CLIPPING DA ABRAFRIGO Nº 1824 DE 22 DE SETEMBRO DE 2022

clipping

Ano 8 | nº 1824 | 22 de setembro de 2022

NOTÍCIAS

Boi: O cenário de pressão de baixa sobre o preço da arroba persiste

O mercado físico de boi gordo teve um dia de poucos negócios na quarta-feira

Segundo o analista de Safras& Mercado, Fernando Iglesias, o dia teve uma ou outra negociação com preços acima da referência média para animais padrão China, tipo de negociação que tem se concentrado nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Nos demais estados produtores das regiões Centro-Oeste e Norte do país, o cenário de pressão de baixa sobre os preços da arroba do boi persiste, já que os frigoríficos locais ainda contam com uma frente confortável em suas escalas de abate, completou Iglesias. Em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 296. Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 276. Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 264. Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 287 por arroba. Em Goiânia, Goiás, a indicação foi de R$ 260 para a arroba do boi gordo. Os preços da carne bovina seguem acomodados no mercado atacadista. No entanto a perspectiva ainda é de queda no curto prazo, em linha com a reposição mais lenta entre atacado e varejo no decorrer da segunda quinzena do mês, período que conta com menor apelo ao consumo. Já para o último trimestre do ano a tendência ainda é de boa demanda por proteína animal, justificando o otimismo em torno de novos reajustes da carne no atacado. O quarto traseiro teve preço de R$ 21 por quilo. O quarto dianteiro seguiu precificado a R$ 16,20 por quilo. A ponta de agulha foi precificada a R$ 16,30 por quilo.

AGÊNCIA SAFRAS

Cai o preço do boi e o da novilha em São Paulo

Nas praças paulistas, a oferta seguiu confortável em função das compras antecipadas de boiadas, mantendo as escalas das indústrias alongadas

Esse cenário, atrelado ao consumo enfraquecido no mercado interno, segue pressionando as cotações. Assim, os preços do boi e da novilha caíram R$2,00/@ na comparação com o dia anterior (20/9). O bovino com destino à exportação seguiu estável. Houve ofertas abaixo da referência, mas sem grandes volumes negociados. Em Mato Grosso do Sul, Dourados, a oferta comedida de bovinos possibilitou o estreitamento das escalas. Esse cenário contribuiu para alta de R$2,00/@ na cotação da vaca e novilha na região. No sudeste de Roraima, boa parte das indústrias estão com escalas fechadas para, pelo menos, os próximos dias. A boa oferta de bovinos contribuiu para a queda de R$2,00/@ nas cotações do boi e novilha gordos.

SCOT CONSULTORIA

Utilização dos frigoríficos de MT cai em agosto

A utilização real dos frigoríficos (informada pelos frigoríficos) localizados em Mato Grosso caiu 3,04 pontos percentuais (p.p.) em agosto, ante julho, para 82,67%, apesar de o volume de abates ter ficado praticamente estável, segundo informações divulgadas pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea)

“Mesmo com o alto volume de abates no estado, o maior número de dias úteis ante o mês passado [julho] fez com que houvesse uma maior distribuição dos lotes de bovinos”, disse o Imea em relatório. A utilização total dos frigoríficos caiu 2 p.p. para 51,18%. A utilização total dos frigoríficos é a registrada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea). A utilização operacional dos frigoríficos caiu 8,94 p.p. para 60,60%, impactada pelo fechamento de uma planta frigorífica na região noroeste do estado. Frigoríficos em Mato Grosso abateram 454,67 mil cabeças de bovinos em agosto, comparadas a 455 mil cabeças abatidas em julho. Para setembro, o Imea espera redução nos abates totais no estado diante da menor oferta de animais terminados em período de seca, impactando a utilização dos frigoríficos.

