Produtores sentem “na carne” variação dos preços de insumos

Preço da saca de milho caiu pela metade, mas alta de 2016 ainda compromete criação de suínos e aves

A queda é visível. Principal insumo da alimentação animal, o preço do milho despencou em 2017. Há um ano, a saca de 60 kg ultrapassou R$ 50. Hoje chega a R$ 20 em cidades do Paraná, conforme o AgroReport da Gazeta do Povo. Boa notícia para produtores de frangos e suínos.

Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa), Francisco Turra, a queda não chega a ser uma solução. “É um atenuante especialmente para o produtor independente de suínos e para a agroindústria suportar as adversidades geradas pela operação Carne Fraca e a recessão. Permitiu a recomposição do setor”, opina.

Para, Paulo Molinari, da consultoria Safras e Mercado, a carne fraca não é mais o ponto central dos problemas do setor. “O problema é o câmbio valorizado e a recessão interna”, diz o economista.

Valor de insumos ajuda, mas não resolve

A queda nos preços dos insumos é um reflexo direto das safras recordes deste ano, que crescer 15,4% para a soja e 37,5% no milho, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apesar disso, Turra faz um alerta: “Não é bom que o produtor [de insumos] se desestimule e reduza a produção, pois já vimos escassez. Precisamos dar garantias e estabilidade para esse lado”, constata.

Ainda que o custo de produção tenha cedido e que existam poucas chances de subir ao longo do ano, na opinião de Molinari, o produtor não ainda tem muito dinheiro para investimentos. “Não adianta somente os custos caírem se não temos volume de demanda interna, mesmo com boas exportações de carne suína e regulares de frango”, afirma o especialista.

Insumos para suínos e aves

A situação é confirmada pela Associação de Suinocultores do Paraná (APS). “Mesmo com os custos de alimentação mais em conta não teremos o aumento dos plantéis pelos próximos dois anos. Vamos continuar com a produção estática por conta da alta de preços dos insumos do ano passado. O produtor está descapitalizado”, explica Jacir Dariva, presidente da APS.

Dariva destaca que outros insumos, como medicamentos, vitaminas e proteínas para rações subiram os preços. “Isso também causa impacto negativo no custo de produção. Ainda tivemos aumento de custo de mão de obra e de conservação de instalações”, justifica.

O pensamento é parecido na Associação dos Avicultores do Norte do Paraná (Avinorte). “Como a demanda interna não está firme e o preço de exportação caiu, mesmo com a melhoria no custo não foi possível ampliar a produção no ritmo que poderíamos”, diz o diretor-executivo da Avinorte, Jean Pazinato.

Apesar disso, Pazinato reconhece que a situação estava pior no ano passado. “Em remuneração de curto prazo não temos impacto, mas em médio prazo podemos ampliar nossa capacidade”, finaliza.

Esses recursos podem resultar em mais eficiência, devido a investimentos como tecnologia nutricionais, garante o gerente de aves da Alltech, Felipe Fagundes. “Os produtores tendem a usar mais minerais orgânicos para melhorar a qualidade da produção, substituir prebióticos que são alternativas naturais aos antibióticos. São tecnologias mais caras que as tradicionais, mas que melhoram a produção”, exemplifica Fagundes.

Fonte: ABRA / AgroNegócio

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