
Ano 11 | nº 2418 | 05 de março de 2025
NOTÍCIAS
Preço da arroba do boi caiu até 6,7% em fevereiro
Ampla oferta de fêmeas na Região Norte contagiou o restante do país, baixando os preços; cenário pode se reverter nos próximos dias
O mercado físico do boi gordo teve preços mais baixos ao longo de fevereiro nas principais praças de produção e comercialização do país, pressionados por um cenário de maior oferta combinado com retração no consumo da proteína animal no varejo. Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, o crescimento da disponibilidade de fêmeas contribuiu também para incrementar a oferta, fazendo com que a indústria frigorífica conseguisse um bom avanço de suas escalas de abate. “Esse cenário foi bastante representativo na Região Norte e acentuou a queda que se sucedeu nos demais estados que contam com abates relevantes. Por outro lado, as exportações de carne bovina em bom nível ainda são a principal variável de sustentação dos preços, evitando quedas ainda mais acentuadas”, disse. Segundo ele, o ambiente de negócios ainda sugere pela continuidade deste movimento no curto prazo, em linha com a atual posição confortável das escalas de abate nos frigoríficos, somado ao comportamento dos preços da carne no atacado. Iglesias destaca que o enfraquecimento da demanda doméstica de carne bovina é agudo, com a população mais descapitalizada, como normalmente ocorre no início de cada ano. Assim, as pessoas optam por proteínas mais acessíveis, como a carne de frango, os embutidos e ovos, principalmente. “As indústrias conseguiram, sem muita dificuldade, pressionar os pecuaristas por preços mais baixos para as boiadas”, assinalou. De acordo com o analista, o cenário para a primeira quinzena de março é um pouco mais favorável. “Os salários vão entrar na economia, o que vai motivar a reposição de carne e, além disso, a indústria pode entrar com mais apetite para a compra de gado por conta do feriado prolongado de Carnaval.” Esses fatores, conforme o analista, devem trazer mais sustentação e até motivar altas da arroba, mas sem espaço para altas contundentes. “Os preços podem se recuperar, mas de maneira moderada”, ressalta. Os preços médios da arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização do país estavam assim no dia 27 de fevereiro em comparação a 31 de janeiro: São Paulo: R$ 313,67, contra R$ 325,08 (-3,5%). Goiás: R$ 294,64, ante R$ 307,86 (-3,64%). Minas Gerais: R$ 304,12, contra R$ 314,41 (-3,3%). Mato Grosso do Sul: R$ 302,05, ante R$ 312,39 (-3,3%). Mato Grosso: R$ 300,38, contra R$ 321,93 (-6,7%). As exportações de carne bovina in natura do Brasil renderam US$ 755,443 milhões em fevereiro (15 dias úteis), com média diária de US$ 50,362 milhões, conforme a Secretária de Comércio Exterior (Secex). A quantidade total exportada pelo país chegou a 153,143 mil toneladas, com média diária de 10,209 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 4.932,90. Em relação a janeiro de 2024, houve alta de 18,4% no valor médio diário da exportação, ganho de 8,6% na quantidade média diária exportada e avanço de 9,0% no preço médio.
