender às demandas internacionais, explica Irani, e suprir a necessidade de matéria-prima para os produtos processados. Serão R$ 320 milhões investidos em tecnologias baseadas no conceito de indústria 4.0, como a paletização e a câmara de estocagem operadas por robôs, além de sistemas automatizados de produção. Outros R$ 125 milhões deverão ser aplicados em ativo biológico e capital de giro, totalizando cerca de R$ 445 milhões. Os demais R$ 155 milhões serão investidos na unidade de Rio do Sul para expandir a produção de processados. O investimento vai adicionar 16,5 mil toneladas de produtos industrializados por ano, de acordo com a companhia.
VALOR ECONÔMICO
INTERNACIONAL
China não consegue conter a peste suína
A China relatou um surto de peste suína africana na região de Xinjiang, disse o Ministério da Agricultura na quarta-feira
O surto ocorreu em uma fazenda na prefeitura de Yili, com 466 porcos e 280 mortos, disse o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais em um comunicado, acrescentando que os porcos restantes foram sacrificados.
Reuters
ABRAFRIGO
imprensaabrafrigo@abrafrigo.com.br
POWERED BY EDITORA ECOCIDADE LTDA
041 3289 7122