O Congresso Nacional da Carne é promovido pelo Sistema CNA/Senar e pela Faemg, com o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ)
Especialistas nacionais e internacionais da cadeia de carne bovina se reuniram no Congresso Nacional da Carne (Conacarne), na quinta-feira (18), para discutir as tendências de consumo do produto no mundo e características e padrões de qualidade exigidos pelos frigoríficos.
O Conacarne reuniu no Expominas, em Belo Horizonte (MG), produtores rurais de todas as regiões do Brasil, entidades, sindicatos rurais, especialistas, autoridades, presidente de Federações estaduais de agricultura e pecuária, diretores do Sistema CNA/Senar para acompanhar, durante dois dias, debates sobre tendências de consumo, mercado, inovações e trocar experiências.
No primeiro painel do dia, mediado pela diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, representantes de entidades internacionais da cadeia abordaram as tendências de consumo de carne bovina sob o olhar dos principais produtores e importadores mundiais.
Sueme reforçou a importância de discutir tendências globais para fortalecer a presença da carne brasileira nos principais mercados do mundo.
O diretor da Al Tayeb Meat nos Emirados Árabes Unidos, Riyadh Jabbar, destacou que cada país apresenta preferências específicas quanto aos cortes e tipos de carne. “No segmento premium, há uma migração de preferência de produtos congelados para produtos refrigerados e de marca”.
Riyadh Jabbar, diretor da Al Tayeb Meat (Foto: CNA)
Por isso, segundo Riyad Jabbar, a carne bovina brasileira tem forte presença no Oriente Médio, especialmente em produtos embalados a vácuo e refrigerados, que apresentam alta demanda, principalmente por questões de saúde e bem-estar. “Há, também, um crescente interesse por carne com baixo teor de gordura, alimentada a pasto e com rótulo limpo, o que agrega muito valor”, afirmou.
Já o gerente de acesso a mercados do Instituto Nacional da Carne do Uruguai (INAC), Álvaro Pereira Ramela, disse que o comércio transparente e justo é fundamental para o setor. Segundo ele, 10% do PIB do Uruguai depende diretamente da pecuária, enquanto todo o agronegócio representa entre 25% e 30%.
“Temos predominância de pastagem nativa, sem hormônios e sem antibióticos, e incorporamos tecnologia para exportar e atender aos consumidores. A rastreabilidade ocorre no campo, na indústria e até na floresta, e exportamos 80% do que produzimos”, explicou.
O diretor global de Compras da Norvida Suécia, Oskar Hjertsäll, reforçou a parceria de mais de 20 anos com o Brasil. “Temos equipe no país para apoiar a produção e buscamos sempre a melhor qualidade, que é o que realmente importa. A sustentabilidade sempre foi relevante na Europa. Estar à frente desses temas abre portas e cria acesso totalmente novo ao mercado”, destacou.
Em vídeo gravado para o evento, a CFO do Optimize Integration Group (OIG) da China, Wei Kailing, falou sobre o mercado de importação chinês e como ele movimenta o mundo, destacando sua influência internacional.
Qualidade
No segundo painel, que contou com a moderação do professor da UFR-MT Ângelo Polizel, representantes dos principais frigoríficos do país debateram a evolução do perfil de carcaças de bovinos abatidos no país em termos de classificação e tipificação e as demandas das indústrias em relação ao perfil de gado.
O professor Ângelo Polizel falou sobre como o Brasil avançou na produção de proteína animal, passando de importador para exportador. Ele também destacou a qualidade e eficiência da produção brasileira e o tipo de carcaça que os frigoríficos exigem. “Nós já aumentamos a produção e agora temos que olhar para a qualidade. Precisamos produzir de forma eficiente na ponta. Já a indústria tem de aproveitar a maior porcentagem de carne possível”.
Alisson Navarro, diretor de Exportações da Marfrig Global Foods (Foto: CNA)
O diretor de Exportações da Marfrig Global Foods, Alisson Navarro, citou dados de exportação, principais destinos da carne brasileira e a evolução das pastagens. Ele informou que em 2004, o Brasil tinha 180 milhões de hectares de pastagens. Em 2024, esse número foi reduzido para 160 milhões.
“Isso significa que produzimos um animal mais jovem, mais pesado e utilizando uma área menor do que há 20 anos. Hoje temos aumento de produtividade e um animal de melhor qualidade”. Em relação às exigências dos frigoríficos, Alisson destacou a regularidade. “Nós temos que atender a demanda do cliente final de forma regular. Ele quer receber o produto padronizado e direcionar para a fábrica dele”.
Em seguida, o gerente executivo de Originação de Bovinos na Friboi, Thiago Bessa, abordou o tipo de carne que o consumidor quer e a mudança da oferta no mercado mundial. “O gado jovem já é uma realidade. O efeito China revoluciona a produção pecuária e segue como maior parceiro do Brasil”.
Segundo Thiago, existem três revoluções da pecuária moderna, sendo elas: confinamento e terminação intensiva a pasto; recria intensiva a pasto e melhoramento genético do gado de corte. Ainda em sua fala, Bessa reforçou que o Brasil é capaz de produzir qualquer padrão de carne com planejamento e remuneração da cadeia.
Em sua fala, a gerente executiva de Relações Institucionais da Minerva, Mariane Crespolini, disse que apesar de 70% da carne brasileira ser consumida pelos brasileiros, o mercado internacional foi o grande propulsor dessas mudanças. “O boi China foi um grande incentivo econômico para a recuperação de pastagem, adoção de manejo nutricional e outras tecnologias sustentáveis”.
Mariane Crespolini, gerente executiva de Relações Institucionais da Minerva (Foto: CNA)
Para Mariane, um animal jovem e bem-acabado permite atender diferentes mercados com constância, volume e padrão. “É uma estratégia de diversificação de mercado, é o futuro. A especialista acrescentou que o momento de oferta e demanda global é muito oportuno. Os preços na Europa subiram muito esse ano”.
Fonte: Ascom CNA – Por: Portal DBO