Agência Safras
China suspende compras de carne bovina de três frigoríficos brasileiros
Embargo temporário atinge uma da maior unidade da JBS no Brasil, além de indústrias da Bon-Mart e Frisa. Suspensão de importações anunciada pela China atinge empresas do Brasil, Argentina, Uruguai e Mongólia
A China suspendeu a importação de carne bovina de três frigoríficos brasileiros nesta segunda-feira (3/3). O embargo atinge plantas da JBS, Frisa e Bon-Mart. Comunicado da Administração Geral de Alfândegas chinesa relata apenas a identificação de “não conformidades” nas unidades. O Ministério da Agricultura foi avisado, mas ainda não se posicionou. Carta enviada pelo governo chinês à embaixada brasileira em Pequim diz que foram realizadas auditorias remotas nos três estabelecimentos e que os especialistas “identificaram não conformidades” nas plantas em relação aos requisitos chineses para o registro. Por isso, a China decidiu suspender temporariamente a importação de carne bovina dos três frigoríficos até que medidas corretivas sejam adotadas. A medida vale para embarques realizados a partir desta segunda-feira (3/3). “Solicita-se que o lado brasileiro instrua os estabelecimentos envolvidos a adotar as medidas corretivas em conformidade com os requisitos chineses, e encaminhe o respectivo relatório de correção após a devida verificação pelo serviço oficial. Empresas da Argentina, Uruguai e uma da Mongólia também tiveram embarques suspensos. A suspensão atinge um dos maiores frigoríficos da JBS, em Mozarlândia (GO). Também foram suspensos os embarques da planta de Nanuque (MG) da Frisa e o frigorífico de Presidente Prudente (SP) da Bon-Mart, cujas operações são realizadas pelo Grupo Ramax. Em dezembro de 2024, a China abriu uma investigação para possível aplicação de salvaguardas contra as exportações de carne bovina de todos os países. O processo está em curso. O Brasil, principal fornecedor da proteína aos asiáticos, enviou respostas aos questionários do governo chinês na semana passada. Em 2024, o Brasil exportou 1,1 milhão de toneladas de carne bovina para a China. Ao todo, os chineses importaram 2,7 milhões de toneladas do produto. As indústrias brasileiras alegam que não houve aumento abrupto das vendas e que o incremento das exportações ocorreu ao longo dos últimos 10 anos. O setor diz também que os embarques não atrapalharam o crescimento das empresas chinesas de carnes, que registram altas de 4% em produção e faturamento, em média. Empresários do setor frigorífico, no entanto, não associam este novo embargo à investigação. Na avaliação do setor, intercorrências técnicas não são algo novo e devem ser tratadas tecnicamente. “O Brasil possui relação comercial bastante sólida com a China no comércio de carnes e isso não pode ser avaliado por algumas suspensões motivadas por não conformidades técnicas”, disse uma liderança do ramo industrial. Mesmo assim, o setor admite que a suspensão pode impactar nos negócios. Eles ressaltam a dificuldade que há para conquistar a habilitação para a China e que esse mercado é responsável por grande parte do faturamento e do equilíbrio de margens de algumas plantas. Ficar fora da lista de compras chinesa, mesmo que temporariamente, é prejudicial, diz uma fonte.
Globo Rural
Cotações do boi gordo na B3 devem amanhecer na quarta-feira (5) em queda por suspensões chinesas a frigoríficos do BR
Na segunda-feira (3) a China anunciou a suspensão de três frigoríficos brasileiros, um uruguaio e dois argentinos
Segundo informações iniciais, as plantas brasileiras suspensas ficariam em Nanuque (MG), Presidente Prudente (SP) e Mozarlândia (GO). Uma fonte do setor que pediu para não ser identificada enviou à reportagem o comunicado da alfândega chinesa traduzido. De acordo com o analista da SAFRAS & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, a impressão é de que a China está “realmente tentando forçar a barra para tentar renegociar contratos de importação, baixar preços em dólar da carne bovina, como tipicamente costuma fazer”. Ele ainda explica que isso não deve mexer com as exportações brasileiras, já que são três unidades suspensas, em meio a 30 habilitadas para exportar para a China. “Não deve pesar muito na quantidade de produto exportado. Temos uma grande dificuldade à frente em relação à China pelo perfil de poder de barganha”. Hyberville Neto, médico veterinário e diretor da HN Agro corrobora a fala de Iglesias, apontando que se trata de uma parcela pequena de plantas suspensas cujos abates podem ser redirecionados para outras localidades. “A questão é se isso aumentar, com outras suspensões, aí a conversa é outra”. Neto pontua ainda que, para este ano, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) não espera que a China compre menos carne. “Para 2025, segundo o USDA, o Brasil deve exportar 31% de sua produção, e