CARNETEC

ECONOMIA

Banco Central encerra maior ciclo de alta dos juros em 23 anos às vésperas da eleição

Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% em reunião realizada na quarta-feira, mas com placar dividido: 2 dos 9 membros queriam taxa a 14%

Mesmo com as expectativas de inflação ainda num patamar alto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, encerrando o mais longo ciclo de alta de juros de sua história às vésperas da eleição. A taxa, ainda assim, é a maior desde janeiro de 2017. Foram 12 altas consecutivas neste processo de aperto monetário, com um aumento acumulado de 11,75 pontos porcentuais, o maior choque de juros desde 1999. O ciclo foi iniciado em março de 2021, quando os juros básicos estavam na mínima histórica de 2% ao ano. O aumento de juros é considerado uma medida impopular. A última vez que ocorreu um aumento da Selic durante a campanha ao Palácio do Planalto foi em 2002, ano da primeira vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O então candidato do governo, José Serra (PSDB), perdeu aquela eleição. A decisão do Copom não foi unânime. Segundo o comunicado divulgado pelo Banco Central, sete dos nove membros do comitê votaram pela manutenção de 13,75% – os outros dois votaram por uma “elevação residual” de 0,25 ponto percentual, o que jogaria a Selic para 14%. O colegiado ainda deixou a porta aberta para voltar a subir a taxa. “O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, diz o comunicado. Mesmo com a estabilidade da taxa Selic, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 8,22% ao ano. Em segundo lugar na lista que considera economias mais relevantes, aparece o México (5,13%), seguido da Colômbia (3,86%). A média dos 40 países avaliados é de -1,69%. O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem de seis a nove meses entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito. A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos. Por outro lado, aplicações em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures (títulos de empresas), passam a render mais.

O ESTADO DE SÃO PAULO

Dólar fecha em alta ante real na quarta

O dólar subiu frente ao real na quarta-feira, depois que o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, elevou sua taxa de juros na magnitude esperada pela grande maioria dos mercados

A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,39%, a 5,1739 reais, bem distante da máxima do pregão, quando saltou 0,80%, a 5,1950 reais. Na B3, às 17:05 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,51%, a 5,1845 reais. Os maiores patamares do dia foram alcançados pouco depois de o Federal Reserve elevar sua taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para um intervalo de 3,00% a 3,25%, e sinalizar outros grandes aumentos em novas projeções, que mostram os custos dos empréstimos subindo para 4,40% até o fim deste ano, antes de atingirem 4,60% em 2023. A reação inicial negativa dos mercados globais refletiu surpresa com as previsões econômicas do Fed, que pintaram um cenário monetário mais restritivo do que muitos economistas esperavam para os próximos meses, disse à Reuters Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital. No entanto, continuou o especialista, investidores se tranquilizaram um pouco com o discurso do chair do Fed, Jerome Powell, feito em coletiva de imprensa após a decisão do banco. Embora Powell tenha reforçado o posicionamento combativo do Fed em relação à inflação, não se desviou muito de mensagens anteriores da autoridade monetária, o que jogou a favor de uma recuperação de ativos arriscados em relação às mínimas do dia, avaliou Izac. Também colaborou para esse movimento o fato de o “pior dos cenários” possíveis –um aumento de juro de 1 ponto percentual pelo Fed, que era esperado por pequena parcela dos mercados– não ter se concretizado. Ao longo dos próximos dias, agentes financeiros continuarão digerindo o comunicado de política monetária do Fed, o que pode manter o mercado de câmbio local sobre alguma pressão, alertaram especialistas. “EUA com juros mais altos atraem mais capital do mundo todo, sobra menos dinheiro para emergentes como o Brasil. Isso costuma levar a depreciação no câmbio”, disse Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos. “A decisão de hoje não foi tão desalinhada em relação ao que o mercado esperava… mas a direção é essa.”