a China compra cerca de metade do volume deste percentual”. Para o diretor da HN Agro, esse barulho todo vem do fato de que o preço da carne bovina na China caiu no ano passado, com os produtores chineses ampliando a produção. Isso somado ao ciclo pecuário no Brasil, com carne barata para exportar, que culminou na investigação sobre importação de carne pela China. Vale lembrar que o Ministério do Comércio da China anunciou no dia 27 de dezembro de 2024 uma investigação sobre as importações de carne bovina por parte do gigante asiático. A busca por informações aprofundadas se concentrará sobre as compras de carne bovina fresca, carne bovina resfriada, cabeças de boi e carne bovina congelada importadas entre 1 de janeiro de 2019 e 30 de junho de 2024, segundo dados das autoridades locais. A investigação envolve todos os exportadores da proteína bovina para a China e foi declarada a partir de formalização de pedidos por parte de entidades que representam o setor da pecuária no gigante asiático. Segundo Eberti Aguiar, consultor da Hegde Agro Consultoria, o principal impacto no mercado interno vai ser na abertura dos mercados futuros na quarta-feira (5), com muitos especuladores entrando na B3 posicionado em venda. “Esse mercado deve cair bastante na quarta-feira e teremos que ver como vai se comportar durante o dia. Mas o primeiro reflexo será nos contratos futuros. Vamos ver como os frigoríficos vão se posicionar nas compras no mercado físico na quarta, sabendo que tem pouco boi escalado. Mozarlândia, por exemplo, pelo que sei, teve embarque normal durante o feriado. O mercado caindo, os frigoríficos devem fazer uma estratégia de sair um pouco das compras, aproveitar isso para originar um pouco melhor, a partir de quarta-feira. Vamos ver como as coisas vão desenrolar a partir de quarta, porque quando o mercado cai, o pecuarista sai com oferta de boi para comercializar, e acaba muitas vezes estendendo as escalas e frigoríficos abocanhando isso”. Mesmo sem estar na lista dos frigoríficos com habilitação suspensa pela China, o frigorífico Rio Maria, com unidades em Rio Maria (PA), Canaã dos Carajás (PA) e Hidrolândia (GO), emitiu nota de alerta aos pecuaristas que vendem animais para suas unidades. O comunicado traz dados sobre o limite máximo de resíduo de Fluazuron, um produto veterinário utilizado no controle de carrapatos. A detecção deste resíduo, segundo o informe, deve ter sido responsável pela suspensão das plantas frigoríficas.
Notícias Agrícolas
Queda na arroba do boi gordo desacelera mercado de reposição e reduz volume de negócios
Com feriado de carnaval, a expectativa é de menor liquidez no mercado, diminuindo ainda mais o ritmo de compras na reposição
As recentes quedas nos preços da arroba do boi gordo têm refletido no mercado de reposição, em que os compradores estão retraídos e evitando novas aquisições diante do atual cenário. De acordo com as informações da Scot Consultoria, o viés de baixa nas cotações da arroba do boi gordo freou as compras para a renovação do plantel, com isso, o volume de negócios concretizados na semana foi menor do que na semana anterior. A expectativa para essa semana, com o feriado de Carnaval, é de menor liquidez no mercado, diminuindo ainda mais o ritmo de compras na reposição. Portanto, as cotações poderão trabalhar entre estabilidade à queda. “Na comparação das cotações dos machos anelorados, feita semana a semana, a cotação do boi magro foi a única que registrou alta (0,2%), aumento de R$10,14 por cabeça. Já o preço do bezerro de desmama, do garrote e do boi magro apresentou quedas de 0,3%, 1,7% e 1,4%, respectivamente, o que representa, em média, redução de R$37,14 por cabeça”, reportou a Scot Consultoria em seu boletim. No comparativo mensal, os preços dos bovinos machos para reposição, em São Paulo, ficaram acima da média registrada em janeiro e para as fêmeas, movimento oposto – com exceção à cotação da bezerra de ano, que permaneceu estável. “Nesta comparação, houve aumentos de 0,1%, 1,7%, 0,9% e 0,1% para o boi magro, o garrote, o bezerro de ano e o bezerro de desmama, respectivamente. Para as fêmeas aneloradas, os preços estão menores em 2,6%, 1,0% e 0,1%, considerando a vaca magra, a novilha e a bezerra de desmama”, acrescentou a Scot Consultoria. O Indicador do bezerro no Mato Grosso do Sul está se mantendo estável nestes primeiros meses do ano de 2025, mas acumula uma alta superior ao boi gordo no ano com avanço de 1,3% e com perspectiva de uma gradativa escalada de preço ao longo do ano. A relação de troca de bezerros por boi gordo que vinha favorável nos primeiros meses deste ano tende a mudar. De modo geral, nas praças pecuárias monitoradas pela Scot Consultoria, há um consenso de que o mercado seguiu com baixo volume de negócios na semana e de que a oferta de bovinos não terminados seguiu limitada.
Scot Consultoria
Embargo a frigoríficos não afeta comércio com a China, diz ministro
Carlos Fávaro destacou que situação faz parte do dia a dia dos negócios e que mais de 60 unidades embarcam carne para o mercado chinês. China é o principal cliente da carne bovina do Brasil
Na segunda-feira (3/3), a China suspendeu a importação de carne bovina de três frigoríficos brasileiros, sob a alegação de “não conformidades” nas plantas. O embargo temporário afeta unidades das empresas JBS, Frisa e Bon-Mart. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse ao Valor que a suspensão das três plantas é questão do “dia a dia dos negócios” e que “não afeta em nada o comércio”, já que mais de 60 unidades brasileiras exportam carne bovina para o mercado chinês. “Os chineses encontraram algo que não os satisfez e pediram adequações. Quando elas forem solucionadas, o comércio voltará”, disse. “As empresas farão os planos de correção, enviaremos para a China conferir e resolver, assim como voltaram para a habilitação 12 plantas que haviam sido suspensas no governo passado”, completou. Fávaro demonstrou preocupação com notícias falsas que circularam sobre o caso. O ministro disse ter recebido um telefonema de um grande pecuarista que perguntou se havia acordo entre Brasil e China para diminuição das exportações. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também ligou durante o feriado de Carnaval para pedir explicações sobre o episódio. “Tranquilizei o presidente, expliquei que era uma questão técnica”, disse Fávaro. “Não é coerente falar em acordo para restringir exportações se habilitamos 43 plantas neste governo e há uma lista lá [na China] para ampliar esse número, com expectativa de novos frigoríficos habilitados neste ano”, concluiu. O ministro reforçou que não há problemas comerciais ou políticos entre os países e afirmou que o Brasil vai ocupar mais espaço nas gôndolas chinesas em decorrência da guerra tarifária entre a China e os Estados Unidos. “Está claro que será uma oportunidade”, disse. A China suspendeu as compras de carne também de empresas de Argentina, Uruguai e Mongólia. Fávaro destacou essa decisão para afastar qualquer possibilidade de politização do caso. Em carta que enviou à embaixada brasileira em Pequim, o governo chinês diz que fez auditorias remotas nos três estabelecimentos e que os especialistas “identificaram não conformidades” nas plantas. Por isso, a China decidiu suspender a importação de carne bovina dos três frigoríficos até que as plantas adotem medidas de correção. A suspensão afeta a unidade da JBS em Mozarlândia (GO). Também foram suspensos os embarques da planta da Frisa localizada em Nanuque (MG) e do frigorífico da Bon-Mart que fica em Presidente Prudente (SP). O Grupo Ramax faz a operação da planta. Segundo fontes da indústria, um dos problemas que a Administração Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês) citou para justificar a suspensão foi a presença de resíduos de um carrapaticida, acima do limite aceitável, em uma carga exportada por uma das três empresas. Um frigorífico que não foi alvo do embargo chinês orientou os pecuaristas fornecedores sobre a carência necessária para o envio de animais tratados com carrapaticida para o abate. As empresas temem restrições piores se houver novos casos. Os chineses alegaram troca de rótulos dos cortes das carnes em contêineres enviados à China e a exposição, na mesma área, de produtos que deveriam estar separados no fluxo de processamento nas plantas. As autoridades apontaram ainda a ausência de veterinário na linha de abate. As fontes relataram que os itens são de fácil solução, mas estranharam a rigidez das auditorias e da suspensão. Questionado, o Ministério da Agricultura não confirmou. Em nota, a Pasta disse que as empresas já foram notificadas e estão adotando medidas corretivas para atender às exigências da China. A expectativa do setor é que, após a adoção das correções necessárias e a comunicação às autoridades chinesas, as exportações sejam retomadas em 30 dias. O governo não menciona prazos. Os embargos trouxeram à tona mais uma vez os comentários sobre uma aparente postura protecionista dos chineses. Em dezembro de 2024, a China abriu uma investigação para possível aplicação de salvaguardas contra as exportações de carne bovina de todos os países. O processo está em curso. O Brasil, principal fornecedor de carne à China, enviou respostas dos questionários na semana passada. Empresários do segmento não associam a suspensão à investigação. Intercorrências técnicas não são algo novo, reforçaram.