REUTERS

Ibovespa fecha em queda após dia volátil com Fed

O Ibovespa fechou em baixa na quarta-feira, em dia volátil, marcado por decisão de política monetária nos Estados Unidos, enquanto ações de varejo avançaram em meio a apostas de que o Banco Central no Brasil deve encerrar o ciclo de altas da Selic.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,52%, a 111.935,86 pontos, de acordo com dados preliminares. O Federal Reserve confirmou as expectativas da grande maioria do mercado e elevou o juro norte-americano em 0,75 ponto percentual, para a faixa de 3% a 3,25%, enquanto divulgou novas projeções que mostram a taxa subindo para 4,40% até o fim de 2022, antes de atingir 4,60% em 2023. O Fed promoveu um ajuste relevante na perspectiva para o crescimento do PIB dos EUA neste ano, estimando agora expansão de apenas 0,2%, de previsão anterior de avanço de 1,7%. Para 2023, prevê crescimento de 1,2%. Na visão de Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, a mensagem do Fed não muda muito o cenário de que os juros nos EUA continuarão subindo, algo que já estava nos preços dos ativos. “Mas é um cenário ainda negativo para a economia norte-americana e global”, pontuou. Em Wall Street, o S&P 500 mostrou forte volatilidade após a decisão, fechando em baixa de 1,71%. Gabriel Floriano, estrategista do Levante Corp, destacou que o “dot plot”, que mostra estimativas de membros do Fed sobre em que ponto os juros devem estar ao fim deste e outros anos, acusa uma política muito mais restritiva no horizonte próximo.

REUTERS

PIB-Agro/CEPEA: pressionado por custo alto, PIB do agro recua 1,7% no 2º tri; no ano, queda é de 2,5%

O PIB do agronegócio brasileiro, calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), recuou 1,7% no segundo trimestre de 2022, acumulando baixa de 2,48% no primeiro semestre deste ano

Segundo pesquisadores do Cepea, esse resultado negativo está atrelado em grande medida à forte alta dos custos com insumos no setor, tanto na agropecuária quanto nas agroindústrias. Considerando-se os desempenhos parciais da economia brasileira e do agronegócio, estima-se que a participação do setor no total fique em por volta de 25,5% em 2022, pouco abaixo dos 27,5% registrados em 2021. No segundo trimestre, cálculos do Cepea mostram retração de 2,01% no PIB do ramo agrícola e de 0,82% no pecuário. Assim, no semestre, o ramo agrícola acumula baixa de 2,71% e o pecuário, de 1,82%. A retração do PIB do ramo agrícola decorreu especialmente da forte alta dos custos com insumos para a produção agrícola (dentro da porteira). Isso pode ser visto pela queda do PIB do segmento primário agrícola (14,01%), concomitante ao forte aumento do PIB do segmento de insumos (31,81%). A agroindústria de base agrícola teve desempenho modesto no semestre, com aumento de 0,45% no PIB. Embora os preços médios desse segmento estejam em elevados patamares, o PIB tem sido pressionado negativamente pela redução da produção (frente à do ano passado) em setores relevantes. O estreitamento das margens nos segmentos a montante, aliado às menores produções de soja e de outros produtos agrícolas e agroindustriais, explica a queda semestral do PIB dos agrosserviços do ramo (2,93%). Quanto ao ramo pecuário, para o segmento primário (pecuária dentro da porteira), embora o faturamento médio desse segmento esteja em certa medida estagnado frente ao ano passado, sendo observada uma acomodação dos preços pecuários, houve algum alívio dos custos ao longo do primeiro semestre – em relação ao patamar expressivamente elevado alcançado em 2021. Esse alívio, em especial a redução dos preços de rações e medicamentos, explica a queda do PIB do segmento de insumos pecuários, de 2,45% no semestre, e o aumento de 1,7% no PIB primário pecuário. A retração do PIB da agroindústria da pecuária (3,44%) reflete o aumento dos custos industriais a taxas superiores às do crescimento esperado para o faturamento.