Globo Rural
ECONOMIA
Dólar disparou acima dos R$5,90 com discussão na Casa Branca
O dólar fechou a sexta-feira com forte alta no Brasil, novamente acima dos R$5,90, com investidores adotando posições defensivas antes do Carnaval e avaliando negativamente a indicação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais do governo.
Durante a tarde o bate-boca entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, também fez o dólar ganhar força em todo o mundo, incluindo no Brasil. O dólar à vista fechou em alta de 1,50%, aos R$5,9165 — maior cotação de fechamento desde 24 de janeiro, quando encerrou em R$5,9182. A semana foi desastrosa para o real, com o dólar acumulando alta de 3,25%. No mês a moeda norte-americana ainda acumulou ganhos de 1,39%. Às 17h05 na B3 o dólar para abril — que se tornou o mais líquido nesta sessão — subia 1,10%, aos R$5,9420. A manhã da sexta-feira foi marcada pela disputa entre comprados e vendidos pela formação da taxa Ptax de fim de mês. Calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa). As as cotações dispararam no início da tarde, após o anúncio de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou Gleisi — uma crítica contumaz do Banco Central e dos cortes no Orçamento do governo — para a pasta de Relações Institucionais. Além das operações mirando o Carnaval e do desconforto com a indicação de Gleisi, um terceiro fator passou a impulsionar as cotações do dólar durante a tarde: a discussão aos gritos entre Trump e Zelenskiy no Salão Oval da Casa Branca. O norte-americano insistiu que Zelenskiy está perdendo a guerra na Ucrânia e ameaçou retirar o apoio dos EUA ao país. “Ou vocês fazem um acordo, ou estamos fora, e se estivermos fora, vocês vão lutar. Não acho que vai ser bonito”, disse Trump. Em resposta, Zelenskiy desafiou o republicano abertamente sobre sua abordagem mais suave em relação ao presidente russo, Vladimir Putin, pedindo para Trump “não fazer concessões a um assassino”. O bate-boca entre Trump e Zelenskiy estressou os mercados globais, dando força ao dólar — considerado um ativo de segurança. No Brasil, o dólar à vista atingiu o pico de R$5,9185 (+1,53%) às 16h58, pouco antes do fechamento. No exterior os mercados de moeda também seguiam sob pressão. Às 17h17, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,22%, a 107,600, sendo que mais cedo, antes do episódio na Casa Branca, ele operava em queda.
Reuters
Ibovespa encerra fevereiro abaixo dos 123 mil pontos
O Ibovespa fechou em queda na sexta-feira, com o recuo de commodities pressionando as blue chips Vale e Petrobras, em pregão marcado por cautela antes do Carnaval e com alta da Eletrobras após acordo que abriu espaço para a União no conselho da empresa e a desobriga de investir em Angra 3.
MARFRIG ON desabou 10,15%, após três altas seguidas, sendo que apenas na véspera fechou com um salto de 8,90%. A companhia divulgou na quarta-feira à noite balanço e anunciou programa de recompra de ações. Na véspera, após o fechamento, comunicou que acionistas controladores — MMS Participações Ltda, Marcos Antônio Molina dos Santos e Marcia Aparecida Pascoal Marçal dos Santos — aumentaram a participação para 72,07% das ações da companhia. Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,6%, a 122.799,09 pontos, tendo marcado 122.658,78 pontos na mínima e 124.916,19 pontos na máxima do dia. Com tal desempenho, acumulou queda de 3,41% na semana e de 2,64% no mês. O volume financeiro no pregão somou R$36,19 bilhões. A bolsa estará fechada no começo da próxima semana, reabrindo apenas na quarta-feira, às 13h, o que fez com que muitos agentes preferissem reduzir a exposição a ações brasileiras, dado que Wall Street funcionará normalmente e eventos externos têm adicionado volatilidade nos negócios. Na sexta-feira, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário dos norte-americano, fechou em alta de 1,59%, mas antes renovou mínima do dia com queda de 0,4%, na esteira do encontro tenso entre o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, e o presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca. A assinatura prevista de um acordo de