CEPEA

EMPRESAS

Investidor quer mais resíduos de animais como fertilizantes

FAIRR pressiona empresas de proteínas, também em nome do ambiente

Investidores estrangeiros com US$ 68 trilhões em ativos iniciaram uma campanha para que as empresas de carnes nas quais investem, incluindo as brasileiras JBS e BRF, ampliem a destinação dos resíduos dos animais que abatem para uso como adubo na agricultura. A solução aliviaria um importante vetor de emissões de gases de efeito estufa e proporcionaria uma alternativa econômica em um momento de pressão no mercado global de fertilizantes. A FAIRR Iniciative, que reúne os investidores globais, quer que os dez maiores produtores de carne do planeta sejam mais transparentes sobre o destino atual dos resíduos dos animais que passam por sua cadeia de abastecimento. Hoje, parte das empresas divulga algumas informações em seus relatórios de sustentabilidade, mas falta padronização. A JBS, por exemplo, informa em seu relatório de sustentabilidade que destinou um quinto (22,7%) de seus resíduos para fertirrigação no ano passado, e outros 35,2% para compostagem. Já a BRF aponta em seu relatório os volumes por tipo de destino, mas não os percentuais. A FAIRR também pretende engajar empresas como a britânica Cranswick, a canadense Maple Leaf e a chinesa WH Group. Os investidores querem que as companhias ingressem na iniciativa até 21 de outubro. O grupo de investidores pretende então iniciar conversas com a norueguesa Yara, líder global em fertilizantes químicos, e com a americana Darling Ingredients, especializada na transformação de resíduos, como esterco e restos de alimentos, em adubos orgânicos, nutrientes para rações e até mesmo para a alimentação humana. O objetivo da parceria proposta pela FAIRR é explorar o potencial de obtenção de elementos como nitrogênio e fósforo a partir da coleta dos resíduos das companhias de proteínas animais para a produção de fertilizantes com valor agregado. A crise dos adubos, agravada pela guerra na Ucrânia, fez não apenas disparar o preço dos principais insumos da agricultura mundial, como dificultou o acesso aos produtos por milhares de agricultores. Em abril, o preço da ureia e do MAP estavam três vezes mais elevados que no início de 2021, enquanto o cloreto de potássio já tinha subido quase cinco vezes, segundo dados levantados pela consultoria StoneX. Em diversos países, tanto agricultores de pequeno como de grande porte começaram a buscar opções orgânicas – desde esterco de animais criados em granjas e confinamentos até resíduos de agroindústrias com alta carga de nutrientes, como a vinhaça da destilação do etanol – como solução de emergência para adubar as lavouras. No Brasil, a demanda de agricultores próximos a esses centros provocou, inclusive, falta de esterco para adubação, como informou o Valor em abril. Segundo estudo publicado na revista “Nature Sustainability” em 2018, os resíduos de animais desperdiçados já se aproximavam das 4 bilhões de toneladas em 2014.

VALOR ECONÔMICO

FRANGOS & SUÍNOS

Suínos: leves altas no PR e SC. Queda em MG

Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a arroba do suíno CIF ficou estável em R$ 125,00/R$ 132,00, assim como a carcaça especial, valendo R$ 9,20/R$ 9,60 o quilo

Na cotação do animal vivo, conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à terça-feira (20), o mercado ficou estável apenas no Rio Grande do Sul (R$ 6,37/kg), e queda somente em Minas Gerais, na ordem de 2,21%, atingindo R$ 6,65/kg. Houve alta de 0,32% em Santa Catarina, chegando em R4 6,31/kg, avanço de 0,29% em São Paulo, alcançando R$ 6,96/kg, e de 0,16% no Paraná, fechando em R$ 6,36/kg.

Cepea/Esalq

China liberará 14.400 toneladas de carne suína das reservas em 23 de setembro

A China liberará 14.400 toneladas de carne suína congelada de suas reservas estaduais em 23 de setembro, de acordo com um aviso do centro de gerenciamento de reservas na quarta-feira.

Pequim disse que liberará carne suína antes dos próximos feriados do Dia Nacional em outubro para manter os preços da carne favorita do país estáveis durante um período de forte demanda.

REUTERS

Frango fecha estável no Paraná e Santa Catarina

Em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a ave na granja ficou estável em R$ 5,80/kg, enquanto o frango no atacado cedeu 0,40%, fechando em R$ 7,52/kg

Na cotação do animal vivo, São Paulo ficou sem referência de preço. Em Santa Catarina não houve mudança de preço, custando R$ 4,22/kg, nem no Paraná, custando R$ 5,41/kg.

Conforme informações do Cepea/Esalq, referentes à terça-feira (20), tanto a ave congelada quanto a resfriada baixaram 0,12%, custando, respectivamente, R4 8,15/kg e R$ 8,14/kg.

Cepea/Esalq

Vírus da influenza aviária é encontrado em plantel no Tennessee, nos EUA

O surto atual de influenza aviária está se tornando o pior já enfrentado pelo país

Um vírus altamente patogênico de influenza aviária (HPAI) foi encontrado em um plantel não comercial de aves no condado de Obion, no Estado do Tennessee, informou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O USDA disse que as áreas afetadas foram isoladas e que as aves na propriedade serão abatidas para evitar a propagação da doença.