compartilhamento de receitas de minerais acabou não acontecendo após o bate-boca público entre os dois líderes. Trump ameaçou retirar o apoio dos EUA ao país. Um pouco depois, em um post no X, Zelenskiy, agradeceu aos EUA e a Trump pelo apoio. Mais cedo, a agenda dos EUA trouxera dados mostrando queda inesperada nos gastos dos consumidores no primeiro mês do ano, enquanto o índice de preços de despesas com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), medida preferida de inflação do Federal Reserve, mostrou resiliência, com alta de 0,3%. O noticiário de Brasília também repercutiu nos negócios, em particular a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de indicar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência no lugar de Alexandre Padilha, que foi deslocado para o Ministério da Saúde. Em meio a preocupações com o quadro fiscal e a inflação no país, a notícia referendou o viés negativo nos negócios, uma vez que Gleisi já criticou diversas vezes medidas de corte de gastos e a política monetária restritiva do Banco Central, bem como tem embates constantes com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Há também preocupação quando à articulação política, uma vez que ela não tem uma boa relação com o centrão, hoje maior parte da base de Lula e com quem terá que negociar as pautas do governo no Congresso. O forte avanço nas taxas dos DI, em parte guiado por tais receios, reforçou as vendas na bolsa paulista, principalmente ações sensíveis a juros. As negociações na B3 ainda tiveram como pano de fundo o rebalanceamento de índices da MSCI no fechamento. Cosan, CSN, Hapvida, Hypera, Inter&Co e Stone&Co foram excluídas da nova versão do Global Standard Index.
Reuters
Produção se recupera e expansão da indústria do Brasil acelera em fevereiro, mostra PMI
A indústria brasileira mostrou forte melhora em fevereiro, com recuperação da produção diante do aumento da demanda, embora os preços de venda sigam em alta, mostrou na segunda-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI)
Em fevereiro, o índice compilado pela S&P Global saltou a 53,0, de 50,7 em janeiro, avançando acima da marca de 50 que separa crescimento de contração e marcando o ritmo mais intenso desde setembro. “O PMI de indústria do Brasil indicou um cenário mais favorável para a saúde do setor, com o índice alcançando o maior patamar em cinco meses em fevereiro diante do aumento nas vendas e da retomada do crescimento da produção”, destacou Pollyanna de Lima, diretora associada de Economia S&P Global Market Intelligence. Um aumento mais forte na entrada de novas encomendas tirou a produção do território contracionista em fevereiro, apontou o levantamento. Os produtores registraram a alta mais intensa nas vendas desde abril de 2024, o que atribuíram a condições mais favoráveis da demanda. No entanto, as empresas ainda sinalizaram outra queda nas encomendas internacionais. Embora tenha sido marginal, foi o quarto mês seguido de redução, com as evidências apontando para demanda mais fraca de Argentina, Reino Unido e Estados Unidos. As empresas ainda se mostraram confiantes de um aumento na produção ao longo dos próximos 12 meses, com o nível de confiança chegando ao patamar mais alto em seis meses. Esse otimismo e o aumento das novas encomendas levaram os fabricantes a contratarem mais trabalhadores em fevereiro, com a taxa de criação de vagas no ritmo mais forte desde maio de 2024. A inflação de custo dos insumos recuou do maior patamar em quatro meses visto em janeiro, mas os preços ainda continuaram a subir em fevereiro. As empresas monitoradas citaram a fraqueza cambial, bem como preços mais elevados de frete, combustíveis, poliéster, resina e aço. Somado à melhora da demanda, esse cenário levou os fabricantes a aumentarem os preços de venda em fevereiro, chegando a uma máxima de seis meses.
Reuters
INTERNACIONAL
Canadá, China e México anunciam novas taxas a produtos dos EUA, em resposta a ‘tarifaço’ de Trump
Presidente norte-americano anunciou que as tarifas de importação de 25% sobre Canadá e México passaram a valer na terça-feira. Para a China, houve uma taxa adicional de 10%.
O Canadá, a China e o México anunciaram novas taxas de importação aos produtos dos Estados Unidos. As medidas vêm em resposta às tarifas impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que começaram a valer na terça-feira (4). O Canadá foi o primeiro a responder ao “tarifaço” de Trump, tendo anunciado uma medida de retaliação já na véspera, logo após o presidente norte-americano confirmar que as novas tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e México passariam a valer. Em comunicado, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que o país iria impor tarifas de 25% sobre US$ 155 bilhões em produtos dos EUA. Segundo Trudeau, parte das medidas entraria em vigor já nesta terça-feira (4), enquanto o restante passaria a valer em um prazo de 21 dias. “Nossas tarifas permanecerão em vigor até que a ação comercial dos EUA seja retirada e, caso as tarifas dos EUA não cessem, estamos em discussões ativas e contínuas com províncias e territórios para buscar diversas medidas não tarifárias”, acrescentou o primeiro-ministro canadense. Depois, foi a vez da China. Pequim não apenas impôs novas taxas de 10% a 15% sobre as exportações agrícolas dos Estados Unidos, como também anunciou novas restrições de exportação e investimento a 25 empresas dos EUA, afirmando “motivos de segurança nacional”. (Entenda mais abaixo) Segundo o governo chinês, produtos como frango, trigo, milho e algodão dos EUA terão uma taxa adicional de 15%, enquanto soja, sorgo, carne suína, carne bovina, produtos aquáticos, frutas, vegetais e laticínios sofrerão uma tarifa extra de 10%. As medidas passam a valer em 10 de março. Nesse caso, a expectativa é que as novas taxas impostas pela China afetem cerca de US$ 21 bilhões em exportações de produtos agrícolas e alimentícios norte-americanos, deixando as duas maiores economias do mundo um passo mais perto de uma guerra comercial total. O país já tinha anunciado tarifas de 15% para carvão e gás natural liquefeito (GNL) e taxas de 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis dos EUA em fevereiro, também em retaliação às medidas de Trump. “Tentar exercer pressão extrema sobre a China é um erro de cálculo e um engano”, afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim em uma entrevista coletiva, acrescentando que a China nunca sucumbiu à intimidação ou à coerção. A China ainda afirmou que vai investigar alguns produtores norte-americanos de um tipo de fibra óptica por burlarem medidas antidumping, além de ter suspendido as licenças de importação de três exportadores norte-americanos e interrompido embarques de madeira serrada vindos dos EUA. Pequim também adicionou 15 empresas norte-americanas à sua lista de controle de exportação, que proíbe empresas chinesas de fornecer tecnologias de uso duplo a empresas dos Estados Unidos, e colocou 10 empresas norte-americanas em sua Lista de Entidades Não Confiáveis por venderem armas para Taiwan. A China reivindica o país como seu próprio território, embora a ilha autônoma rejeite isso. Por fim, veio o México. Nesta terça-feira, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum condenou as tarifas impostas pelos Estados Unidos e prometeu uma retaliação aos norte-americanos. Segundo a chefe de Estado mexicana, não há justificativa para que os EUA imponham as taxas de 25% sobre as importações do México, destacando que o país colaborou com o vizinho norte-americano em questões de migração, segurança e combate ao tráfico de drogas. ” Não há razão, fundamento ou justificativa para apoiar esta decisão que afetará nosso povo e nossas nações. Ninguém ganha com esta decisão”, disse Sheinbaum em entrevista a jornalistas, afirmando que daria detalhes sobre a resposta do México às tarifas no próximo domingo (9). Leia mais em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/03/04/retaliacao-tarifas-trump.ghtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=share-bar-mobile&utm_campaign=materias
EMPRESAS
BRF aguarda mais de 50 novas habilitações para exportação
A BRF aguarda aprovação para mais de 50 novas habilitações para diferentes destinos de exportação em 2025, segundo executivo da companhia em teleconferência com analistas na semana passada.