ESTADÃO CONTEÚDO

INTERNACIONAL

À medida que a demanda por carne bovina aumenta, como podemos encontrar uma solução sustentável para atender ao apetite global?

É projetado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação que a demanda por produtos de origem animal aumentará em 70% até 2050, e esse aumento da demanda é maior do que para qualquer outro grupo de commodities

O consumo de carne na China quadruplicou desde 1980 e deve dobrar na África até 2050, impulsionado pelo aumento da renda e urbanização. O crescimento populacional aumenta ainda mais a demanda. Em todo o mundo em desenvolvimento, o consumo de leite dobrou, o consumo de carne triplicou e o consumo de ovos aumentou cinco vezes desde 1960. Uma suposição comum dos comentaristas é que a crescente demanda por alimentos de origem animal em países de baixa e média renda não pode ser atendida de forma sustentável porque inevitavelmente requer um rebanho crescente e não há terra disponível para esses animais adicionais. Acontece que o tamanho dos rebanhos já está aumentando nos países de baixa e média renda para atender à demanda, e é por isso que é retratado como insustentável. Como dois terços dos grandes ruminantes são encontrados na África e na Ásia, vale a pena olhar para essas regiões para ver se existem futuros alternativos que possam alimentar populações crescentes sem exceder os recursos disponíveis. Uma coisa a ter em mente é que nem todos os grandes ruminantes são mantidos principalmente para a produção de alimentos – o número de bois para tração animal na África Ocidental aumentou de 350.000 para 2 milhões entre a década de 1970 e hoje. A pecuária também desempenha um papel significativo na economia doméstica, sendo prontamente comercializada quando necessário; eles são uma parte cada vez mais importante do setor agrícola dos países em desenvolvimento, e os fatores sociais e culturais são geralmente mais importantes para a pecuária do que para as colheitas. Assim, embora a África e a Ásia tenham dois terços dos grandes ruminantes, eles produzem menos de um terço da oferta global de leite e carne – a África é de fato um importador líquido da maioria dos produtos pecuários. Podemos contrastar essa situação com os Estados Unidos ou a Austrália. Nos últimos 50 anos, o volume de produção de carne bovina dos EUA aumentou 25%, enquanto o número de bovinos para produção de carne bovina diminuiu 6%. A redução no número de bovinos foi compensada por um aumento de mais de 30% no peso médio do gado, principalmente de novilhos e novilhas, que representam 80% da produção de carne bovina. A genética melhorada, a eficiência reprodutiva, a saúde e a pecuária produziram gado com taxas de crescimento mais altas e eficiências de conversão alimentar. A oferta total de carne bovina nos EUA foi semelhante em 2020 ao ano recorde em 2002, mas 5 milhões de cabeças a menos foram abatidas. Ao mesmo tempo, o estoque de vacas de corte encolheu de uma alta de 45 milhões em 1974, para os atuais ~31 milhões. A Austrália, com 3% da produção global, responde por 17% do comércio mundial. Portanto, não apenas os animais estão produzindo mais por cabeça, mas o rebanho de apoio é significativamente menor e, portanto, menos intensivo em recursos. Usando uma métrica como GWP (Global Warming Potential) para emissões, tanto a intensidade quanto o impacto total nesses países diminuíram e ainda podem ser melhorados; pode-se também alegar que eles não estão contribuindo para a mudança climática, uma vez que uma redução das emissões de CH4 em 0,3pc por ano (10pc em 30 anos), significa que nenhum aquecimento adicional está ocorrendo. Vemos o Brasil representando um estágio intermediário, onde entre 2005 e 2019, a intensificação fez com que, enquanto a taxa de desmatamento (terra convertida em pastagem no curto prazo) diminuísse, a produção de carne bovina continuasse aumentando. Embora o desmatamento tenha acelerado novamente nos últimos três anos, está claro que o aumento da produção de carne bovina no Brasil não depende diretamente do desmatamento, pois as fronteiras do desmatamento recente são produtores menos eficientes. É lamentável para a indústria global de carne bovina que o primeiro uso da floresta desmatada seja para pastagem, porque mesmo que o rebanho bovino brasileiro tenha uma pegada total cada vez menor, como alguns afirmam, o impacto do desmatamento se reflete em toda a indústria de carne bovina. Isso inevitavelmente leva a pedidos de redução do consumo, já que o desmatamento atribuído à produção de carne bovina na América do Sul representa uma parte significativa das emissões totais, bem como a perda de biodiversidade. A solução alternativa, ou seja, que o rebanho de apoio diminua e a produção per capita aumente raramente é proposta, mas ainda pode representar uma maneira de atender à demanda enquanto congela a pegada da produção. Se a demanda está aumentando em países de renda baixa e média e relativamente estável em países de renda mais alta, onde a produção já é relativamente eficiente em termos de uso de recursos, faz sentido transferir algumas dessas experiências em melhoramento, manejo de pastagens, pecuária e saúde para regiões onde a demanda está crescendo mais rápido. O que precisamos evitar é uma situação em que as políticas domésticas dos países produtores mais eficientes limitem a produção e acabem causando maior expansão nas regiões onde isso é alcançado por meio de aumento de números e não de eficiência. A FAO estima que o potencial de mitigação na indústria da carne bovina é de cerca de 37%, com base no pressuposto de que os produtores de um determinado sistema, região e zona agroecológica deveriam aplicar as práticas do 10º percentil de produtores com as menores intensidades de emissões, mantendo saída constante. Dada a grande discrepância entre as regiões que pode até aumentar com investimento suficiente. * Artigo de Ruaraidh Petre, da Global Roundtable for Sustainable Beef.