Em 2024, a BRF conquistou 84 novas habilitações para exportações que contribuíram para o aumento do volume de vendas e aumento da receita da companhia. “Nós temos um pipeline de aproximadamente 50 habilitações previstas para 2025”, disse o presidente da BRF, Miguel Gularte, em teleconferência sobre os resultados da empresa na quinta-feira (27). Entre as habilitações esperadas, a BRF está trabalhando para obter autorização para que novas plantas possam exportar ao Reino Unido. A empresa já tem 13 fábricas habilitadas a embarcar produtos para esse destino. Gularte disse que a BRF também continua excluída do acesso ao mercado da União Europeia. Segundo ele, a retomada das vendas para esse mercado também poderá ocorrer neste ano. A BRF ainda aguarda para 2025 a liberação da China para que suas três fábricas no Rio Grande do Sul possam voltar a exportar ao país. As unidades tiveram as exportações suspensas para a China e outros destinos após um foco de doença de Newcastle identificado em Anta Gorda em meados do ano passado. Desde então, o caso foi encerrado e as exportações de carne de frango do Rio Grande do Sul foram retomadas para diversos outros destinos. A BRF registrou um lucro de R$ 3,7 bilhões em 2024, revertendo um prejuízo de R$ 1,9 bilhão em 2023. A receita líquida de 2024 de R$ 61,4 bilhões foi um recorde para a companhia, alta de 14% ante 2023.
Carnetec
FRANGOS & SUÍNOS
Preços no mercado de suínos caíram de forma generalizada na sexta-feira (28)
Segundo levantamentos, em São Paulo, a firme demanda da indústria tem sustentado as cotações. Já no Paraná, os valores caíram, refletindo o enfraquecimento da procura. Diante da maior resistência na ponta final, pesquisadores do Cepea explicam que frigoríficos reduziram as aquisições de novos lotes de animais nesta região
Em Minas Gerais, de forma geral, o mercado apresenta estabilidade diante do equilíbrio entre a oferta e a demanda locais. Quanto à carne, agentes consultados pelo Cepea indicam ter dificuldades para comercializar o produto, o que, por sua vez, pode estar associado aos elevados patamares da proteína suína no atacado e às recentes desvalorizações da carne bovina. Segundo dados da Scot Consultoria, o valor da arroba do suíno CIF em São Paulo caiu 0,56%, com preço médio de R$ 177,00, enquanto a carcaça especial cedeu 0,72%, fechando em R$ 13,70/kg, em média. Conforme informações do Cepea/Esalq sobre o Indicador do Suíno Vivo, referentes à quinta-feira (27), o preço ficou estável apenas no Rio Grande do Sul, custando R$ 8,79/kg. Houve queda de 0,32% em Minas Gerais, chegando a R$ 9,41/kg, baixa de 0,44% no Paraná, valendo R$ 9,14/kg, recuo de 0,45% em Santa Catarina, chegando a R$ 8,89/kg, e de 0,43% em São Paulo, fechando em R$ 9,35/kg.
Cepea/Esalq
Preços no mercado do frango fecham em estabilidade na sexta-feira (28)
Segundo análise do Cepea, as cotações dos produtos de origem avícola registram movimentos distintos entre as praças acompanhadas pelo Centro de Pesquisas, comparando-se a média parcial de fevereiro (até o dia 26) com a de janeiro
De acordo com a Scot Consultoria, o valor do frango na granja em São Paulo não mudou, custando, em média, R$ 5,50/kg, assim como a ave no atacado, custando, em média, R$ 7,80/kg. No caso do animal vivo, o preço subiu no Paraná, com valor de R$ 4,63/kg, e ficou estável em Santa Catarina, com preço de R$ 4,61/kg. Conforme informações do Cepea/Esalq, Vivo, referentes à quinta-feira (27), houve queda de 0,12% para o preço da ave congelada, chegando a R$ 8,42/kg, e de 0,24% para o frango resfriado, fechando em R$ 8,41/kg.
Cepea/Esalq
Preços da carne de frango se sustentam em algumas regiões, mas caem noutras em fevereiro, diz Cepea
Levantamentos do Cepea mostram que as cotações dos produtos de origem avícola registram movimentos distintos entre as praças acompanhadas pelo Centro de Pesquisas, comparando-se a média parcial de fevereiro (até o dia 26) com a de janeiro.
Em algumas regiões, o típico aumento da demanda em início do mês (recebimento de salários) e a oferta limitada elevaram as médias mensais, sustentando o maior patamar nestas últimas semanas de fevereiro. Já em outras praças, o enfraquecimento da procura neste encerramento de mês pressionou as cotações da carne a ponto de anular os ganhos do começo de fevereiro, conforme explicam pesquisadores do Cepea. No mercado de pintainho de corte, segundo o Centro de Pesquisas, a forte demanda externa pela proteína brasileira vem garantindo alta nos preços de comercialização do animal.
Cepea
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