BEEF CENTRAL

Brasil fecha acordo com UE sobre cotas agrícolas depois do Brexit

Bloco europeu vai reduzir os limites de exportações com tarifas mais baixas; em contrapartida, Reino Unido abrirá outras cotas proporcionalmente. Carne bovina e de aves, estão na lista

O Brasil e a União Europeia (UE) concluíram um acordo bilateral sobre cotas de vários produtos agrícolas para ajustá-las ao bloco europeu depois da saída do Reino Unido (Brexit), que, com isso, passou de 28 para 27 membros. As cotas permitem ao exportador vendar para a UE um determinando volume com tarifa menor. O Brasil tem várias cotas específicas na UE, para açúcar, carnes de frango, bovina e peru. Quanto à carne de frango (salgado, processado, congelado etc), várias cotas específicas somadas para o Brasil declinarão de 338,88 mil toneladas para 244,27 mil toneladas, numa contração de 27,9%. Com essa baixa na UE, a cota no Reino Unido será bem maior, refletindo mais vendas brasileiras de frango naquele mercado em anos recentes. Uma cota também para o Brasil de carne bovina sem osso, de 10 mil toneladas, cairá para 8,95 mil toneladas. Já a cota para carne bovina congelada destinada a todos os exportadores, e não apenas ao Brasil, cai de 63,7 mil toneladas atualmente para 19,7 mil toneladas. Como essa forte baixa, a UE se comprometeu a compensar diminuindo a tarifa dentro dessa cota de 20% para 15%. Por sua vez, a cota para carne de peru congelada para o Brasil cai de 3,11 mil toneladas para 2,86 mil toneladas na UE. Para carne de peru preparada, a cota também só para o Brasil, diminui ligeiramente de 92,3 mil para 91,8 mil toneladas. Na negociação, o Brasil obteve a garantia da UE sobre a manutenção de certificado de origem dos exportadores, de forma que o governo brasileiro poderá monitorar quem tem acesso às cotas e evitar irregularidade em seu uso. Concluídas as negociações entre o Brasil e a UE, agora os europeus precisam de autorização interna para assinar o acordo, o que pode levar meses. Além disso, sua implementação deverá ocorrer também de acordos de cotas com o Reino Unido, para não haver descompasso entre os dois e prejuízos para o exportador. As negociações entre o Brasil e o Reino Unido estão bem avançadas sobre os volumes das cotas agrícolas que Londres vai abrir. Falta, porém, resolver questão como administração das cotas, por exemplo. Nova negociação ocorrerá em 5 de outubro.

VALOR ECONÔMICO

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